quinta-feira, dezembro 19, 2013

"não consigo evitar este estado de ansiedade"

 
Sabem aqueles dias em que nos sentimos no nosso melhor, confiantes, com um cabelo fabuloso e com a indumentária acertada? Sabem? Pois. E sabem aqueles dias em que gostaríamos de nos sentir no nosso melhor, confiantes, com um cabelo fabuloso, a indumentária acertada e nada disso acontece? Sabem? Pois. E sabem aqueles dias em que gostaríamos de nos sentir no nosso melhor, giras e confiantes, mas estamos com o cabelo numa desgraça, o vestido que escolhemos revela-se demasiado curto, sentimo-nos gordas e inchadas e ainda temos o jantar de Natal da empresa? Sabem? Pois.
Welcome to my world.

Abri a caixa de pandora…

Quando permiti à minha filha que furasse as orelhas e usasse brincos. Claro que a pequena cria, vaidosona como se quer, não resistiu a mostrar às amigas e coleguinhas do colégio que agora faz parte do restrito grupo das meninas que tem “as orelhas furadas”. Ontem, quando a fui buscar à escola, cruzei-me com a mãe de uma das meninas que não perdeu a oportunidade para me dizer: “Sabe, a minha filha agora diz que também quer furar as orelhas e que a Madalena, que só tem 5 anos, já tem as orelhas furadas e ela não. Andamos em negociações.”
Apesar de ter sorrido e brincado com a situação, encarei aquele comentário quase como uma recriminação, do género: “Furaste as orelhas à miúda e agora ando eu aqui às voltas com a minha que também quer”, porque percebi que aquela mãe faz parte do grupo de pessoas que não aprova que se fure as orelhas às crianças quando elas ainda não têm, no mínimo, uns 10 anos. (Ou então sou eu que sou uma desconfiada em tudo e acho sempre que comentários destes têm o seu “quê” de maledicência, mas adiante.)
Imagino que aos olhos de outras meninas, igualmente vaidosonas e igualmente com 5 ou 6 anos, o facto de ter algo que as distingue do resto do grupo as torne especiais e admiradas, gere comentários do tipo “se ela tem porque é que eu não posso ter?”, que nem sempre são fáceis para os pais gerir. O que eu não tinha noção e desconhecia, é de que existe tanta gente que não concorda com o furar as orelhas a uma criança de “apenas” 5 anos. Que é “demasiado pequena”, “que devia de esperar mais um pouco”, que isto e aquilo…
E eu penso, "what’s the problem?" Lembro-me de ser criança e ter as orelhas furadas. Mais, lembro-me de ser criança, ter as orelhas furadas e de andar com as mesmas sempre infectadas – coisa que, felizmente, não se verifica com a pequena cria. Lembro-me de ser criança, de ter as orelhas furadas e de andar com argolas de ouro nas mesmas. Lembro-me de ser criança, ter as orelhas furadas, andar com argolas de ouro e com os meus dentes de leite pendurados nas mesmas. E isso sim é que era tenebroso! (Que raio de moda foi aquela nos anos 80?!?)
Agora, brinquinhos em forma de pequena flor não, isso é apenas “fofinho”.

cleaning the dust

 
O  ano está a chegar ao fim e eu achei que estava na hora de dar uma "volta" aqui ao estaminé. O fundo pesado e a imagem do sapato já foram à vida. Está ligeiramente mais despojado, leve e com um look mais clean. Ainda não está como eu gostaria, mas para já, é o que há. O que eu gostava mesmo, mesmo, mesmo, era de lhe dar uma volta total - mas não tenho conhecimentos técnicos para isso - nem orçamento que me permita gastar num blogue. Ainda ando em fase de teste com cores, imagens e layout de forma a criar um efeito o mais harmonioso possível e que vá ao encontro do meu gosto, por isso não estranhem se nos próximos dias isto estiver tudo alterado outra vez - que eu sou uma rapariga com picos de humor. De resto, cá continuamos - vou "prometer" ir actualizando isto de forma regular e frequente - consoante o trabalho e o cansaço o permitir, porque há alturas em que tenho mesmo pena de não escrever mais aqui e outras, totalmente opostas, em que acho que não tenho absolutamente nada para dizer e que a minha vida é um tédio.
(Eu avisei que sou uma rapariga com picos de humor, ok?)
Façam favor de entrar.

terça-feira, dezembro 17, 2013

Terça-feira é dia de?

