terça-feira, julho 31, 2012

a ausência

Hoje foi dia de pôr o coração de mãe ao largo e de a deixar ir, sufocando as saudades que me irão esmagar.
Uma semana eu já consigo lidar, conformo-me,  mas duas, duas custa. Porra, se custa.  
Notei-a hesitante, como se também ela estivesse em fase de mentalização, de reset
Duas semanas.
Tão pequenina e já com o coraçãozinho a ser programado para lidar com a distância efectiva.

Tempo, passa depressa, sim?

segunda-feira, julho 30, 2012

Chapéu Panamá, o meu "must have" deste verão


Eu sei, eu sei, já não é novidade nenhuma e anda o mundo INTEIRO com chapeús destes, mas eu ainda não tenho um, ok? E eu sempre fui uma rapariga de chapéus! Sempre!
Por isso, alguém sabe onde posso encontrar um chapéu Panamá, giro e baratucho, para eu usar nas férias que ainda terei direito a gozar? Geralmente uso sempre um lenço na cabeça - é o meu modo "férias/praia" -  porque tenho franja e dá um jeitaço para andar sempre composta, mas este ano queria deixar de lado a versão "saloia" e fazer um "upgrade". E o panamázito ficava bem. Por isso, alguma alma caridosa que por aqui passe e que saiba, please, diga! Vale tudo, até loja do chinês!

(Lembrei-me agora... Primark, talvez? Já há tanto tempo que não meto lá os pés que ando completamente desactualizada. Aposto que lá deve haver e custar para aí uns 3 euros! Humpf.)

ah e tal é segunda-feira

Dia de neura por si só, certo?
Mas hoje estava capaz de cuspir fogo, depois de uma noite mal dormida onde a senhora minha filha decidiu andar a chamar-me de hora a hora, qual bebé de poucos meses. Ora porque tinha sede, ora porque tinha batido com o braço na cama, ora porque não tinha sono, ora por isto, ora por aquilo. E eu sempre a ouvi-la e a ver se a coisa lhe passava, mas nada. Isto durou da meia noite às 4h30 da manhã, altura em que me passei de vez, me levantei novamente da cama e lhe dei um valente raspanete. O responso resultou, ela lá choramingou e voltou a adormecer, nunca mais me chamou novamente até ser de manhã, mas eu? Eu com a descarga de adrenalina, acordei! Fiquei mais de 2 horas sem ponta de sono. De manhã, claro que estava sonolenta e sem vontadinha nenhuma de sair da cama. A custo lá me enfiei na banheira mas e água quente? Nada! Caldeira desligada e a dar erro. Lá voltei a praguejar e a enfiar o robe à pressa para ir reinicar a dita cuja e despachar-me a horas. Olho para o espelho e a borbulha monstra com que acordei ontem ainda lá está, enorme e a latejar... nem com carradas de corrector e de base a consigo disfarçar, para além de ter mais duas que me doem, no pescoço. Se ontem não me importei porque era Domingo e pensei que entretanto passavam, hoje já me chateia vir para o escritório com a cara assim. Resigno-me e encolho os ombros em modo "que se lixe". Olho para o relógio, estou atrasada, para variar. Ainda me falta cortar as unhas à miúda que ontem esqueci-me e que entretanto estão a parecer umas pequenas garras (e eu detesto ver crianças com as unhas compridas e sujas). Ela está hipnotizada a ver o Ruca e quando lhe digo para vir ter comigo à casa de banho para lhe cortar as unhas faz finca pé. Quando a chamo novamente e a forço, já stressada e a panicar com as horas, ela decide ir buscar a colecção de livros e contos que a minha mãe lhe deu recentemente e quer levá-los a todos para a escola, não tendo sequer mãos para os agarrar. Desata num pranto quando lhe digo que não, que só leva 1 ou 2, no máximo. Vai a choramingar o caminho todo até ao carro, enquanto desce as escadas do prédio, enquanto eu a sento na cadeira e enquanto arranco, muito aborrecida comigo, como se eu fosse a mãe cruela. A meio caminho da escola, decido pôr a tocar o seu último "hit" favorito, ela acalma, esquece-se da birra e dos cabrões dos livros, canta e fica bem disposta. Estaciono à entrada do colégio e quando penso que tudo voltou à normalidade ela diz: "agora já me podes dar o resto dos meus livros". Ah, rapariga de ideias fixas, chiça que é mesmo escorpiana! Explico-lhe novamente que não trouxemos os livros todos, que só trouxemos aqueles dois que ela tem na mão e por momentos, aquele pequeno paraíso de tranquilidade já instalado, volta a destabilizar. Não há wegue-wegue que me valha. Abre as goelas como se fosse uma infeliz, pelo colégio fora, enquanto carrega os seus dois "miseráveis" livros e um saco de bolos que a avó fez e que ela quis levar para os colegas. Quando chega à sala acalma perante o facto de os amiguinhos e a educadora a virem receber à entrada, muito contentes por a verem, afinal, esteve quase 2 semanas ausente. Comentam os seus sapatos de bailarina cheios de brilhantes e ela fica envergonhada, de repente, dá uma corrida em direcção à sua melhor amiga, a Maria Inês, felicíssima da vida, envolvendo-a num grande abraço.
Os livros? Pois, nunca mais quis saber deles.


