domingo, janeiro 27, 2008

adeus

A minha máquina digital continua morta e eu continuo com uma gripe 'daquelas', com o corpo dorido, a gargante cheia de dores, entupida em comprimidos... enfim, uma lástima. Passei o fds todo de 'molho', em casa, pois a saída de sexta-feira à noite para comemorar os anos do R. deixou-me assim, péssima! Foi giro, diverti-me muito, ri-me mais ainda, comi maravilhosamente bem num restaurante alentejano, desfrutei do novíssimo e fashion bar 'Manga Rosa' em Almada, mas ia mal agasalhada, e esqueci-me que estamos em Janeiro e que mesmo que os dias já cheirem a Primavera, as noites são frias e estamos no Inverno. Resultado? uma mega gripe, que me parece ainda não ter passado ao segundo e pior grau.
Ainda não tinha contado aqui a continuidade da história Diane. Não percebo o que se passou com ela e fico extremamente triste por ver que este silêncio dela é propositado. A semana passada apanhei-a ligada no messenger. Depois de lhe ter enviado 3 emails a perguntar se estava tudo bem e de não obter uma única resposta, decidi enviar-lhe um sms para o telefone. O silêncio continuou a ser sepulcral e eu fiquei ainda mais baralhada com a atitude dela. Decidi então bloqueá-la no messenger e ver se desta forma, aparecendo eu offline na lista de contactos dela, ela se manteria ligada. E para meu espanto, assim foi. Enquanto que antes a Diane aparecia e rapidamente se colocava offline, a partir do momento em que eu a bloqueei e aparecia como desligada, ela passava horas na net. Tive aí a prova de que ela não queria mesmo falar comigo. De qualquer forma decidi confrontá-la com o assunto e num desses dias, em que ela estava online na net e eu a vê-la, desbloqueei-a e meti conversa com ela. Falei, falei, falei, perguntei se estava tudo bem, porque motivo é que ela não falava comigo, o que eu é que tinha feito para ela me evitar daquela maneira? porque é que ela estava a agir assim? E ela nada. Nem uma única vez me respondeu. E agora pergunto-me eu, porquê? se nem eu sei a resposta!!! A última vez que falámos estava tudo bem! lembro-me perfeitamente! Cheguei mesmo a pensar se algo de mau lhe teria acontecido, a pensar se teria perdido o bebé, se estava num momento de reclusão em que não queria falar com ninguém, mas quando vi a foto dela no msg, percebi que não era esse o motivo, pois a barriga dela estava enorme, o que me faz imaginar que estará no 6º ou 7º mês de gestação.
Perante o silêncio dela, decidi despedir-me. Não vou andar atrás de uma pessoa que se fez passar por amiga, mas que afinal se revelou uma desilusão, principalmente quando deixa de me falar sem me dar uma justificação. Porra, eu recebia-a em minha casa! Andei a passeá-la por Lisboa durante dois dias, pagámos-lhe jantares, entrou no meu espaço mais privado e agora, só porque conseguiu engravidar, deixa de me falar? Sinto-me profundamente magoada. A sério que fico. Até porque, o comportamento 'incómodo' em relação a esse assunto, partiu sempre dela, nunca de mim! Quantas vezes lhe disse que estava feliz por ela e que queria saber mais coisas da gravidez dela, viver com ela esse momento?! Mas afinal constato que as minhas suspeitas estavam certas, que ela apenas se socorreu da minha pessoa enquanto isso não acontecia, que eu fui apenas e só uma amizade de 'encosta o ombro e chora as tuas mágoas' enquanto ela passava pelos tratamentos e lidava com as respostas negativas, porque a partir do momento em que isso deixou de acontecer, ela desprezou-me, como o faz e como continua a fazer. E isso, magoou-me profundamente. Por isso, nas mensagens que lhe deixei no msg aproveitei para me despedir e desejar boa sorte, para ela, para o Tom e para a bebé que vem a caminho e que eu nem sei quando é suposto nascer.
Dizem que perdoar e querer bem ao próximo, é a maior prova de maturidade e de crescimento pessoal enquanto ser humano. Eu não desejo mal à Diane, mas sinto-me profundamente magoada e triste. Porque sei que se fosse ao contrário, nunca lhe faria algo semelhante. Nunca deixaria de lhe falar sem um motivo, sem lhe dar uma simples explicação. Esse tipo de coisas é o pior que me podem fazer, mas volta e meia, acontece-me. Confesso que tento relativizar as coisas e pensar que a entrada da Diane na minha vida teve um propósito - tento desesperadamente encontrar uma explicação mais racional - de que a presença dela serviu para que eu própria encontrasse o meu caminho, seguisse o meu rumo, e isso já aconteceu. Ela seguiu o dela, eu sigo o meu, separadas, a muitos quilómetros de distância. Com a interrogação a perseguir-me de se ela alguma vez foi realmente minha amiga...

