quinta-feira, agosto 31, 2006

Moinho D. Quixote



















Este bar esplanada é provavelmente, dos sítios que mais gosto de ir. Com vista privilegiada sobre as praias do Guincho e a caminho do Cabo da Roca, o Moinho D. Quixote é um refúgio no meio do nada. Por apenas uma hora (às vezes mais, às vezes menos) ali, fazemos mais de 60 quilómetros, com a incerteza de que podemos bater com o nariz na porta. É que assim como nós gostamos do Moínho, há mais quem goste e o normal é estar sempre cheio. Confesso que adoro ir lá no Inverno, com o frio e o vento característico daquelas paragens e beber chá quente acompanhado de scones com manteiga e doce de morango, mas hoje foi igualmente bom. Estava quase vazio, havia mesas livres por todo o lado, e como sempre os gatos deambulavam livremente, interagindo connosco.
Percebem agora porque é que gosto tanto de ir lá?
Amanhã estamos de partida até à Gestosa, por isso, bom fim-de-semana!

quarta-feira, agosto 30, 2006

Volver





Sou uma 'Almodovar adicted' confessa. Não há filme dele que eu não veja e que não me toque sempre de forma intensa. Não há ambientes mais retro ou 60's, que eu não sentisse como meus e não há histórias de putas ou de transsexuais pelas quais eu me sentisse mais solidária, como as dos seus personagens. Em Barcelona, todos os dias tomávamos o pequeno-almoço num café perto do hostal onde ficámos alojados, na Plaza Tetuan. Todos os dias eramos atendidos pelo mesmo empregado de mesa, muito 'bicha' e muito parecido com o Benigno, do filme Hable con ella, de Almodovar. Olhava para ele e só me lembrava das cenas de dedicação total a uma enferma que se encontrava presa a uma cama... e ali estava, aquele Benigno de carne e osso à minha frente, sempre dedicado ao seu trabalho, com as cafeteiras do leite quente e frio suspensas na bandeja segura numa só mão, habituado à rotina dos dias e aos gostos dos seus novos clientes. Este Benigno de carne e osso, ao fim do primeiro dia, já sabia sem hesitações, a forma exacta como eu gostava do meu café, ou o que o C. acabava sempre por comer. Recebia-nos com um sorriso e desfazia-se em amabilidades, por vezes ficava ali a olhar-me, como se avaliasse o que me ia na alma.
Na véspera da nossa partida e último dia de pequeno-almoço no sítio do costume, o 'meu Benigno' de carne e osso, numa premonição de que provavelmente nunca mais tornaria a ver-me, ganhou coragem e disse-me perante o olhar desconfiado do C.:
'-Hoy la veo con mejor cara! Tiene una otra luz!'
E assim, com uma simples frase... conquistou-me!
É por isso que eu gosto tanto dos filmes do Almodóvar... é que os personagens deles são reais e existem quando menos esperamos.
É por isso que estou mortinha para que estreie Volver.

simplesmente Miró



Amo de paixão este pintor. Não sei explicar. Até vir para Lisboa estudar, nos meus idos 17 anos, confesso que pouco ou nada sabia sobre a sua arte. As cores quentes dos seus quadros, os seus devaneios quase infantis de riscos e rabiscos, de gotas de tinta e lampejos cor de sangue ainda não faziam parte do meu universo. 'E como é que eu pude viver em tamanha ignorância?', penso hoje quando olho para trás! Foi na loja da Arte Periférica, que existe dentro do CCB, que tomei contacto com os postais de bolso que reproduziam com exactidão as suas obras. Lembro-me que comprei uns quantos, assim quase de impulso e quando cheguei a casa apressei-me a colá-los na parede do meu singelo quarto de estudante com fita-cola. Tê-los ali, bem perto, todas as manhãs quando acordáva, ou simplesmente quando fechava os olhos, trazia sentido aos meus dias. Era quase como entrar para um mundo imaginário, de azuis fortes, pretos carregados, amarelos cintilantes e vermelhos cheios de dramatismo. Era a magia da pintura a funcionar, a inspiração a entrar-me nas células do corpo, quase como o ar que se respira.
Durou até hoje e tal como um grande amor, não morre, nem esmorece...
Cresce e torna-se E-TER-NO!