sexta-feira, julho 27, 2012



Hoje, na fila da papelaria enquanto esperava para meter o euromilhões, senhora atrás de mim tem a seguinte conversa para uma cigana velha que falava com ela:

"A sina que me leu, bateu tudo certo!"

"Ah sim? O seu marido voltou para si?"

"Sim! Bendito dinheiro que lhe dei. (pausa) E vou-lhe dar muito mais!"

...
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Se ainda fosse para saber se aquela chave do euromilhões que tinha na mão era a vencedora, quase - repito, quase - me tentava a virar para trás e a pedir à cigana que me lesse a sina, mas para saber se o marido volta para mim?

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Quando é que as mulheres aprendem a deixarem-se disto?

"tudo passa tudo passará"


Por causa da expressão que dá título a este post - que é parte de uma música da Marisa Monte - decidi ouvi-la. Já há muito tempo que não oiço Marisa Monte e as as músicas da Marisa sempre tiveram o dom de acalmar o meu coração em alturas de aflição e de lhe transmitirem uma certa quietude e paz. Mais uma vez, não foi excepção.

quinta-feira, julho 26, 2012

sobre os avós

O meu pai não é, nem nunca foi, uma pessoa fácil.
Tem um feitio complicadíssimo, alterações de humor a roçar o anarquismo e um comportamento ditatorial. Quando era mais pequena achava sempre que os impulsos e reacções do meu pai eram vergonhosos e imprevisíveis, tomando sempre o partido da minha mãe, a sua principal "vítima", mas com o tempo fui percebendo o porquê, a explicação e os motivos que estavam (estão) por detrás de tudo isso. Claro que há coisas que não são desculpáveis e que continuo a recriminar veementemente, que não entendo e que condeno. E contra isso não há nada a fazer, por mais que eu intervenha ou me meta ao barulho,  acabamos sempre a discutir. Com a idade sinto que ele está a ficar cada vez pior e que o meu divórcio contribuiu para lhe baralhar ainda mais as ideias, deixá-lo mais revoltado, mais agressivo nas reacções e nas palavras, mais controlador, como se toda a amargura que lhe deve correr no peito se tivesse transformado em bílis. Como se tudo fosse uma desilusão e a vida só lhe proporcionasse desgostos. Como se eu, a sua única descendente fosse um flope, uma porcaria. Tantas esperanças depositadas em mim, tantos sacrifícios feitos, para depois ser "isto".
Mas depois vejo-o com a minha filha e a forma como ela o adora e constato que o meu pai será sempre uma eterna criança mal comportada, que fascina as outras crianças e que só no mundo delas é que se entendem.
Que no fundo não quer crescer e que apenas quando está com ela tem verdadeiros momentos de felicidade. Que afinal houve uma coisa na qual não falhei, ela! E que o facto de ser avô e de ter uma neta foi o melhor presente e alegria que alguma vez lhe dei.

(suspiro)


Diz que esta semana há jackpot no euromilhões no valor de 135 milhões de euros. Nem pedia tanto, só o suficiente para poder comprar uma viagem e fazer umas mini férias num destes destinos.
Pronto e era isto.

quarta-feira, julho 25, 2012

Freud explica tudo, até anéis!


