quarta-feira, abril 30, 2008

questões nervosas

Ontem até tive um dia razoavelmente calmo, mas as coisas aqui no trabalho, desde que comuniquei que estou grávida, não têm andado fáceis. Lembram-se da história de ter ficado 3 dias doente em casa no início da gravidez, e em que fui obrigada a contar antes que tivesse vontade de o fazer, não lembram? Pois bem… o assunto não acabou por aqui, porque quando recebi o vencimento deste mês, reparei que me faltava 120 euros no mesmo… Pois, isso mesmo, descontaram-me os 3 dias no valor do ordenado! Mesmo tendo a justificação do médico, mesmo tendo dito que estava grávida, mesmo depois de tudo ter ficado esclarecido. Mesmo assim, a senhora directora, achou que me devia de tirar esse dinheiro, vá-se lá saber porquê…E o pior, é que por lei, pode fazê-lo...
Isto deixou-me profundamente revoltada. Hoje, mais outro episódio: uma folha de kms que preenchi para que a dita senhora assinasse, quilómetros esses que faço com o meu carro e não com carro da empresa, até porque, não o há! Pois bem, a directora recusou-se a assinar a minha folha de kms alegando que ‘tenho kms a mais’. Expliquei que naquele dia não me limitei apenas a fazer um trajecto, mas vários e reformulei a folha, explicando todos os sítios por onde tinha passado. Vamos lá ver se a senhora agora assina. Certamente deve pensar que como não recebi a totalidade do ordenado, que ando a tentar recuperar o dinheiro de outra maneira…
Ando farta disto. Muito farta. Noto perfeitamente que desde que estou grávida que me andam a tentar prejudicar e sinto que as coisas não vão ficar por aqui. Segunda-feira vou à minha médica e vou fazer queixas disto tudo. Não me posso enervar e aqui, todos os dias, tenho situações que me deixam com os nervos em franja. Se continuar assim, peço baixa. Prefiro estar em casa sossegada do que ter de lidar com esta gente.
Por outro lado, ontem tive uma mega discussão com a minha mãe. Andamos em rota de colisão há algum tempo e ontem, não foi excepção. Tudo por causa da minha sogra. Ora, eu a minha sogra não morremos de amores uma pela outra, mas temos uma coexistência ‘pacífica’, apesar de a senhora gostar de ‘cuspir’ pérolas de veneno sempre que está comigo, ou com a minha mãe, fazendo conversas despropositadas, mandando ‘recados’ e bocas de forma indirecta e subtil. Ora, os meus pais este fds foram até casa deles para a matança de um porco. A nós também nos convidaram, mas eu recusei, até porque, se há coisa que odeio são matanças de animais – e eles estão fartos de o saber – mas mesmo assim, continua a massacrar-me com o assunto. Pois bem, a minha sogra quando apanha a minha mãe, faz-lhe todo o tipo de conversas despropositadas e um dos seus temas favoritos é falar das ex-namoradas do filho (que ela nunca conheceu, pois eu fui a única namorada que ele levou lá a casa) ou então, de falar que gostava muito que o filho se tivesse casado com fulana, filha de sicrana, que é amiga dela e que por sua vez, é ‘muito boa menina, muito boazinha’. Ora, pergunto eu, onde é que vocês acham que ela pretende chegar com este tipo de conversas feitas à minha mãe? A quem é que acham que ela está a mandar bocas ou a ser indelicada? E agora, pergunto eu novamente, vocês como mães, permitiriam tais comentários? Não ficariam ofendidas? Não achariam que se trata de uma falta de educação, uma sogra dizer este tipo de coisas e falar de ex-namoradas do filho, quando a vossa filha está junta com ele há mais de 5 anos e está, neste momento, grávida do mesmo? Não diriam nada? Ficariam mudas e caladas, enquanto a outra leva o assunto até à exaustão, já não sendo a primeira, nem a segunda, nem a terceira vez que o menciona?
Pois a minha mãe fica muda, impávida e serena. Não abre a boca uma única vez para me defender, mas depois gosta de vir fazer queixas da senhora ao telefone quando falo com ela! Eu confesso que ontem explodi! Não me basta ser constantemente atacada por uma sogra que é uma bruxa vinda dos infernos, ainda tenho de lidar com uma mãe completamente passiva e desinteressada, que nem quando atacam a única filha dela, é capaz de dizer o que quer que seja em sua defesa. Mais, se for preciso é capaz de defender o C. como não me defende a mim, culpando-me de coisas que eu não tenho nada a ver e dizendo-me frases como: ‘tu é que és a mulher dele, tens essa obrigação.’
Senti-me profundamente magoada e a conversa facilmente descambou para uma enorme discussão. Odeio esta atitude completamente submissa, vinda de uma mulher que apenas tem uma única filha, mas que ainda acha que é a mulher que tem de prestar vassalagem ao marido, não o chatear em demasia e fazer-lhe as vontades todas, fazendo uma clara alusão a uma educação quase salazarista de que o lugar da mulher é ‘não espernear’ muito, ouvir e calar e ter a casa arrumada e agradar o marido, que por sua vez, tem todos os direitos deste mundo e do outro.
Quando a conversa terminou, sentia-me de tal forma alterada que a minha respiração estava super acelerada e comecei a sentir fortes pontadas na barriga. Estou mesmo a ver que vou ter uma criança toda stressada, que não me irá deixar dormir de noite, com tantos nervos que apanho só no ínicio desta gravidez.
Duvido, muito sinceramente, que falemos as duas tão cedo.

segunda-feira, abril 28, 2008

12 semanas e mais fotos

‘Pois é, hoje, dia em que faço 12 semanas, os meus pais puderam ver-me! A minha mãe matou saudades e o meu pai viu-me pela primeira vez!
Estou já todo formado, agora só falta crescer!
O meu coração bate a bom ritmo e segundo o médico, sou um bebé muito irrequieto, pois não parei um segundo durante a ecografia. O útero da mãe é tão bom para dar umas voltas! Ainda não deu para ver se sou menino ou menina, mas a minha mãe suspeita que eu seja um ‘pilas’.
Beijos a todos! Daqui a seis meses conhecemo-nos cara a cara.
Aqui fica uma foto minha para recordação!’

