segunda-feira, fevereiro 29, 2016

Dos óscares

Eu sei que já devem ter corrido essa internet fora à procura de reviews das vestimentas dos óscares de ontem à noite e que este meu singelo post é apenas isso mesmo, um singelo post, mas eu não sou rapariga de ficar calada e deixem-me dar também mandar os meus bitaites de consultora de moda de sofá! 
Para começar, não houve grandes vestidos. Foi tudo muito entediante e sem grandes 'tcharans'. Uma pessoa fica acordada até às duas da manhã - sim, não aguentei mais e só pensava nas horas de (pouco) sono intercaladas com os biberões do miúdo que eu ia dormir - que decidi ir para a cama sem saber se o Leonardo di Caprio levava a estatueta para casa. De manhã logo veria nas notícias. Mas o  canal E Entertainment é bom na passadeira vermelha e até a gala começar lá estive eu agarrada ao ecrã a vê-las chegar. E que desilusão senhores! 
Não houve um único que me arrancasse suspiros de "ai o meu coraçãozinho não aguenta tamanha beleza" e dos poucos que achei engraçaditos ou piada, senti que não estava a ver nada de novo, que era tudo mais do mesmo. Houve outros que simplesmente não provocaram qualquer efeito em mim e outros tantos que classifiquei na categoria de "hediondos", mas vamos lá por partes:


Para mim a Heidizinha ganhou a estatueta para o pior vestido da noite. É um horror, uma confusão, do degradé da cor que nem é roxo, nem púrpura, nem rosa, nem branco, às flores, ao corte, às mangas em balão, à saia que parece uma tenda, nada ali bate certo com nada. 
Bom... quase nada como comprova a imagem!


Kate, filha, o que foi isto? Decidiste embrulhar-te em sacos do lixo e nem tempo tiveste para pentear esse cabelo convenientemente? Eu adoro-a de paixão enquanto actriz mas na passadeira vermelha fica sempre a parecer uma matrona. 


Outra miúda que adoro - Alicia Vikander - e que ganhou a estatueta para melhor actriz secundária, mas que a estreia nestas coisas dos óscares em termos de fatiota foi um grande tiro no pé. Bem sei que o vestido tem assinatura da casa 'Vuitton', mas o que é aquela saia curta à frente e em forma de balão? ‪#‎not‬

A Jennifer Garden não me convenceu com este vestido negro pesadão e de cauda. As comentadoras do canal E Entertainment, entre elas a  editora de moda da Revista Marie Claire, ou a Kris Janner, mãe das Kardashian, gabaram-na à exaustão quando a mesma apareceu na passadeira vermelha. "Linda e fantástica", que o modelo era a personificação do verdadeiro 'Hollywood glamour', mas eu, na minha humilde opinião, acho que lhe pesa tudo muito . A cor, o vestido, o penteado. Ela tem um ar tão doce e jovial, parecia uma mãe a caminho dos 50 anos. 


Julianne Moore. Outra que raramente falha e que tem uma pinta desgraçada, está sempre bem, tem imensa pose, presença e que todas, secretamente, queremos ser como ela quando formos grandes , escolheu um modelo da casa Chanel, mas não me convence. Nadinha. Gosto no entanto do toque dos brincos no modelo. É o que a safa.


Naomi Watts. Não sendo fã do vestido - acho-o demasiado psicadélico e metalizado - com um padrão indefinido, ele é ondas, ele é lantejoulas, ele é "to much information" no mau sentido, no entanto aquele colar fazia um vistaço e era lindo de morrer. A maquilhagem também estava impecável assim como o cabelo. 
A Margot o ano passado foi considerada a diva da passadeira vermelha. Toda a gente enlouqueceu com o vestido da rapariga, o cabelo, o colar - que era a peça statement de todo o look. Este ano o cabelo cresceu uns bons centímetros e não há colar, o preto integral deu lugar ao dourado total e eu ainda estou aqui a decidir se gosto, mas só me faz lembrar os fatos manhosos com que vestia as minhas barbies quando tinha dez anos e sonhava que um dia também eu me vestiria assim para ir a uma festa. #sóquenão
A Kerry Washington decidiu ir de dominatrix. A maternidade faz destas coisas. Uma pessoa fica com as hormonas todas fora do lugar e a achar que tem de fazer escolhas radicais e fora da sua área de conforto para que as pessoas pensem que afinal não andamos só de calças de pijama em casa e camisolas bolsadas. 