terça-feira, agosto 29, 2006

recuerdos























Desde que me lembre que gosto de guardar tudo. Acho que já não é a primeira vez que falo sobre esta minha característica. Um simples papelinho, de uma simples sessão de cinema, pode revelar-se uns anos mais tarde, numa preciosa recordação de tempos idos, sinónimo de um momento bem passado. Com estas pequenas pérolas sinto-me preenchida. É como se a vida fizesse mais sentido, porque afinal é aquilo que fazemos dela que lhe dá alma. E estes pedaços de papel enchem a minha. Recolher postais de sítios por onde se passa, bilhetes de metro ou de avião, de museus, mapas, notas, tickets e guardar tudo religiosamente, como se fosse um legado é algo que me dá um gozo tremendo. Tenho sempre aquela sensação de que um dia, alguém, (talvez um filho, ou um neto - se os tiver) os encontrará e como se de um tesouro se tratasse, estimará estes pedacinhos um por um, desfrutando secretamente desta colheita de anos, de sítios, de viagens, de pessoas que por mim passaram.
E a viagem a Barcelona não podia ter sido mais frutífera em material obtido. Desde os postais que gosto de trazer de onde quer que vá, dos imans para a colecção que já possuo no frigorífico cá de casa (chamem-lhe piroso, mas eu gosto de saber que cada um deles que lá está veio de um cantinho do mundo, trazido por amigos, ou por mim), dos marcadores de livros, das revistas (a edição 'Vogue' Espanhola mais parece uma lista telefónica e a Glamour também veio na bagagem), dos cartões de restaurantes que gostei de visitar e de comer, como este, em pleno coração do Bairro Gótico, que além de ter uns pintxos maravilhosos, tinha também um frango doce acompanhado de salada, que foi de comer e chorar por mais...
Por tudo isto e porque a minha memória também já não é o que era, gosto de trazer, de guardar. Porque como dizia o slogan da famosa marca de fotografia que nos ficou no ouvido até hoje, 'para mais tarde recordar'.
Sim, sou uma saudosista... e por falar nisso, ando a contar os dias para o Outono.

segunda-feira, agosto 28, 2006

De que color son tus ojos?





















...Os meus são feitos de cores quentes, daquelas que aquecem e confortam.
Como um chá de canela, a casa cheia, um bom copo de vinho, ou tão somente as fotografias que nos deixam de sorriso nos lábios.
Indipensáveis:
Durante os dias que estivemos em Barcelona acabei de ler o livro 'Timbuktu', de Paul Auster, que levei na bagagem. Confesso que foi uma grande desilusão. Gostei do desenvolvimento da história, de sentir que podia ter os mais variados finais, de dar comigo cansada - depois de um dia a andar quilómetros - e ainda ficar a ler até às quatro da manhã, sabendo que apenas ia dormir quatro horas. De me meter na pele do pobre cão e ter verdadeira pena do bicho, de me sentir angustiada por sabê-lo sem dono e admirada com tamanha racionalidade... para depois chegar ao fim e ter aquele amargo de boca dos finais previsíveis. Estava à espera de melhor, confesso. E a parte da 'happy american family' também não me convenceu. Achei toda aquela parte da história um pouco para 'encher chouriços'. Até agora é o segundo livro que leio do Paul Auster e nenhum me fez ficar fã. Uma escrita supostamente despreconceituosa, com as palavras da moda, algumas asneiras à mistura para mostrar que é livre de regras e até bons conceitos. O facto de na contracapa ter um comentário do Salman Rushdie a dizer que a obra era genial, também marcou pontos, mas decididamente, 'is not my kind of guy'.
Ou isso, ou tinha as expectativas demasiado elevadas.

domingo, agosto 27, 2006

inspiración y abanicos




















Chegar de Barcelona, é regressar a casa com a mente a fervilhar de cor. É beber inspiração na fonte e deixar-me levar pelo ritmo frenético. É ter ao alcance da mão, a animação e a vida que transpira da cidade. É doerem-me os pés mas sentir-me feliz pelo percurso, é arderem-me os olhos por querer registrar visualmente cada momento.
É ter mais de 300 fotos e não saber qual delas colocar aqui.

terça-feira, agosto 22, 2006

De partida




















"Sob um ceú azul profundo,
à minha porta vieram cair,
uma flor ainda em botão,
uma lua a sorrir.
Mas que árvore pequenina,
que nuvem alta lá no ar,
traz o sonho no teu regaço,
vem comigo brincar"