No rescaldo do post de ontem tive um momento de desabafo no sítio do costume. (E mesmo assim ficou muita coisa para dizer, não fosse ferir susceptibilidades). Leiam, comentem, partilhem.

segunda-feira, dezembro 16, 2013

Das festas de Natal escolares

Este fim-de-semana lá tive a festa de Natal da escola da miúda. Não querendo parecer uma “desmancha-Natais”, mas sendo, escusado será dizer que as festas de Natal e de fim de ano lectivo do colégio da miúda são a maior seca a que tenho assistido nos últimos anos.
O que deveria de ser um momento divertido, a oportunidade para as famílias verem as suas crianças num momento de alegria, de celebração, leve e com gozo, acaba por se traduzir numa festa que pretende dar o salto maior que a perna. Este Natal então, ultrapassou o cúmulo do razoável e o resultado foram quase 3 horas de seca – literalmente seca – para o pouco tempo que as crianças aparecem e são as protagonistas da festa para alegria dos familiares.
Claro que há muitos miúdos e salas, dos bebés aos mais crescidos e todos entram e participam, mas o que me irrita no meio daquilo tudo são as histórias e situações que inventam e que metem as crianças a fazer. A máxima “keep it simple” ali não se aplica e o resultado de tal forma ambicioso, acaba por traduzir-se numa festa longa, extremamente longa para famílias, bebés e crianças terem de presenciar, assim como uma história que de Natal tinha pouco, sem fio condutor, com falas que não se percebem (obviamente que eram crianças e que só isso já torna a coisa complicada de gerir). Não seria mais fácil metê-los a todos a cantar, fazerem alguma coreografia ou peça de teatro e um espectáculo mais simples? Ficávamos todos contentes e acho que os miúdos desfrutavam mais. Já para não falar dos problemas técnicos que decorreram durante toda a festa e que a tornaram ainda mais prolongada do que deveria de ser.
A minha experiência de festas de Natal resume-se a este colégio da Madalena, já que no outro em que ela andou, era tão pequenina que nunca fizeram nada do género, mas depois, em conversa com outras colegas de trabalho que também são mães, constato que sou a única que não gosto das festas de Natal da escola da miúda. Serei a única a pensar assim? É certo que tenho fama de ter espírito crítico apurado (vulgo, mau feitio) e com a idade tende a ficar mais exigente (piorar), mas as pessoas que me acompanham e que presenciam a cena, concordam todas comigo.
 
A de Natal já foi, agora, lá para finais de Junho volto a actualizar este tema.

sexta-feira, dezembro 13, 2013

Agora o reverso da medalha

Na continuação do último post e depois de ter passado a noite a estoirar dinheiro em presentes para dar aos outros, enquanto deambulava pela Primark, decidi comprar um único artigo para mim - o meu “presente” a bem dizer - um pack de 3 anéis, entre eles um MA-RA-VI-LHO-SO em forma de cobra, pelo qual fiquei absolutamente apaixonada. Contentinha e muito feliz, coloquei o pack dos três anéis naquele mega saco gigante que a Primark tem e continuei nas minhas deambulações natalícias. Quando decidi ir para a caixa, como trazia vários artigos que queria em sacos separados e com talões sem preço e isto e aquilo por causa das trocas e das ofertas e dos “ai que não gosto disto deixa-me lá ir trocar”, nunca mais me lembrei dos anéis, aliás, pensava que eles iam no saco. Só quando cheguei a casa, cansada, com os pés estoirados, cheia de fome e a más horas é que, num momento de puro egocentrismo e compensação, corri os sacos à procura dos MEUS anéis que nem criança no dia de Natal.
Mas eles não estavam. Revirei os sacos todos, verifiquei o talão e nada. Os anéis não vieram (mas também não os paguei, é certo). O único artigo que tinha comprado para mim, aquela única coisinha em que decidi cometer um acto de loucura mimando-me, tinha-me sido privada devido à incompetência do rapaz da caixa que não verificou se o saco estava realmente vazio e à minha cabeça de andorinha que só se lembrou deles no momento em que chegou a casa.
Fiquei possuída, praguejei, disse asneiras e confesso que, por instantes, que nem uma criança a fazer birra, tive vontade de chorar.
É que decidi ir fazer compras de Natal ao Dolce Vita Tejo, um centro que não me fica propriamente a caminho de casa, onde só vou propositadamente para ir à Primark e onde não pretendo regressar tão cedo.
Não gastei dinheiro em mais um bem desnecessário, é verdade. Poupei 5 euros. Mas caramba, todos os dias me lembro dos anéis e de como iam ficar bonitinhos no meu dedo.
Sniff.

