terça-feira, março 31, 2015

27 semanas


Ainda não falei aqui da minha consulta na MAC a semana passada. Como estive internada na maternidade agora sou seguida lá, nas consultas de gravidez de risco e deixei de ir à minha obstetra. Claro que antes tive oportunidade de lhe ligar e falar com ela a explicar o assunto e ela concordou que, face à situação, faz todo o sentido passar a ser seguida lá. Na 5ª feira lá fui, esperei um bocadinho mas fui rapidamente atendida pela Dra. Isabel Nogueira, de quem gostei muito. A partir de agora, à partida, será ela que me acompanhará até o Afonso nascer. Pareceu-me boa profissional, bastante competente e experiente e numa rápida pesquisa pela net sobre ela, as opiniões que encontro de todas as grávidas e mães são super positivas.
O diagnóstico traçado foi o seguinte: barriga e tamanho da mesma de acordo com a fase de gestação, peso 'OK' (até agora engordei 7 quilos, um por mês, o que não está nada mal), tensão boa e bebé com bons reflexos e com o coraçãozinho a bater rápido como se quer, quanto ao colo do útero é que não há volta a dar e, como tal, as recomendações foram de repouso total, sem autorização para cozinhar, estender roupa, passar a ferro, aspirar, subir escadas, enfim, não fazer absolutamente nada de nada a não ser descanso, descanso, descanso até às 34 semanas, ou "corre o risco de voltar a ficar cá".
Por isso tenho acatado. Contrariada, mas acatado. Há dias em que tantas horas deitada ou sentada no sofá me deixam quase 'quadrada' e sem posição, em que fico com a neura e farta de estar fechada em casa, não conviver nem falar com quase ninguém e de sentir o tempo a passar e eu com tudo por organizar. Há outros em que consigo levar melhor, mas toda a situação deixa-me um pouco à beira de um ataque de nervos. A verdade é que esta gestação não tem sido muito tranquila e emoção é coisa que, ultimamente, não tem faltado.
Na próxima semana volto à maternidade para fazer ecografia e avaliar o tamanho do colo do útero e nova consulta com a Dra. Isabel. Até lá tenho de descansar bastante, fazer pouco ou nada e ter muitaaaaaaa paciência. 
Bem me dizem para ler, ver séries e filmes ou escrever, mas a verdade é que não tenho vontade de fazer nenhuma dessas coisas. Sei que parece um contra-senso, mas é como se tivesse perdido a vontade de fazer o que quer que seja e só me apetece fazer aquilo que não posso. (Tal como a canção do António Variações, 'Estou bem onde não estou, só quero ir aonde não vou...").


