domingo, novembro 29, 2009

para a frente é o caminho...


E a grande notícia do dia desta casa é a de que a nossa 'garota gira', a nossa 'enfant terrible', a nossa 'pequena fera' já deu os primeiros passos!!!
Ainda cambaleante, ainda muito trôpega, ainda muito curtos e poucos, ainda muito a medo, mas já dá!!



Opáááááááááááááááááááááááá. Está a ficar uma crescida!! Sniff.

sexta-feira, novembro 27, 2009

ele há coisas...

Hoje, estava eu sentada numa esplanada, na converseta com a comadre, quando uma jovem ciganita a vender pensos rápidos se aproxima de nós e com aquele ar de 'compra-me-lá-qualquer-coisinha-que-sou-uma-desgraçada-pobrezinha-cigana-miserável', pergunta se queremos comprar algo do que ela tem para vender.
Acenei com a cabeça em forma de não, mas a rapariga não arredava pé e ali ficou, a fazer pressão psicológica, a olhar para nós como se fossemos umas cabras cheias de dinheiro que não ajudam um pobre coitado. Perante a nossa firmeza na resposta começou então a ladaínha do peditório.
'-Dá-me uma moeda, tenho fome, quero qualquer coisa para comer'.
E eu, peremptóriamente, sem arredar pé da minha negação, continuei a abanar a cabeça. Mas ela insistia:
'-Dá-me uma moeda, quero comer.'
E eu voltei a abanar a cabeça em forma de não.
'-Então dá-me um cigarro'
E eu, que estava a mexer no maço de tabaco na altura, tirei um cigarro do mesmo, estendi-lhe a mão e dei-lho. Assim como o fiz, assim me largou. Nem um obrigado, nem um agradecimento. Antes pelo contrário, pediu-me lume, sempre com os olhos postos em mim, a intimidar-me, a fixar-me com desdém, como se fosse a maior puta ao cimo da terra.
E agora perguntam vocês, mas porque é que deste um cigarro a quem te pedia comida?
Pois é... dei um cigarro, porque aquela 'pobre ciganita miserável que vendia pensos rápidos', de 'miserável' propriamente dito, não tinha nada. Estava limpa, bem vestida e apresentável. Cara de passar fome tinha tanta quanto eu, por isso, neguei-lhe sempre a 'moeda'.
Mais, quando me pediu o cigarro e me estendeu a mão, qual não é o meu espanto e me deparo com unhas de gel, impecavelmente arranjadas e com brilhantes colados nas pontas.
Ah pois é, 'dá-me uma moeda, tenho fome, quero comer', mas com unhas daquelas, nem eu ando, que as minhas estão cortadas rente e pintadas de verniz vermelho comprado no chinês...
Por isso, bem posso ir pedir também, que de certeza até tirava mais ao final do mês do que aquilo que recebo do estado.

quinta-feira, novembro 26, 2009

Só nesta semana, a minha filha veio da creche com uma dentada no braço - feita por outro menino - e hoje, com outro galo enorme (no mesmo sítio onde bateu com a cabeça na semana passada!) porque, supostamente, viu uma menina a comer e ficou tão descontrolada, que caiu do cavalinho onde estava pendurada a baloiçar...
Continua bem disposta e gosta de lá estar, mas eu já começo a achar que aquilo não é uma creche, aquilo é uma selva!
Tadinha da minha gajola!!

quarta-feira, novembro 25, 2009

e tudo o que é bom, acaba!

