quarta-feira, junho 27, 2007

Do S. João




















Depois do turbilhão emocional que tem sido os últimos dias, hoje finalmente encontrei a calma e a paz de espírito, para vir aqui escrever algumas linhas. Depois de ter discutido com a chefe, discutido com a minha mãe, discutido com o C., discutido com a minha médica geneticista, depois de ter andado a chorar que nem uma Madalena arrependida, de me sentir a pessoa mais infeliz e miserável do mundo e de lamber as minhas próprias feridas (metaforicamente falando), hoje acordei com aquela sensação de vitória, decidida a mudar o Mundo. Vai daí, achei que ser produtiva e pró-activa em relação a este assunto, sempre é mais benéfico e proveitoso, do que chorar sobre o leite derradado. E hoje, em vez de sentir pena de mim mesma, decidi passar o dia inteiro em pesquisas na Internet, disparando emails em todas as direcções, vendo sites internacionais, tentanto contactar com pessoas com uma história de vida semelhante à minha, médicos especialistas, lendo, obtendo informação, cultivando-me.
Para mudar radicalmente de atitude valeu-me o apoio e amor incondicional do meu gajo, as manifestações de afecto e carinho dos meus grandes e verdadeiros amigos, os telefonemas de ânimo e as tentativas em encontrar as palavras certas para me encorajar, mostrando-me que mesmo que a minha história não tenha o tão desejado final feliz, pelo menos eu tenho a certeza de que há pessoas nesta vida que me amam muito. E isso, por si só, já é algo muito valioso.
Como dizia o poeta; 'Quem tem amigos tem tudo na vida' e eu hoje senti-me verdadeiramente abençoada.
ah... e fui ao cabeleireiro, o que também ajudou muito!

segunda-feira, junho 25, 2007

De Madrid...


















Trabalhar das seis da manhã à meia noite e meia.
Muito cansaço. Poucas horas de sono.
Más notícias transmitidas pelo telefone.
Fazer de babysitter a uma modelo tonta e que parecia ter 15 anos.
Tudo por 20 segundos.

quinta-feira, junho 21, 2007

One is the loneliest number

Para aumentar ainda mais a minha dor, o destino encarrega-se de engravidar toda a gente em meu redor… mesmo aqueles que não o mereciam.

quarta-feira, junho 20, 2007

sinta-se bem na sua pele?! You must be kidding!

As notícias há muito esperadas, finalmente chegaram sob a forma de um telefonema e com um final triste.
Nunca me senti tão mal na minha pele. Literalmente.
Desisto de ter esperança. Só me faz mal.