Toda a gente morreu de amores por este vestidinho branco da casa Valentino que a Olivia Wilde decidiu levar... Epá... Maminhas de fora agarradas por fita cola para não saírem do lugar e tapadas por duas tiras a parecer um avental? #not


Eu adoro a Cate Blanchett e, geralmente, acho sempre acertadas as suas escolhas. Tem imensa pinta, classe, postura, elegância e dá sempre 10 a zero a todas as outras na passadeira vermelha, (está na mesma categoria da Julianne Moore) mas este vestido - que não me arrancando suspiros de admiração também não o acho hediondo - provoca-me sentimentos contraditórios. Acho que tem demasiadas flores ali pregadas, principalmente na parte de baixo e, como já li algures por essa internet fora, faz-me lembrar uma touca de natação dos anos 50. De resto, impecável como sempre, porque a Cate é a Cate e não há outra como ela.


A Rooney Mara estava linda dentro do estilo dela. (Com excepção daquele sapatinho com 5 centímetros de plataforma e pelo qual tenho um verdadeiro ódio de estimação), mas o vestido da casa Givenchy, a maquilhagem e o penteado estavam perfeitos. Foi dos que mais gostei. O vestido, cheio de pormenores delicados era perfeito para ela e até a cor, branco - que podia parecer um naperon - ficava a matar naquele look andrógeno que lhe assenta tão bem. Claro que se fosse no comum dos mortais íamos parecer um boneco de loiça da Joana Vasconcelos, mas nela estava nota 10!

Saoirse Ronan soube destacar-se pela positiva e envergou um dos meus modelitos preferidos da noite. E olhem que eu nem sou muito adepta das linhas Calvin Klein, mas este verde esmeralda encheu-me as medidas e ficava-lhe lindamente! Uma miúda de vinte e poucos anos com um ar jovem, leve e fresco sem perder personalidade e com grande impacto! O toque dos brincos diferentes foi de génio. Love it! 

Também houve outra actriz que decidiu ir de verde esmeralda - a Rachel Mcadams - mas na minha opinião em mau. Tenho um verdadeiro ódio de estimação - mais um, admito - por vestidinhos de gala que "atam" atrás do pescoço! É tãããoooooo anos 90!!


A Charlize brilhou em vermelho. Porque é loura, alta, tem um corpaço, é gira que se farta, em suma, um mulherão, mas o vestido - por muito que lhe assente bem e que crie impacto - não me convence. Pronto, salva-se o pendente de diamantes - mas aquelas alças/tira, tiram-me do sério! 


Um dos meus favoritos da noite. Bem sei que há imenssaaaaa gente que não concorda, mas eu gostei de ver a Priyanka Chopra de branco e o contraste daquela pele morena, dos grandes olhos castanhos e do cabelo negro. Cria impacto, estava linda, mesmo que me digam que parece uma noiva, ou que o branco na cultura indiana é para velórios. Não lhe aponto nada, da maquilhagem ao penteado.

Para já é isto. Se entretanto tiver mais modelitos para opinar escrevo mais umas linhas, mas ficam já com uma ideia. É que isto de ser consultora de moda de sofá ainda dá trabalho e a idade já não me permite grandes devaneios.