É raro lembrar-me dos meus sonhos. Geralmente recordo-me de partes, momentos específicos que me marcam e que retenho na memória, ou que algum episódio durante o dia me faz recordar e me transporta imediatamente para o meu universo onírico. Hoje, quando acordei, lembráva-me perfeitamente do meu sonho: Estava a receber um anel. E aquilo marcou-me tanto,  retenho a imagem na mente de forma tão visível, que decidi vir à net ver o que significava. (Tenho muito esta pancada de procurar significados dos sonhos, ler e depois não lhes ligar nenhuma, só mesmo numa de curiosidade de tentar perceber o que o meu subconsciente anda a tramar, que tipo de mensagens subliminares o gajo me quer dizer).

E sonhar com anéis pelos vistos é bom:

"Sonhar que se recebe um anel de presente é certeza de que será recompensado por seus esforços. Se usava um anel, viverá alegrias no lar."

ou

"Todos os anéis têm forma de círculo e portanto, nos sonhos, são um símbolo de integridade e perfeição, o mandala."

e ainda

"Eternidade, plenitude, amor, ligação e noivado, estes são mais ou menos os significados que a tradição oniromântica atribui à imagem do anel. Promessa de amor e matrimónio."

Ora, mas é aqui que o meu sonho não encaixa...
É que o meu anel no sonho era pequenino e só entrava no dedo mindinho. (!!!) E para este pequeno (grande) pormenor, não há dicionário de sonhos online que me ajude.
Humpf.

Entretanto, em mais algumas pesquisas, descobri que afinal Freud - esse gajo que vê sexo em todo o lado - explica:

"A nível psicológico a escola freudiana tende a identificar o anel como o orifício vaginal e a interpretar todo o desenvolvimento onírico em função desse pressuposto."

"Orifício vaginal"? Really?!?!  :-|
I rest my case.


o universo a enviar-me mensagens de positividade de que afinal, nem tudo está perdido!


Ainda em relação à temática abordada no post anterior, nem de propósito, estava eu ontem sogadita em casa quando me caiu no telemóvel a newsletter do portal Odisseias. E eu gosto muito da newsletter do portal Odisseias porque é a única - de todas as newsletters de empresas   que se dedicam à oferta de promoções e descontos que me inundam a caixa do correio (Groupon, Letsbonus, Pixmania e afins) - que me permite pagar no multibanco em vez de utilizar cartão de crédito.
Ora, para alguém como eu que não tem cartão de crédito, é ouro sobre azul, por isso ando sempre à procura de coisas que me pareçam uma boa opção e, acima de tudo, que se revelem numa poupança significativa ou na compra de produtos que geralmente não consumo.
E é precisamente aqui a quero chegar.
É que ontem, enquando estava no sossego do meu lar, vi como promoção/sugestão do dia um pack de 6 tratamentos adelgaçantes (com cavitações, drenagens linfáticas e radiofrequência e tudo e tudo e tudo) pela módica quantia de 19,90€! Áááááááá, o universo decidiu ser benevolente comigo e atendeu as minhas preces de carochinha pobrezinha e vai daí, enviou-me um pequeno presente acessível à minha carteira. E eu vi e nem pensei duas vezes, comprei-o logo. Pronto, é meu! Marcações feitas, tudo tratadinho, já cá canta!
Não sei se ainda vou a tempo de me pôr "fina" para o Verão, mas o objectivo principal também não é esse. O objectivo principal é pôr-me "fina" para mim mesma e fazer dos trintas, afinal, a conversa para boi dormir do "estou na melhor fase da minha vida"... (Bom, reduzir um ou dois números no tamanho das calças também era fixe.)