segunda-feira, março 30, 2015

o dia em que o meu coração quase parou


29 de Março. 7h30 da manhã. Domingo. Num dia em que julgávamos que ia ser apenas mais um pacato dia de fim-de-semana, em casa - dada a minha situação - revelou-se ser exactamente o oposto.
Ainda estávamos deitados e a dormir quando acordámos sobressaltados com três ou quatro fortes barulhos que se assemelhavam a tiros e alguém a gritar na rua "Chamem a Polícia". Levantámo-nos e descemos as escadas em direcção à janela da sala para espreitar e ver o que se passava. Sei que ao mesmo tempo foi um erro. Se de facto houvesse alguém aos tiros na rua nunca deveria de ir à janela, abri-la e pôr-me à espreita, mas algo me dizia que não era isso o que estava a acontecer... e de facto, não era. Assim que abri a janela, coloquei a cabeça de fora e olhei para o lado, entrei em pânico. Do prédio vizinho saíam labaredas e fumo negro e quando vi as chamas tão perto do telhado da minha casa julguei que todas as nossas coisas iam arder. Paniquei. 
Ligámos logo para o 112 e constatámos que já estavam avisados. Foi também aí que percebemos que o incêndio (ou explosão) não era no prédio imediatamente ao lado do nosso mas no seguinte. Apesar de saber isso não fiquei mais tranquila. Moramos num último andar, as chamas estavam no telhado e podia ser uma questão de segundos até chegar ao nosso e levar tudo avante. Ainda consciente do que deveria de fazer e com a sensação que teríamos de abandonar o edifício o quanto antes, decidi subir ao quarto para me vestir e não ir parar à rua de pijama. Consegui, em menos de nada, vestir umas calças e uma blusa, calçar-me, agarrar num casaco mais quente e ainda na minha mala e nos documentos, assim como numa foto da minha filha que, felizmente, não estava em casa connosco encontrando-se a passar as férias da Páscoa com os avós. Enquanto isso a polícia já havia chegado e batia com força na porta de entrada mandando-nos sair o quanto antes. Olhei por uma última vez para a sala e ainda fui ao quarto da Madalena ver se conseguia trazer alguma coisa. Despedi-me, literalmente, das coisas. Descemos e saímos para a rua.
Na rua os bombeiros já haviam chegado e as pessoas aglomeravam-se. Vizinhos e curiosos, carros da polícia, ambulâncias. Senti-me enervada durante alguns minutos e juro que temi o pior. Devido ao meu estado de gravidez de risco a polícia fez-me sentar dentro do carro deles - foram super prestáveis - e decidiram chamar o Inem para me observar. Eu achei desnecessário, mas lá acatei. Preferia não olhar para o espectáculo dantesco que lavrava no topo do segundo andar do prédio vizinho. Passaram-se horas nesta situação, mas devido à rápida intervenção dos bombeiros o fogo foi controlado e não alastrou aos prédios vizinhos. Depois de observada na ambulância do Inem e de me ter recusado a ir até à Mac, a única coisa que detectaram foi que tinha os valores da glicémia no limite e que tinha de me alimentar. Os polícias arranjaram-me uma barrinha de cereais e uma pêra e obrigaram-me a comer, mesmo quando lhes disse que ia ao café e que não queria estar a comer-lhes o snack que tinham trazido para eles. Não adiantou, aliás, se há coisa que aprendi no meio desta situação toda é que não se discute ou faz teimosia com um polícia, não adianta, eles metem cara de maus e munidos da sua autoridade acatamos e comemos tudo sem piar, como se tivéssemos 3 anos. Com toda a confusão instalada na rua chegaram também os jornalistas e os canais de televisão que procuravam pessoas para dar a cara e contar o que passou. Quando me viram, grávida e junto a um carro da polícia vieram na minha direcção e começaram logo a fazer perguntas com a câmara ao ombro. Disse logo que teria todo o prazer em ajudar, mas que não aceitava ser filmada. Só me faltava aparecer na televisão por causa de um incêndio na minha rua e deixar toda a família que aindannão tinha conhecimento da situação, em polvorosa - os meus pais ainda nem tinham acordado, nem eu ligado a informar do que se passava. 
Apareceram por isso as minhas vizinhas do primeiro andar e do rés-do-chão, mas nenhuma delas ouviu as explosões que nós ouvimos, apenas foram alertadas pelo que se estava a passar quando a polícia lhes bateu à porta a mandar sair.  Era perto do meio dia quando nos deixaram ir para casa com indicação de fogo extinto e de segurança no prédio. Finalmente pudemos vir descansar e eu estender-me. Acabámos por ver ainda o Jornal da uma da tarde e os directos da TVI, já com a situação controlada e o incêndio extinto apesar de todo o imóvel ardido ter ficado destruído. Fala-se num curto circuito, mas a verdade é que não sabemos muito bem o que esteve na sua origem.
Toda esta situação fez-me ter várias certezas: a primeira é que quero sair daqui o quanto antes. Já tínhamos a casa à venda e depois desta situação é mais que garantido que quero mesmo mudar-me. Eventualmente só o poderei fazer depois de o Afonso nascer - dada a minha situação - mas se se proporcionar antes, não quero saber, nem hesito. 
Segundo, é que num momento de aflição, tudo é descartável e relativizamos a importância que damos às coisas. Claro que são as nossas coisas, têm valor sentimental, custaram-nos a ganhar, trabalhámos para as ter, não as queremos perder, é uma vida inteira dentro de uma casa, mas não adianta ter muita coisa, acumular muita tralha, ou não nos libertarmos daquilo que não nos faz falta... porque num momento como o de ontem, podemos perder tudo em menos de um nada.
E essa é a verdadeira lição a tirar desta situação toda. A partir de agora vou tentar focar-me no que é realmente importante e tentar ser mais despojada, dar valor ao que realmente importa.
É que apesar de ter corrido tudo bem (dentro dos possíveis), hoje não consigo deixar de sentir uma sensação de insegurança e de medo por estar sozinha em casa.