sábado, janeiro 26, 2008

perda

A minha máquina digital morreu. Assim, sem pré-aviso, e sem chegar a ter, sequer, dois anos de idade. Ontem, quando me preparava para fotografar momentos felizes, entre amigos, deparei-me com um ecrã negro - mesmo quando ligada - queera trespassado a meio com um traço, cuja continuidade se traduzia em riscas e cores tutti-fruti que não auguravam nada de bom.
Sinto-me perdida sem a minha máquina fotográfica. É como se me tivessem levado parte de mim.

domingo, janeiro 20, 2008

retalhos de um fds e dos idos anos 90...

Outro fds que passou demasiado rápido... principalmente quando sexta-feira estive a trabalhar até às 22h30, num evento da marca. Cheguei a casa estafadíssima, com o polegar cortado e enrolado num penso já empapado em sangue, e os pés inchados e em forma de 'batata' - por causa dos sapatos de salto que me complementavam a indumentária - desejosa por um fds que tardava em chegar. O C. teve a delicadeza de encomendar uma pizza para eu ter o que comer quando chegasse a casa, mas confesso que vinha tão cansada e desejosa pela minha cama, que até o apetite perdi. Esparramei-me no sofá, bufando de cansaço e apregoando a minha sorte, aspirando por um descanso merecido que tardava em chegar, ou uma vida idílica de paz e sossego que não possuo. Começava o meu desejado descanso de dois dias.
Dois dias em que não tenho de conviver com as pessoas com quem trabalho, em que não tenho de aturar neuras, nóias, fobias, faltas de formação, ou sequer, ser simpática ou educada com quem não o merece. Dois dias em que abrando o ritmo e me deixo invadir pelo doce sabor da preguiça e da letargia. (como ando necessitada de férias, é só o que eu penso...)
No sábado decidimos aproveitar o sol quase primaveril que se fazia sentir e ir até à beira-rio. Adoramos comprar o jornal e ficar numa esplanada a beber o primeiro café do dia, comendo tostas mistas e sumos de laranja. É um ritual que nos dá imenso prazer.Vagueámos por Lisboa, entretidos entre coisas que tínhamos para fazer até à hora do jantar, altura em que decidimos experimentar o New Wok no Chiado. Um espaço de cozinha de fusão, com apontamentos de comida japonesa, tailandesa e vietnamita, num espaço minimalista mas confortável, ao som de Moby (pelo menos foi o que tocou enquanto lá estivemos). Há quem o compare com o Nood, mas eu, muito sinceramente, acho que não tem comparação possível. O Nood é barulhento, demasiado amplo, demasiado exposto, sentamo-nos no meio de outras pessoas com uma sensação de desconforto, de 'desculpe por estar a incomodá-lo', só queremos é sair dali, comer o mais rápido possível e desaparecer daquele ruído de fundo que transporta dezenas de conversas, de risos, de música, ou desviar o olhar das paredes de cimento e dos ténis expostos. Ansiamos por paz visual e auditiva e isso, eu acho que conseguimos no 'New Wok'. Um ambiente sereno, mais pequeno e acolhedor, uma montra que nos mostra a rua cálida àquela hora da noite, a beleza do Chiado escondida por entre prédios abandonados. Os raviolis ou (gyoza) são excelentes - atrevo-me a dizer que melhores mesmo que os do Assuka - com uma massa super tenra e fofa e as espetadas de camarão com molho de mel também não ficaram atrás. Experimentámos ainda os noodles e o chá verde. Foi bom, foi rápido, voltaremos certamente.