sábado, junho 16, 2007

eu creio, eu penso



















Regressámos a casa. A viagem foi rápida e chegámos a Lisboa ainda nem eram duas da tarde. Os dias no Algarve estiveram frios e molhados. Apenas nas quarta-feira deu para tomar o gosto ao corpo e passar a tarde na praia. De resto, impossível. Choveu, choveu e choveu. Na mala ficaram todas as blusas de alsas, saias, túnicas e tops que nem chegaram a ver a luz do dia. Como não levei roupa quente a contar com um tempo que mais parecia de Inverno, a minha constipação que se arrasta há mais de uma semana, não havia meio de melhorar. Os lenços de papel foram os meus companheiros inseparáveis e o meu nariz quando me assoava, mais parecia uma corneta em alto mar a adivinhar temporal. Mas apesar de tudo, melhorei e a tosse, funda e circunspectra, abandonou-me. Tirando um ou outro ataque repentino, tudo voltou à normalidade.
Albufeira continua tão cheia de gente e com tanta falta de beleza natural quanto eu me lembrava dela. Há mais de dois anos que não íamos para o Algarve e de resto, até percebo porquê. Não nos fascina. O C. não gosta daquela confusão, dos estrangeiros bêbados e amontoados em bares, do comércio em catadupa, cheio de lojas de bugigangas ao mais puro estilo bazar chinês, das ruas atolhadas de gente, das discotecas sempre a passar a mesma música comercial. Não o censuro. Apesar de ser mais tolerante a tudo isso e de até achar uma certa piada, o Algarve não é um sítio que conquiste pela sua beleza natural e, com mau tempo, torna-se ainda mais deprimente. A verdade é que mesmo que tivessemos ido para o Alentejo para uma qualquer casa de turismo rural - como fazemos todos os anos - a situação ia ser idêntica. Sem puder fazer praia, ficámos privados de uma série de coisas que queríamos ter feito e que nos ficaram assim, negadas. Ver lojas, passear, enfiarmo-nos num centro comercial para fugir à chuva, ou tentar ir ao cinema no Algarve Shopping, foram algumas das alternativas encontradas.
Com o tempo assim tão farrusco, aproveitei para dormir mais do que o tempo normal me permite e ler. Afinal, as férias também servem para isso. Na bagagem levei o meu 'Cemitério de Pianos', que vergonha das vergonhas, ainda não consegui acabar. Então não é que depois daquela euforia inicial que o livro me provocou, dou comigo a arrastar-me para terminá-lo, a achá-lo demasiado exigente do ponto de vista do leitor, fazendo com que as várias histórias que se cruzam e intercalam na narrativa, tenham de estar sempre bem presentes na nossa cabeça, caso contrário, perdemos todo o fio à meada. Ora eu, como sou uma leitora um pouco preguiçosa, gosto de ler e ter, ou seja, de me prender a uma história e de devorá-la assistindo como espectadora ao seu desenvolvimento. Isto não significa que goste de livros básicos, antes pelo contrário! Gosto de livros que me fazem sonhar, sorrir, imaginar, pensar, que me permitam visualizá-los mentalmente, mas qualquer história, tem de ter um 'pózinho mágico' que me prende e me faz querer saber como acaba, caso contário, não consigo terminá-la. E este livro do José Luís Peixoto, apesar de ter uma escrita maravilhosa e descrições brilhantes, não tem aquele 'plim' que me faz, até na minha hora de almoço, querer ler sem dar conta do tempo passar. Mas vou-lhe dar uma segunda oportunidade.
Para colmatar este meu desapontamento, no Algarve entrei na Fnac e pronto, já não queria sair de lá. O C. vê os Dvd´s, os plasmas, os mp3´s, os gpr´s... e eu fico ali, a passar as mãos pelas estantes, a querer tê-los todos só para mim, a abraçá-los e a carregá-los no colo, a ler-lhes o prefácio, a ver os comentários dos jornais e críticos de renome. Quero sempre trazer mais livros do que o orçamento me permite. (e como ele anda magro!!) A escolha é sempre uma batalha interior. Ando a namorar o 'Equador' do Miguel Sousa Tavares há demasiado tempo. O preço ainda não me fez ganhar coragem de o colocar debaixo do braço e trazê-lo para casa, apesar de todos me dizerem que o livro se lê maravilhosamente e que vale mesmo a pena. Hesitei entre Mário de Sá Carneiro e Fernando Pessoa, estive a namorar Agustina Bessa Luís durante muito tempo, mas no final fui fiel ao meu escritor favorito - Miguel Torga - com 'Os Novos Contos da Montanha' e decidi-me por António Lobo Antunes, com 'Memória de Elefante'. Vim para casa satisfeita e feliz com as minhas escolhas. Também li a Visão e hoje passei os olhos a correr pelo Expresso, na viagem. Quer num, quer noutro, um ponto em comum: entrevista a Pedro Abrunhosa sobre o seu último trabalho discográfico, 'Luz', misturado com perguntas de índole pessoal e referências à sua educação e influências musicais/sociais/familiares, etc. Confesso que não sou fã do género, nem possuo grande simpatia pela figura, mas depois de ler ambas, denoto-lhe a força do caractér, da personalidade vincada, da resposta certeira. Achei-o coerente. Às vezes (ou quase sempre), leio respostas em entrevistas e penso para comigo: 'Que bem dito, que bem pensado. Eu nunca me lembraria de nada disto', e acho sempre que sou tão pequenina e que ainda me falta tanto que aprender.
Na viagem vim com os olhos postos nas cores do Alentejo. Os amarelos secos misturavam-se com o castanho terra, salpicados de verde aqui e além. Estava tão inspirada pela beleza que me entrava vista dentro, que partilhei com o C.; 'a natureza nunca tem falta de gosto na conjugação de cores que escolhe para se vestir, pois não?', ele concordou e, por momentos, achei que se fosse artista, criadora, ou qualquer outra profissão onde tivesse de dar forma e vida a peças ou objectos, que escolheria aquela paleta de cores para o meu próximo trabalho. (eu às vezes tenho destes devaneios...)
Este post já vai demasiado longo... é o que faz estar quatro dias sem actualizar o blogue. Já é de tal forma um ritual diário, que dou por mim muitas vezes, nas mais várias situações, a pensar em 'escrever sobre isto ou aquilo no blogue'. Sinto falta deste desabafo, desta libertação de pensamentos, de mim mesma. De ouvir os dedos ao ritmo do bailado frenético sobre o teclado.
Segunda-feira parto muito cedo para Madrid, regresso quarta. Na bagagem vai o ipod, os meus dois novos livros, a minha máquina digital e um caderno de capa preta. Tudo o que preciso para me sentir acompanhada. Apesar de saber que não vou ter tempo de 'ver' a cidade, só o facto de saber que estarei novamente 'lá', será suficiente para me fazer matar saudades do tempo que lá vivi.

