sexta-feira, novembro 28, 2014

Musiquinha

 
Em dia de suposta celebração oiço esta música e tenho vontade de chorar.
 

quinta-feira, novembro 27, 2014

um cantinho acolhedor

 

Ontem, por motivos de trabalho, fui almoçar ao Cantinho do Avillez no Chiado. Nunca lá tinha estado, nem entrado e gostei da simplicidade despretensiosa e acolhedora com toques de cultura portuguesa presente nas mais pequenas coisas. Gostei dos pormenores à mesa, que tão facilmente podemos recriar em nossa casa, basta apenas um pouco de imaginação, como a base feita de rolhas de cortiça, uma forma de pudim a servir de cesto do pão ou os pequenos púcaros de inox que servem para as mais variadas coisas - colocar azeitonas, molhos, etc. - do chão com mosaico hidraúlico ou dos pratos cavalinho na parede. Gostei do grande lavatório em pedra mármore e das entradas que foram a minha perdição (as mini empadinhas de perdiz estavam qualquer coisa de transcendente, quentinhas e fofas que só elas, devorava umas vinte - sem exageros - e pronto, ficava almoçada, nem precisava de mais nada, bastava-me as mini empadinhas de perdiz para ficar consolada...) Mas fui comedida, uma verdadeira lady (e não lontra) e só comi uma, guardei-me para a fritada de farinheira, para a broa de milho e azeitonas, para as lascas de bacalhau em cama de legumes e para o gelado de avelã no final. Sou menina para isso e muito mais, que apetite é coisa que me assiste em doses duplas, mas saí de lá bastante satisfeita e com a barriga a bater palminhas.
 

a partir de hoje vou ser...


 
Oficialmente uma 'bimbólica'.
Pois é, depois de vários anos a dizer 'ah e tal eu não preciso disso para nada que sou  uma cozinheira de mão cheia' (que sou), eis que me rendi à evidência da ciência e decidi adquirir a bimby mais tecnológica, a mais recente, a mais cara, a mais tudo! E chega hoje! E eu, qual criança à espera do Natal não vejo a hora de ter o meu novo 'brinquedo' e de me pôr a fazer comidas que eu nem sabia que sabia fazer, ou com uma facilidade que desconhecia - que é mais isso que espero da bimby.
O que pesou (e muito) na decisão de adquirir uma bimby foi acima de tudo o pouco tempo que disponho durante a semana e o facto de me ir permitir algum facilitismo na gestão do mesmo quando chego a casa, em que me desdobro em mil entre cozinha, jantar, banho da cria e toda a logística de dona de casa que, acredito, tantas de vocês tão bem conhecem. Geralmente nunca estou em casa antes das 19h20/19h30 e o tempo para cozinhar e fazer tudo o resto é cronometrado. Ando sempre, sempre, sempre a mil, com preocupações do género - 'Ai Jesus que tenho cerca de 20 minutos para dar banho à miúda enquanto isto agora está a estufar' e o descalabro de 'F+p%#/$ que já deixei passar mais do que devia e queimei esta m*!%* toda'. Com a bimby isso acabou, até posso estar meia hora a dar banho à criança que a comida não queima, ela avisa quando estiver pronta e eu, mesmo que esteja demorada não tenho de vir a correr, qual louca, escada abaixo para vir baixar o lume ou mexer o tacho. Claro que não faz tudo, já sei, mas nem eu espero isso de uma máquina, já sei que é muito boa, mas que não vai às compras por mim nem me estende a roupa. Por isso as expectativas são realistas. Espero com a bimby ganhar mais tempo e qualidade de vida, menos preocupações por assim dizer e continuar a cozinhar para toda a família, diariamente, de forma saudável, variada e com muito mais possibilidades. Acima de tudo, agradou-me a ideia de não ter de sujar tachos e tachinhos para cozinhar isto e aquilo, fazer arroz, sopa ou refogar e só essa visão, de menos loiça em cima do fogão e para lavar, deixou-me logo convencida, já para não falar na quantidade de coisas maravilhosas que a minha amiga Sónia - que foi quem me vendeu a bimby - decidiu fazer quando foi lá a casa fazer a demonstração. Ela foi limonada, ela foi batido de frutos silvestres, mousse de frutos silvestres, pão ralado aromatizado com salsa, massa de pizza, sopa, frango em cama de legumes com bechámel (o bechamel feito também na bimby) e o arroz cozinhado com o vapor dos legumes. E estava tudo ma-ra-vi-lho-so! Ma-ra-vi-lho-so!!
Hoje a Sónia vai novamente lá a casa, mas desta vez leva a MINHA bimby! (My precious!) E para o jantar vamos fazer bacalhau com espinafres. Também vai levar a miúda, por isso a Madalena já anda louca com a ideia de que logo à noite tem a visita da Maria e brincadeira garantida. Mas para mim, para mim hoje é Natal!
Can't wait!