terça-feira, julho 24, 2012

post sobre como a lei da gravidade não é mulher apesar de ser feminina


No último ano envelheci. Ok, eu sei que é natural isso acontecer, envelhecemos todos os dias, mas o que quero dizer em concreto é que no último ano, face a todos os problemas e adversidades com que me deparei, envelheci bastante e isso é visível no meu rosto. Eu pelo menos noto e não gosto e sempre que me vejo em fotografias e afins, tenho vontade de fugir a sete pés perante a minha figura.
Não é que me importe de ficar mais velha, mas chateia-me à brava ter 33 anos e achar que pareço mais velha do que sou na realidade. Quando era mais nova achava muita piada as pessoas darem-me mais idade do que aquela que tinha e o ter 14 mas aparentar 18 era algo bom, que aspirávamos "a", o mesmo acontecia na casa dos vintes. Ora, aos 30 isso já não tem tanta piada, acordar com umas olheiras como nunca tive e que só consigo disfarçar à base de corrector não é giro! Fazer papada debaixo do queixo, ou ter pequenas "almofadinhas de carne" a sairem-me do sutiã e junto às axilas, não é giro! Ter o rabo como uma gelatina treme-treme não é giro! Ver a pele perder firmeza não é giro! Passar a vida a lutar contra a balança - quando nunca me importei com isso - e a pensar duas vezes no que devo ou não comer, não é giro! Ter as pernas cheias de celulite e derrames (coisa tão boa herança genética da parte da mãe), não é giro! Ter a barriga cheia de estrias e flácida após uma gravidez, não é giro!
Podia continuar a desfiar o rol de mazelas, mas vou-me abster de contabilizar desgraças. Por mais que me digam ou leia nas revistas desta vida "ah e tal, aos 30 estamos mais seguras e sabemos aquilo que queremos e estamos no nosso auge", soa-me sempre a conversa para boi dormir a frases bonitas que servem para nos consolar quando a lei da gravidade trabalha contra nós a todo o vapor.  Sim, podemos estar no nosso auge porque entretanto adquirimos experiência de vida e crescemos, refinámos gostos e já não vamos em modas e cantigas que não passam de tendência, mas se não nos cuidarmos e fizermos sacrifícios, fecharmos a boca, andarmos no ginásio ou praticarmos desporto como se não houvesse amanhã  - e ainda completarmos com uns tratamentos estéticos à mistura - não há boa genética que nos valha.  E eu, como não faço nada disso, ando a ressentir-me em grande e odeio, odeio mesmo, quando leio nos artigos da imprensa desta vida que "os 30 são a melhor fase da vida de uma mulher"... puuff. Volto a dizê-lo, balelas.
Os meus estão a ser do mais puxadinho que há e o meu corpo o seu maior registo. Deem-me os meus  "vintes" de volta - com toda a sua frescura, leveza (e firmeza) - que eu não me importo nadinha. Trocava na hora. (Mas levava a minha filha comigo)

segunda-feira, julho 23, 2012

sur mon coeur


Dizem-me que o amor vive de mistério, de ocultar, de não dar tudo, de não revelar, como se de um jogo se tratasse, para o interesse manter cativo. Como se nos revelando e mostrando verdadeiramente tudo aquilo que sentimos, nos enfraquecesse perante o outro, nos revelasse desinteressantes, nos fragilizasse e estivessemos a dois passos de ser deixados. Como se o amor não fosse mais que um jogo de poder ou de vencidos e vencedores.
Eu não vejo o amor assim, não sou assim, não sinto assim. Quando amo, eu dou-me, por inteiro. Não há lugares para subterfúgios, nem jogos de esconde-esconde, nem oprimir aquilo que sinto, principalmente se o que sinto é bonito, é o que de mais verdadeiro e puro posso dar, é meu e aquilo que me define. Não dou o meu amor a qualquer um, então, porque é que o hei-de dar pela metade quando me quero dar por inteiro?
Faz-me muita confusão esta parte oprimida do amor. Este "não reveles, não digas", para que o outro não tenha noção do tamanho do sentimento que bate dentro do peito, para não se revelar fraco, dependente ou vulnerável.
Claro que esta minha intensidade já me fez dar valentes cabeçadas antes e sofrer e errar, errar bastante, mas caramba, não vale a pena? Eu continuo a acreditar que sim! Uma relação não é feita de jogos de esconde-esconde, nem de medos de se dar ao outro, nem de omissões. Uma relação é feita de gestos, de palavras e de actos e se o amor é real, se existe, abarca tudo isso, converge e cresce, não diminui. Dilata-se, cada vez mais.

Vai formosa e segura...