E pronto, mais uma etapa concluída na minha vida. A formação que andei a fazer durante 45 dias, terminou.
Hoje já não tive de enfrentar o trânsito da manhã, nem de ouvir a crónica do Nuno Markl na Rádio Comercial, nem de procurar lugar e gastar 4€ em parquímetros diariamente, nem de começar a rir-me que nem uma perdida logo às 10h00, altura em que as aulas começavam e em que a nossa turma (que ficou carinhosamente apelidada de 'Galhofas'....) se reunia e começava a disparar e a dizer baboseiras que nem uns doidos.
Não fiz nada disso, porque ontem, foi o último dia de curso e hoje já fiquei por casa, resignando-me à minha condição de mãe e de desempregada.
Ontem tivemos direito a almoço e jantar de grupo. Fui portanto, sozinha para a borga, deixando marido e filha em casa. Ri-me muito, aliás, chorei de tanto rir, tirámos fotos que ficaram, a maior parte, todas desfocadas, bebemos sangria, comemos pouco (e mal) e fumámos que nem uns desalmados. Oferecemos flores e postalinhos às formadoras e tivemos direito a um powerpoint das mesmas, projectado em sala, onde falaram de cada formando e das suas características. De mim, disseram-me que sou meiga e transparente, entre outras coisas bonitas que agora não me lembro... Fiquei sensibilizada, confesso.
No ar ficaram as promessas de mais encontros, mais jantares ou almoços, de trocas de emails e visitas, mas, como já sei que com o tempo cada qual segue a sua vida e a disponibilidade começa a ser pouca ou nenhuma, limito-me apenas a pensar que foram 45 dias bons, rodeados por muita energia positiva e onde 12 pessoas, sem se conhecerem de lado nenhum, com gostos e estilos de vida completamente diferentes, conseguiram dar-se, revelar-se, entender-se, rir e brincar em conjunto, criando algo que certamente, ficará no coração de todos.
Não tenho dúvidas.