A melhor experiência do dia, foi sem dúvida, nas compras - aproveitando ainda o resto da temporada de saldos enquanto ela dura - onde, numa loja, quando ia pagar uma mala que decidi comprar, a vendedora - uma miúda nos seus 'quase vintes', muito gira, alta, magra como uma gazela e de longos cabelos escuros - me diz em tom extasiado: 'Ai a sua carteira é tão gira! Eu queria uma igual mas já não consegui comprar! E que bem estimada está!' Ao vê-la tão efusiva, decidi meter conversa, sorrir-lhe e desabafar uma insegurança feminina, dando a entender que adorava a mala que ia comprar, mas que tinha receio quanto à cor, pois não tinha muita roupa que condizesse com a dita. Ela sorriu-me, tranquilizou-me - dizendo que ia comprar uma também para si - e falou dos avanços de temporada que tinham acabado de chegar à loja. 'Este ano é tudo grande, demasiado grande, até os anéis. Eu não sou capaz de andar com uma coisa destas.' E, dito isto, sacou de um enorme anel azul marinho que estava num expositor e colocou-o em cima do balcão. Ao ver aquele objecto saltou-me imediatamente à memória a minha juventude, em que usei anéis exactamente como aquele, que agora via em cima do balcão. Aquele anel não me era estranho, tive um assim, em transparente, outro de cores, havia-os para todos os gostos, formas e tamanhos. Lembro-me de ter um em forma de laço. Sorri-lhe, aproveitando aquela cumplicidade feminina - enquanto o C. permanecia calado, a observar toda aquela cena de histerismo feminino perante acessórios, que o deixa sempre severamente intrigado - e desabafei: 'Estes aneís já foram grande moda nos anos noventa! Houve uma altura em que toda a gente tinha pelo menos um. Havia destes anéis em todas as cores e assim, igualmente grandes.' Pronto, com este meu comentário, estraguei tudo. A rapariga, outrora tão simpática, tão prestável, tão sorridente, fechou-se. Olhou-me de uma forma estranha e apenas emitiu um: 'Ai foi?' Como se os 'anos 90' fossem uma coisa que aconteceu há muito tempo, há muitos anos, era ela ainda uma criança...
E com este comentário, paguei a mala e fui embora, enquanto ela arrumava o grande anel de acrílico azul, dizendo, 'Sabe como é, este mundo da moda é sempre um revivalismo' e o C. me dizia:'Bela maneira de te chamar velha'.
Não me ofendeu nadinha, antes pelo contrário, achei piada dizer com um saber de experiência feito, sem ser ofensivo ou provocador, dar uma de 'guru' da moda que já viu muita coisa.
Afinal, dez anos, são uma vida. (para muitos)