Do Natal


Esta semana, num impulso de obrigação, despachei praticamente todas os presentes de Natal. Claro que ainda me faltam uns dois ou três, mas a maioria já se encontra despachada, o que para mim é um enorme alívio. Geralmente deixo sempre tudo para a última, não compro os presentes de Natal com meses de antecedência, não planeio e acabo por me enfiar num shopping nas piores alturas, com filas para tudo – do estacionamento à caixa do supermercado – que me deixam à beira de um esgotamento.
Esta altura do ano, como se calhar alguns de vós sabeis, não me agrada particularmente. É sempre uma altura difícil de gerir, em que as emoções vêm ao de cima, em que faço balanços e em que geralmente fico meio “depré”. Por mim, podia hibernar este mês todo e acordar só em Janeiro que não me importava.
Mas pronto, apesar do desabafo e do espírito grinch, a verdade é que não deixo de o celebrar e de fazer por isso, com árvore, decorações de Natal e tudo a que se tem direito. Há que celebrar o que temos de bom na vida mesmo que ela nem sempre seja fácil, não é? E o Natal, quer queiramos ou não, quer gostemos ou não, é das crianças. E eu tenho uma filha que merece ter Natais felizes, cheios de magia e cor e alegria, como as crianças gostam. O Natal é delas e para elas e isso, devemos de fazer por perpetuar.
A pensar nela, enfiei-me no shopping a um dia de semana saída directamente do trabalho para um antro de consumo. Sem vontade, sem querer, mas obriguei-me a ir. Tinha de ser, antes agora do que mais tarde. Antes a um dia da semana do que ao fim-de-semana. Assim foi.
A verdade é que correu bem. O shopping estava a meio gás e por ser hora de jantar a maioria das pessoas não estava nas lojas, o que facilitou. Comprei presentes para a afilhada, para o pai, para o bebé da família que está quase a chegar e que ainda vai ser o nosso menino Jesus, algumas coisinhas pequeninas para ela na Primark – como brincos, pois a miúda furou as orelhas a semana passada e agora há que ter para experimentar, acho que ela vai delirar quando vir os brinquinhos em forma de flores, corações, borboletas... um pack de mais de 6 brincos diferentes que custou a módica quantia de 2 euros – umas botas ao estilo Ugg, um pijama polar quentinho com corujas (já vos disse que tenho uma “tara” com corujas?) e mais umas tantas merdices pequeninas. Faltava-me, no entanto, o “grande” presente para ela. Um brinquedo, algo que enchesse o olho para fazer as suas alegias. A minha filha tem a vantagem de gostar de tudo, não é esquisita e não me fez nenhum pedido em particular do que gostaria de receber. O que facilita a coisa. Acabei a noite no Jumbo, a olhar para as promoções de brinquedos e a ver se me decidia por algo. Foi então que vi uma série de caixas de um carro da Minie, que calculei estarem em promoção, mas cujo preço não se encontrava visível e identificado em lado nenhum. Peguei numa caixa e fui até ao sensor. O preço acusou 39,99€ e eu arregalei os olhos mas não me dei por vencida. Algo me dizia que aquele brinquedo estava em promoção e que aquele preço era o tabelado. Vi um inocente empregado a passar e já não o deixei fugir. O pobre, coitado, não fazia ideia mas lá acabou por me auxiliar. (De repente lembrei-me da senhora ceguinha do metro de Lisboa que diz sempre “tenha a bondade de me auxiliar”, mas adiante…) Disse-me: “Só quando passar na caixa é que vai saber”, ao que eu retorqui: “Mas eu não vou levar um brinquedo para pagar na caixa sem saber se ele está em promoção e só ficar a saber o preço no momento” – na minha cabeça o valor 39,99€ estava completamente fora de questão. Como estamos no Natal, o pobre do funcionário lá acabou por sacar da chave de caixa, dirigir-se a uma que se encontrava fechada, ligá-la, passar o brinquedo pelo sensor e vir com a boa nova: “O preço do brinquedo com o desconto fica em 12 euros”.
PARA TUDO! Como é que é? 12,00€?!?!
De 39,99€ passa para 12,00€?!?! É meu, é meu, já ganhou!
E pronto, terminei a minha noite feliz por trazer um brinquedo para a cria que custava 40 por 12 euros e ainda lhe comprei mais uma coisa da Polly – que ela adora aquelas miniaturas – porque achei que por 12 euros, sempre tinha orçamento para lhe trazer mais qualquer coisa.
Para mim, Natal é isto, descobrir verdadeiros achados que fazem as minhas alegrias e as da minha filha. Só por isso já valeu a pena.