segunda-feira, novembro 23, 2009

higiene oral, amamentação e uma mãe à beira de um ataque de nervos

Hoje tive reunião de pais na creche da Madalena. O motivo: 'higiene oral'. Aqui há uns dias, veio para casa um aviso dirigido aos pais, de que iria haver 'formação' sobre a higiene oral nas crianças dividida por duas sessões e em dias diferentes. O primeiro foi hoje, o segundo será em Dezembro.
Assinei o meu nome para estar presente até porque tinha curiosidade sobre o tema. A Madalena já tem 3 dentes, (quase 4) e eu, apesar de lhe fazer o 'esfreganço' das gengivas, não lhe lavo os dentes propriamente dito, isto porque uma dentista me alertou de que as pastas existentes no mercado para crianças a partir de 1 ano não são as mais indicadas e devem ser evitadas ao máximo.
Movida pela curiosidade e interesse lá compareci. A hora estava marcada para as 18h30, mas eram 19h00 e continuávamos à espera. Eu confesso que o avançado da hora já me estava a stressar. A Madalena continuava na salinha dela, com as auxiliares, mas eu sei que a esta hora já ela está cravada de sono, cravada de fome e depois não há quem a ature.
Lá entrámos para a sala grande - onde geralmente metem os putos todos das 18h00 às 19h30 - e eis que começou a 'sessão' com todos os pais sentadinhos nas cadeiras. Começou bem, houve temas sobre os quais tinha dúvidas e onde aprendi como proceder.
Por exemplo, não se deve lavar os dentes dos bebés que ainda não tenham molares com escova e pasta dentífrica. Deve-se sim, a partir de cedo, enrolar o nosso dedo indicador numa compressa embebida em água previamente fervida ou soro fisiológico e 'lavar' toda a boca do bebé, esfregar o maxilar superior, inferior e língua. Quanto mais vezes o fizermos, menos o bebé sentirá a transicção quando introduzirmos a escova.
Mais, as dedeiras de silicone nada lavam, assim como uma suposta 'escova' da Nuk - que eu própria uso - que não é uma escova propriamente dita, mas sim uma 'espécie', com umas saliências rugosas que a Madalena adora porque lhe coça a gengiva. A médica dentista disse que esta 'pseudo-escova' da Nuk nada lava, é certo, mas dentro do mal, nem é assim tão má de todo e que o ideal será lavar primeiro com a compressa e depois dar-lhe isto, porque realmente é um 'excelente massajador' de gengivas que os alivia imenso.
Outra coisa que aprendi e partilho, é que a única pasta dentrífica existente no mercado até aos 3 anos de idade que cumpre as regras de flúor indicadas para as crianças é a Imodyum Júnior, que possui até 250 dpp (sendo os 'DPP' a quantidade de flúor existente na pasta). O flúor, em quantidades excessivas é prejudicial para a saúde das crianças, chegando a ser tóxico e grave. Há pastas, para crianças até aos 3 anos, que possuem cerca de 1000 dpp de flúor, o que é um atentado à saúde, podendo causar problemas como gastrites e intoxicações. A pasta da marca Chicco, por exemplo, é um desses casos e deve ser evitada ao máximo.
E tudo estava a correr bem - tirando o avançado da hora - até que a senhora médica dentista resolve, no meio daquela 'formação' sobre higiene oral infantil, falar de amamentação. Ok, achei estranho mas não liguei, porque pensei, quando vi o powerpoint, que ela se estava a referir ao uso do biberão e de como o mesmo pode alterar o alinhamento dos dentes, ou algo assim, mas eis que dou por mim a ouvir isto:
'os bebés são espertos e sabem que beber pelo biberão é mais fácil do que mamar, por isso, nunca se deve dar um biberão a um bebé'. Ok, eu quando ouvi isto ainda pensei que tivesse ouvido mal, que ela não se estivesse a referir a 'todos os bebés', ou 'aos bebés recém-nascidos', ou seja a que tipo de bebé for, de tão incrédula e parva que estava, mas ela continuou:
'se um bebé não quiser mamar de mama, em vez do biberão, devemos de dar um daqueles copos conta-gotas. Como eles geralmente detestam beber pelo copo, porque têm de fazer muito esforço, quando lhes damos a mama novamente eles acham a mama a coisa mais fantástica do mundo e já não a largam. eu se soubesse isso quando amamentei o meu filho tinha-o feito, por isso é que eu vos conto isto, porque resulta mesmo. Mesmo assim consegui amamentar até aos 9 meses em exclusivo'.
Bom... nesta fase eu já estava com vontade de partir a loiça toda, confesso. Para mim, isto foi a maior barbaridade que eu já ouvi recentemente. Dar um copo conta-gotas a um bebé em vez do biberão?!? Mas alguém no seu perfeito juízo faz isto?!? Uma mãe que não consiga amamentar, por ter uma mastite, por exemplo, deverá dar leite num copo conta-gotas a um recém-nascido ou a bebé de pouco tempo? Uma mãe que não tenha leite, deverá dar um copo conta-gotas ao seu filho? Uma mãe que tenha os mamilos em ferida, é preguiçosa por não querer amamentar mais?
Estas e outras questões assolavam-me a mente e estavam prestes a rebentar mas lá me contive. Não quis rodar a baiana em frente aos pais da creche inteira, educadoras e auxiliares, mas vontade não me faltou. Ouvir frases destas, ditas em frente a uma sala cheia de pais como se fossem sentenças de 'verdade absoluta', revoltam-me as entranhas.
Não suporto o fanatismo da amamentação que recentemente prolifera como se fosse 'máxima absoluta'. Não suporto que uma mulher, seja porque razão for, que não queira, não possa, ou opte por não amamentar, se sinta desvalorizada na sua condição de mulher e de mãe. Para mim, uma mãe que não amamente não é menos mãe por isso. Um bebé que não mame em exclusivo leite materno não é menos bebé, inteligente, ou criança. Não fica traumatizado, não é inferior.
Eu amamentei durante 3 meses (em complemento com o biberão a partir das 2 semanas) e confesso, não fiquei fã. Tinha os mamilos esfolados e em ferida. Dar de mamar provocáva-me dores de morrer, mas fi-lo, porque queria passar pela experiência de 'amamentar'.
Mas assim como dei de mamar, estava desejosa de deixar de dar. Para mim, libertar-me da mama em prol do biberão foi isso mesmo, libertador. A minha mama é a minha mama, não é do povo e isso de andar sempre com ela de fora porque a criança tem fome, fazia-me confusão ao sistema nervoso. Não é porque fui mãe que deixo de ter pudor, logo, dar de mamar em pleno shopping, na rua, no café, em frente a desconhecidos, ou até mesmo da família, sempre mexeu comigo.
Se o meu pai antes de eu ser mãe não me via as mamas, porque motivo é que eu, a partir do momento em que pari um filho, tenho de as exibir a familiares e amigos como se fosse a coisa mais natural deste mundo?
Dar de mamar é natural, não me interpretem mal, mas para mim, foi uma experiência sofredora.
Não morri de amores. Para mim, há tanta ligação e carinho no gesto de dar de mamar quanto no dar de biberão. Para mim é completamente anti-natura, exigir que uma mãe de primeira jornada, tenha de acordar de 2 em 2 horas durante a noite - e assim continuar durante o dia - para dar de mamar, num esforço inglório para que a criança coma e não perca peso. Mas quem gosta de amamentar que o faça e MUITO! Mas não me venham é cá dizer que um puto de 15 ou 16 meses, que já tem dentes, que come sólidos, que rói maçãs, mas que continua a querer a mama da mãe, que é bonito de se ver, porque para mim, não é!!
E depois falam da depressão pós-parto e disto e daquilo e esquecem-se que o bem estar da mãe passa por coisas que, tal como o nome indica, a façam sentir BEM e que não é potenciando sentimentos de culpa na pobre coitada, por não ter dado peito e ter optado pelo biberão, que a coisa melhora!
E o que me apeteceu dizer àquela senhora médica dentista, é que se tiver outro filho, assim como levei a chucha na mala para a maternidade e a coloquei na boca da minha filha mesmo quando todas as enfermeiras me criticavam por o estar a fazer, é bem provável que leve logo um biberão esterilizado e leite em pó e lhe prepare um leitinho morninho na hora!