sexta-feira, fevereiro 26, 2016

Tenho uma Belieber



Ontem, enquanto fazia o jantar e a mais velha tomava banho, ouvi-a cantarolar e comecei a prestar atenção à música. Soava-me familiar, mas não sabia dizer ao certo quem era o artista que ela trauteava. Sabia sim que já tinha ouvido na rádio, a caminho de casa ou do trabalho e que era uma daquelas músicas bem-dispostas que entram no ouvido facilmente. Abri a porta da casa de banho e perguntei-lhe.
O que estás a cantar?”
É o ‘sorry’ do Justin Bieber!”, diz ela com o ar mais natural do mundo perante a minha cara de estupefação.
Mas tu sabes quem é o Justin Bieber?”, perguntei eu na minha ingenuidade maternal de que a minha filha de 7 anos não ouve essas coisas. “Oh mãe, claro que sei”, diz-me ela como se eu fosse um totó. Depois do choque inicial, não vou negar que achei uma certa graça ao que tinha acabado de ouvir e foi aí, entre aquela brincadeira de mãe e filha, misto de ‘ai-que-horror-que-ela-está-a-crescer’ e o ‘tenho-de-me-adaptar’, que me lembrei de que tinha, há muito, mesmo muitoooooo tempo, guardado no armário da casa de banho, um perfume do Justin Bieber que recebi em tempos e que nunca cheguei a tirar da caixa. Foi aí que me lembrei de lho dar.
Não imaginam o quanto ela ficou feliz. Quando abriu a caixa, que ainda tinha o plástico e viu o frasco – todo bonitinho e com um penduricalho dourado – foi aos céus e voltou.
Tenho um perfume de crescidos! E do Justin Bieber!”, Exclamou com visível ar de satisfação. Tanto adorou o seu novo perfume de gente grande (ao contrário dos seus perfumes de criança onde figuram as personagens do Frozen ou com cheiros de morango e pêssego), que só não dormiu com ele dentro da cama porque não calhou. Em compensação enfrascou-se, literalmente, em perfume e apareceu na sala em modo ambientador.
Madalena, cheiras imenso a perfume filha, isso não é para colocar muito. Só se põe um bocadinho porque o cheiro é muito concentrado.”

Ai é?”, Diz-me ela com o tal ar ingénuo de menina de 7 anos que eu procurava obter quando me respondeu que sabia quem era o Justin Bieber, enquanto eu sustinha a respiração, praticava a apneia e pensava, “Deus me ajude que tenho uma Belieber”.

quinta-feira, fevereiro 25, 2016

Pijamar

Sou uma grande fã de pijamas. Adoro estrear pijamas novos e a minha noite de Natal não é a mesma se não tiver um pijama quentinho e fofo para estrear e vestir. Sejam eles polares, de algodão ou de flanela, sou uma adepta incondicional de pijamas durante "tó-dó-ano", mesmo no pico do verão. A prova disso mesmo é que em ambas as gravidezes e na altura do parto, recusei-me sempre a levar camisas de dormir para a maternidade. Não, não e não. Na mala foram sempre pijaminhas, muito bonitinhos e compostos, versão inverno na Madalena, que nasceu em Novembro e versão verão para o Afonso que nasceu em finais de Junho. Mesmo ouvindo comentários das enfermeiras de que "há médicos que não gostam", que "dificulta", ou que "se tiver pontos ou muito dorida não é prático", eu torci o nariz e fiz aquilo com o qual me sentia mais confortável, ou seja, vesti pijamas! E correu tudo bem e eu senti-me "eu" na maternidade e não um saco de batatas de pernas à mostra. Bem sei que há camisas de dormir lindas de morrer, mas eu não sou rapariga de camisas de dormir, com muita pena minha. 
Por isso, quando hoje vi algumas peças da nova colecção primavera da Women's Secret fui aos céus! Pijamas (ou home wear, o que vocês quiserem) em forma de jumpsuit?! Oh God! YES! E ainda por cima em cinzento! Outro dos meus fetiches! Quero-os todos! Há lá algo melhor do que 'pijamar'? 

