terça-feira, agosto 24, 2010

Sweet November


Ando a pedir ao Carlos, praticamente desde o início do ano, para irmos a Paris. Ele diz sempre que sim, que 'havemos' de ir a Paris, mas a verdade é que até agora... népias! Nem sinal da viagem no horizonte, nem tentativas de marcação, nem uma data sugerida, nada.
O meu marido é muito bom rapaz, é verdade e há que dizê-lo, mas no que diz respeito a ter iniciativa para ir a algum lado... argh... bom, já deixa assim um pouco a desejar! Tenho de andar a melgá-lo, a chorar-me pelos cantos, a lastimar-me, a dar-lhe uma verdadeira lavagem cerebral para que ele lá se mentalize e diga: "Pronto, vamos lá". É assim para tudo, não é só no que diz respeito às viagens ao estrangeiro. Também é assim para irmos a algum lado no fim-de-semana, ou fazermos algum programinha diferente, assim como não há férias nenhumas em que não seja eu a tratar das coisas e estas últimas, mesmo no Algarve e em casa emprestada por um familiar, não foram excepção.
Depois de muito me queixar, ele lá disse: 'Pronto, quando chegarmos a Lisboa, marcamos logo a viagem a Paris, é só escolheres a data' e eu vibrei! Escolhemos o fim-de-semana de 2, 3 de Outubro, para fazer ponte e colarmos com o feriado de 5 de Outubro, antecipando assim a comemoração dos nossos 5 anos de casados, mas qual não é o meu espanto quando, ao regressar ao trabalho, vejo que marcaram um evento para dia 7 de Outubro, o que significa que, sendo eu a responsável por aquele cliente, não posso fazer ponte nos dias que o antecedem... Fiquei para morrer. Culpei a porra do bad karma e do destino pelos planos todos que foram por água abaixo, já que até Novembro o trabalho vai ser tanto, que não poderei tirar dias.
Mas ontem, ontem voltei a ver a luz ao fundo do túnel quando, a minha 'irmã' Cátia me ligou, já passava das dez da noite e me fez a proposta mais tentadora dos últimos tempos: "Olha Maria - que é como ela sempre me trata - estava aqui a falar com o meu homem e temos uma proposta para vos fazer. O que é que dizem de vir a Paris connosco, lá para Novembro, e depois dali apanharmos o combóio e irmos até à Bélgica, depois Amesterdão e fazermos assim um 'giro' de mochila às costas, nós os quatro?".
A minha reacção imediata não foi de alegria pelas palavras que ela tinha acabado de proferir, mas sim de preocupação maternal: "E o que é que tu fazes às crianças?".
Resposta dela: "Não sei, não quero pensar nisso agora, logo se vê! Estou numa fase da minha vida em que preciso de um pouco de loucura!".
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E pronto, foi isto. Lá para Novembro sou capaz de fazer uma viagem, durante uma semanita, acompanhada pelos melhores amigos de sempre, de mochila às costas, armada em turista pé de chinelo, com promessa de momentos de diversão e loucura incluídos no pacote.
Porque também eu estou numa fase da vida em que acho que mereço 'a little bit of fun'.

sábado, agosto 21, 2010

good vibes

Há dias que começam iguais a tantos outros e acabam de forma inesperada, mas no bom sentido. Hoje foi um desses dias.
Há dias em que o passado nos entra porta adentro, sem bater, sem pedir licença e traz consigo uma mão cheia de boas memórias e recordações, de pessoas que partiram das nossas vidas sem deixar rasto, mas que regressam cheias de presentes e sorrisos.
Hoje foi um desses dias.
Há dias que julgamos dar demasiada importância a pormenores que, depois, se perdem com o tempo e deixam de ser relevantes.
Hoje foi um desses dias.
Há dias em que vimos que perdoar é bom e faz bem à alma.
Hoje foi um desses dias.
Há dias em que nos sentimos felizardas por tudo o que temos na vida.
Hoje foi um desses dias.

Há dias em que ficamos em paz com nós mesmas.
Hoje foi um desses dias.

quarta-feira, agosto 18, 2010

just keep dreaming

Copenhaga

Amesterdão

Nunca pensei voltar a dizer isto, mas ultimamente, a ideia anda a ganhar força e era capaz de voltar a fazer tal coisa:


"Acho que quero emigrar!"