quarta-feira, março 25, 2015

Expectante

 
Amanhã é dia de voltar à MAC, à consulta de gravidez de risco, para saber se este repouso forçado vai para 3 semanas tem dado frutos. Estou ansiosa e expectante. Por um lado a perspectiva de sair de casa apenas para ir à Maternidade, apanhar ar, ver gente, sentir a cidade pulsar, anima-me! É este o ponto a que a minha vida chegou, quando uma saída de casa para ir ao hospital se torna o momento alto da sua semana atípica. Por outro, tenho receio de estar demasiado entusiasmada e com a esperança de ir ter boas notícias e de me dizerem que nada mudou e que o repouso continua a ser a palavra de ordem, que não posso fazer grandes movimentos e que tenho de estar quietinha.
à verdade é que sempre que me mexo um pouco mais ou faço algumas coisas em casa o corpo acusa e as dores aparecem. Só mesmo quando estou a maior parte do tempo deitada é que não sinto incómodo de qualquer espécie, mas esta minha natureza inquieta deixa-me a fervilhar por dentro.
Descubro, no cartão da máquina, fotos antigas do verão passado, em Monsaraz, sobre a planície alentejana. Resquícios de um fim-de-semana cheio de paz, boa comida e muita cumplicidade a dois. Como é possível ainda não lhes ter dado a atenção que merecem? Espero que, mesmo sem poder voltar ao alentejo nos próximos tempos, depois de amanhã consiga ter ânimo e liberdade (mesmo que reduzida) para acabar o enxoval deste miúdo e organizar a casa. Sem dores, sem medos e sem sustos.
 
Fingers cross.
 

segunda-feira, março 23, 2015

Spring & baby books

Com o começo da nova estação e com a minha situação ainda restringida em termos de movimentos, tive direito a tulipas para animar o meu estado de espírito que, diga-se de passagem, já conheceu melhores dias. Flores sempre foram um bom motivo para me animar e este fim-de-semana que passou tive direito não a um mas a dois bouquets. Cada um com as suas cores e beleza, ambos maravilhosos e com o poder de me fazer parar e pensar que, na vida, temos mesmo de apreciar estes momentos e estarmos gratos pelos amigos que nos chegam, pelo amor que nos dão e pelas manifestações de carinho inesperadas. É uma verdadeira bênção.
Ainda este fim-de-semana tive oportunidade de folhear os baby books que li e comprei quando estive grávida da Madalena. Estiveram emprestados estes anos todos e agora regressaram a casa, em parte, porque eu própria e passado tanto tempo, sinto necessidade de os voltar a ler, recordando-me das rotinas, dos conselhos e da logística que implica ter um bebé recém-nascido novamente na vida do casal e família. Pode parecer um pouco tonto, mas dou por mim a pensar se ainda saberei organizar-me em termos de horários e rotinas ou se, simplesmente me esqueci, como se alguém me tivesse passado uma borracha no cérebro. Quase 7 anos entre uma gravidez e outra é muito tempo e ontem dei por mim a lê-los com a avidez e a descoberta como se fosse mãe de primeira viagem. Tenho a certeza de que quando tiver o Afonso nos braços, as recordações e aptidões anteriormente aprendidas e entretanto esquecidas, voltarão a dar sinais com a clarividência de um sabor de experiência feito. (Ou assim espero) Mas, nos entretantos, não custa nada sentir-me mais segura e procurar conselhos e dicas úteis que, independentemente do número de filhos que se tenha, acredito que darão sempre jeito.
Um dos livros que me serviu de quase 'Biblía' durante o primeiro ano de vida da Madalena foi este "What to expect the first year" e além de ser super completo e abranger quase todas as inquietações das mães durante o primeiro ano de vida do bebé, é uma preciosa ajuda, tem exemplos e situações partilhadas por outras mães e muitas dicas preciosas. Mandei vir pela internet, pode ser encomendado na Amazon e é em inglês, mas é de fácil leitura e vale a pena.
Por isso, eu até posso não ter ordem para sair de casa e passar a maior parte do meu tempo deitada que a verdade é que já vou tendo algumas coisas com que me entreter.
E as flores dão sempre uma ajuda.