Quarto de menina crescida

Ainda nem um ano passou desde que mudámos de casa e já o quarto da mais velha parece um depósito de brinquedos que se acumulam um pouco por todo o lado. Quando mudámos de casa fiz uma valente triagem, dei muita coisa à sua revelia - coisas essas pelas quais ela nunca deu por falta - e nem um ano depois já não sei onde enfiar mais brinquedos, caixas do science4you e outras coisas que tais. Contribuiu para isso os anos da pequena e o Natal, épocas em que ela vê o seu "espólio" de brinquedos e todo o tipo de tralha aumentar, mas ultimamente, olho para o quarto dela e só tenho vontade de o mudar e de o tornar mais "limpo" e com menos ruído visual. O que, convenhamos, com uma miúda de 7 anos nem sempre é fácil. Uma coisa sim teremos de mudar: a sua mini secretária, ainda de bebé do Ikea, para uma de menina crescida. Todos os dias e cada vez mais, a Madalena gosta de chegar a casa e sentar-se à secretária a escrever, a desenhar ou a rabiscar qualquer coisa. Por isso quero ver-me livre da mesa que ela tem actualmente e substituí-la por uma adequada à idade, assim como a cadeira e o tapete de quarto - com a Hello Kitty - que já me faz revirar o estômago sempre que o vejo. Para já estas são algumas das coisas simples que quero fazer no imediato. O resto terei de pensar como conseguirei tornar o ambiente harmonioso, com menos bonecada e com mais pinta. Não é fácil, porque ela é muito ciosa dos seus brinquedos - mesmo que não brinque com todos - mas é impossível ter um quarto giro e com pinta quando o mesmo está cheio de coisas e, para ajudar à festa, temos uma filha que guarda todos os papelinhos, plásticos e peças sem utilidade NENHUMA (até rolos de papel higiénico ela guarda para rabiscar). 
Andei a ver na net e já encontrei a secretária e o tapete neutro que poderão vir a ocupar espaço lá em casa, além de um ou outro elemento decorativo que acho lindo de morrer e pretendo que venha a fazer parte da mobília. Para além disso, há sempre o pinterest para nos servir de inspiração... ou então fazer-nos sentir que estamos mesmo a anos luz de conseguir vir a ter decors como estes! A vida real é tão, mas tão diferente de quartos imaculados, brancos e com tudo no sítio...


 Em cima: imagens inspiradoras retiradas do pinterest.
Em baixo: secretária, tapete e luzes luminosas. Alguns dos itens que pretendo colocar no quarto da mais velha.



terça-feira, fevereiro 23, 2016

Também fomos aos "ujos"


E passei grande parte do concerto de lágrimas nos olhos. Assim que ouvi o Zambujo a cantar o primeiro fado de abertura, as lágrimas jorraram-me dos olhos em catadupa. Não consegui controlar a emoção e as palavras que me chegavam ao coração. Senti-me uma espécie de imigrante que ouve cantar em português e sente um misto de saudades e amor à sua terra, para logo de seguida ficar envergonhadíssima, quando da penumbra acolhedora e confortante em que nos encontrávamos, se acenderam algumas luzes mais fortes para o público saudar os artistas. Ali estava eu, fungosa e de cara completamente lavada em lágrimas, como se algo mau tivesse acontecido. Não foi mau, foi bom. Tão bom que fiquei arrepiada ao longo de todo o concerto e chorei muito mais vezes numa espécie de catarse pessoal.
O Miguel Araújo pode ser um exímio músico, tocando as guitarras e as violas, o contrabaixo e cantando, mas o António Zambujo enche-me o coração e a alma com aquela voz, com aqueles versos, com a beleza da língua portuguesa naqueles fados, naquelas letras poéticas, que lhe brotam com uma naturalidade que parece fácil. 
Num cenário simples mas cheio de beleza, onde escadotes de vindimas servem de elementos decorativos e de suspensão a várias garrafas com luzes de diferentes cores, o concerto a que assistimos - o segundo no Coliseu - foi marcado por um alinhamento mais ou menos acertado, mas cheio de improvisações pelo meio e muita conversa com o público. De sambas brasileiros, a poemas e até a canções de novelas dos anos 80/90 - como a famosa Tieta do Agreste ou Roque Santeiro - aquelas duas horinhas souberam a conversas de amigos na nossa sala de estar e nem faltou o copinho de vinho a acompanhar.
Vim de alma cheia.