(Desculpem-me o desabafo, mas há coisas que me tiram do sério... e quando me tiram do sério, eu expludo! E muito!!)

domingo, novembro 22, 2009

go natural

Foi o que fizemos este fim-de-semana, em que fomos até à terra dos pais do Carlos. Já não íamos à aldeia há vários e longos meses. Não é que eu não goste de lá ir, antes pelo contrário, adoro a aldeia, as casas em pedra, a solidão do lugar, o verde estampado em cada recanto, a água que corre de fininho pelos inúmeros ribeiros e riachos que fogem até onde o destino os leva, mas devido às picardias com a mãe dele e ao stress que me provoca, as idas à aldeia reduzem-se às necessárias e pouco mais. Esta não foi excepção.
Confesso que se não fosse isso, não me importava nada de lá passar as férias, fins-de-semana, de levar os amigos, de passar temporadas. O ar que se respira é puro, limpo, cortante e fresco. O frio que se entranha no rosto é real. A serra fumega de manhã, em manchas brancas, como se fosse um enorme animal adormecido e à noite deixa-se invadir pelo manto negro que a cobre como um cobertor quente.
Gosto do campo no seu estado mais bruto, mais primitivo. Gosto desta aldeia que nem um café tem, onde as gentes conseguem ser tão afáveis quanto indelicadas, onde as mãos que nos servem possuem unhas sujas, sinal de trabalho, que não me causam repulsa. Gosto da pobreza de espírito e da nobreza de alma dos que aqui vivem, da generosidade com que nos recebem.
Gosto que a minha filha cresça rodeada por certos valores que também fizeram parte da minha infância e que ainda hoje recordo com saudade.
O meu avô paterno era apicultor. A minha avó era leiteira. Tenho raízes à terra, aos bichos, à dureza da vida no campo. Passei grande parte da minha infância a correr livremente, sem horas nem destinos, numa altura em que ser criança tinha tanto de liberdade como de inconsciente.
Foram momentos tão felizes e marcantes que hoje, olho para trás, e é-me impossível não pensar neles sem esboçar um sorriso.
E só espero que um dia, a Madalena, saiba dar valor à riqueza que tem na vida dela, por ter lugares como este, onde pode sempre voltar e rejugiar-se.

quinta-feira, novembro 19, 2009

eu não aguento...