O bebé

domingo, abril 27, 2008

fim-de-semana da liberdade


















Estamos a chegar ao fim deste maravilhoso fim-de-semana de 3 dias, que me pareceu infinito e que soube deliciosamente bem! Começou logo na 5ª feira, com um jantar na casa da L., numa espécie de 'ladies night', onde à moda antiga, eramos só nós as três, livres dos respectivos e onde pudemos ter as conversas porcas do costume e falar de tudo e mais alguma coisa sem qualquer tipo de complexos e limitações! Confesso que adorei, já tinha saudades de uma 'farra' de gajas, embora esta denominação de 'farra' tenha agora uma simbologia completamente diferente e distinta de há uns anos atrás... Acho que agora, que a minha vida vai dar uma volta de 180º começo a valorizar cada vez mais estes momentos...
Na sexta acordámos cedo e fomos para a rua. Decidimos aproveitar o sol na esplanada do DeliDelux, enquanto eu comia um maravilhoso bagel torrado e bebia um sumo de laranja. À nossa volta imensos jovens casais com os seus respectivos bebés tinham tido a mesma ideia que nós e eu fiquei a ver as crianças e os seus comportamentos, enquanto me entretia a ver os carrinhos que cada casal tinha escolhido para os seus 'piquenos' - continuo obcecada com os carrinhos e as suas multifuncionalidades - já tirando de letra os modelos, do que propriamente com as revistas que tinha razido para a mesa. Confesso que fico sempre surpreendida com a energia que as crianças revelam e a paciência infinita dos pais, perante o frenesim que os filhos instalam... uns corriam entretidos e com sorrisos de orelha a orelha, outros dávam gritinhos, outros espernevam e berravam a plenos pulmões... como será que vou reagir a situações destas? Penso nisto imensas vezes. Será que vou ser uma mãe paciente? Será que saberei ser justa e tolerante? Acho que quando se está habituado a ter o seu espaço, as suas coisas, dispostas de determinada maneira, tendo apenas dois gatos destabilizadores (e com isto nem pretendo sequer comparar gatos a crianças), desenvolvemos um comportamento meio egoísta, onde só pensamos em nós e no nosso bem-estar, na paz e no sossego que esta tranquilidade e este 'controle' nos confere... Ora, eu confesso que gosto muito de ter esse 'controle' sobre o que me rodeia, por isso terei de saber e aprender a relativizar as coisas ou a não lhes dar tanta importância em prol de um filho e do bem-estar deste, mas muitas vezes pergunto-me se serei capaz, se saberei ser boa mãe. Acho que estas dúvidas devem 'assaltar' muitas jovens e recentes mães e eu não sou excepção, mas à medida que a gravidez avança, parece que os meus medos vão também, aumentando com ela...
Seguimos depois para o salão automóvel de Lisboa, uma verdadeira maratona de carros, que eu simplesmente dispenso, mas que este ano tinha uma finalidade muito válida - irmos ver de carrinhas familiares. Com a chegada de um terceiro elemento, torna-se fundamental trocarmos de carro, principalmente o do C., que por ser desportivo e ter apenas 3 portas, não é o mais indicado para carregar cadeirinhas, carrinhos e afins...
Gostámos de algumas coisas que vimos, umas mais caras que outras (claro), mas no fim, teremos de optar por aquele que se revelar mais em conta para a nossa carteira e nova logística familiar. Trouxemos catálogos e contactos. Agora resta-nos 6 meses para tomarmos uma decisão.
Estafada e cheia de fome, demos um salto ao centro Vasco da Gama - que caóticamente abarrotava de gente - onde aproveitámos para dar um salto à Bébé Comfort e ver carrinhos, saber preços e ver acessórios. Ainda não comprei absolutamente nada para o meu bebé, mas já comprei finalmente as calças 'pré-mamã' que me custaram uma pequena fortuna - 40€! Confesso que nunca dou 40€ por um par de calças e ter de dar este valor por umas que apenas irei usar durante uns meses, parte-me o coração (e a carteira), mas a verdade é que me sinto muito mais confortável nelas que nos meus velhos jeans que já me começam a massacrar a barriga, além de terem a cintura elástica e ajustável, o que significa que me poderão fazer companhia ao longo dos restantes meses! Comprei-as na C&A, mas a roupa de grávida em geral, é de se fugir! E a saga das calças chega a ser desesperante! Acho que ainda terei de comprar outro par, porque não convém andar sempre com as mesmas...
À noite encontrámo-nos com amigos na esplanada da Graça. A minha barriga é agora motivo de atracção do grupo. Por ser a primeira a engravidar, sou alvo de todo o tipo de comentários e atracções por parte das minhas amigas, mas já ouvi 'pérolas' como: 'estás com a cara tão larga', ou 'estás a ficar com braços à mãe' - ou seja lá o que isto significa... Pronto, mais vale dizerem-me 'estás gorda', que ao menos é mais directo, mais honesto e uma pessoa sabe logo ao que vai!
Jantámos numa tasca portuguesa - onde eu comi uma dourada grelhadinha - e acabámos a noite num bar com esplanada no largo das Portas do Sol, com uma vista fabulosa sobre Lisboa. Foi muito bom, ri-me bastante e quando caí à cama estava tão cansada que adormeci numa questão de segundos.
Amanhã é dia da eco das 12 semanas! Estou tão ansiosa! Tenho medo que o bebé não esteja bem ou que algo se passe e eu não saiba, mas por outro lado confesso que tenho muita vontade de o ver, de ouvir o coraçãozinho dele a bater, de que o C. tenha finalmente a oportunidade de ver o filho(a)... Tenho, tal como já disse neste post, cada vez mais medo de que este bebé não seja perfeito e por mais que tente apagar este terrível pensamento da minha cabeça, não consigo, parece ser um medo que se instalou dentro do meu peito e que cresce cada vez mais, minando-me. Por vezes tento controlar-me e evitar pensar nisso, mas sinto que ando cada vez mais preocupada. Isso também me faz pensar no parto e onde o deverei ter... tenho mesmo de tratar de ir ao centro de saúde e ter uma consulta com um médico da caixa para saber qual é o hospital público que me está atribuído aqui em Lisboa. Chego à conclusão de que é mais seguro ir para o público caso alguma coisa corra mal, do que ir para o privado, mas antes ainda quero falar com a minha médica sobre isso e ver o que a mesma me pode aconselhar.
Hoje, Domingo, passei o dia todo em casa. O C. foi trabalhar e eu aproveitei para dormir. Continuo a sentir-me muito cansada e sem energia. Confesso que já ando farta desta inércia e anseio pela outra fase, aquela em que dizem que as grávidas se sentem cheias de energia. Os dia estão maravilhosos lá fora e eu não tenho vontade nem de despir o pijama... preciso de recuperar a velha Mafalda urgentemente! Afinal, tenho de começa a empacotar coisas... a casa de Lisboa já está à venda e vem aí a grande mudança, provavelmente em Julho... há que começar a antecipar tudo enquanto a barriga não me pesa e eu ainda me consigo mexer, mas só de pensar na quantidade de tralha que tenho nesta casa fico sem vontade de mexer em nada...
Muita coisa ainda vai decorrer nestes seis meses que faltam para tu nasceres! Mas tudo estará pronto para te receber, filho! (espero!)