quarta-feira, novembro 26, 2014

o ponto do não retorno

Por causa deste post da Marta sobre um 'quase-episódio' de violência doméstica e de como o mesmo fez com que a relação nunca mais voltasse a ser a mesma, dei por mim a pensar num episódio semelhante que aconteceu comigo e que também foi o ponto de viragem no meu casamento na altura.
O meu ex-marido sempre foi um homem afável, simpático e cordial com toda a gente. Desfazia-se em amabilidades com tudo e todos e era impossível não haver quem dissesse que aquele rapaz não era 'um bom rapaz'. E ele sabia disso e disso fazia gáudio. Mas eu também sabia que o seu intímo não era assim tão 'bom' quanto fazia transparecer e que havia um lado negro que quando se revelava mostrava a sua força. Presenciei várias situações que me deixaram surpresa, como quando a gata miava na varanda - impossibilitada de vir para dentro de casa pelo próprio - quando lá fora caía um temporal desgraçado  e ele decidiu mandar um murro na porta de vidro ao ponto de a partir achando que dessa forma o animal se calava. (Quem é que era o animal aqui? Pois...)
Este foi um de vários episódios, mas o derradeiro, aquele que mudou o meu 'set-mind' chamemos-lhe assim, foi num dia em que era a M. pequenina e eu estava na casa de banho a dar-lhe banho. A miúda, já não me recordo o porquê, mas nesse dia estava particularmente impossível e chorava muito. Lembro-me que o chamei para me ajudar e que tivemos uma enorme discussão à frente dela, para logo a seguir e levado pela fúria do momento, me empurrar com força - fazendo-me desequilibrar só parando contra a parede - e me tirou o chuveiro das mãos. Nesse momento que, se calhar para ele foi insignificante, tudo fez sentido para mim. De repente passei a ver tudo claro e na minha cabeça as ideias e as certezas arrumaram-se. Lembrei-me de cenas que presenciei em casa dos meus pais e que jurei que nunca teria na minha vida. Lembrei-me de tudo aquilo que eu não quero em alguém que esteja ao meu lado, mesmo que esse alguém seja o pai da minha filha e, acima de tudo, lembrei-me que por mais sorrisos e amabilidades que vejamos numa pessoa ela revela-se como verdadeiramente é nos momentos mais insignificantes. E que eu não gostei do que vi.
Porque é mesmo isso, basta que me batas uma vez, basta que tenhas a atitude, ou que sejas quase tentado ou levado 'a'. Basta uma vez para ver tudo claro e para ter a certeza de que se tens a atitude uma vez, terás a atitude sempre, porque ela te passa e existe na tua cabeça.
Esse foi o meu dia (e ponto) de viragem e nunca, mas mesmo nunca me arrependi da decisão que a partir daí tomei.
 