quinta-feira, março 19, 2015

Dia do Pai

Não podia deixar passar este dia sem dedicar algumas palavras ao futuro pai desta casa. Apesar de ir experimentar pela primeira vez as emoções, a sanguinidade e os sentimentos reais do que é ver um filho nascer e ser "pai" na verdadeira acepção da palavra, o PAI desta casa já o é há muito tempo, mesmo que a relação não seja de sangue. A forma como se preocupa, como ensina, como protege, como cuida, como educa e como ama a minha filha, que acolhe e trata como sua, é a maior prova que o universo me podia dar de que PAI não é apenas aquele que dá o nome ou o cromossoma que define o sexo do bebé, mas aquele que todos os dias se esforça para que nada lhe falte - em todos os sentidos possíveis.
Não duvido, nem por um minuto, que esta nova aventura - que é ter um bebé recém nascido em casa - o irá mudar (ainda para melhor), mas que este curso intensivo onde ele tem tido nota máxima, só comprova aquilo que sempre achei dele: que vai ser (mas já é) o melhor pai do mundo!
 

Pequenas perdições

Quando a minha filha nasceu tinha preparado vários conjuntinhos mimosos e vários cueiros que levei para a maternidade e que ela usou nos primeiros dias de vida. Confesso que gosto de ver os bebés recém-nascidos com cueiros e que são bastante práticos nos primeiros dias, sendo fácil e rápido mudar a fralda ou trocá-los. A minha marca de eleição na altura foi a laranjinha, comprei vários cueiros, simples, de algodão mas muito mimosos, com padrões de flores e bolinhas em tons de rosa que a deixavam a parecer uma boneca sem estar demasiado vestida com folhos ou fitas de cetim. Eram simples e práticos, deixando o bebé confortável.
Para o Afonso gostava de conseguir encontrar alguns cueiros em tons de azul que cumprissem os mesmos requisitos, mas impossibilitada que estou de andar a bater o pé nas lojas à procura do enxoval perfeito, fico-me pela internet e por algumas peças da nova coleção da marca - já para mais crescidos, é certo - mas igualmente mimosas, frescas e tentadoras, que fazem as minhas delícias! (E claro, sem deixar de espreitar as coisas de menina, que continuam a ser uma perdição!)
 