Outro mobile pronto. Apesar do tempo que demoram a fazer, dá-me gozo ver o resultado final. Este teve uma inspiração mais 'campestre', com flores, árvores, nuvens e luas à mistura. O facto de ter estado entretida no fds com este e com outro, já aqui publicado neste blogue, deixou-me cheia de ideias para novas coisas e deu-me um novo fôlego. Tirei a máquina de costura do seu canto e voltou a ver a luz do dia. Também ando a pensar se me hei-de inscrever num workshop que irá decorrer em Setembro, assim como a ver de novos espaços onde posso colocar as minhas coisas.
Estamos de partida para Barcelona para as tão merecidas férias e até já conseguimos reservar hostal. Hoje é dia de fazer as malas, planear os dias de acordo com o que queremos visitar (mas verdade seja dita eu quero ver TUDO!!), e contar as horas que faltam para partir, tal e qual como uma criança ansiosa com a jornada. No final do dia ainda nos espera um jantar em família e deixar a minha 'criança' (entenda-se gata), em casa dos 'avós'.
Regresso Domingo cheia de fotos (espero) e de delírio visual. Hasta.

segunda-feira, agosto 21, 2006

1+1=2





















Meninos do Rio - recomendo a vista da ponte, do Cristo Rei, as cadeiras espreguiçadeiras que nos embalam, o sol de fim de tarde, o suave bossa nova.
Põe-te na Bicha - restaurante na Travessa da Àgua da Flor, no Bairro Alto, onde gostamos de ir comer um bife à 'bicha' (picante e a saber a pimenta como nenhum outro). Só para quem tem estômago para isso.
Férias - conseguimos reserva para a viagem que tanto queríamos, Barcelona aí vamos nós. Arrancamos quarta-feira e ficamos 5 dias! (mal posso esperar). Agora andamos às voltas com o alojamento.
Sonoridades - possuo novo espólio musical: Ella Fitzgerald, Edith Piaf, Billie Holiday e o sempre melodioso Caetano Veloso, em 'Foreign Sounds'.
Melhor é mesmo impossível.

sábado, agosto 19, 2006

i´m a cat lover






















É bom ver, em Lisboa e arredores, cada vez mais assumidos 'cat lovers'. Ontem, numa saída nocturna descobri mais um, com sinal incluído e tudo, como se fosse um porta estandarte, a palavra de ordem de uma revolução. No Noo Bai Café, com uma vista maravilhosa sob o pano nocturno, senti entre pernas um movimento arqueado, uma cauda suspensa, uns olhares curiosos. Inspirada pelo movimento felino, hoje decidi apostar na produção de pregadeiras em feltro sob o signo do gato. (quando eu, para dizer a verdade sou Cavalo).

Está prontinho para ser adoptado. (quem o quiser: 'mail me, please.')
Mais detalhes, aqui.

sexta-feira, agosto 18, 2006

No fundo do mar...




















"No fundo do meu mar há anémonas de mil cores, pérolas e valores que o tempo já esqueceu.
Há estrelas reluzentes, polvos sorridentes e abismos sem fim.
No fundo do meu mar há muita fantasia e como por magia ele apareceu,
Na minha máquina de costura! Mas que formusura! E o meu mundo cresceu."
Foi assim a tarde cá por casa, dedicada às costuras e aos feltros, depois de uma longa ausência. Gostei tanto, que se o tempo se mantiver assim, envergonhado e frio, começo a fingir que o Outono já cá está e fico logo de sorriso nos lábios. E assim, numa tarde de Agosto muito ventosa, nasceram do fundo aquático para o ambiente acolhedor e caseiro, uma estrelinha, um polvo e um peixinho. Este 'penduricalho' vai directamente para a minha sobrinha Mafalda e, quando a inspiração voltar a tocar à porta e o tempo estiver por perto, hei-de fazer outro às flores, para a afilhada do C.
... e ainda houve tempo de acabar o colar da H. e fazer uma pequena bolsinha para o guardar. Não tarda nada andará no teu pescoço. (e aposto que hoje vais gostar da surpresa!)