E orgulho-me muito disso.

terça-feira, novembro 25, 2014

Aloita universo

Não resisti à gula e à fome a meio da tarde e fui ao café do lado comprar uma almofadinha de carne. Já tinha comido uma ao almoço e sabia que estavam maravilhosas. O senhor do café, enquanto colocava o salgado no saquinho de papel pergunta-me, 'Gosta de chamuças?' e eu "'Ah e tal, gosto, mas só tenho dinheiro para um salgado'. 'Não se preocupe, este ofereço eu, que vai-me sobrar e prefiro oferecer!' # ‪#‎megalontra ‪#‎ouniversoadarmeadobrar #aloitauniverso

quinta-feira, novembro 20, 2014

Quem disse que a música ambiente dos supermercados não é fixe?

Pequena cria, ontem, em pleno Pingo Doce decidiu fazer um solo de guitarra, deixando-se levar pela música ambiente e completamente imbuída do espírito rock&roll.
 
Quando me virei estava em pleno delírio de solo guitarrístico, com um senhor especado a olhar para ela.
 
Estás a fazer? Perguntei-lhe com ar de gozo.
Estou a tocar! Respondeu ela com ar de 'ratona'.
 
E assim ficámos, em pleno supermercado, a rir as duas que nem umas perdidas.
 

a vida ao contrário

Nestes dias escuros, feios, frios e negros, em que chove de manhã à noite sem uma abébia de céu, como se S. Pedro decidisse chorar todas as mágoas sem fim à vista, passo o dia a desejar ir para casa. Sonho com a minha cama e invade-me uma moleza e inércia que só se anima com o vislumbre do quente e do algodão dos lençóis. Passo o dia nesta letargia, ansiando pelo momento em que me aninho e estendo o corpo dorido das horas passadas ao computador e do sono que me assola durante o dia.
Por isso, o que me chateia à brava, é que quando finalmente me encontro no tão aguardado objecto de desejo diário, acordo passado pouco tempo depois de adormecer (normalmente uma hora e meia, duas no máximo) e o sono desaparece como que por magia ficando duas a três horas acordada. Tem sido assim nos últimos dias, passo a maior parte do tempo e da minha noite acordada, sem sono, voltando a adormecer quando o despertador está quase a tocar, passando o resto do dia completamente em modo zombie.
E nem posso esperar que a televisão me salve porque às 4 da manhã não dá nada de jeito.
 
Vale-me o Pinterest.

quarta-feira, novembro 19, 2014

All I want for Christmas...



Já que nos anos não tive grande sorte :-P

terça-feira, novembro 18, 2014

O que queres para o Natal?