quarta-feira, março 18, 2015

relato de um internamento e de uma mum-to-be acamada

Depois de alguns dias de silêncio e de descanso forçado, achei que estava na hora de dar notícias. A verdade é que tenho aproveitado esta paragem para descansar bastante e confesso que me tem faltado a vontade de estar ao computador ou de escrever o que vou sentindo. Hoje decidi contrariar essa tendência, até porque a minha situação não é única, há imensas mães que passam a gravidez em casa e condicionadas nos seus movimentos e, quem sabe, até podem ler este blogue e decidir deixar-me uma mensagem a partilhar as suas próprias experiências.
Depois de 4 dias internada na Maternidade Alfredo da Costa, onde fui muito bem tratada - é verdadeiramente de louvar aquelas pessoas e equipa que tudo fazem pelo bem-estar das mães e dos seus bebés - tive finalmente alta para ir para casa mas com muita cautela e, acima de tudo, juízo. O meu colo do útero às 24 semanas estava com 24 ml, ou como um médico da Mac o apelidou, "com os mínimos olímpicos", mas como não apresentava sintomas de contrações nem perdas de sangue ou líquido amniótico, lá me liberaram. Um colo tão curto com tão pouco tempo de gestação pode significar uma série de coisas pouco agradáveis nesta fase, como por exemplo: um parto prematuro e um bebé a lutar pela vida numa unidade de neonatologia. E nós não queremos isso. Queremos que o menino Afonso cresça o que tem a crescer  até ser a hora prevista para vir cá para fora conhecer o mundo. Ou como diz uma amiga minha, "esse miúdo tem de ter calma que as noites ainda estão frias".
Esta paragem forçada veio destabilizar todas as prioridades e tudo aquilo que imaginamos durante uma gravidez. Uma delas é a própria relação e dinâmica familiar. De um momento para o outro sou atirada para uma cama, impossibilitada de trabalhar e de fazer o que quer que seja em casa. Quando se tem uma filha mais velha a necessitar de atenção, não se tem pais ou sogros por perto, ou empregada, não é fácil. Vale-me a enorme ajuda e boa vontade de um pai dedicado e incansável que tem sido mais do que um braço direito, tem sido um companheirão.
Em casa os dias passam a uma velocidade vertiginosa e o tempo escorre-me sem dar por ele porque sinto que não faço nada de útil para além de ver televisão e comer. É algo que me tem feito pensar bastante, a forma como percepcionamos o tempo numa situação destas. Quando estamos a trabalhar passamos os dias a querer ter tempo para estar em casa, dormir um pouco mais de manhã, ou simplesmente não fazer absolutamente nada. Quando temos tanto tempo livre e nem sequer podemos sair da cama ou do sofá, perdemos a noção do ritmo da vida lá fora. Os dias sucedem-se em cadência e a pressão das horas desaparece tornando-se mais libertadora, mas também mais angustiante. Há dias em que acordo mais animada do que outros e depois há dias em que me sinto apenas dormente. Tanto tempo livre e sozinha deixa-me com muito com que pensar, o que nem sempre é bom.
Outra coisa que me deixa um pouco frustrada é o facto de não conseguir adiantar nada para o enxoval do bebé, nem sequer preparar o quarto. Ainda não tinha tratado de quase nada e, nesta condição, as probabilidades de o fazer são reduzidas. Sei que tenho de ter calma, não querer tudo de uma vez, qual avalanche, mas esta sensação de que tenho 2/3 meses - na melhor das hipóteses - e que não tenho nada tratado, nem quarto, nem berço, nem mala, nem roupa, deixa-me bastante angustiada.
Estar grávida já é um turbilhão de emoções fortes, estar grávida, parada e privada de fazer a maior parte das coisas deixa as hormonas numa montanha russa difícil de controlar.
Espero que seja mesmo apenas temporário e que na próxima consulta tenha boas notícias. Até lá, muita calma e paciência e fé! Acredito que com o repouso e a calmia que a minha vida se tornou, ao contrário do que era, ajude este menino a crescer forte e saudável. Para terem uma ideia, em apenas 5 dias na Maternidade, este pequeno "texugo" engordou 140 gramas, passando dos 600 para os 740 gr.
Acho que esta paragem deve ter sido uma manobra que o menino Afonso engendrou para que a senhora sua mãe pare, leve uma vida mais calma e engorde. E eu, como menina bem mandada, obedeço-lhe.
Aqui ficam algumas fotos tiradas durante o internamento. Mais uma vez refiro, toda a equipa da Maternidade Alfredo da Costa foi/é incansável, bem humorada, simpática e prestável. Nos dias em que estive internada não vi uma cara menos simpática, uma palavra mais áspera a algum pedido de qualquer uma das muitas grávidas ali internadas, ou uma queixa. E realmente fez-me pensar como é que pessoas tão dedicadas aos outros trabalham todos os dias com tão fracos recursos e condições. A maternidade desenvolve um trabalho fundamental continuando a provar, diariamente, a necessidade da sua existência. Pude comprová-lo na pele, com material a necessitar de ser substituído e de pessoas que, apesar das adversidades não se queixam e estão sempre de sorriso aberto para nos receber com todo o carinho. Isto sim, é verdadeiro serviço público de saúde e não tem preço!
 
 
A televisão do meu quarto demorava cerca de 10 a 15 minutos a 'aquecer' quando era ligada. O ecrã era minúsculo, mas depois de pronta transmitia os 4 canais na perfeição. Tv cabo é coisa de gente rica. Aqui vai-se para a cama cedo.

As refeições foram o que mais me custou durante o internamento. A falta de sal e comida insípida é algo que me deixa uma pessoa infeliz. Quem me conhece sabe que um dos meus maiores prazeres reside num bom prato e andar 4 dias a comer massa com carne na maioria das refeições deixou-me a salivar por todo o tipo de coisas mais... mais... substanciais! Esta foi a única refeição em que tive direito a um docinho - o arroz doce - que veem ali em cima. Foi logo no primeiro dia de internamento. Deve ser uma espécie de "recepção de boas vindas", mas como diz o ditado: 'O que é doce acaba depressa'.