Comprei uns pumps lindos de morrer nos saldos da Zara! Saltos vertiginosos (como já há muito não usava) e cravadinhos de tachas. Mal os vi fiquei completamente siderada e o que mais gostei neles foi mesmo o preço! De 39€ para 15€ = a uma criança feliz! (adoro descobrir pechinchas, dá-me um gozo que nem consigo explicar) Hoje, mortinha por usá-los, toca de os calçar e trazê-los para o escritório em dia de regresso de férias, como se fossem um pequeno escape para a minha rotina, o oposto ao chinelo e à falta de vaidade pessoal que me assolou nos últimos dias, como se tê-los nos pés personificasse um sucesso alcançado, o regresso à vida activa, uma vitória pessoal conseguida, um sonho realizado.
Porque ao calçá-los, como que por magia, me sinto automaticamente mais alta, mais bonita, mais magra.
Mas caramba, estou aqui que nem me aguento com dores... e andar neles? Uma verdadeira sessão de equilibrismo digna de autênticas "seniors" das andas.
Conclusão: "Não é bela sem senão". Mais vale regressar às sabrinas e enfrentar a realidade de frente que isto de andar nas nuvens não compensa o esforço, pelo menos para andar no escritório.

(Mas acho-os tão lindinhos que só me apetece dar-lhes beijinhos!)

The little thing's


Regressei.
Estive de férias uma semana. Nada de relevante a destacar. Não fui para nenhum lugar que mereça ser assinalado, não me diverti a rodos, não fui para o Algarve com os amigos.
Em compensação dormi bastante, poupei, quase me esqueci de todos os problemas que me assolam, fiz um dia de praia (uau!) e estive com a minha filha e família.
Soube a pouco, mas já foi bom. No fundo, são as pequenas coisas que importam.


sexta-feira, julho 13, 2012

Sexta-feira 13


É sexta-feira 13 e eu, geralmente, não ligo nenhuma a essas coisas. Até acordei bem disposta, que este fim-de-semana é sinónimo de Alive 2012 e eu tenho um passe para os 3 dias comprado na altura do Natal e que aguarda para ser utilizado, mas caramba, receber um email logo pela manhã a dizer que não fomos seleccionadas para o lugar no qual depositávamos tantas expectativas, não ajuda.

quinta-feira, julho 12, 2012

incongruências

Vinte e tal graus (quase 30º) lá fora e eu completamente gelada, a morrer de frio e a beber chá dentro de um escritório. A isto se chama, "o mundo ao contrário".
E ainda falam em aquecimento global...

Os sabores e as memórias


Sempre que como gelado de framboesa no Santini, ou sempre que vejo aquele fruto, esboço um sorriso e vem-me imediatamente à memória episódios da minha infância e o meu avó Alberto.
O meu avô Alberto, já disse por aqui um dia, era um misto de apicultor, agricultor, feirante. Lembro-me de ser pequena e de o meu avô ter uma "colecção" enorme de patos da indía, patos marrecos, canários, piriquitos, perus, todo o tipo de bicharada. Ir a casa dele era como ir ao Zoo, tantas eram as coisas que me captavam a atenção e me fascinavam. Entre muitos objectos e episódios que me vêm imediatamente à memória sempre que falo do meu avô, está este pequeno fruto, vermelho-rosa e ácido q.b., a framboesa, que no verão chegava lá a casa em carregamentos dignos de um rei, neste caso, de uma princesa: moi mêmme.
Como não sabia o que fazer com tanta framboesa, comecei a fazer batidos. Colocava-as todas no copo da varinha mágica, juntava-lhes leite e voilá, a obra prima nascia! Bebia batidos de framboesa como quem come tremoços e imediatamente tornei todo o nosso pequeno agregado familiar completamente fã da coisa. Já ninguém passava sem aquele néctar dos deuses com graínhas.
Hoje as framboesas já não me chegam às carradas, antes pelo contrário, é um fruto caro em que uma mísera caixinha com meia dúzia delas chega a custar 3€ e só serve para matar o desejo. O meu avô Alberto também já há muitos anos que não está entre nós e com ele foram todas as framboesas, os fios de pinhões que me colocava ao pescoço, ou os nougats de caramelo. Mas uma coisa é certa, sempre que como e vejo framboesas entro numa máquina do tempo, numa espécie de analepse como o livro da Agustina Bessa Luís, a Sibila, e lembro-me da bancada da minha casa velhinha, das férias grandes que duravam 3 meses, das tardes de verão que passava sozinha e dele, magrinho e enrrugado, cara muito queimada pelo sol, pouco dado a ternuras, mas cheio de pequenos (grandes) gestos onde depositava toda a sua afeição.