quinta-feira, janeiro 17, 2008

conto VII

Ele dera-lhe o canivete para a mão como quem entrega um brinquedo. ‘Toma, é para ti’ - dissera-lhe - e ela contemplou aquele objecto metálico, pequeno e aguçado com espanto e ignorância. Não sabia muito bem o que aquilo significava nem o que fazer com ele. Chegou mesmo a sentir-se indignada, como se fosse um despropósito tal oferta. ‘O que faço com um canivete?’, pensou para com os seus botões. O pai, que estava ao seu lado e tinha presenciado a cena, explicara-lhe que era um canivete ‘suíço’, enfatizando esta última parte, como se tal informação fosse uma mais valia, como se isso contribuísse para aumentar a importância da oferta e da atenção que era suposto ela lhe dar.
Guardou-o, fechando-o na palma da mão pequena, remetendo-o para o fundo do bolso do casaco, cheia de dúvidas e indagações sem resposta. Sorriu para não parecer tão incomodada com a situação, ou ingrata. Receber um canivete ia contra tudo o que lhe tinham ensinado, ‘Não se brinca com instrumentos cortantes’, ‘Não mexas em facas’, ‘Não passes os dedos pelas lâminas’, ‘Olha que te cortas e faz sangue’ e por isso, todos aqueles cenários, embora imaginários, lhe pareciam demasiado horríficos, demasiado perigosos, demasiado tentadores para serem sequer, desafiados. E agora, assim do nada, ser ele a dar-lhe um canivete, que ainda para mais tinha, não só uma, mas várias lâminas, algumas finas, aguçadas como escarpas, outra em forma de espiral que ela desconhecia para o que servia, uma tesoura, uma lima e um abre-caricas, deixou-a severamente intrigada. Para que servia tudo isso se, supostamente, lhe era proibido brincar com ele? Não compreendia como o poderia incluir nos seus cozinhados fictícios com tachinhos de plástico e panelas de alumínio, que transportavam inofensivamente, pedras, terra, água e até, legumes e vegetais que ela sorrapiava à socapa da cozinha da mãe, como preciosidades únicas para preparados que roçavam a genialidade. No entanto, o pai nada dissera e até, consentira o gesto, partilhando uma cumplicidade que se espera óbvia, mas que ela não conseguia perceber na sua totalidade. Pensou por breves momentos, se seria um daqueles rituais de iniciação que ela já tinha lido no Atlas lá de casa e que sabia existirem em algumas tribos do Pacífico e da África Equatorial. Estaria ela preparada para semelhante prova? Qual seria a próxima etapa? E porquê um canivete? Porquê? Quando na realidade ela preferia que ele lhe tivesse oferecido uma boneca, onde ela pudesse fazer longos e prolongados penteados, ou até, um relógio de pulso e a pilhas, daqueles como tinha visto recentemente na irmã da Paula, que emitiam sons estridentes e que ela punha propositadamente a tocar deixando-a lívida de inveja. Mas um canivete? Para que lhe servia um canivete? Se ainda tivesse nascido rapaz, talvez achasse alguma graça à oferta, conseguindo imaginar as demonstrações audazes de poder que um canivete – ainda para mais suíço – conferia, mas assim, menina, coquete e semi-feminina, não conseguia entender o motivo.
Do bolso do casaco, colocou o canivete na gaveta da sapateira da entrada, um móvel de mogno escuro, pesado, maciço, que tinha como função ser o fiel depositário de tudo aquilo que, à primeira vista, não fosse substancialmente importante. Achou que seria o lugar mais adequado a um objecto que, no seu entender, não podia augurar coisa boa. Mesmo que tivesse o consentimento e a aprovação do pai, ela não queria tê-lo por perto, nem incluí-lo nas suas brincadeiras, mesmo quando andava que nem um cavalo bravo pelos bosques durante horas a fio. Colocou-o ali e esqueceu-se dele. Não perdeu mais tempo a pensar no assunto. Não queria entender o porquê de um canivete - embora no fundo se questionasse - mas por agora, naquele instante, só lhe apetecia abandoná-lo, livrar-se do perigo que ele lhe transmitia, das lâminas cortantes e duplas, do medo que sentia ao sabê-lo ali, tão perto da carne. O canivete ficou esquecido, refundido na gaveta do móvel da entrada que continuava impenetrável à passagem do tempo, ao ritmo das horas e das emoções que abalavam e percorriam a casa, desamparado entre os demais objectos igualmente inúteis e dispensáveis às necessidades vigentes. Passaram-se dias, meses e anos, que trouxeram consigo as mudanças físicas próprias da idade, mas também da evolução natural das coisas. Tinha chegado a hora de partir para algo melhor, de abandonar aquele lar que durante anos a acolhera, sendo necessário todo o trabalho de empacotar, seleccionar, escolher, arrumar, levar, fechar. Por entre o pó dos livros que retirava das estantes, ou da roupa que se acumulava em quantidades dignas de loja em época de saldos em cima da cama, lembrou-se do móvel da entrada, da tralha e bugigangas que durante anos ali colocara como um eterno guardião do templo. Apetecia-lhe vê-las, mexê-las, recordá-las, torná-las visíveis aos olhos e claras à mente. Correu a abrir a velha gaveta que se encontrava agora emperrada, dificultando a tarefa de chegar ao objectivo pretendido. Foi então que o viu, ao canivete, esquecido e embrulhado entre fios que passaram de moda, lenços com desenhos de cavalos que a mãe nunca mais se atreveu a pôr ao pescoço, ou porta-chaves enferrujados que jaziam como um espólio adormecido. Foi então que percebeu no mais intímo do seu ser e sorriu, dizendo baixinho, ‘Obrigado avô’.