Teese... me




















Quando se fixa os olhos nela somos arrebatados, por breves momentos, pela sua tez. A sua brancura imaculada, quase cândida, de porcelana, esconde um atrevimento que mexe com a líbido de qualquer um. Por detrás daquela aparente doçura, esconde-se o fetiche, o calafrio da provocação. É a arte do desejo em todo o seu esplendor. Dita Von Teese, para quem ainda não conhece, não é uma simples bailarina de cabaré, nem tão somente a mulher do excêntrico Marilyn Manson. Esta sedutora com ar de 'pin-up' dos anos 40, glamorosa e aparentemente naïve, é uma verdadeira artista, que conhece a arte da performance e do entretenimento como ninguém. Os seus espectáculos roçam o erótico requintado, oferecendo um verdadeiro deleite visual ao qual ninguém fica indiferente - nem mesmo os mais conservadores (believe me).
Cedo, esta rapariguinha natural do Michigan, soube que a sua ambição transladáva as fronteiras da cidade onde nasceu. Com uma formação clássica - devido aos longos anos dedicados ao ballet - e o gosto pelas grandes divas do cinema, como Rita Hayword ou Hedy Lamarr - que a fascinavam com as suas cinturinhas de vespa, as suas estolas de pele e saias de lápis - Dita, rapidamente percebeu que também podia ser uma delas fazendo daquilo que dominava melhor - a dança - o ponto de partida para um novo mundo. Juntou-lhe a sedução e a sexualidade disfarçada de sensualidade e temos o renascimento da diva dos anos 90, a musa do novo milénio.
O seu novo espectáculo, 'A arte do Burlesco' é inspirado no gosto pessoal por esta arte. Nele, encontra-se a qualidade dos trajes, coreografias, visuais e feminilidade a que Dita já nos habituou.
Mas, que significa 'burlesco' em português corrente? Uma visita mais atenta ao dicionário e encontraremos definições como, 'grosseiro', 'ridículo', ou 'caricato'. O burlesco de Dita, é tudo menos isso. Fetichista assumida, a rainha do expressionismo actual, não faz as coisas ao acaso. Os seus espectáculos representam longos investimentos pessoais, como possuir vestidos quase equiparados a alta costura, delicadamente cosidos com cristais Swarozvski à mão, ou a total recusa de exposição à luz solar - preferindo tomar banhos de piscina à noite - para assim nos presentear com a sua alvura de estátua de mármore, quando na realidade ela é naturalmente loura e com sardas. Neles desvenda-se o equívoco, de que afinal, o burlesco é bom e que a rapariga não é uma simples striper, é mesmo artista. Numa altura em que o que é 'retro' nunca esteve tanto na moda, Dita faz da sua paixão e gosto pessoal pelo assunto, mais do que uma recorrência, mas uma verdadeira filosofia.
Eu fiquei completamente rendida.

terça-feira, agosto 15, 2006

Wise Up Weddings
















Já se passou quase um ano desde o meu casamento. Mais ou menos por esta altura, andava eu em plena contagem decrescente para o grande dia e às voltas com os convites, as confirmações, a decoração do recinto, o vestido, a animação da festa, o coro para a igreja, os brindes, a florista... enfim, uma lista grande o suficiente para deixar qualquer uma com a cabeça em água, mas que eu encarei como a grande etapa da minha vida. O pior? Bom, o pior foi mesmo sentir um vazio depois de tamanha façanha. Então e agora? Será que passei ao lado de uma carreira como organizadora de eventos e não sabia? Será que afinal sempre gostei de casamentos, mesmo quando fugia deles a sete pés com o pretexto de que eram uma seca? A verdade é que desde então, entretenho-me com tudo o que seja relacionado com o tema... como se fosse uma espécie de 'noiva' outra vez e tivesse de passar por tudo de novo. Dá-me um certo gozo confesso, ver convites, ementas, marcadores, brindes... e depois ficar ali, embevecida e a pensar qual deles seria o mais bonito para ter à minha mesa. 'Criei um monstro, penso', mas uma das minhas principais preocupações quando escolhi os convites e decoração, era a de que a mesma fosse um espelho daquilo que sou e que tudo junto revelasse o meu universo. Apesar de ter sido bem sucedida, a verdade é que achei a escolha um pouco limitada e a oferta pobre e pouco original quando se pretende ter algo que marque a diferença sem cair no mau gosto.
Foi assim uma alegre surpresa saber que as futuras noivas já terão essa tarefa mais facilitada. A Wise Up Weddings, o novo site da equipa da Wise Up , do qual já aqui falei há uns posts atrás, é romântico, delicado e extremamente feminino. Feito a pensar em quem quer casar, é impossível resistir aos desenhos fantásticos, ao bom gosto dos convites, à originalidade dos brindes, ao pormenor com que tudo é pensado. Assim, até eu me casava outra vez.