terça-feira, abril 22, 2008

baby blues


















Ainda não tinha mencionado aqui no meu canto, de que os livros que encomendei há duas semanas atrás do site da Amazon, finalmente chegaram! Confesso que foi a primeira vez que comprei livros através da net, mas tinha muita curiosidade nestes dois. O primeiro, um calhamaço enorme que fala sobre a evolução do bebé ao longo do primeiro ano, tem tudo, mas mesmo TUDO, o que procuramos em vários livros! Já conhecia o ‘What to Expect the first year’, pois quando era jornalista, este livro era a ‘bíblia’ da redacção quando tínhamos de redigir artigos sobre crianças e cuidados neonatais. É muito completo, super didático e possui dicas fabulosas para todos os pais inexperientes, desde o que fazer em caso de doença, aprender a interpretar o choro dos bebés, ou até, como lidar com sogras e familiares possessivos (esta parte agradou-me particularmente!) O outro, é o livro da Tracey Hogg, a terapeuta de que já vos falei por aqui e que sempre gostei de ver o trabalho dela, assim como sempre escutei com muita atenção os conselhos da mesma, a pensar num dia mais tarde. Coisas como embalar um bebé nos braços para adormecer, ou deixá-lo dormir na sala enquanto os pais ainda estão acordados, são erros crasos, na opinião dela. Os bebés precisam de rotinas e de ter um ritmo próprio e alterar a rotina de um bebé com estes comportamentos, faz com que a criança nunca mais se esqueça e queira sempre, a partir desse momento, adormecer assim, para grande desespero dos progenitores. Claro que eu estou para aqui a falar armada em sabichona, mas quando me vir confrontada com as situações, acho que não me vou lembrar de livros coisa nenhuma, mas a teoria está cá toda! Eheehhee
O que mais me agrada em ambos os livros é que possuem uma linguagem super simples, prática e muito fácil de ler, mesmo sendo em inglês. Logo eu, que andava tão destreinada.
Hoje decidi-me a tirar algumas fotos para registar as onze semanas, mas sairam uma grande porcaria, todas tremidas e desfocadas! Só esta que vos mostro, se aproveitou, mesmo assim está péssima! E digam lá se não estou com cara de grávida? Eu quase nem me reconheço quando me vejo nas fotos, mas ao espelho acho que estou igual. Enfim, vá-se lá perceber esta minha lógica.
A nova franja, cortei-a ontem, moi mêmme, num acto de puro desespero capilar! E não é que ficou bem? Fiquei toda orgulhosa! Se deixar a área da comunicação social e assessoria de imprensa, pode ser que tenha futuro como cabeleireira… (sempre deve dar menos dores de cabeça).