terça-feira, janeiro 15, 2008

love is a losing game

Não tenho actualizado o meu blogue com muita frequência, porque na realidade, ando sem vontade de o fazer. Às vezes tenho destes momentos. Em que prefiro guardar para mim tudo aquilo que me preocupa do que colocá-las aqui, como se o simples facto de as mencionar fosse uma espécie de infortúnio que pode desencadear a maior reacção de azar em cadeia. Como se o simples facto de partilhá-las com terceiros as tornasse vulneráveis. Como já referi o início do ano começou logo cheio de novidades, com a ida ao centro de genética clínica para nova recolha de sangue/extracção de ADN. Pagámos bastante por um simples frasquinho de sangue. Nele vão parte das nossas magras economias e grande parte das minhas esperanças. Deposito nele todas as frustrações, mágoas, tristezas, renovações de esperanças, confianças e alegrias pelo qual lutei neste último ano, mas que sei serem tão vãs e pouco palpáveis, quanto os sonhos e objectivos que idealizo. Mesmo havendo uma pontinha do meu peito, lá num cantinho refundido, que me diz que tudo vai correr bem, percorre-me um medo terrível, maior que eu mesma, de que afinal, tudo corra mal outra vez e de já não ter muitas forças para me voltar a erguer ou sequer, acreditar. Toda a gente me diz que não vale a pena sofer por antecipação mas eu não consigo fazer esse exercício de personalidade. Bem tento, mas sofro mais em ‘tentar não ser assim’, do que efectivamente, em sê-lo.
Outra coisa que também tem contribuído para uma certa inquietação é o comportamento da Diane. A verdade é que a Diane desde que descobriu que está grávida se afastou. E por mais que eu tente que isso não aconteça, noto que ela quer que assim seja, como se a minha presença a incomodasse, ou, como se a minha presença ou passagem pela vida dela, apenas fosse isso mesmo: uma passagem. Confesso que este comportamento dela me entristece profundamente. Mas cheguei à conclusão de que não vale continuar a procurar respostas a uma pessoa que não as quer dar. A última vez que falei com ela foi antes do Natal. Na altura, já não falávamos há uns bons tempos e eu notei que ela me evitava. Quando finalmente a ‘apanhei’ no messenger sem que ela se colocasse offline, confrontei-a com o assunto. Disse-lhe que notava que ela me andava a evitar e que isso me deixava magoada. Perguntei-lhe inclusive se tinha feito ou dito algo que a tivesse chateado. Disse-me que não, mas que não andava a saber lidar com o facto de estar grávida e de eu não estar, e que evitava falar nesse assunto para, segundo ela, me poupar a ‘tristeza’. (o que eu odeio que as pessoas me subestimem…) Na altura disse-lhe que para mim, era mais dificil saber que ela me evitava e não partilhava nada comigo da sua gravidez – que eu tinha acompanhado o quanto ela tinha batalhado para conseguir esse objectivo – do que colocar-me de parte agora, que efectivamente, o tinha conseguido alcançar. Na altura disse-lhe mesmo que sentia que apenas tinha servido para ser ‘companheira de mágoas’ e agora, que ela tinha conseguido aquilo que desejava há longos anos, eu tinha deixado de fazer sentido na vida dela. Ela disse-me que não, de maneira nenhuma, mas afinal, depois dessa conversa, constato que é mesmo disso que se trata. A verdade é que já enviei 3 emails à Diane, um deles contando-lhe o resultado da minha biópsia à pele e do novo diagnóstico, de ictiose bulhosa, tal como ela e que isso significava novo teste genético, novas esperanças e novas possibilidades no meu caso… mas ela, nada… também lhe enviei um email a desejar Feliz Natal, outro a perguntar se ela estava bem… e ela nada… já tentei meter conversa com ela no messenger, mesmo que offline – porque noto que ela todos os dias se liga e imediatamente se coloca offline – e ela nada… por isso, desisto. Desisto de tentar chamar a atenção dela, de lhe demonstrar que a amizade dela é-me importante, de que me preocupo, de que quero continuar a tê-la presente na minha vida. Sinto-me muito farta de dar sempre mais de mim aos outros do que os outros me dão a mim, como se tivesse de andar a mendigar atenções, ou a demonstrar a todos e a rodos, o quão gosto deles, o quanto me preocupo. Geralmente quando dou um voto de confiança às pessoas, espero que elas retribuam. Já nem digo na mesma medida, pois tenho consciência de que tenho tendência a ser bastante absorvente, mas quando me desiludem, sinto-me tão atraiçoada e retraio-me de tal forma, que me é muito difícil voltar a ser a mesma. Nisso sou muito escorpiana não posso negar. Eu dou tudo, mas assim como dou, também tiro. Até já pensei se estaria a fazer juízos de valor errados em relação à rapariga – o que me faz sentir uns certos remorsos de consciência confesso – mas, tal como diz uma amiga minha, o que quer que seja que se esteja a passar, não é motivo (acho eu), para ela me ignorar desta forma. Principalmente quando se trata de uma pessoa que não trabalha e passa o dia em casa…
Por isso, sinto-me profundamente triste com esta atitude dela e prometi a mim mesma que não enviarei mais nenhum email, nem direi mais nada enquanto não obtiver um sinal. Nem que para isso tenha de a bloquear no messenger – coisa que já fiz – só para ter a certeza de que quando ela me quiser falar, me envia um mail. Mais não seja em resposta aos vários que ela vai acumulando na sua caixa postal e que esperam por um ‘reply’.