segunda-feira, agosto 14, 2006

another 'week' in the wall
















Este Verão tem sido pródigo em fds de convívio recheados de bons momentos. Este foi mais um. O P. e a M. rumaram connosco até à Ericeira - que este ano estamos a aproveitar ao máximo - e indigitámos mais outro casal na ritualização dos comportamentos (há semelhança do que já fizemos com tantos outros), que se traduzem em: ir ao mercado comprar peixe para o almoço, dar uns mergulhos na piscina, almoçar tarde, muito tarde (quatro e meia!!!), ir para a praia tarde, muito tarde (seis e meia!!!), jogar Pictonary (eu e a M. somos as vencedoras absolutas) e Black Jack - com apostas de caramelos de nata a servirem de fichas - deitar tarde, acordar cedo, baloiçar na rede, ver o pôr-do-Sol da varanda, rir muito, ir à vila comer queques de chocolate, passear nas ruelas e encontrar algumas caras conhecidas...
...só lamento a multidão em excesso que havia por todo o lado, até parecia que Portugal inteiro tinha decidido passar férias ali, as longas filas de trânsito, ou não termos tido a oportunidade de passarmos mais tempo juntos. Combinado ficou já a ida ao concerto da maravilhosa, sedutora, talentosa, única e grande Marisa, em Setembro, no Coliseu de Lisboa.
Eu, a M. e a minha Bisgóia - só 'gajas' -vai ser o delíriiiiooooooooo!



sexta-feira, agosto 11, 2006

Anas da vida





















Mudei de imagem de abertura. Em dias quentes, achava-a demasiado escura, invernosa. Além disso, acho que este blogue já se afastou demasiado do propósito para que foi criado: as minhas criações. Não tenho feito nada, nem tenho tido vontade. Uma espécie de férias em época de férias. Lá para finais de Setembro começo a aplicar-me outra vez, prometo. Entretanto e porque gosto de aqui vir, falo de tudo um pouco, publico fotos de minha autoria e mostro, a quem me quiser ler, detalhes do meu dia-a-dia. E acreditem, os últimos dias foram ricos. Extremamente ricos em experiência pessoal, em pessoas, em histórias de vida, em momentos.

Revelo apenas a ponta do veú de algo em que estive envolvida.

"Encostada a uma parede, de olhar doce e sorriso aberto, encontra-se Ana. Tem 44 anos e há 15 que a zona lhe é familiar. Todos os dias - umas horas mais do que outras - é aqui que passa a maior parte do seu tempo. Os anos tornaram-na alheia à mistura de línguas que coabitam a rua, ou à música ruidosa que enche o ar oriunda dos bares que existem um pouco por toda a parte e que tentam encobrir, de forma mais ou menos discreta, aquilo que se vê à descarada em plena luz do dia: droga e prostituição. Fala com descontracção, sem medos, habituada que está a situações difíceis. Um jornalista não a intimida. “Não tenho nada a esconder”, revela enquanto me aproximo. Garante que nunca teve problemas de maior, apesar de todo o proxenetismo que existe na zona. Trabalha por conta própria, não quer dar dinheiro a chulos, nem sequer anda metida na droga. “O que ganho é para pagar a educação dos meus dois filhos, principalmente do mais velho, que tem 21 anos e está a estudar direito. É para eles que trabalho.” O agente ‘Silva’, (nome fictício) da Polícia Municipal de Lisboa, e um dos responsáveis pelo patrulhamento da zona, confirma: “A Ana é boa gente, já a conhecemos. Todas as outras fossem como ela.”


...Houvesse sempre um Principezinho em cada vida e talvez estas histórias não fossem realidade.


(alguém me explica como se centra correctamente a imagem de abertura do blogue, no template da página?)

quarta-feira, agosto 09, 2006

everbody writes better than me...