 
A minha pequena cria, chegada aos seis anos, anda naquela fase de pedir um irmão. Tem sido um tema recorrente desde há vários meses. Como ainda não viu a vontade ser-lhe feita, decidiu que vai escrever ao Pai Natal a pedir um e conta a sua ideia a toda a gente. Nós achamos-lhe graça e até já a incentivámos a fazê-lo, quando montarmos a árvore de Natal, ajudamo-la a escrever a carta ao Pai Natal.
Ontem, quando fui buscá-la à escola e depois de ter passado o fim-de-semana com o pai, vínhamos no carro para casa e eis que quando a conversa derrapou para o tema Natal (porque lhe disse que no próximo fim-de-semana fazíamos a árvore), ela comunica-me que ‘afinal já não vou pedir um irmão ao Pai Natal’. Perante o meu ar de espanto pergunto-lhe o porquê e ela volta a dizer que não, que vai pedir outra coisa.
Ora, sabendo eu que aquele comentário não vinha do nada decidi ‘esgravatar’ mais fundo a questão e, tal como suspeitava, percebi que lhe tinham feito a cabeça no fim-de-semana de forma a que pensasse que um irmão não era algo assim tão bom como ela imaginava, mas antes um ser que lhe ia destruir os brinquedos ou roubar-lhe o amor da mãe.
Fiquei piursa. Como é que podem meter estas ideias na cabeça de uma criança inocente de 6 anos, fazendo-lhe uma lavagem cerebral de forma a que pense que ter um irmão é algo mau, alimentando o egoísmo e tentando manipulá-la de forma tão baixa e mesquinha?
Respirei fundo umas quantas vezes e decidi falar com ela com toda a calma do mundo. Disse-lhe que a mãe é filha única e que sempre desejei muito ter um irmão mas nunca tive. Que um irmão é um companheiro para a vida, alguém que estará sempre do nosso lado, com quem partilhamos as nossas coisas, com quem rimos, choramos e com quem às vezes também nos chateamos, tal como acontece quando ela se chateia com as amigas e que depois rapidamente voltam a fazer as pazes. Disse-lhe para ela perguntar a essas mesmas amigas da escola, que têm irmãos, se não gostam deles (eu sei que ela é das poucas que é filha única, todos têm irmãos) e se preferiam não ter irmãos para que os mesmos não brincassem com os seus brinquedos… por fim terminei com a explicação de que o facto de se ter irmão não significa que a mãe ou o pai gostem menos dela (acho que este é o seu maior medo) ou que lhe vão dar menos atenção, que o amor multiplica-se e é infinito, não diminui.
De repente, ela vira-se para mim, com os olhos cheios de lágrimas e diz: ‘mãe para, não digas essas coisas que me fazes chorar.’
À noite, já depois de tudo isto, mais calma e já no seu estado normal de alegria, voltou a dizer que ia pedir um irmão ao Pai Natal.
Missão cumprida.
 

segunda-feira, novembro 17, 2014

Resumo do fim de semana em uma palavra


"Ronha"

mas também posso dar sinónimos:

"Dormir"

"Não fazer (quase) nada"

"Vegetar"

"Descansar"

Nestes fins-de-semana de Outono, em que estou sem a pequena cria em casa, aproveito para recarregar baterias e dormir muito, como não durmo em todos os outros dias da semana, sem tempos para comer, acordar, ou respeitar os ritmos impostos do relógio. Deixar-me guiar apenas pela vontade sem stresses e sem culpas... sabe tão bem.
 
Era capaz de habituar-me a isto.

Agradecer também aos senhores da Telecine que proporcionaram um fim-de-semana de canal aberto o que significou um barrigada de filmes como há muito não acontecia: The Great Gatsby e Diana foram algumas das recentes novidades que ainda não tinha visto e que agora não me escaparam, mas também a oportunidade de rever A Vida é Bela. Terminar o fim-de-semana caseiro com uma ida real ao cinema e ver finalmente Gone Girl. Vir de lá siderada.

sexta-feira, novembro 14, 2014

Autumn

 
À hora a que escrevo este post chove a potes. Do sítio onde me sento no escritório mal vislumbro a rua, as janelas ficam longe e estão a maior parte do tempo com as persianas corridas e eu estou sentada no fundo da sala, mas sei que a noite está feia e fria, perfeita para ir para casa enroscar-me na manta e no sofá. À hora do almoço fui à rua comer fora. Deixei a marmita no frigorífico e permiti-me a um devaneio de gastar dinheiro em um almoço do qual não tinha necessidade, qual burguesa. De regresso fotografei as cores do Outono que tanto adoro, árvores pinceladas de amarelos torrados, castanhos dourados e vermelho tinto, numa abébia de sol que o dia permitiu.
Bom fim-de-semana.

memories

 
Vestir o meu casaco mais quente pela primeira vez este Outono, meter a mão no bolso e encontrar dois bilhetes do metro de Paris e a chave do cadeado que deixámos na Pont des Arts.

Aqui ninguém toca - a reacção

 
Tal como disse no post anterior, ontem tinha em mente mostrar o vídeo da campanha 'Aqui ninguém toca' à M. e contar-lhe a história do menino e da mão. Assim o fiz. Contei-lhe a história, que ela adorou e mostrei-lhe o vídeo. No final da história, sem eu ter feito qualquer referência ou tido a conversa com ela sobre onde é ou não permitido tocar, ela diz: 'Ah, então já percebi! A mão não pode tocar debaixo da roupa interior e se o fizer não devemos guardar segredo e contar a um adulto de nossa confiança'.
 