Durante os dias em que estive internada a minha filha foi-me visitar em dois deles. Num trouxe este postal em forma de flor, com esta frase escrita por ela, na sua letrinha de primária! Está tão grande e crescida que confesso que ouvi-la ler ou escrever ainda me provoca sentimentos ambíguos. É muito para um coração de mãe assimilar!

Nas palhas deitada, nas palhas estendida. Assim foram - e continuam a ser - os meus dias. A minha cama era a número 13. Sorte ou azar? Não sei, mas nós cá continuamos, seguros e constantes, como a canção, a contrariar superstições.
 

quinta-feira, março 12, 2015

paragem forçada

 
 
 
Não tenho dado notícias nem actualizado este blogue porque, infelizmente, fui forçada a uma paragem forçada durante 5 dias com direito a internamento.
Agora, que já estou em casa e tive alta do hospital é tempo de sossegar, de descansar e de muito repouso para que este menino, de seu nome Afonso - by the way - cresça forte e saudável e sem ideias de vir a este mundo mais cedo do que o previsto!
A quem sairá ele apressadinho? Humm? ;)
Prometo que ainda hoje vos faço um registo mais detalhado do sucedido, mas por agora senti-me na obrigação de apenas dar notícias e dizer que estamos bem e já em casa após um grande susto.

sexta-feira, março 06, 2015

Onde comprar a mobília do quarto? No Ikea, pois claro!

Sou uma grande fã da loja Ikea, sempre o assumi. Quando estive grávida da Madalena foi lá que adquiri a maior parte dos móveis que compunham o seu quarto, do berço ao trocador, passando pelas toalhas de banho, roupa de cama - uma quantidade louca de edredons com padrões muito divertidos para as crianças - e, por tudo isso, nesta segunda volta irei repetir a experiência. Nao só porque possui soluções giras, práticas e a preços super acessíveis, como permite uma montanha de adaptações que acompanham o crescimento e de excelente qualidade. Não sou apologista de que se deva de gastar uma fortuna numa mobília ou quarto de bebé até porque os miúdos crescem num instante e rapidamente as coisas necessitam de ser trocadas, mas se investirmos em algumas boas peças que depois, mais tarde, possam ser conjugadas com outras mais adequadas a uma idade já mais crescidinha e não tão baby, é perfeito. Um bom exemplo disso é esta cómoda da gama Hemnes. Comprei-a quando estive grávida da Madalena e vou voltar a comprar outra para o quarto do Afonso. É branca, básica, com umas linhas clássicas como eu gosto, as gavetas são fundas - levam mesmo muita coisa - e consigo torná-la numa cómoda cheia de pinta e adequada a um menino simplesmente trocando os puxadores. Para o quarto da Madalena comprei uns em cerâmica na Zara Home, para o Afonso vou tentar encontrar igual em azul ou cinzento e vai ficar perfeito!
O bom nesta cómoda é que permite que se utilize no quarto do bebé e mais tarde, quando já são mais crescidos, pois podemos facilmente trocar a cama e ela continuar a servir de apoio ao quarto sem ser uma peça demasiado 'abebezada'. (Além disso, os trocadores podem sempre ser trocados por outros à medida que a criança cresce!).
Ainda hesitei durante muito tempo nesta gravidez se compraria ou não um móvel trocador. Acho que desta vez não o irei fazer. Vou tentar ser mais prática e colocar um colchão muda fraldas em cima do tampo da cómoda com uns cestos com os produtos de higiene ao lado. Neste momento o espaço em casa não é muito e se não mudarmos para outra nos próximos meses a palavra de ordem é simplificar. Também há que aproveitar as mais valias de ser mãe de segunda viagem para saber o que é essencial e o que pode ser simplificado ou melhorado. Vou por isso arriscar e fazer a experiência. Além disso, de 5 a 15 de Março todas as cómodas estão com um desconto em vale Ikea de 15% para membros Ikea Familly, vale mesmo a pena!
Também na escolha do berço vou optar pelo mesmo modelo - já que não possuo o anterior. O modelo Gulliver sempre me encheu as medidas. Gosto de caminhas de grades brancas, simples e sem floreados ou bonecos. Este tem ainda a vantagem de poder ser retirada a barra lateral e de à medida que a criança vai crescendo e ter outra mobilidade e autonomia, poder entrar e sair da caminha à sua vontade ou de a mesma ser transformada numa espécie de 'sofá de quarto'. Dá perfeitamente até aos 2 anos e meio. Também existem umas pequenas barras laterais que na altura também comprei para a Madalena e que permitem que eles não caiam da cama durante a noite quando já se levantam.
 
