terça-feira, janeiro 15, 2008

love is a losing game

Não tenho actualizado o meu blogue com muita frequência, porque na realidade, ando sem vontade de o fazer. Às vezes tenho destes momentos. Em que prefiro guardar para mim tudo aquilo que me preocupa do que colocá-las aqui, como se o simples facto de as mencionar fosse uma espécie de infortúnio que pode desencadear a maior reacção de azar em cadeia. Como se o simples facto de partilhá-las com terceiros as tornasse vulneráveis. Como já referi o início do ano começou logo cheio de novidades, com a ida ao centro de genética clínica para nova recolha de sangue/extracção de ADN. Pagámos bastante por um simples frasquinho de sangue. Nele vão parte das nossas magras economias e grande parte das minhas esperanças. Deposito nele todas as frustrações, mágoas, tristezas, renovações de esperanças, confianças e alegrias pelo qual lutei neste último ano, mas que sei serem tão vãs e pouco palpáveis, quanto os sonhos e objectivos que idealizo. Mesmo havendo uma pontinha do meu peito, lá num cantinho refundido, que me diz que tudo vai correr bem, percorre-me um medo terrível, maior que eu mesma, de que afinal, tudo corra mal outra vez e de já não ter muitas forças para me voltar a erguer ou sequer, acreditar. Toda a gente me diz que não vale a pena sofer por antecipação mas eu não consigo fazer esse exercício de personalidade. Bem tento, mas sofro mais em ‘tentar não ser assim’, do que efectivamente, em sê-lo.
Outra coisa que também tem contribuído para uma certa inquietação é o comportamento da Diane. A verdade é que a Diane desde que descobriu que está grávida se afastou. E por mais que eu tente que isso não aconteça, noto que ela quer que assim seja, como se a minha presença a incomodasse, ou, como se a minha presença ou passagem pela vida dela, apenas fosse isso mesmo: uma passagem. Confesso que este comportamento dela me entristece profundamente. Mas cheguei à conclusão de que não vale continuar a procurar respostas a uma pessoa que não as quer dar. A última vez que falei com ela foi antes do Natal. Na altura, já não falávamos há uns bons tempos e eu notei que ela me evitava. Quando finalmente a ‘apanhei’ no messenger sem que ela se colocasse offline, confrontei-a com o assunto. Disse-lhe que notava que ela me andava a evitar e que isso me deixava magoada. Perguntei-lhe inclusive se tinha feito ou dito algo que a tivesse chateado. Disse-me que não, mas que não andava a saber lidar com o facto de estar grávida e de eu não estar, e que evitava falar nesse assunto para, segundo ela, me poupar a ‘tristeza’. (o que eu odeio que as pessoas me subestimem…) Na altura disse-lhe que para mim, era mais dificil saber que ela me evitava e não partilhava nada comigo da sua gravidez – que eu tinha acompanhado o quanto ela tinha batalhado para conseguir esse objectivo – do que colocar-me de parte agora, que efectivamente, o tinha conseguido alcançar. Na altura disse-lhe mesmo que sentia que apenas tinha servido para ser ‘companheira de mágoas’ e agora, que ela tinha conseguido aquilo que desejava há longos anos, eu tinha deixado de fazer sentido na vida dela. Ela disse-me que não, de maneira nenhuma, mas afinal, depois dessa conversa, constato que é mesmo disso que se trata. A verdade é que já enviei 3 emails à Diane, um deles contando-lhe o resultado da minha biópsia à pele e do novo diagnóstico, de ictiose bulhosa, tal como ela e que isso significava novo teste genético, novas esperanças e novas possibilidades no meu caso… mas ela, nada… também lhe enviei um email a desejar Feliz Natal, outro a perguntar se ela estava bem… e ela nada… já tentei meter conversa com ela no messenger, mesmo que offline – porque noto que ela todos os dias se liga e imediatamente se coloca offline – e ela nada… por isso, desisto. Desisto de tentar chamar a atenção dela, de lhe demonstrar que a amizade dela é-me importante, de que me preocupo, de que quero continuar a tê-la presente na minha vida. Sinto-me muito farta de dar sempre mais de mim aos outros do que os outros me dão a mim, como se tivesse de andar a mendigar atenções, ou a demonstrar a todos e a rodos, o quão gosto deles, o quanto me preocupo. Geralmente quando dou um voto de confiança às pessoas, espero que elas retribuam. Já nem digo na mesma medida, pois tenho consciência de que tenho tendência a ser bastante absorvente, mas quando me desiludem, sinto-me tão atraiçoada e retraio-me de tal forma, que me é muito difícil voltar a ser a mesma. Nisso sou muito escorpiana não posso negar. Eu dou tudo, mas assim como dou, também tiro. Até já pensei se estaria a fazer juízos de valor errados em relação à rapariga – o que me faz sentir uns certos remorsos de consciência confesso – mas, tal como diz uma amiga minha, o que quer que seja que se esteja a passar, não é motivo (acho eu), para ela me ignorar desta forma. Principalmente quando se trata de uma pessoa que não trabalha e passa o dia em casa…
Por isso, sinto-me profundamente triste com esta atitude dela e prometi a mim mesma que não enviarei mais nenhum email, nem direi mais nada enquanto não obtiver um sinal. Nem que para isso tenha de a bloquear no messenger – coisa que já fiz – só para ter a certeza de que quando ela me quiser falar, me envia um mail. Mais não seja em resposta aos vários que ela vai acumulando na sua caixa postal e que esperam por um ‘reply’.

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