É isso mesmo coisa 'mai' linda, riqueza de sua mãe! (Peito a inchar de orgulho)

quinta-feira, novembro 13, 2014

'Aqui ninguém toca'

Depois de ver e ler esta notícia que me deixou perplexa, fiquei durante algum tempo a pensar no assunto.
Sim, já todos lemos e ouvimos notícias destas e pensamos que nunca nos bate à porta, mas esta teve o condão de me deixar mesmo a pensar no assunto e de me assustar. Sim, já tinha lido sobre a estatística que afirma que uma em cada cinco crianças será vítima de violência ou abuso sexual, mas temos sempre aquela tendência de fazer ouvidos moucos e de achar que não será concerteza com os nossos filhos, de encolher os ombros de ler outra notícia mais alegre e esquecer a anterior e pronto, a vida continua e não se fala mais nisso.
Mas hoje dei por mim a pensar que não podemos, não posso ser assim. Será que reconheceria os sinais se a minha filha passasse por isso? A verdade é que a maior parte deste agentes agressores estão inseridos no meio que lhes serve de inspiração. E este em questão era respeitado por toda a comunidade, gozava de uma reputação inquebrável, além de ser adorado pelas crianças e de gozar de uma confiança inabalável por parte dos pais. E é isso que assusta. O facto de confiarmos tanto em alguém e de nunca colocarmos a questão de que essa pessoa pode não ser exactamente aquilo que achamos que é. Claro que todos corremos esse risco, seja na vida, nas relações pessoais, no trabalho, na escola... Quantas vezes não confiámos em pessoas que reveleram não ser nada daquilo que pensávamos delas? O problema aqui é que em adultos sabemo-nos defender, ou sabemos lidar (melhor ou pior) com isso, mas as crianças não. E a questão que se levanta é como ensiná-las a identificar se estão ou não perante um possível agressor? Como explicar-lhes se aquele professor de ginástica ou educador do atelier de expressão plástica, que é um querido e que está sempre lá para lhes dar atenção, não tem afinal segundas intenções? Como ensiná-las do que é o toque ou comportamento certo do errado? Como fazê-las entender, em tão tenras idades, de que há toques apropriados - seja por amigos ou familiares - de outros que não são permitidos? É difícil, deixa-nos confusos, com medo de não saber lidar com a situação.
Por causa destas questões que hoje me ficaram a matutar na cabeça e entre pesquisas, encontrei esta campanha fantástica, "Aqui ninguém toca" que tem um site, um livro que pode ser descarregado em PDF, um filme e mensagens explicativas de como lidar com a situação com uma criança e formas de abordagem.
Para eles, crianças, a linguagem é simples, infantil, visual, rodeada de dois personagens - uma mão e um menino - que vão explicando de forma também ela simples, infantil e visual o que uma mão pode e não pode fazer.
É tão educativo e didático que merece ser divulgada em larga escala! Eu já descarreguei o livro para mostrar à M. e ainda hoje espero conseguir mostrar-lhe o vídeo. Porque mais vale prevenir.
 