...mas não aguento MESMO, gente que me imita à descarada!!
Epá, que lata, que falta de personalidade, que falta de senso, que cara de pau!!
E, fazer a festa de aniversário da filha, praticamente igual à da minha, com o mesmo tipo de convites - feitos pela mesma pessoa - ter, tal como eu tive, o livro de honra - também feito pela mesma pessoa - ter as mesmas lembranças/ofertas - também feitas pela mesma pessoa - e se calhar, até ir fazer no mesmo espaço que eu... bom, confesso que fico de tal forma irritada, que tenho tanta vontade de ir à dita festa como de torcer um pé.
Vá lá, só não baptiza a criança no mesmo dia porque já não foi a tempo, porque senão, nem disso me livrava.
Chiça, que é demais!

Mais do mesmo...

Ontem, em conversa com um ex colega meu que já não vejo e falo há séculos, mas que adicionei no facebook recentemente, o mesmo dizia-me:
Ele: ' - Então e agora, o que andas a fazer profissionalmente?'
Eu: ' - Nada. Ando à procura de trabalho neste momento. Não me renovaram o contrato quando estava praticamente no final da gravidez e desde então que tenho estado dedicada à maternidade.'
Ele: '- Oh, que pena! E eu a pensar que já eras directora de uma revista qualquer'.
Confesso, esta frase matou-me. Talvez porque para quem me conheceu em ambiente de trabalho, numa altura - em que como este colega - eu estava responsável por um projecto editorial - tenha ficado sempre com a sensação de que seria bem sucedida e que os contratempos não me bateriam à porta. Mas bateram. Aliás, já mais do que uma vez. Já tive grandes altos e grande baixos. Nada na minha vida é muito linear ou estável. Ando sempre às cambalhotas.
Mas esta frase - que nem foi dita por ele com qualquer tipo de malícia - eu, pelo menos, não interpretei como tal, fez-me sentir derrotada, subaproveitada. Mesmo.
Como se o tempo estivesse a passar por mim e não houvesse nada que eu pudesse fazer.
E hoje, a meio do curso só pensava no tempo que me resta de subsídio de desemprego - que é pouco, muito pouco - e estava de tal forma embrulhada nos meus pensamentos, preocupada com a minha situação profissional, que devia de ter uma expressão tamanha de tristeza espelhada no rosto, que a minha colega do lado reparou e me perguntou muito séria:
'No que é que tu estás a pensar?'

quarta-feira, novembro 18, 2009

gaja que é gaja...

... pinta as unhas enquanto está parada nos sinais vermelhos e seca-as com a sofagem ligada no máximo!!!