...é um síndroma que possuo com frequência, confesso. Esta falta de confiança não nasceu comigo, foi-me incutida com o passar do tempo. E tal como uma doença que se vai desenvolvendo, foi crescendo e ganhando espaço dentro do peito. Por vezes está de tal forma expandida, que chega a sufocar. Desmoraliza-me o espírito, retira-me forças, tal e qual um cancro. (Falo sem conhecimento próprio, mas achei que remetendo a metáfora à doença, o assunto até ganhava outra projecção, que é como quem diz, maior amplitude.)
Depois... bom, depois há dias em que até consigo vencê-la e tal e qual uma guerreira de espada em punho, mas elástica, refundo-a para um dos muitos porões que existem no meu coração e lá a deixo trancada, até a caixa de Pandora decidir abrir-se outra vez.
É um tormento constante este efeito iô-iô da escrita. Ora dou por mim a dizer, 'até nem está nada mal', embevecida com as minhas próprias palavras e com devaneios de escritora, ora nem uma palavra me sai, empedernida que está e em plena montanha russa, perdida entre tantas outras no meu pensamento. Esta auto-flagelação constante teve hoje um dos seus expoentes máximos, além de ter sido posta à prova. Claro está que a auto-estima está balançada, pendendo mais para a parte, 'aquilo estava uma merda', do que para o egocêntrico, 'fiz um brilharete'. E quando assim é, quase que preciso que carreguem comigo ao cólo, me dêem muito mimo e palavras doces - só assim consigo recuperar parte da confiança e do optimismo.
Li recentemente que ao contrário do que se pensa, são os optimistas que possuem uma visão mais realista da vida e não os pessimistas, que supostamente estão sempre preparados para o pior. Pois eu sou uma pessimista em recuperação. Face aos acontecimentos dos últimos tempos aprendi a relativizar e a aceitar certas coisas que não consigo controlar. Se elas não vêm ao meu encontro, então é porque tem de ser assim. Não vale a pena atormentar-me, até porque como diz a Caty, 'um cenário nunca é tão bom quanto se pensa, nem tão mau quanto se pinta'.
Segue-se dentro de dias a conclusão desta história, onde mais uma vez, o meu talento (ou falta dele) ortográfico será posto à prova. Numa coisa posso dar-me por satisfeita: falhada total não sou. Ao menos tento e força de vontade foi coisa que nunca me faltou.
Só depois tiro as minhas conclusões e descubro se continuo a estar verde, muito verde...

terça-feira, agosto 08, 2006

porque hoje acordei assim...




















... de pernas virada, com a garganta arranhada e mal humorada.
Mas depressa, o vento mudou, a notícia pairou e sobre mim caiu:
' - Menina Mafalda; andas apoquentada, adoentada, estagnada - toca a arrebitar.'
E que nem uma fada que realiza um desejo,
fez-se luz e calou-se o ensejo,
deste conjunto de palavras sem nexo, mas que dá gosto de ler.
Da próxima vez que pedires baixinho,
Olha bem alto, acredita no infinito.
Aquilo que pedes, pode acontecer.

Ainda não aconteceu e eu já faço castelos no ar, que nem uma irredutível sonhadora sem remédio, que necessita destas fugas da realidade para se refugiar num cantinho só seu e para acreditar que lá no fundo, no fundo, tudo pode acontecer.

Era tão bom se por momentos, a vida imitasse a arte e possuisse final de filme... assim sempre poderíamos acreditar mais vezes no famoso cliché, 'everthing will be alright' .