 

comunicar = amar


 Acredito, cada vez mais, que uma relação é feita acima de tudo de comunicação. Independentemente do quanto gostamos do outro, do quanto amamos, do quanto nos faz (ou não) feliz. Sem comunicação nenhuma relação resiste e tudo desvanece, tudo morre. Não há gesto que a salve. Porque por mais que eu repare nas 'small things' e que saiba o quanto elas também são importantes, são as palavras, a confiança e a partilha de sentimentos traduzidos nas palavras que realmente aquecem e inflamam o meu coração.

quarta-feira, novembro 12, 2014

eu só não adivinho a sorte grande mas ninguém acredita

Coloquei a casa à venda. Fechei contrato com uma imobiliária durante 6 meses que me vai ficar com uma boa percentagem caso o negócio se concretize e deixo nas mãos do destino para que assim seja apesar de tudo e que finalmente encerre este capítulo do passado. Mas o meu lado racional, ou experiência de vida, chamemos-lhe assim, levam-me a torcer o nariz e a ficar de pé atrás com toda a situação. Porque tenho campaínhas de 'aviso' que tocam e me dizem, 'Mafalda, já passaste por isto antes e sabes bem o que aí vem' e porque, impreterivelmente, acaba sempre por sobrar nas minhas costas mais um fardo para carregar. Porque já tive a casa à venda uma vez e sei bem como é o filme de marcar visitas, ajustar horários para abrir as portas de casa a estranhos, andar num stress e correrias por causa dos outros, coordenar os horários com o trabalho e tentar ter as coisas minimamente arrumadas e decentes para mostrar - quem é que quer ir visitar uma casa que não seja harmoniosa e esteja num pé de vento? Hoje ligaram-me a perguntar se podia ir mostrar a casa a meio da tarde para um casal que a queria ver. Disse que a meio da tarde era impossível, que estava no escritório e que não podia simplesmente ausentar-me durante uma hora ou mais, sem dar justificações para ir mostrar a casa. Ficou então definido que mostraria a casa durante a hora do almoço, tendo ficado combinado as 14h00. Isso permitia-me sair do trabalho às 13h00, ir até casa e arrumar tudo o que estava fora do sítio para a mesma ter um ar apresentável e voltar para o escritório a horas decentes. Assim foi, saí a correr, fui para casa a correr, arrumei a quantidade de coisas que estavam fora do sítio; fiz camas, lavei loiça, arrumei brinquedos espalhados na sala, casacos que se acumulavam nas costas de uma cadeira, a máquina de aerossóis em plena mesa de jantar, medicamentos espalhados na bancada dentro do armário da casa de banho, despejei finalmente os sacos de lixo que se acumulavam na cozinha para levar para os ecopontos, varri, limpei o pó, passei esfregona no chão, abri janelas, deixei a luz entrar e até coloquei ambientadores na sala e no quarto para dar 'ambiente'. Às duas da tarde a casa estava num brinco e comecei então a espera e a ver pela janela se havia movimento no bairro que indicasse a chegada dos visitantes. Nada. Vazio total.
Às 14h15 decidi ligar para o meu contacto da imobiliária para saber se o colega que supostamente iria mostrar a casa a um casal estava atrasado. Foi então que levei com um balde de água fria. 'Atrasaram-se numa outra visita e já não vão conseguir ir.' Oi? Como é que é? Nem um simples telefonema a avisar que estavam atrasados ou que não conseguiriam comparecer, nada. Fiquei fula da vida. Ali estava eu, qual fada do lar, sem almoçar, mas com a casa num brinco, já atrasada para o escritório, à espera de umas supostas pessoas que não me tiveram em  mínima consideração perante os meus avisos e condições para mostrar a (minha) casa durante a (minha) hora de almoço.
Começa bem esta segunda volta da 'venda da casa' e, não querendo ser pessimista mas sendo-o, também já sei qual vai ser o desfecho que a mesma irá ter.
E com isto penso: caramba, se eu adivinho mesmo tudo, Deus, ao menos bem me podias deixar acertar a chave do euromilhões... é que isto de ser bruxa mas pobre não tem piada nenhuma e só me dá chatices e eu já me sinto velha e cansada. É isto.
 
 

terça-feira, novembro 04, 2014

note to self

Nestes 36 anos acabados de cumprir uma lição importante a reter: tenho de (conseguir) aprender a não esperar tanto dos outros. Só assim evitarei as desilusões e expetativas que deposito e que me saem sempre goradas.