quinta-feira, dezembro 12, 2013

o silêncio é de ouro


 
Almoço quase todos os dias na copa do meu local de trabalho. Recentemente criaram um espaço amplo e com todas as condições para as pessoas almoçarem e constatou-se que com a copa as pessoas almoçam mais na empresa. Não só almoçam mais na empresa como também convivem mais. E não só convivem mais, como também as que não almoçavam passaram a almoçar, trazendo comida de casa, porque agora sim, têm todas as condições para o fazer. Mais do que isso – de ter um novo espaço, com luz, com vários micro-ondas, vários frigoríficos e várias mesas onde cabe sempre mais alguém – há também no edifício uma nova máquina com refeições boas, baratinhas e com menu variado - que permitem a quem não traz comida de casa ir rapidamente à máquina e por menos de 3 euros, almoçar uma refeição decente. O que é prático e num local onde as ofertas de almoço por perto não abundam dá sempre jeito. O resultado traduz-se por isso e como já tive oportunidade de dizer, em uma copa cheia à hora do almoço.
Hoje, como todos os outros dias, rumei à copa para aquecer a minha comida e almoçar a minha refeição. Há dias em que a copa está de tal forma cheia que não há lugares para tanta gente e em que parece que estamos num restaurante à espera de mesa, com fila para aquecer a comida e para as cadeiras. Também há um grupo enorme de jovens estagiários que entraram todos na mesma altura e que, por norma, comem todos juntos, fazendo um círculo que chega a ter dez ou mais pessoas todas apertadinhas e em amena cavaqueira.

Estava eu na copa, sentada sozinha a uma mesa, junto a outra cheia de estagiários apertadinhos que encontram na hora do almoço o momento perfeito para relaxar e falar de tudo aquilo que não podem durante o horário de trabalho, não se coibindo de dizer aquilo que pensam sem medir consequências. A minha teoria é de que, provavelmente, como me veem a comer na mesmíssima copa com um tupperware em frente, sou apenas mais uma – que sou – mas sem medirem as consequências das conversas que têm mesmo a meu lado. Não que eu represente um perigo. Não é essa a questão, a questão passa por me lembrar de ter a mesmíssima idade e de ter mais ou menos a mesma atitude, coisa que hoje em dia reprovo. Recordo-me dos deslumbramentos, das frases cheias de afirmação e dos comentários que vinham directamente do cérebro para a boca sem filtro.  E penso, “Meu Deus, que ingénua e arrogante era ao mesmo tempo… e burra, burra por sempre ter tido esta mania de falar mais do que aquilo que realmente devo”. O que é mais ou menos o mesmo que penso destes jovens que comem a meu lado, em que censuro o que dizem sem filtro e sem terem noção das consequências – ou dos problemas que podem ter – em ter aquelas conversas no local onde esperam ficar a trabalhar.
E querer mandar-lhes dois berros bem alto e dizer: “Meninos, tenham lá juízo, acabou-se a brincadeira”, que nem uma velha sem paciência. Mas ficar calada e continuar a comer, sozinha naquela mesa, tendo como companhia o meu tupperware. Porque se há algo de bom que os anos e as cabeçadas da vida me ensinaram, é que é sempre melhor ouvir do que falar e que mais vale só do que rodeada de gente que mais tarde ou mais cedo nos pode apunhalar pelas costas… principalmente quando o assunto é trabalho.


quarta-feira, dezembro 11, 2013

respirar

 
Se eu escrevesse tudo aquilo que me vai na alma e dentro do peito, chocaria. Por isso, limito-me a guardar, que nem caixinha, o que vou sentindo, como se o não verbalizar amenizasse a ansia de viver mais do que aquilo que vivo e a realidade fosse tão mais suportável que não esta espuma dos dias sem sentido de felicidade.