domingo, abril 20, 2008

11 semanas


















O fds chuvoso e frio fez com que ficássemos a maior parte do nosso tempo em casa, mas na sexta lá nos decidimos a ir ao cinema - coisa que já não fazíamos há bastante tempo - para descontrair um bocadinho. Há que aproveitar agora esta boa vida, porque a partir do momento em que me mudar de Lisboa para a Ericeira, acabaram-se as saídas à noite, os jantares fora de casa, as idas ao cinema à sexta e à segunda-feira... enfim, vou ter de me habituar bastante ao turbilhão de coisas que estão para vir e às quais eu terei de me adaptar.
De resto, tenho-me sentido bem, sem enjôos e sem naúseas. A barriga parece-me na mesma, mas eu sinto-me um caco (já disse isto no post anterior, mas é verdade!) A minha pele, desde que estou grávida está ainda mais desidratada do que é costume, por mais óleos e cremes que meta, está sempre com o efeito 'lixa' e eu sinto-me muito desconfortável. Depois são as borbulhas na cara. As hormonas fazem das suas e expressam todo o seu poder no meu queixo, deixando-me bastante deprimida quando me vejo ao espelho. Terceiro: as raízes do meu cabelo já não levam 3 dedos de avanço, mas para aí uns cinco, com raízes escuras que já se vêem à distância!! Ando desesperada por pintar o cabelo e já não me aguento ver-me assim. Apesar de a médica me ter dito para esperar pelas 12 semanas, a verdade é que encontro muita informação contraditória sobre este assunto na net, e enquanto umas grávidas dizem que fizeram nuances e pintaram durante toda a gestação sem qualquer tipo de problemas, outras passaram os 9 meses longe das tintas... e a verdade é que eu já não sei o que fazer. Por isso, todos aqueles que dizem que a mulher grávida fica linda e radiosa, eu ando com uma séria e grave crise de auto-estima! E estou longe de gostar daquilo que vejo todos os dias ao espelho... (alguém me pode dar uma ajuda neste assunto por aqui? anyone??)
Hoje decidimos ir passear, andámos por Cascais, Guincho, Colares e finalmente Sintra, onde não resistimos aos travesseiros da Piriquita - a minha perdição - tão quentes e acabadinhos de sair do forno que até o recheio nos queimava a boca. Terminámos a tarde no Colombo, na minha imparável saga por calças com cintura elástica para pré-mamã. Descobri uma loja enorme da Zippy - que vende a roupa para crianças e outros acessórios que se vende no Continente - com algumas peças de roupa para grávidas e onde descobri umas calças de ganga que gostei, no meu número - 38 - baratinhas e com uma ganga escura que me agradou. O problema é que me estavam enormes...
Vim para casa de mãos a abanar, apesar de termos visto tudo o que eram lojas de crianças e afins. Andamos a namorar os carrinhos e a verdade é que são poucos, muito poucos, aqueles que nos enchem as medidas. Os nossos favoritos recaem para o Quinny Buzz e o High Trek da Bébé Confort, mas sabemos que ainda é cedo para estas aventuras e andamos apenas a fazer a 'prospecção de mercado'.
Ontem recebi ainda, um email de uma jovem mãe do Porto, que tem uma menina que nasceu com ictiose lamelar. Ela contou-me que ninguém na família dela ou do marido, possui a doença, e que por isso, se suspeita que a mesma provenha de gerações muito antigas - e que por azar - se manifestou na filha dela. Disse-me também, que quando a bebé nasceu, foi um tremendo choque para toda a família e que os médicos lhes disseram que teriam de ser muito fortes para enfrentar o que aí vinha. A bebé ficou hospitalizada mês e meio e só findo esse tempo é que foi para casa... Ora isto fez-me pensar e muito na minha situação. Ando eu aqui feliz da vida com a gravidez, mas a verdade é que não sei o que me espera. E ouvir este relato fez-me ter um medo, um pânico muito grande. E se algo semelhante acontece comigo? Isto tambem me fez pensar que se calhar o melhor é não optar por ter o parto num hospital privado, pois se algo acontece e se a criança nasce com algum problema e precisa de ficar mais tempo que o normal hospitalizada, o seguro não irá cobrir essa despesa e nós ficaremos a arder com um valor estupidamente caro! Tenho um plafon de 2000 euros de seguro para parto - caso o mesmo seja normal - porque se for uma cesariana, a mesma aumenta para 3050€ e essa diferença teremos de ser nós a cobri-la. Fiquei tão angustiada que nem consigo pensar em mais nada... confesso que tenho alturas que só me apetece chorar. Eu sei que tenho 50% de hipóteses de tudo correr bem, mas também sei que tenho uma doença que é autossómica dominante, logo, o gene dominante tem mais 'força' sobre os outros e logo, a doença tem mais hipóteses de se manifestar...
Outra coisa que recentemente me apoquenta é o facto de não ter médico da caixa. Ou seja, eu vou sempre ao particular - porque tenho seguro - porque confesso ter mais confiança nos médicos do particular, por uma questão de conforto e comodidade, etc. No entanto, se eu necessitar de uma baixa médica, terá de ser a caixa, ou o médico da caixa a emiti-la, certo? Ou não? É que eu não sei!! Por exemplo, a baixa de licença de parto, não é o médico da caixa - serviço público - que tem de a emitir? Então e onde é que entra a minha médica obstectra do particular que me segue? Continuo a ser seguida pela minha médica, ou terei de frequentar os dois ao mesmo tempo? E se eu tiver o parto num hospital particular? ááááá´Ando tão confusa! Sinto-me uma inexperiente em tudo! Tudo me faz confusão. Somebody help me? Pleeeeaaasssseee!
É difícil ser-se adulto.

terça-feira, abril 15, 2008

contradiction



















Andei eu a gabar-me de que passava uma gravidez sem enjôos, a sentir-me fresca que nem uma alface – tirando o sono, of course – e que comia tudo e mais não sei o quê, para ontem, depois de uma vontade louca de comer frango de caril, o qual fui satisfazer atempadamente, o mesmo me cair mal e me fazer ir ao grego! Ora, isto dito assim, não soa lá muito bem, mas a verdade é que logo a seguir ao jantar comecei a sentir-me mal-disposta, o estômago embrulhado e ao deitar, quando fui lavar os dentes e já depois de ter bebido uma águinha das pedras, eis que vomito. Pouco, é certo, para logo a seguir me sentir verdadeiramente melhor, mas é uma sensação simplesmente horrível! Ugh
Hoje ao almoço tive uma vontade louca de comer Franguinho da Guia com batatas fritas, mas como não tinha ninguém para me fazer companhia, lá me contive e comi o que trouxe na marmita e a frutinha em cima e pronto, sempre se poupa uns tostões. Desde que estou grávida que tenho desejos loucos por batatas fritas – algo que não abona nada a meu favor – mas quanto mais sal tiverem, mas eu gosto delas! (eu sou um poço de contradições!!)
À hora do almoço ainda aproveitei para ir à Zara experimentar calças da secção de pré-mamã. Não podia ter corrido pior. As calças de ganga deles resumem-se aos tamanhos ‘S’, ‘M’, ‘L’ e ‘XL’. Experimentei um ‘M’ e senti o que uma alheira supostamente deve sentir (se alguma vez sentisse) de tão enchouriçada que estava nas calças. Ficavam-me perfeitas na barriga, mas nas pernas mal me conseguia mexer. A contragosto lá passei para o tamanho ‘L’ que continuava apertado nas pernas – apesar de melhor que as anteriores – mas larguíssimas na cintura. Malvados modelos ‘stretch’! Conclusão: não comprei nenhumas! Mas estou a necessitar urgentemente de umas calças elásticas com espaço para a barriga! Sinto que estou a crescer a olhos vistos e entretanto o único modelo que uso e abuso todos os dias, deixa de me servir.
Quero passar na H&M e ver se encontro algumas que me sirvam, assim como na Pré-natal, mas não queria gastar muito dinheiro, apesar de eu não viver sem calças de ganga…
Hoje à noite ainda tenho a entrega dos prémios Máxima. Confesso que estou cansada e a vontade de ir nem é assim tanta, mas pronto, como tenho passado tanto tempo em casa também me apetece desanuviar e ver outras pessoas – apesar de ir com as colegas do trabalho – mas é no casino de Lisboa e estou perto de casa.
A noite passada dormi muito mal. Para além de ter vomitado antes de me ir deitar, sonhei que estava a ser assaltada e molestada por dois homens que me queriam roubar a mala e fazer mal. Acordei em pânico e já não fui capaz de pegar no sono, daí o meu aspecto zombie (mais do que é costume ultimamente), assim como uma mega borbulha junto à boca – é o que dá comer porcarias!
Sinto-me tão cansada, que só me apetece pousar a cabeça em cima do teclado do computador e dormir. Ando um caco.