A composição que o Ikea disponibiliza no site, não fica o máximo? Eu adoro! Só gostava era de saber onde encontro aquele trocador também da gama Gulliver já que não o vejo no site em lado nenhum nem nas lojas!
 
 
Por fim, fiquei a saber esta semana que o Ikea vai ter peças de mobiliário 'inteligente' que integra carregadores de tablets e smartphones! Para quem, como eu, dorme com o telemóvel ao lado a servir de despertador e que tem de o deixar a carregar durante a noite vai dar um jeitaço! E o design? Giro e disponível em móveis, candeeiros ou secretárias. Aiii que não vai haver orçamento que me valha nos próximos meses!
 

masculino vs feminino

Na minha experiência de mãe de segunda viagem - pelo menos nesta fase da gravidez - ainda me é difícil 'educar' o olhar para as roupas de menino na hora de ir às compras. Tenho sempre a irressístível tentação de ver a oferta para menina e de ficar a suspirar com a variedade, lacinhos e vestidinhos comparada com as coisas para menino que acho, na generalidade, menos atractivas.
Ainda não defini um estilo fixo para o rapaz, há coisas que gosto muito e que são mais clássicas e depois há outras, mais despojadas, descontraídas e cool que também me fazem vibrar de emoção. A verdade é que também ainda não comprei muita coisa. Falta-me quase tudo, mas ando descontraída da vida como se ainda faltasse muito tempo quando na realidade já estamos a cerca de uns três meses de o ter nos braços. Há uma série de assuntos pendentes neste momento que me deixam bloqueada e sem saber como reagir, um deles é a casa e o desconhecer se até ao parto não terei de fazer uma mudança, mas só esse assunto é uma novela e por isso evito pensar muito nele. Vou levando os dias de cada vez, com o Afonso a mexer-se que nem um louco dentro da minha barriga. Sim, o nome escolhido recaiu sobre 'Afonso', depois de algumas indecisões. "Madalena" e "Afonso" soa-me bem. Gosto. O nome já está e hoje é dia de ir vê-lo outra vez já que a mando da médica irei repetir a ecografia morfológica. À partida está tudo bem, serve este exame apenas como despistagem e também para eu ficar mais tranquila. A morfológica que já fiz às 20 semanas foi tão rápida (demorou uns 15 minutos) que saí do gabinete meio atordoada. Uma morfológica que demora menos de vinte minutos, para mim, não pode ter sido feita com atenção nem com muito brio ou rigor profissional. Queixei-me à médica e hoje repito o exame. Vamos ver como corre ou se terei alguma experiência semelhante. Até poder adiantar mais coisas sobre o rapaz, se já cresceu muito, ganhou peso ou se afinal sempre se confirma que é menino, eis que este mês ainda consegui ir espreitar o último dia de  saldos da loja "Os Patinhos" e vim de lá com a carteira bem mais vazia e com alguns tapas fraldas, fofos e chambres para os dias mais quentes. Afinal o rapaz vai nascer no verão. Outra coisa que, para mim, ainda é difícil de mudar o "switch" já que a Madalena foi uma bebé de Inverno e tenho sempre tendência a achar que pode ficar com frio.
 
 

quarta-feira, março 04, 2015

Shake it off

"Bom dia mãe! Sonhei com a Taylor Swift! Estávamos a dar um concerto!"