E a Dinamarca ou a Holanda seriam, sem dúvida, das primeiras opções de países a considerar!
O problema é que na minha área (e respectivo cônjugue) é uma treta! Porque, basicamente, dependo da língua materna para viver e trabalhar...
Trabalhar como jornalista, account, relações públicas, assessoria de imprensa, whatever num país estrangeiro sem dominar a língua, sem saber quem são os jornalistas e a imprensa, como se movimentam, o que os move, como negociar peças e reportagens, como fazer eventos e ter meios confirmados... torna-se quase impossível!
A agravar a coisa vem o facto de não ser uma pessoa à procura de trabalho, mas sim duas pessoas adultas e uma criança...
Quando vivi em Madrid era solteira, não tinha família nem grandes responsabilidades a cargo, não tinha horários, nem restrições e fui para lá para trabalhar em português, escrever e falar em português e na minha área. Claro que depois conheci o marmanjo que hoje é meu marido e pimbas, toca de regressar a Portugal. Na altura não me arrependi nadinha - ainda hoje não me arrependo, porque o canal onde estava entretanto fechou - mas uma coisa é partir para um país já com trabalho garantido e na área, outra é partir sem saber o que esperar. Coisa que, é certo, nunca faria.
O meu inglês anda enferrujadíssimo, o espanhol idem - porque nunca mais falei, nem treinei a escrita - e por isso, resta-me o tão singelo e complexo português onde, muitas vezes, dou valentes calinadas!
Basicamente, acho que a minha área 'sucks'. Andei tantos anos a estudar, a tirar cursos, a fazer workshops disto e daquilo, a trabalhar em jornalismo, em televisão, em imprensa, em assessoria, em marketing, para não me especializar em absolutamente nada e em coisa nenhuma!


Humpf :-<





domingo, agosto 15, 2010

Fomos de férias e já viemos. Foram, chamemos-lhe, umas 'espécie' de férias, com Madalena a fazer birras por tudo e por nada: para andar nas maquinetas junto aos cafés, por querer andar na rua, por não querer estar sentada à mesa nos cafés e restaurantes, por não deixar os seus pais estarem sentados à mesa dos cafés e restaurantes, por não querer sair da água, por não querer sair da praia, por estar aborrecida, porque sim, porque não, por quase tudo e quase nada...
Foram 5 dias de 'stress', onde os nossos horários foram ditados por ela e em detrimento dela, onde as horas de lazer e descontracção foram poucas, onde as saídas estiveram quase sempre condicionadas pelos seus horários, pelo seu sono e pelo seu humor. Foram férias mas não souberam a férias, fizemos praia, mas ao mesmo tempo 'não fizemos' praia, estivemos no Algarve mas nem vi o Algarve, saímos à noite mas não saímos à noite.
Acho que quem tem filhos, em algum momento das suas vidas, acaba por ter este sentimento. Eu tenho-o, confesso, e de forma frequente. O sentimento de me sentir oprimida, oprime-me a maior parte do tempo, ou melhor, sufoca-me. Anda a sufocar-me e não devia. Até porque, como diz o pai desta casa, temos uma filha saudável que, apesar de nos dar muito trabalhinho, não deixa de ser uma criança, com todas as birras e desejos e vontades não compreendidas que lhe competem e próprias da idade.
O pior é que me sinto injusta e castradora a maior parte do tempo. Tempo esse que não volta atrás e um dia, vou acordar e pensar, nostalgicamente, que tenho saudades da minha menina pequenina, ou do tempo em que ir com ela de férias era um stress e uma pilha de nervos mas em que estávamos, efectivamente, todos juntos. Um dia, eu hei-de querer que ela vá de férias comigo e ela será a primeira a torcer o nariz e a sentir-se oprimida e, nessa altura, sentirei o vazio e a solidão a dizerem-me "olá" acenando-me o companheirismo.
Confesso que tenho inveja dos programas divertidos e glamourosos de quem não tem filhos, das saídas nocturna, dos jantares e das conversas fora de horas, das decisões ao sabor da vontade, sem limitações de qualquer espécie, mas também me tento lembrar daquela altura em que olhava os jovens pais de primeira viagem e me sentia num planeta à parte, como se ser mãe fosse algo me que estava vedado. E é nesse sentimento que tenho de me lembrar e é nesse desejo, que foi tanto, de ser mãe e de ter um filho que me tenho de centrar.
Porque como diz um provérbio chinês: "Cuidado com aquilo que desejas. Pode tornar-se realidade."
O meu tornou e agora, cabe-me a mim saber viver e lidar com ele, não como um entrave, mas como uma mais valia na minha vida.
Ser mãe mudou radicalmente a minha vida, impôs-me uma paragem própria, em termos pessoais e profissionais, deu-lhe um novo rumo e direcção, mas também me fez ficar mais perdida no meu 'eu', desejos e vontades. Apesar de aos poucos as coisas começarem a entrar nos eixos, eu ainda não me sinto alinhada, nem tão pouco convencida, mas vou aprendendo a viver com isso da melhor maneira que sei e posso, mesmo que haja muitos dias em que me sinta uma verdadeira besta.