quarta-feira, julho 11, 2012

há histórias que nos deixam sem palavras

Ontem deu uma reportagem no telejornal da noite, na Sic, sobre doenças raras. A reportagem focáva-se sobretudo na história de uma menina, a Leonor, que aos 2 anos de idade, não vê, não fala, não anda, não desenvolve qualquer tónus muscular, não consegue comer, nem deglutir, pesa 6,5 kgs, mal respira e não se sabe que doença tem.
A falar de todas as limitações que aquela criança de dois anos enfrenta e de como esta está dependente dos outros para tudo - e entenda-se tudo, como TUDO o que possamos imaginar - estava aquela mãe. Uma mãe que aprendeu a aceitar, quase já resignada, a condição humana de uma filha sem futuro. Um mãe envelhecida pelos anos e pelo desgaste emocional, uma mãe sacrificada, sozinha, com um filho mais velho que requer igualmente a sua atenção e outro na barriga, a caminho e do qual se esquece. Mas o que mais me impressionou nesta mãe coragem, chamemos-lhe assim, foi a consciência de tudo o que a espera face aquela filha - Leonor Mel, de cabelos castanho doce como o nome que lhe serve de apelido - e de todas as limitações, de todo o sistema, de como é brutal lidar com algo assim. Uma mãe que falou da doença da filha sem nunca derramar uma lágrima quando eu já não conseguia segurar as minhas, uma mãe que deu um exemplo a todas nós, mães e mulheres, que nos queixamos dos pequenos nadas da vida, de como somos umas felizardas ingratas.

Aquela reportagem atingiu-me como uma chapada bem forte e fez-me ter vontade de ter a minha filha ao pé de mim. E agradecer, caramba, agradecer MESMO a sorte que tive e que tenho e que na maior parte das vezes me esqueço.

terça-feira, julho 10, 2012

a idade está na nossa cabeça, certo?


É que hoje fui à Mango e dei de caras com esta t-shirt, que me deixou completamente embevecida e com vontade de a trazer para casa. Tão cor de rosinha, com um ar tão cosy, tão cutchi-cutchi, tão "girly", tão "minie me".
E quando já me encontrava em pleno delírio de hipotéticos conjuntinhos de fim-de-semana a condizer com a dita cuja, lá tive um lapso de discernimento e lembrei-me que tenho 33 anos e sou mãe de filhos... Mas que ela me ficou cá atravessada, ficou. Humpf.

vicissitudes da blogosfera


Voltei ao mundo dos blogues, é verdade. Depois de um longo período de abstinência, onde nem sequer me dava ao trabalho de ler aqueles blogues que sempre gostei e onde só muito raramente e de quando em vez é que o fazia, eis que regresso, não com um, mas com dois! Eu sempre fui uma mulher de extremos e a roçar à bipolaridade, portanto, continuo fiel a mim mesma. Vamos ver quanto tempo é que esta nova demanda irá durar, pois desconfio que mais tarde ou mais cedo mande um deles às urtigas cibernaúticas, mas por enquanto ando entretida e tento actualizá-los de forma regular, sempre que a vontade me pede e o trabalho permite.
Assim como ando entretida a escrever, também voltei a ler alguns blogues com regularidade. Confesso que não me dedico muito a explorar a blogosfera, mas há uma ou outra pessoa que, pelo seu sentido de humor,ou as suas qualidades na escrita, me fazem segui-la(lo) de forma mais ou menos regular. E hoje, hoje tive a minha mais recente desilusão blogueira ao constatar que um dos blogues que mais acho piada e me faz rir a valer, a sua autora roça o protótipo "tia de cascais", cheia de "blink-blink", muito fio, muita pulseirada, muito brilhante, muito tudo. Fiquei em pânico e dei por mim a estereotipar a rapariga, logo a colocar defeitos e a olhá-la com alguma desconfiança, mas pronto, como até a tenho em boa conta (mesmo não a conhecendo de lado nenhum), vou-lhe dar o benefício da dúvida, ainda que os seus trajes deixem muito a desejar e me causem aquilo que chamo de "ruído visual".
Sim, podem enxovalhar-me à vontade pelo discurso superficial, mas eu pensava que ela era mais "like me" (ou o que quer que isso signifique que eu também não sei, mas imaginava-a mais descontraída e despojada) e apanhei uma "espécie" de desilusão quando lhe pûs a vista em cima, o que, pensando bem, também deve ser o que acontece a muito boa gente que passa por esta xafarica.


quarta-feira, julho 04, 2012

Instagram


Porque é que não há a aplicação do Instagram para os Blackberrys? Humm? Porquêêêê?!?!
Ia ser o meu vício, a minha desgraça absoluta, mas eu queriiiiiaaaaaa tirar fotografias bonitinhas e "pipis" e adicionar-lhes filtros de várias cores e colocá-las no meu Flickr e no meu Facebook e no Pinterest e nos meus blogues e aqui e acoli.
E se eu fizer uma birra, adianta?
Humpf, amuei.