Seis anos de gente e já uma pop star!


segunda-feira, março 02, 2015

Gravidez é estado de graça não de lamentação

Ontem aconteceu uma situação que me deixou um bocadinho fula, ou arreliada, vá. Se há coisa que uma grávida se habitua ao longo de 9 meses a ouvir e a responder, é à pergunta, "Então e como é que está a correr, está a correr tudo bem?". É banal, demonstra preocupação e boa educação. A generalidade das pessoas pergunta isto como desbloqueador de conversa relativamente à gravidez e espera uma resposta igualmente formatada, sem grandes complicações, politicamente educada e a bradar às maravilhas da gravidez e da maternidade como a utopia máxima da vida. Não estão por isso à espera que a pergunta 'kick-off' dê origem a um desenrolar de queixumes ou lamentações, de dores crónicas, de insónias, de problemas de circulação ou de como ainda só estamos a meio do caminho e já estamos fartas de estar grávidas. Não, dizer algo assim é quase uma heresia, é uma ingratidão, é "passar sentimentos negativos para o bebé", é porque és uma pessimista e não tens noção do quão afortunada és, ou do 'estado de graça' que atravessas. Aconteceu ontem perante a pergunta: "então ainda continuas com dores?", como se o facto de dizer tudo aquilo que, efectivamente sinto em relação a esta segunda gravidez, tivesse de ser omitido ou quanto muito 'floreado' para não ferir susceptibilidades. Porque ninguém gosta de ouvir uma grávida dizer que 'está farta de estar grávida'. Não, isso é ser uma ingrata-cabra-fria que não sabe reconhecer o dom que lhe foi concebido.
Meus amigos, saber eu sei e acreditem ou não, estou muito grata por isso. Mas se sinto dores, não durmo, não tenho posição para estar sentada ou deitada e tenho as pernas a parecerem as patas de um elefante às 23 semanas, querem que eu diga o quê? Que está tudo a correr às mil maravilhas só para ficarem contentes e ouvirem aquilo que pretendem? Ficar toda a gente satisfeita porque sinto aquilo que é suposto uma grávida sentir? O facto de estar farta de estar grávida - que, confesso, estou! - não significa que queira que o meu filho nasça já ou que desejo que algo de mal lhe aconteça. Não meus amigos, tenho inclusive muito medo que isso aconteça e quero que o mesmo aqui continue até ao tempo término de gestação, que nasça sem complicações e de preferência acima dos 3 quilos, que não necessite de incubadora e cuidados de neonatologia especiais (batam na madeira), mas isso não significa que eu não possa sentir-me saturada, com pouca energia ou vitalidade, stressada, com dores ou com vontade de exprimir o que me vai na alma. Se não gostam do que ouvem não perguntem. Se não estão preparados para ouvir a verdade não se ponham a jeito. E, acima de tudo, não me façam sentir culpada por dizer aquilo que realmente me vai na alma.
Meto-me a pensar nestas questões - que deveriam ser referidas com naturalidade e que as pessoas deveriam de entender e mostrar solidariedade sem dedos acusadores - e, sinceramente, fico a pensar que não é à toa que tanta mãe sofre de depressão pós-parto. As expectativas das maravilhas da maternidade são tantas - principalmente quando se trata do primeiro filho - as ilusões que se criam são tantas, o embelezamento e o quadro da 'família e bebé perfeito' é tanto que, quando isso não acontece e as mães se veem confrontadas com as suas próprias frustrações, dificuldades e realidade nua a crua, sofrem... e sofrem muito! Porque sentem que "não é suposto sentir aquilo que estão a sentir". Porque se culpabilizam pelo turbilhão de emoções e sensações a que estão sujeitas. Porque se sentem a explodir sem ter com quem desabafar, porque se o fazem em família - como aconteceu comigo ontem - têm o Carmo e a Trindade a cair-lhes em cima, com palavras solidárias como "estás sempre a pensar no pior" ou "isso até faz mal à criança". Não deveríamos todos de ser mais tolerantes? Já todos sabemos que um bebé é uma fonte de alegrias, sim, é verdade, nunca isso esteve em causa, mas não posso sentir que o processo a que estou sujeita até o ter nos meus braços exije demasiado de mim? Principalmente quando já se tem outro filho em casa, continuamos a trabalhar ao mesmo ritmo de sempre - como se não estivessemos grávidas - e não sentimos a mesma destreza e agilidade física da anterior gravidez?
Ou serei só eu a pensar assim? É que desculpem-me, mas não acredito MESMO que seja a única. Deve é haver muita mulher que tem vergonha de o admitir.