terça-feira, novembro 17, 2009

em busca de um trabalho perdido

Hoje andei a bater pé. Corri seca e meca, imbuída do espírito empreendedor e dinâmico do 'Yes I Can', movida pela vontade e determinação de que vou ser bem sucedida nesta minha árdua (e ingrata) tarefa de: 'entregar currículos em mão e de porta a porta'.
Ora, para começar, decidi começar em grande, por aquelas que são as 'top of the top' das revistas glamourosas deste nosso pequeno pais à beira-mar plantado e, às 12h30, entrava eu pela porta da Cofina adentro, lampeira que nem um corisco. Tanto excesso de confiança deu nas vistas e claro, fui logo barrada pelo segurança da recepção que me perguntou onde é que eu ia. Lá expliquei que queria subir à redacção da Máxima e da Vogue e entregar, em mãos, o meu CV. (já que pelo email e por correio já lhes perdi a conta...)
Enquanto me pedia um cartão de identificação e tirava os meus dados, a colega, uma rapariga de farda azul, morena, pequena e muito empenhada, ligava num ápice para as redacções, enquanto eu assistia a tudo contrariada, pois já sabia que dali não ia passar.
Bem dito, bem certo. Da Vogue mandaram 'deixar o CV na recepção', lugar onde eu me encontrava, e da Máxima mandaram-me para o departamento de recursos humanos, que por sua vez nem me quis atender. Fiquei mesmo lixadinha. Tão lixadinha que praguejei.
'Eu não vim aqui para deixar Cv´s na recepção. Para isso mandava por email. Eu vim aqui, pessoalmente, para falar com alguém, apresentar-me, para que me vejam'.
A rapariga pequenina e eficiente da recepção sorriu meio a medo e tentou consolar-me na revolta mandando-me regressar amanhã: 'Sabe, eles para não a atenderem (referindo-se aos recursos humanos) é porque estão cheios de trabalho' e eu lá acenei com a cabeça, conformada e dando-me por vencida.
Saí da Cofina danada comigo mesma: 'Mas o que é que tu esperavas Mafalda? Queres ir trabalhar para as duas revistas mais elitistas e snobistas do mercado, depois queixa-te', mas como não sou gaja de desistir facilmente - e como estava apenas a umas ruas da redacção da Elle - toca de começar a andar energicamente para ir bater agora a outra porta.
Cheguei à redacção da Elle à hora do almoço. Mau, portanto. Não estava lá ninguém. E, há semelhança do que me tinha acontecida na Cofina, também fui barrada pelo porteiro que me perguntou logo: 'onde ia'. Desta vez tive sorte e apanhei um senhor simpático que me disse para regressar às 14h30, altura em que regressavam da pausa. Assim fiz.
Andei por aqueles quarteirões a bater perna e a fazer tempo. Enfiei-me numa loja tipo 'Bagatela' e gastei dinheiro em meia dúzia de coisas para a Madalena e alusivas ao Natal, almocei sozinha no chinês enquanto um plasma estava sintonizado num qualquer canal de desporto e onde só passava futebol ao mesmo tempo que eu assistia, na mesa da frente, a um casal de adolescentes que só fazia porcaria e se deixava consumir pelo desejo da paixão. Tive ainda tempo de retocar a maquilhagem e ver se o cabelo estava decente e, às 14h45, estava eu dentro do elevador a caminho do 4ª andar onde reside a redacção da Elle...
Quando passei a porta de vidro, fui parar logo ao open space da redacção/departamento gráfico. Senti-me meio tonta, confesso, ali especada, de pé, sem ter sequer uma recepção onde me dirigir e com toda a gente a ignorar-me. Mal entrei, a directora da revista -a temida Fátima Cotta que goza de uma reputação terrível no meio editorial - bateu com os olhos em mim e fez-me um olhar de desdém, como que a pensar: 'quem é esta?'. Não me intimidei. Para mim, saber que ela andava ali, de pé, a poucos centímetros de mim era a oportunidade perfeita para a abordar, só que, quando ia fazê-lo, fui interditada por uma rapariga que me perguntou delicadamente se 'precisava de ajuda'.
Lá lhe disse ao que ia, o que estava ali a fazer, que queria apenas deixar o meu CV e, se possível, dar uma palavrinha à 'Fátinha' (claro que não a chamei de Fátinha...)
A resposta do outro lado não se fez esperar: 'Ah, isso é que já não é possível. Tem de se ter marcação primeiro...'
Puufff... só me apetecia dizer: 'Yeah, right'! Marcação primeiro! E eu sou a Madre Teresa de Calcutá!' Ela nunca na vida ia aceitar uma marcação com uma perfeita desconhecida que apenas queria 'entregar um CV e falar dela mesma, mas pronto, eu fingi que sim e despedi-me entre palavras educadas e cordiais.
Apesar de ter sido curto e sem qualquer réstia de esperança, eu senti que não foi em vão... aqui ao menos consegui chegar à fala com alguém e, mais importante, a directora da própria revista bateu com os olhos em mim, viu-me e - apesar de me ter virado as costas - o mais provável foi, assim que eu saí dali, a rapariga a quem deixei o CV lho ter ido mostrar, ou dizer o que fazia ali semelhante criatura... por isso, do mal o menos.