domingo, abril 13, 2008

family party


















Os aniversários das minhas primas são sempre motivo de celebração em família. Um em Abril e outro em Julho, é sempre nestas datas - tirando o Setembro, altura em que a família volta a reunir-se toda novamente para a festa lá na terra - que primos, tios, avós, sobrinhos e irmãos, se revêem, metem a conversa em dia, ficam a par das últimas novidades e claro, comemos em conjunto. Este ano o aniversário da M. não foi excepção. O dia aguentou-se sem chover, apesar de à noite estar um frio que entrava por baixo da roupa, nos fazia encolher e desejar ir para casa mais cedo, mas nem isso desmotivou a quantidade louca de crianças que todos os anos se encontram presentes e pulam e brincam e correm pelo jardim, numa histeria louca de gritos e gargalhadas, sinónimo de que na infância, estes sãos mesmo os nossos melhores momentos.
Nós chegámos por volta das seis da tarde, atrasámo-nos mais do que o costume, mas ainda fomos a tempo de ouvir cantar os parabéns e de partir o bolo. Confesso que me sentia tão preguiçosa e tinha tanto sono, que aproveitei parte da tarde de ontem para descansar e dormir. (coisa que ultimamente faço em abundância).
Tentei a todo o custo evitar dar a notícia de que estou grávida, não é que vontade não me falte, mas enquanto não fizer 12 semanas, quero salvaguardar-me um bocadinho e preservar ao máximo este assunto. Não deixa de ser irónico no trabalho já imensa gente saber, e na família, as pessoas que à partida me querem verdadeiramente bem, apenas pais e sogros vibrarem com a notícia... Mas depois penso sempre que se no trabalho sabem não foi porque eu quis contar, mas apenas porque de certa forma fui obrigada. Ninguém comentou nada ou fez qualquer reparo ao facto de me acharem mais gordinha (algo que no trabalho, por exemplo, me atiraram logo à cara mal souberam da novidade), o que me faz suspeitar de que a camisola verde que levei vestida, foi uma boa 'camulfagem'. O C. achou que eu fiz bem em não ter dito nada e a minha mãe - que já não me via desde a Páscoa - só se ria da minha barriga e fazia-me olhares cúmplices. O pior foi quando o louco do meu primo B. decidiu agarrar-me ao cólo e atirar-me ao ar quando nos preparávamos para tirar uma fotografia. Fiquei enfurecida. Ele agarrou-me sem eu ter tido tempo sequer, de reagir, e apesar de eu ter virado uma fera e de lhe ter pedido insistentemente de que queria que ele me metesse no chão, ele ainda mais se ria e mais me atirava ao ar. Claro que toda a gente ficou a olhar para mim como se eu tivesse enlouquecido e devem ter pensado que não se justificava tamanho ataque de fúria perante a situação, pois tratáva-se apenas de uma brincadeira, mas eu fiquei em pânico e não consegui disfarçar o mau humor e o facto de não ter gostado nem um pouco da ideia.
A estrela da festa, para além da aniversariante, foi o pequeno G., que com 18 meses, é o novo benjamim da família. Já fala, já anda e diz insistentemente um sonoro e muito afirmativo 'não', sempre que lhe tentamos pegar contra a sua vontade. Dá cinco com a mão sempre que lhe pedimos, bate palminhas e diz 'cão', correndo em direcção ao labrador gigante e muito preto, o 'Simão', que ficou toda a festa fechado na garagem. Saímos da casa da minha prima eram dez da noite com a promessa de novo encontro, desta vez em Julho, para o aniversário da minha afilhada - 11 anos. Aí, já estarei de 5/6 meses, - se tudo correr bem - e até lá, já toda a gente saberá, pois no final deste mês faço intenções de começar a dar a notícia.
Na sexta-feira, recuando um pouco mais no tempo, decidi ir novamente às urgências da CUF Descobertas queixar-me das dores abdominais que não me largavam há 3 dias. Depois de várias tentativas frustradas em falar com a minha obstectra e de ter ligado para o hospital a reclamar por ninguém ter dado seguimento ao meu pedido de que a mesma me contactasse, eis que na sexta-feira, a senhora lá me decide ligar, para me dizer de que ia a caminho de um congresso no Algarve e de que não me podia ver... (que conveniente!) Confesso que ando a duvidar e muito da capacidade de esta médica, que até à data foi minha ginceologista, de ser uma boa médica! Se tenho o azar de ter alguma emergência, não tenho sequer, o contacto directo dela, sendo obrigada a ligar para o hospital da Cuf Infante Santo - onde a mesma dá consultas - e onde serviço é tão mau, que andei dois dias seguidos a ligar e a pedir para falar com ela, queixando-me das dores e ninguém lhe deu o recado... Só perante o meu telefonema mais agressivo e revoltado perante a situação, é que a senhora me decide ligar, para afinal me dizer que não me pode ver, de que as minhas dores pela descrição podiam ser uma infecção urinária (apesar de não ter sangue nem ardor ao urinar) e que se calhar o melhor é ir às urgências... (até aí, já eu sabia!)
Não pretendo ser uma grávida 'mariquinhas', que à primeira dor decide ir a correr ligar para a médica, mas como inexperiente que sou no assunto e perante a insistência das dores, é natural que fique assustada e que queira a opinião de um profissional. A parva da minha médica ao dizer-me por telefone de que as dores que sentia podiam ser uma infecção urinária deixou-me em pânico! Eu já li sobre o perigo que uma infecção urinária pode provocar a uma grávida, especialmente no início da gestação e do que isso representa para o embrião e passei a tarde toda de sexta a desejar que fossem 18h30 para sair e ir a correr para o hospital...
Enfim, quando regressar à consulta no próximo dia 5 de Maio, vou manifestar o meu desagrado em relação ao assunto e se ela continuar a ser assim, acho que me decido por outro médico que me inspire mais confiança.
No entanto, na sexta-feira, lá fui à CUF, que abarrotava de gente, algumas pessoas bastante constipadas e a tossir ao meu lado e eu só pensava em sair dali para fora. Apesar de as grávidas à partida serem doente prioritários, tive de esperar e bem para ser chamada e vista. Lá me encaminharam para o serviço de ginecologia e obstectrícia do hospital onde fui vista por um médico. Quando entrei na sala fiquei retraída ao ver que era um homem que me ia ver - é que sempre tive ginecologistas mulheres - mas pensei: 'Que se lixe, vais ter de começar a habituar-te' e lá me queixei das dores abdominais que vão e vêm, na zona baixa da barriga, que muitas vezes apareciam sob a forma de dores intensas e agudas para logo passarem por tempo indefinido. Ele mandou-me deitar na maca e começou a apalpar-me a barriga perguntando-me onde me doía: 'Aqui dói?', 'Não', dizia eu,' 'E aqui?', e 'Aqui?', 'sim!!!'
Veredicto: Intestinos! 'Pois é minha querida, isto aqui não há bebé nenhum, isto aqui são intestinos e o mais provável é estar a sofrer com gases'! Gases? áááááááááá!!!
Senti-me tão envergonhada, tão estúpida, tão tudo! Mas pronto, ao menos fiquei tranquila. Pelo meio ainda me fez uma eco e saber que com o meu bebé está tudo bem. Pude ver a 'formiga' outra vez, que está bem maior desde a última vez que a vi, mas o mais emocionante, foi sem dúvida ver o coração a trabalhar a mil à hora, a bater com toda a força, mostrando-me que afinal é real, ele está ali, em pleno crescimento e de que está tudo bem com ele. Não pude evitar ter um sorriso enorme no rosto e de soltar uma lágrima perante a emoção. Senti-me ridiculamente feliz.
Não vejo a hora de que chegue dia 28 para puder vê-lo(a) outra vez. E desta vez, o paizão vem comigo! :D