segunda-feira, agosto 07, 2006

miados e perdidos




















Esta história é sobre uma família. Não uma família normal, de pessoas, mas uma família com pai, mãe e irmãos, onde os miados são comuns, assim como a cor dos olhos, ou a característica do pêlo. Falo e apresento-vos a família da Magali, a minha gata tartaruga que esteve na passada semana em casa dos meus pais, enquanto eu e o C. fomos de 'mini-férias'. Ontem foi dia de ir buscá-la, mas já sabia que o cenário lá por casa iria ser desolador. Faz apenas dois dias que o Tobias, um gato cor de laranja, pachorrento e brincalhão, pertença da família desde há três anos, desapareceu. Os meus pais suspeitam que tenha caído da varanda do 2º andar durante a noite e a verdade é que até agora nunca mais foi visto. Escusado será dizer que o Tobias, irmão da minha Magali, herdou a cor do pêlo da mãe, Afrodite, mas o feitio bonacheirão e doce do pai, o meu saudoso Gil Vicente. (Sim, eu sempre gostei de pôr nomes de personagens de contos e histórias aos animais... dos grandes clássicos à banda desenhada).
O Gil foi-me oferecido por uma antiga amiga que tinha duas gatas pretas que num dado momento empranharam. Perante o cenário de tantos gatinhos, não resisti a ficar com um e aqui começa esta história de genealogia que dura até aos dias de hoje. Era um siamês meigo, dedicado e fazia-me imensa companhia. Quando, passado alguns anos de ter o seu território dominado lá em casa, a minha mãe decidiu adquirir uma donzela persa cor de mel, ele não achou lá muita piada e começou a ausentar-se pelos quintais alheios, tornando as suas voltas de independência cada vez mais prolongadas. A verdade é que a dita donzela, de seu nome Afrodite - qual deusa do amor - sempre foi uma lady de nariz arrebitado e cheia de pedigree que caiu redonda de amores por um rafeiro mais vadio do que gato de casa. A história, bem ao género Disney de a 'Dama e o Vagabundo', ganhou contronos reais e a bela 'Fro', (como é carinhosamente chamada), cada vez que via o vadio Gil, fazia-lhe perseguição cerrada na esperança de que ele se dignasse a reparar nela. Farto de tantas investidas, um belo dia, ou melhor noite, o Gil passou-se e deu-lhe aquilo que ela tanto queria... Três meses depois nasceram apenas dois gatinhos: O Tobias e a Magali.
A Magali era enfezada, de cor indefinida, pequenina. Quando cresceu nunca ficou desenvolta como o irmão, foi sempre delgadinha (para meu desespero), comendo muito pouco e com personalidade forte, para não dizer arredia. O Tobias era robusto, qual macho da família, cor de mel - tal e qual a mãe - e depressa se tornou num gato pachorrento, gordo até, mas cheio de personalidade, brincalhão e muito, muito meigo.
Como não resistiram aos encantos do Tobias, os meus pais que até tinham decidido dá-lo, mudaram de ideias e ficaram com ele. Eu, apaixonada por aquela gata de cor incerta, que alguns apelidavam de 'feia', trouxe-a para Lisboa e com ela permaneço até hoje.
Toda esta reviravolta na história, para contar que ontem, quando a fui buscar às Caldas da Rainha, o ambiente lá em casa estava pesado. O Tobias há dois dias que está desaparecido sem sinais à vista, e a Afrodite, ao fim de sete anos na nossa família, agonia lentamente com uma doença que nem o veterinário sabe qual é, enquanto espera pela morte.
Adoro gatos, acho que isso já não é novidade para ninguém e saber que assim de repente, em menos de uma semana, a casa fica vazia sem a presença deles é no mínimo triste, muito triste. Pensar no Tobias e imaginar o que lhe pode ter acontecido é desolador, pensar numa Afrodite quase moribunda enquanto lhe dão de comer à boca através de uma seringa, é de cortar o coração, pensar na Magali sem ter o irmão 'à perna', sempre a chateá-la de cada vez que está nas Caldas, é pura nostalgia.
E imaginar a nossa vida sem eles é senti-los tão próximos de nós como se fossem família, porque acreditem ou não, aquilo que eles nos dão - a companhia, os carinhos, as brincadeiras, as meiguices e até os beijos - sim, os gatos também dão beijos - é puro Amor.

sexta-feira, agosto 04, 2006

Verão azul





Eu podia começar este post de forma semelhante a tantos outros. Que as férias foram boas, que a praia da Galé na costa vicentina estava maravilhosa, que foram quatro dias fantásticos, de puro relaxe e muita, muita praia, mas não o irei fazer... Porque quem tem por hábito fazer férias na costa alentejana, já sabe que, à partida, estes ingredientes estão sempre presentes. Tivemos alguns contratempos é certo, mas nada que nos fizesse desanimar, o C. adoeceu forte e feio, teve de ir ao médico que o proibiu imediatamente de continuar o camping, por isso levantámos armas e bagagens e ao quarto dia rumámos até paragens mais próximas e voltámos à Ericeira.
Claro que os ceús estrelados alentejanos são únicos e a quantidade de estrelas cadentes que se vê à noite permitiu-me pedir vezes sem conta o mesmo desejo.
Agora é acreditar e esperar que ele se realize. As fotos dos melhores momentos no sítio de sempre, só para os mais curiosos. Porque os risos, as conversas, os momentos e as situações, essas, ficam apenas para nós...