segunda-feira, junho 11, 2007

Ericeira by summer 07



















Inaugurámos oficialmente a época 'balnear' na Ericeira. Todos os anos, quando chega o Verão, a nossa casa - que passa a maior parte do ano fechada - volta a encher-se de gente e de vida. E este fim-de-semana, que marcou o início das minhas (nossas) segundas férias, foi assim, o início de muitos outros fins-de-semana que se avizinham ao longo do Verão de 2007. O ano passado foi um corropio de gente, acho mesmo que nunca gozámos tanto a casa. É sempre muito cansativo, mas acaba por valer a pena. O tempo também ajudou e os banhos de piscina, os pôr do Sol na varanda, os almoços às três da tarde, os grelhados e as saladas, as noites de pictonary e Black Jack... tudo isso, já começa a fazer parte da tradição de 'ir para a Ericeira'.
Este fds convidámos um dos nossos casais favoritos e voltámos a repetir os rituais. E eles, que adoram ir para lá, nem hesitaram. Apesar de o tempo não ter ajudado nem permitido um mergulhinho ou uma tarde de praia, deu para fazer tudo o resto - ir ao mercado comprar peixe fresco, comer quase até à exaustão, ouvir música em altos berros, ir ao viveiro comprar ameijôa para cozinhar em jeito de petisco, passear pela vila, ir aos já famosos 'queques' e até, levar a Mafaldinha até ao Sobreirinho de Mafra - tudo isto intercalado com muita parvoeira, muito riso e muito boa disposição. (espreitem aqui) Hoje regressámos a Lisboa. Iremos estar o resto da semana de férias no Algarve - só espero que o tempo ajude - e ainda não sabemos muito bem o que iremos fazer. Acho que vou procurar na net um sítio giro para marcar e partir...
Ah, e fiquei hoje a saber, que segunda-feira quando regressar ao trabalho, já tenho viagem marcada para Madrid durante 3 dias. Isto sim, isto é outra conversa! ...

quarta-feira, junho 06, 2007

sick, sick, sick...


















Há alguma coisa pior do que estar doente, com espirros, dores de garganta, tosse e febre em pleno Verão? A resposta é 'Não', não há!!! Quando se esteve todo o Inverno sem nunca cair à cama com um único resfriado, numa altura em que toda a gente se socorria dos lenços de papel e das gotas para o nariz, esta minha constipação de Verão, prova que de facto, eu sou a pessoa mais disfuncional que existe! Ou então, que as leis do Universo no que diz respeito à minha pessoa, estão mesmo todas trocadas.
A poucos dias das minhas segundas férias o cenário é tudo menos animador...
Ps - é engraçado constatar que sempre que coloco post mais 'intensos e pessoais', ninguém se digna a comentá-los! acho que deixo toda a gente intimidada.