quarta-feira, abril 09, 2008

nove semanas e meia

Esta semana tem sido mais calma, mas nem por isso menos stressante. Depois dos percalços da semana anterior, em que apanhei uma pilha de nervos à pala das minhas colegas, esta semana as coisas estão tranquilas, em parte porque uma está de férias e a outra continua de baixa, mas por outro lado, estamos duas pessoas a fazer o trabalho de quatro, o que não é fácil. Ontem saí da agência a sentir-me um caco e com a cabeça muito, muito cansada. Tanto, que quando cheguei a casa, o C. decidiu fazer ele jantar (algo inédito) para que eu pudesse descansar um bocadinho no sofá da sala. Jantámos ainda cedo, mas eu sentia-me de rastos, por isso decidi ir logo para a cama. Eram nove e meia da noite e já estava deitada! (algo inédito!) Dormi ininterruptamente, só me levantando a meio da noite para ir à casa de banho fazer xixi – algo que começa a ser regular desde que estou grávida – e só acordei hoje de manhã, às oito. Mesmo assim, estou aqui a custo, dormia mais umas horitas.
A minha barriguita vai bem (acho). Isto de estar mais de um mês sem saber se o embrião se está a desenvolver como o esperado deixa-me um pouco insegurada e cheia de medos. Só tenho consulta dia 5 de Maio e a ecografia da translucência da nuca está marcada para dia 28 deste mês, altura em que já estarei de 12 semanas. Ontem andei o dia todo a sentir umas dores na zona baixa da barriga e fico logo assustada. Hoje também estou. Sei que é mais ou menos por volta da décima semana que a placenta se fixa mesmo no útero (acho que é isso) e por isso, é normal sangrar um bocado. Não é o meu caso, mas as dores podem ser derivadas disso. Afinal, vou a caminho da décima semana. Tenho igualmente um pavor louco de ter um aborto. Já me disseram que é normal, mas ando sempre com isso no pensamento! Quando leio blogues de gravidez o assunto é sempre mencionado e referido como ‘muito comum’, principalmente quando se trata do primeiro filho e eu fico sempre amedrontada, principalmente porque sempre fui muito enérgica e activa e faço tudo e mais alguma coisa e agora, tenho de ter consciência que o meu ritmo tem de abrandar e que eu tenho de evitar fazer certas e determinadas coisas, como por exemplo, pôr-me a lavar os tectos lá de casa com lixívia…
Por outro lado, a minha pele está péssima! Mais do que já é! Desde que estou grávida que noto a pele muito grossa e escura. Custa-me limpá-la e por mais que me esfregue está sempre muito áspera e desidratada. Bebo imensa água e meto muitos cremes hidratantes, mas não chega! Comprei óleo de amêndoas doces no supermercado e aplico-o na zona da barriga e nos mamilos, para evitar estrias e gretas. A médica ainda não me disse se posso começar a pôr cremes anti-estrias e com a barriga a crescer a este ritmo, tenho de hidratar a pele. O óleo de amêndoas doces é uma boa opção, mas depois complemento com creme gordo Barral ou Nívea Bodymilk para pele seca e sempre me sinto mais confortável.
Continuo a ter muito sono. Qualquer coisa me custa e durmo que me desunho, mas de resto sinto-me óptima. Não tenho tido quebras de tensão, mas sofro muito com o calor aqui dentro da agência e farto-me de transpirar. As minhas pernas também incham e estou cheia de medo dos meses mais quentes e do calor por causa das minhas varizes, mas vou ter muito cuidado.
De resto, não me sinto nem mais bonita ou radiosa, como muitas mulheres dizem que se sentem quando estão grávidas! O meu cabelo está a necessitar de ser pintado e não o posso fazer! Tenho para aí uns 4 dedos de raízes pretas e a cor a ficar intragável, as borbulhinhas na cara não me passam e sinto-me sempre com um ar esgotado. Não sei se continuo a engordar. Não me tenho pesado, mas a minha roupa e calças, por enquanto, ainda me servem. Tenho de ver se tiro umas fotos e começo a actualizar este blogue, mas até para isso, a vontade me tem faltado.
Tenham paciência! :D