sexta-feira, janeiro 11, 2008

back to black

O meu recente e último vício é ouvir Amy Winehouse até à exaustão. O cd desta miúda de 24 anos, com um corpo cheio de tatuagens de mau gosto e a roçar a anorexia, com nuca cheia de postiços que desafiam as leis da gravidade, voz rouca e poderosa a fazer lembrar as grandes divas da soul, é simplesmente genial. Não me ocorre mais nenhuma outra palavra para descrever. E desde que o C. mo ofereceu que não oiço outra coisa. Desenvolvi aquilo que uma amiga minha descreveu como uma ‘Amy Winehousite aguda’, porque oiço a rapariga no trabalho, no ipod, no carro, em casa, vejo o dvd do concerto em Londres e faço buscas na net e no You Tube. A verdade é que as vozes negras me fascinam. Mas a miúda é branca. E a sua atitude em palco e perante a vida, está mais perto do estilo punk e drug addict dos anos 90, do que propriamente das divas da Motown dos anos 50. No entanto, é lá que ela vai ‘beber’ a inspiração das músicas que se revelam neste segundo álbum. Amy tem aquela característica do ‘dont´give a shit’, mas com talento maior que a própria vida. Uma voz forte e demasiado poderosa para se ficar indiferente, mesmo que em palco vejamos uma Amy que mal se aguenta em pé, com um discurso desarticulado em que predomina a palavra ‘fuck’, ou de olhar completamente vidrado. Às grandes estrelas tudo é permitido? Bom, eu não partilho totalmente dessa opinião, mas confesso que ela me atrai tanto quanto me repugna. Aquela voz de bagaço misturada com um ar de decadência total, fascina-me. Invejo talentos naturais. Invejo mesmo e não tenho qualquer pudor em afirmá-lo. Se fosse música queria escrever e cantar assim. Queria aquela voz imparável, cheia de requebres, que lhe sai com tanta naturalidade como a bebida que ela ingere em tragos generosos e que parece ser a única coisa que a liga a este ou outro mundo.
A continuar assim, está a meio caminho de se tornar imortal, mesmo que seja pelos piores motivos.
Mas eu continuo que nem uma viciada a ouvi-la.