segunda-feira, junho 04, 2007

Party


















Ontem foi a festinha de aniversário da Bia. Afinal, 'o mauzão' fez um sucesso, tendo dormido e rosnado a tarde toda! Ela adorou a prenda e quando a desembrulhou deu pulos de alegria, tendo ido a correr mostrar ao pai e à mãe o tão desejado jogo. Largou imediatamente os Legos que a madrinha lhe tinha oferecido (ups!) e concentrou-se apenas no dito cão de aspecto feroz e seus respectivos ossos. (Para quem não sabe, o 'Mauzão', consiste num jogo onde existe um cão de aspecto feroz que enquanto dorme, guarda uma tijela cheia de ossos, se o acordarmos, ele rosna ferozmente, sendo o objectivo do jogo tirar os ossos com uma pinça, sem o cão nunca dar por isso.)
Também conhecemos o novo elemento da família, o Bernardo, irmão da Beatriz. É muito pequenino e tem apenas um mês e meio. É calminho, chora apenas quando tem fome e esteve a maior parte do tempo a dormir, ou de olho aberto, mas sem nunca se fazer ouvir. A Bia mostrou alguns ciúmes com a presença do novo elemento da família. Chegou mesmo a dizer: "Agora todos querem ir ver o 'Bernardinho'", num tom que denotava um pouco de ciumeira misturado com ironia. Isto para uma criança que acaba de fazer seis anos, tem muito que se lhe diga. Por causa disso, decidi entretê-la durante a tarde e prestar-lhe atenção, brincando às 'típicas' cabeleireiras e manicures, onde eu deixo - literalmente - ela fazer tudo o que lhe passa pela cabeça. O resultado? Vim para casa com uma mão pintada de rosa choque e a outra de roxo.


domingo, junho 03, 2007

just like me...

Finalmente conhecemo-nos... e a empatia foi imediata. A Diane é afectuosa, querida, simpática, curiosa, brincalhona, bem-disposta e possui uma pele igual à minha. Pode parecer uma coisa normal para todas as pessoas, mas para mim não é. Nunca na minha vida conheci alguém com uma pele igual à minha para além da minha mãe e agora, conhecer alguém assim, da minha idade, com histórias de vida iguais à minha, com sentimentos e receios iguais aos meus, com medos e complexos como os meus, com alegrias e tristezas como as minhas, foi bom e estranho ao mesmo tempo. Foi libertador e emocional. Foi alegre e triste. Foi um turbilhão de coisas e de sentimentos que ainda agora me ecoam na mente e me fazem pensar no propósito de tudo.
Sinto que este encontro foi tão importante para mim quanto para ela, que nos fez bem a ambas, que precisávamos dele. Talvez para nos sentirmos mais nós mesmas, para deixarmos de ter aquela ideia de que somos uns bichos raros que mais ninguém entende, ou para nos fazer perceber, que afinal as histórias feias também podem ter finais felizes.
Sinto do fundo do meu coração, que a Diane entrou na minha vida com um grande propósito, que lentamente se vai definindo e me mostrando novos caminhos. Sei que ela sente o mesmo a meu respeito. Acho que ambas ansiávamos por isto. Necessitávamos, é mais o termo.
Tal como eu, a Diane é filha única. Tal como eu, a Diane vai com os seus cremes para todo o lado, barrando as mãos ásperas, sempre que a pele lhe pede. Tal como eu, a Diane usa collants, mesmo no Verão, para que os outros (as pessoas), não notem tanto que afinal, a pele que a cobre não é a mesma que a deles. Tal como eu, a Diane tem um marido que a adora e que a trata como ela realmente merece. Tal como eu, a Diane quer um filho saudável, porque sabe o que custa lidar diariamente com um problema que não pedimos e para o qual não há solução. Tal como eu, a Diane já não consegue ficar verdadeiramente feliz quando sabe que alguém está grávida. Não é por maldade, é por tristeza. Tal como eu, a Diane não perde a esperança. Não culpa ninguém. Não deixa de ter vontade de viver.
São tantas as semelhanças que nos unem, que as diferenças que nos separam nem sequer se fazem notar.