quinta-feira, abril 03, 2008

o cinismo e a hipócrisia que rodeia a minha vida

Os acontecimentos dos últimos dias desta semana foram de tal forma bruscos, inesperados e surreais, que me vi envolta numa sucessão de episódios em catadupa, que pareciam cada um pior que o outro. Apanhei uma crise de nervos tal e tive um ataque de choro tão grande, que cheguei a pensar que algo podia acontecer à gestação, mas felizmente agora estou mais calma e tranquila e tudo estabilizou, mas vamos por partes...
Ora, como vocês sabem a semana passada fiquei em casa durante 3 dias devido a uma tremenda gripe que me atirou à cama. Acorri às urgências da CUF, fui vista e perante o facto de estar grávida de 7 semanas + gripe, a médica nem hesitou: casa, sopas e descanso, muito descanso. Perante isto eu também não hesitei. De manhã, quando acordei, mandei um sms às minhas duas colegas de equipa a dizer que tinha passado mal a noite e que ia às urgências, logo, ia chegar mais tarde. Até aqui tudo bem. Assim que saí do médico liguei imediatamente para uma delas e disse-lhe o prognóstico: estou com gripe e a médica mandou-me para casa até ao final da semana para recuperar. O tom de voz dela mudou e ficou claramente mais seco, mas eu confesso que nem liguei muito, falámos mais umas poucas coisas de trabalho, disse que teria de faltar à formação que iria ter nessa tarde e à apresentação que iria ter na manhã seguinte. Sabia que realmente não era a melhor altura para ficar em casa, mas perante o início de uma gravidez, nem sequer pus em questão ir trabalhar. Pois bem, e foi aqui que começaram os problemas.
Nos dias que estive em casa reparei que a minha colega nunca me ligou, não respondeu aos meus sms e quando falava comigo, fazia-o sempre num tom seco e muito, muito frio. Percebi que ela tinha ficado danada com a minha ausência, porque a verdade é que já a conheço e sem bem com quem trabalho. Claro que ela não sabia o verdadeiro motivo que me levou a ficar em casa e a verdade é que eu também não tinha intenções de lhe dizer. Estou no início, era muito cedo e tinham muito tempo de o saber!
A semana passou e segunda-feira regressei ao trabalho, curada e sem resquícios da gripe. Quando cheguei de manhã reparei que ninguém me deu os bons dias, ou perguntou sequer, se estava melhor. Ela não abriu a boca para falar comigo durante a manhã inteira e a única vez em que o fez, foi para dizer num tom agressivo e muito autoritário: 'Tens de ir entregar a tua baixa à S.'
Perante isto vi que o caldo havio entornado, primeiro, porque ali nunca ninguém pede baixa a outra pessoa por ficar em casa doente e com gripe, a não ser claro, que fique durante 15 dias e não 3 como eu fiquei, segundo, porque sei quando ela está escaldada e terceiro, já calculava que durante a minha ausência ela tivesse envenenado os ouvidos da directora, dizendo que eu tinha aproveitado o facto de a minha chefe estar igualmente de baixa - por ter sido operada - e de ter ficado em casa, me borrifado para o trabalho e feito gazeta. Bem dito, bem certo.
À tarde, depois de uma questão de trabalho que lhe coloquei e à qual ela nem se dignou a responder, decidi confrontá-la, perguntando-lhe directamente se se passava alguma coisa. A resposta foi um peremptório e seco:'Não, porquê?' - ao qual eu respondi:'É que parece, desde que cheguei que não me falas. Fiz alguma coisa?' E pronto, eu fiz a pergunta pela qual ela deve ter ansiado a manhã inteira e a partir daqui gerou-se um bate boca tremendo... ela começou a acusar-me de ter sido má colega, de me ter borrifado para o trabalho, de ter aproveitado o facto de ter a chefe de baixa para fazer gazeta, de não ter feito o sacrifício de ir trabalhar mesmo estando 'com uma simples constipação', ou até, de que ela já veio trabalhar muitas vezes doente, mas que nunca faltou, porque lhe 'pesa na consciência', coisa que pelos vistos eu não tinha. A conversa tomou logo uma dimensão tremenda de acusações, num tom muito ofensivo e eu confesso que fiquei estupefacta como é que uma colega de trabalho e de equipa pode ser tão baixo nível! Mas a verdade é que já sabia com o que devia de contar, pelo menos ali...
Entretanto, antes de tudo isto acontecer e durante a manhã, face ao ambiente pesado e tenso que me rodeava, tomei a decisão de que o melhor era mesmo abrir o jogo e dizer à directora - que tinha os ouvidos cheios pela outra e queria a minha cabeça - de que estava grávida e que esse sim, tinha sido o principal motivo pelo qual fiquei em casa de repouso absoluto. Tentei durante toda a manhã falar com ela no seu gabinete, mas estava sempre ocupada e só perto da hora do almoço o consegui fazer. Comecei por lhe dar o papel que trazia do médico, onde se podia perfeitamente ler que me recomendavam descanso absoluto e justificar-me perante a minha ausência. Ela começou a implicar, dizendo que aquele papel de nada servia e que aquilo não era baixa coisa nenhuma (esta da baixa é mesmo nova para mim). Eu disse-lhe que baixa não tinha, pois não costumo ir às consultas no centro de saúde e não tenho médico de família, vou sempre ao privado, e que por isso, se aquele papel não servia, então o melhor era mesmo descontarem-me no ordenado. Após isto, decidi lançar a bomba, disse-lhe: 'Para além disso, o verdadeiro motivo pelo qual me ausentei a semana passada é que estou grávida de 8 semanas e como deve imaginar, o início de uma gravidez conjugada com uma gripe como a que tive, onde não podia tomar nada, é muito perigoso e podem levar à perda do embrião. Para além disso estava com a tensão alta e a médica nem hesitou na hora de me dizer que eu tinha de ter repouso absoluto.' Ela ficou estupefacta a olhar para mim e lançou um breve olhar para a barriga. Deu-me os parabéns e disse, 'Ok, claro que sim'. E pronto a conversa ficou por aqui. Eu senti-me aliviada, mas confesso que tremia por dentro. Por um lado uma parte de mim estava mais que irritada, porque a verdade é que eu queria esperar pelas 12 semanas e senti-me quase obrigada a contar, mas já que toda a gente parecia querer julgar-me em praça pública, então tomem lá disto e fiquem a remoer-se.
Como se o dia não fosse já suficientemente pródigo em acontecimentos, a minha chefe - a que também está de baixa - decide mandar-me um email de casa a descompor-me por me ter ausentado durante a semana toda por causa de 'uma simples constipação', além de que me presentear com outras pérolas como 'não visto a camisola', ou que 'não me esforço o suficiente'. Uau... isto estava realmente a ficar cada vez melhor! Mas na verdade eu sabia, que estas reacções em cadeia se deviam apenas a uma e exclusiva pessoa, a mesma que não me falava e que tinha envenado todas as outras pessoas contra mim.