É de manhã que se começa o dia

Hoje de manhã enquanto deixava a M. no colégio e me preparava para dar meia volta e fazer-me à estrada, que já estava atrasada para o trabalho, uma das mães - uma brasileira que sempre que me vê quer conversa e que, suspeito, a sua principal ocupação seja levar o filho à escola - abordou-me sorridente e bem intencionada.
"Oiiii, querida, tudo bem? Queria falar com você!"
E eu, a olhar para o relógio e já aflita por saber que me ia demorar , lá fiz um esforço e acedi.
"Você sabe que a professora dos meninos vai casar, né? Então, eu estava pensando que os pais se podiam juntar e oferecer um presente, o que você acha?"
E eu, que tinha ficado a saber que a educadora se ia casar no dia anterior e em Setembro já não seria a educadora dos miúdos porque aceitou o convite de outro colégio, sorri e concordei.
"Sim, podemos pensar nisso, era simpático.Tem alguma ideia?"
"Ela gostava de ter  uma bimby."
 (!!!)
Oi?!?!
Uma bimby??!?! Ouvi bem?
Morri logo ali.
1000 euros de presente para a educadora ?!?!?!

Lá me recompûs e com a melhor cara que consegui para disfarçar o terror nos meus olhos, disse:
"Uma bimby se calhar é capaz de ser um presente um pouco caro"
E a mãe efusiva continuava:
"É... mas eu gostava de dar para ela... também estive pensando numa viagem"
(!!!)
Oi?!?!?!
Viagem?!?!?!
Ia tendo síncopes cardíacas à medida que a ouvia.
"Ela também estava comentando que gosta muito de Tróia, então eu pensei que podíamos dar uma viagem num resort, em Tróia"
...
...
...

E um serviço de copos da Vista Alegre, não serve? Ou um faqueiro? Uma 1,2,3?  Uma massagem para a noiva gozar antes de se casar, ou depois? Algo mais baratinho, em jeito de lembrança, que os tempos são de crise e eu também já fui noiva e me casei, por isso sei que presentes grandes se os houver, é a família que os dá. Claro que é de bom tom dar algo que faça sentido para os noivos, que lhes seja útil, que eles gostem e possam desfrutar, mas caramba... presentes destes é um bocadinho puxado nos tempos que correm, mesmo dividindo pelos pais que queiram e possam entrar. Pelo menos para a minha carteira é.

Aguardo o desenrolar dos próximos episódios.


segunda-feira, julho 02, 2012

Hoje, enquanto andei a manhã toda de um lado para o outro com um cliente, com o meu carro, eis que o mesmo repara na cadeirinha da M. no banco traseiro e faz a seguinte observação:
- "Que idade é que tem a sua filha?"
- " 3, vai fazer 4."
- "E quanto é que pesa?"
- "20 kgs."
Ar de espanto, admiração e boca aberta.

- "E ainda anda numa cadeirinha destas de bebé? Já não pode! É só até aos 18 kilos!"

E eu, enquanto disfarçava e sorria timidamente, só pensava, "Bem sei, bem sei... mas quando o orçamento é escasso, há que gerir prioridades".

Humpf.

Há a crise e depois há dias de fartura

Há a crise, a austeridade e a incerteza de como será o dia de amanhã. Há o pessimismo e a descrença em dias melhores. Há a dificuldade e o desânimo que muitas vezes nos invadem, mas depois há momentos em que esquecemos tudo isso, enchemos a mesa de comida farta e petiscos, rodeamo-nos de amigos, rimos e dizemos parvoíces acompanhados de um (ou vários) copos de vinho verde fresquinho e a vida torna-se mais leve, mais divertida e a fazer sentido.
E, por momentos, somos felizes. Ontem foi assim. 

2 de Julho

E hoje, dia 2 de Julho, faz um ano. Bem sei que é cliché o que vou dizer a seguir, mas o tempo passa mesmo rápido demais.
E eu sobrevivi.
Hurray for me!