segunda-feira, janeiro 07, 2008

my new orange couch



















Este fds não saí de casa. Depois de ter tirado o dia de sexta de folga para ir tirar sangue ao centro genético da parte da manhã – onde paguei 1120 euros – só pela realização do estudo e envio para Antuérpia, (buáááááá) e de à tarde, ter ido a uma entrevista, o Sábado e o Domingo foram para a mais pura ronha. Ainda saímos na sexta à noite, para ir ao cinema ver o segundo filme ‘O tesouro – o livro dos segredos’, mas o restante fim-de-semana, foi passado no mais puro conforto do lar. Tudo porque recebemos o nosso novíssimo sofá cor de laranja com chaise long – aquele que já aqui tinha falado, do Ikea – e portanto, passámos boa parte do Sábado a desmontá-lo dos caixotes onde vinha e a montá-lo no novo espaço. O problema começou quando retirámos o estrado da chaise long do caixote e reparámos que o tecido que forrava a mesma, estava rasgado e que, para além disso, faltava uma das molas. Tal incidente levou-nos logo a ligar para o serviço de apoio a clientes da loja a reclamar da situação. Tínhamos acabado de pagar o transporte para nos virem entregar o sofá a casa e assim que o desempacotámos, ele apresentava defeito. Ao telefone disseram-nos que a entrega de substituição de um novo estrado ficaria restringida a um novo dia, mas que se quisessemos ir à loja, seria efectuada na hora. Lá foi o C. no meu carro para o Ikea, com os bancos rebatidos e debaixo de chuva, para chegar lá e constatar que afinal, o sofá, assim como o respectivo estrado, estavam esgotadíssimos, pelo que só nos resta aguardar que nos comuniquem quando é que terão novos estrados. Veremos como é que esta história se desenvolverá. Pelo sim pelo não, tirámos fotos do estado da coisa, para provar a nossa reclamação.
No entanto e como não há data prevista à vista de quando teremos novo estrado, montámos o sofá com aquele que tínhamos. O resultado é uma sala com uma percepção completamente diferente da anterior, devido à ligeira distribuição das coisas. O espaço de sofá é gigantesco – comparado com o que tínhamos – e os gatos adoram – quem os quer ver agora é a apanhar banhos de sol vindos directamente da janela. Acabaram-se por isso as ‘discussões’ territoriais pelo maior quinhão de sofá, já que no novo, ficamos tão distantes um do outro e com um espaço tão grande no intermédio, que é quase como se estivessemos em ilhas diferentes. À tarde, tive a visita da minha amiga G., que eu já não via há meses, e que apareceu lá em casa de surpresa e ontem, Domingo, dia em que o C. foi trabalhar, refastelei-me no dito sofá laranja, rodeada pelo Gaspar e pela Magali e vi assim, de uma vez só, cerca de dez episódios seguidos da primeira temporada dos Sete Palmos de Terra – série que só agora comecei a ver - e que me fez apaixonar logo pelo conceito.
Agora resta-me aguardar notícias – porque a vida é feita de expectativas, de renovações e de esperanças - e neste momento sinto-me como se estivesse com formigueiro nos pés - mas nos entretantos, lá me vou alegrando com o universo em meu redor.

ps- A 'mancha' preta na segunda foto, é mesmo a minha gata 'tartaruga', de seu nome Magali. Tão linda, de olhos cor de coruja, que já elegeu aquele, como o seu novíssimo sítio preferido.

quinta-feira, janeiro 03, 2008

I'm a Superwoman...




...sou, eu sei que sou... e a prova disso, é ir, amanhã, logo bem cedinho, fazer nova recolha de ADN para novo estudo genético, tendo desta vez como diagnóstico base a Ictiose Bulhosa. Se não fosse a minha investigação incansável sobre o assunto, a minha acesa troca de emails com médicos estrangeiros, a minha insistência, a minha perseverança, a minha casmurrice, a minha teimosia, nada disto seria possível. O resultado só será conhecido em Março, mas pode ser que desta vez - só para conseguir dar descanso a este meu coração sobressaltado - corra tudo bem.

Desculpem-me a falta de modéstia, mas confesso sentir-me bastante orgulhosa de mim mesma, por ter conseguido alcançar esta etapa tão importante e fundamental de um longo e moroso processo. Nada é garantido é certo, e o resultado genético pode voltar a ser negativo e a mutação não ser encontrada, mas só o facto de ter conseguido provar que sempre me fizeram diagnósticos errados e ter esta nova oportunidade, só me enche de mais coragem para continuar.

Eu canto com a Alicia, porque eu sei que sou uma 'Superwoman. Yes I am.'

terça-feira, janeiro 01, 2008

de 2007


















2007 não foi um ano fácil, pelos muitos episódios que já aqui relatei e pelas desilusões a que fui posta à prova. Talvez, por isso, não espere demasiado de 2008, apenas o suficiente para me sentir bem e feliz. Não nego que tenho planos e sonhos e desejos para 2008, mas a euforia que me invadiu o ano passado por esta altura não existe. Existe apenas e só, uma confiança meio parva, meio tonta, quase naïf, feita de ingenuidade e esperanças vãs, que ainda me fazem acreditar que no final, e como diz a minha amiga M., 'corre sempre tudo bem'.