Decidi então responder ao email da minha 'querida' chefe, dizendo aquilo que julgava ser em minha defesa face às acusações laborais, mas sem mencionar o verdadeiro motivo: a gravidez.
E assim terminou a segunda-feira...
Terça-feira: O ambiente continuava pesado. Quando cheguei de manhã ao trabalho fiz questão de não dirigir palavra à minha colega que continuava muda e calada. De repente, ela vira-se para mim e diz: 'Mafalda, quando tiveres um tempinho quero falar contigo na sala de reuniões'. Eu apenas disse, 'Ok, quando quiseres' e fiquei a aguardar que ela me chamasse. A meio da manhã ela toma a coragem e fomos as duas em direcção à sala, já sabendo de antemão, que o assunto 'baixa' ou 'ficaste em casa doente', ainda tinha pano para mangas e continaria dentro de breves instantes. Bem dito, bem certo. A senhora começa a sacar das garras e o bate boca do dia anterior continua. Quando eu pensava que ela poderia ter reflectido sobre o que tinha dito no dia anterior e que esta conversa fosse agora decorrer em termos civilizados, proporcionando uma forma de eslcarecermos as coisas a bem, vejo-me confrontada com um ataque cerrado, impiedoso e implacável, voltando a insistir nas mesmas coisas: de que eu não fiz um esforço, de que eu não quis vir trabalhar, de que eu parti logo do princípio que ia para casa e pronto, de que eu só penso em mim, de que eu sou centrada no 'eu'... ando so on.
Perante a situação virei-me para ela e disse: 'Pois bem, queres saber qual é o verdadeiro motivo pelo qual eu fiquei realmente em casa? Não foi só uma simples constipação como lhe chamas, o verdadeiro motivo, é porque além de estar doente na altura, estou grávida de 8 semanas.'
Pensam que ela se mostrou mais piedosa? Qual quê. Continuou na mesma base, a dizer que agora que vou ter um filho, vou saber o que é ter o filho doente e vir trabalhar e que ela nunca, mas nunca, faltou ao trabalho mesmo tendo a filha doente, porque lhe pesa na consciência.' Como devem imaginar, a conversa não nos levou a lado nenhum. Terminou mesmo com um 'Eu não quero trabalhar mais contigo' da parte dela. Saí da sala a sentir o meu coração acelerado e quase a sair-me do peito de tão irritada e enervada que estava. Sentei-me no meu lugar e quando cheguei reparei que tinha outro email da minha chefe a continuar o assunto do dia anterior e outro rol de acusações...
Eu pensei que estava a endoidecer, a sério! Pensei que alguém me tinha rogado uma praga, desejado muito mal, enfim... sentia-me a começar a fraquejar perante os acontecimentos e a perder o controle sobre a situação. No entanto, respondi-lhe. E disse-lhe igualmente o que tinha acabado de dizer à outra: 'Não vim trabalhar porque estava doente com gripe e grávida. Sim, fiquei em casa.Não te queria dizer desta forma, por email, mas face aos acontecimentos é mesmo o melhor.'
Passado uns minutos ligou-me.
Num tom de voz muito querido e simpático disse: 'Sai daí do teu lugar, vai falar lá para fora' e assim que me vi livre da sala da agência começou a dar-me os parabéns e as felicidades e a querer saber tudo, como tinha acontecido, como é que eu tinha descoberto, etc.
E eu só pensava: 'cínica de merda. Estou rodeada por cínicas de merda!'
Disse logo: 'Oh Mafalda, se a razão era essa claro que tens todos os motivos para ter ficado em casa. Eu não sabia, não é?'
Fiquei tão irritada por tudo, que quando desliguei o telefone senti as lágrimas a começarem a escorrer-me pela cara abaixo. Afinal, se eu não estivesse grávida e tivesse 'apenas' com gripe, tinha sido comida viva por ter ficado 3 dias em casa, mesmo tendo justificação do médico para tal. Além disso, fui praticamente obrigada a revelar a todas que estava grávida quando não era essa a minha intenção e fui acusada de ser má colega, egoísta, pouco profissional...
Quando regressei ao meu lugar procurei acalmar-me, mas sentia-me alterada face a tudo e só tinha vontade de desatar num pranto. Levantei-me e decidi ir molhar a cara à casa de banho com água, pelo caminho cruzei-me com a minha colega que durante dois dias decidiu fazer-me a vida negra e com quem tinha acabado de discutir minutos antes. Ela olhou para mim e decidiu aliviar o peso na consciência que devia de ter na altura, dizendo: 'Pronto, desculpa, dá cá dois beijinhos' - agarrando-se a mim em seguida. Eu confesso que aquilo para mim foi a gota de água e não me consegui controlar. Desatei num pranto que só visto. Todos os nervos que tive durante aqueles dois dias convergiram naquele momento e aquele simples gesto de atenção para comigo, mesmo sabendo que era cínico e tudo menos verdadeiro, me pareceu como o consolo que eu queria e que não estava a ter da parte de ninguém. Ela puxou-me para uma sala que estava vazia e disse para eu me acalmar. Perante o meu pranto quase convulso, lá me deu os parabéns e fez algumas perguntas, pediu desculpas por se ter exaltado e que perante a minha justificação nem tinha argumentos porque pensou o contrário, mas que temos as duas um feitio 'explosivo' e que somos muitas mulheres a trabalhar juntas, que irá sempre haver stresses desses, que não queria ficar mal comigo, que se passava um pano sobre o assunto e que íamos começar de novo...
A partir daqui o ambiente desanuviou e ontem e hoje tem sido do melhor. Ela muito simpática e pretável e toda a gente muito contentinha e satisfeita, mas eu confesso que fiquei tão triste e magoada com toda esta situação, que todos os dias me custa levantar e ir trabalhar para ali, com aquelas pessoas, naquele ambiente, naquele lugar. Custa-me ver a hipocrisia que me rodeia, a maldade - porque foi isso mesmo que se passou - uma maldade pura e dura e a vontade de prejudicar o próximo. Eu só fui perdoada porque, vá lá, tive um motivo maior, que foi o facto de estar grávida. Coitada de mim se não o estivesse. Tinham-me feito a forca, cortado a cabeça e espetado com um pau bem no centro, onde todos pudessem ver. Irrita-me o ter revelado algo tão íntimo e pessoal, que só a mim e ao meu marido diz respeito a pessoas que não sentem o mínimo de felicidade pela minha felicidade, a pessoas que invejam aquilo que tenho, e acima de tudo, irrita-me ver que assim como eu fiquei doente, outra colega ficou, durante uma semana inteira, em casa, mas a essa, ninguém lhe pediu baixas, ou papel do médico... que aliás, ela nem tinha....