Princesa (das verdadeiras) por um dia


A Madalena foi convidada, pela melhor amiga, para ser a convidada de honra na sua festa de aniversário que foi no Palácio de Queluz. Já não é a primeira vez que vamos a festas no Palácio de Queluz, mas esta foi especial, pois foi a primeira vez que ela teve oportunidade de se vestir de princesa juntamente com a aniversariante e ter um papel diferente face aos outros meninos e meninas. Foi assim que a Madalena, no sábado, acabou por ser a aia da princesa e com ela teve oportunidade de estar dentro de alguns dos quartos e salas do palácio, como o quarto da princesa, a sala de música e por aí fora. Enquanto elas tinham um papel a desempenhar, os restantes meninos assistiam, muito interessados e curiosos, a tudo o que ia sendo dito e explicado por um mestre de cerimónias que faz um tour por todo o palácio, vestido à época e onde ao longo das várias salas vai fazendo perguntas e explicando os personagens e episódios da história de Portugal. É muito giro ver os miúdos a fazer perguntas e interessados no que ouvem, assim como bem comportados e atentos, sem a gritaria ou 'histerismos' próprios da idade. Ela claro, adorou. Tinha um vestido de dama antiga, uns sapatinhos de cetim cor de rosa e a produção foi de tal forma levada à letra que até lhe fizeram um apanhado no cabelo, com contas e flores. Digna de uma verdadeira princesa. 
Quanto a mim, confesso que me custou estar às 9h30 da manhã de um sábado em Queluz, mas percorrer aqueles salões magníficos, espreitar o jardim e vê-la assim, feliz e ao lado da sua amiga do coração, compensou a saída e a ronha na cama. 

quarta-feira, fevereiro 03, 2016

Basta de sermos passivos, sim?


O trabalho sucede-se a um ritmo alucinante, mas não é para me queixar do mesmo que hoje decidi interromper cinco minutos do meu tempo para vir aqui escrever. Escrevo porque na passada segunda-feira presenciei uma situação que, ainda hoje e passado dois dias me anda a matutar na cabeça. Estava a chegar da aula de natação da Madalena, já tarde (eram nove da noite) quando estacionei o carro na minha rua mas uns bons metros antes da minha casa. Quando saímos do carro reparei num casal que discutia na rua e ainda olhei umas duas vezes, agarrei na mão dela - que na altura estava ao telefone com o pai - e comecei a andar sem me meter no assunto. Mas à medida que caminhava, continuava a ouvir os gritos e virei-me umas quantas vezes para trás. Foi num desses momentos que presenciei, mais do que uma vez, várias agressões do homem à mulher e que me subiu o sangue, fazendo-me reagir. Mesmo com a minha filha pela mão e tomando consciência de que o que ia fazer era um risco enorme e que se a coisa corresse mal eu própria podia apanhar, voltei para trás e meti-me no assunto. Gritei umas quantas vezes para ele parar com o que estava a fazer ou chamava a polícia, isto tudo perante os olhares passivos de várias pessoas que passavam na rua, presenciaram as agressões mas ninguém, nem uma única alma, se meteu no meio daqueles dois para ajudar a rapariga. Quando o interpelei, ao agressor, obviamente que ele não gostou e veio em direcção a mim. Quando o fez, pensei "Pronto, já foste, vais apanhar também, ainda por cima tens a tua filha de 7 anos aqui ao teu lado", mas ele conteve-se apesar da raiva e da desorientação que lhe iam na alma. Ameacei, disse que não queria saber quem tinha razão ou deixava de ter, quais os motivos, mas que ou ele parava com o que estava a fazer ou eu chamava a polícia. 
A coisa acalmou, a minha intervenção fez com que o indivíduo parasse e chamou a atenção de pessoas suficientes para ficarem especadas a olhar, mas não deixa de ser impressionante que nem mesmo com os números quase mensais e diários de mulheres vítimas de violência doméstica, de a violência doméstica ser crime, de o número de mulheres assassinadas às mãos de maridos e namorados ser cada vez maior, de as agressões entre namorados e adolescentes terem cada vez mais significado, Portugal continua a ser país passivo, um povo passivo, que fecha os olhos e prefere não se meter porque "não lhes diz respeito" e não está para se chatear. E enquanto assim continuarmos a ser, enquanto não tomarmos as dores de tantos como nossas e enquanto não dermos o exemplo aos nossos filhos, não vamos a lado nenhum.
Não quero nunca que a minha filha tenha um namorado ou marido que lhe bata e se a ideia me revolta e me faz dizer "não" aos meus, então não deverei permitir o exemplo a ninguém.