Apesar de tudo, como ando sensível e tal, saí da redacção da Elle arrasada, a sentir que todo o meu esforço é em vão e que da forma como o mercado está, não irei conseguir voltar a trabalhar na área editorial.
Quando cheguei ao carro agarrei no volante e pensei: 'Qual o próximo destino?' Lembrei-me então da recente e novíssima Playboy, a única revista do não menos recente e instalado grupo editorial Fresta! E, nem vou de modos, agarrei no telefone, pedi ao Carlos que me visse na net a morada e, 20 minutos depois, lá estava eu à porta do edifício.
Enquanto olhava a placa gigante colocada à porta onde aparecem descriminadas todas as empresas que ali 'trabalham', reparo que aquela que procuro é no 3º andar e, quando ia para tocar, um senhor bem parecido vestido de fato e gravata e com as mãos cheias de sacos do MacDonalds toca na campaínha e apenas diz: 'sou eu, abre a porta'.
Pensei cá para comigo: 'epá, tu tens pinta de administrador, sócio, editor, director da revista' e eu não te vou deixar fugir!! Segui atrás dele até ao elevador e ficámos lado a lado à espera do mesmo. Foi nesse instante que eu, levada pela minha maior lata e coragem, me virei para o homem, encarei-o de frente e, com a maior cara de pau, me apresentei dizendo-lhe quem era e o que estava ali a fazer.
A reacção não podia ter sido mais positiva. O homem - que confesso nunca ter ficado a saber o nome, mas que desconfio seriamente ser um dos big bosses lá de dentro - foi simpatiquíssimo comigo. Disse-me logo: 'Ah, então não vou receber um currículo aqui em baixo, faça favor de subir, venha comigo, temos todo o gosto em recebê-la' e eu, contentinha da silva e a pensar que não podia ter corrido melhor, lá o segui, qual cãozinho bem mandado, até ao escritório.
Quando entrei, fui encaminhada até um sofá de pele, o senhor engravatado e educado foi a uma sala de vidro onde meia dúzia de homens se encontravam em reunião e onde deixou os sacos do Macdonalds que transportava nas mãos, em seguida, dirigiu-se a outra sala de vidro e chamou um outro rapaz que prontamente me veio receber. E foi assim, que eu, Mafalda Antunes (ou Guilhermina Mafalda, como preferirem), estive à conversa com um dos editores da Playboy durante cerca de 10 a 15 minutos. Pude falar do meu percurso, mostrar interesse na publicação, mostrar que possuo disponibilidade e experiência e que, se quiserem e puderem, não se esqueçam de mim, porque sinceramente não me importo nada que a revista mostre maminhas e mais sei lá o quê! Eu quero é voltar a trabalhar nas revistas e 'mai nada'.
O rapaz que falou comigo foi de uma amabilidade que eu confesso já não estar habituada no meio. Mostrou-se super acessível, atento e interessado, falou de que estavam a surgir novos projectos no grupo e que se houvesse oportunidade, sim senhora, não seria esquecida. Acho até que gostou da minha iniciativa. No final desculpei-me por ter aparecido ali de rompante, sem pré-aviso e por, de certa forma, ter interferido com o trabalho da equipa, mas ele lá deixou escapar um 'não é habitual fazerem isto', entre sorrisos, o que eu interpretei como algo positivo e que não os deixou indiferentes.
Despediu-se de mim com um aperto de mão bem forte - outro sinal que considerei positivo - e eu saí de lá contentíssima por ter feito o que fiz.
Claro que pode não dar em nada. O mais certo é não dar em nada, mas pá, só o facto de me terem recebido, perdido 5 minutos do seu tempo a ouvir-me, a mostrar interesse naquilo que já fiz na área, fez-me sentir valorizada e não tratada como 'mais uma', ou 'um pedaço de lixo', algo desprovido de interesse...
Porra, tenho mesmo saudades de trabalhar em equipas com homens! São tãããoooo, mas tãaãããoooo mais cordiais, educados e fáceis de lidar/conviver/trabalhar que as mulheres!!

coisas


Em dias de chuva intensa, a A8 de manhã, principalmente nos acessos a Lisboa, vira a auto-estrada do inferno. Ainda antes de chegar às portagens de Loures já eu vou em pára-arranca e assim continuo, durante quilómetros a fio, até conseguir chegar ao meu destino bem no centro da capital. É um verdadeiro teste à minha paciência (que não é de santa) e acabo sempre por chegar atrasassíma. Hoje, por exemplo, cheguei às aulas eram 10h45, quando as mesmas começam às 10h00. Não que me digam alguma coisa - a formadora é muito querida e simpática - e há sempre imensa gente que chega atrasadíssima todos os dias, mas eu chateio-me à brava comigo mesma por chegar atrasada aonde quer que seja. Odeio.
Na passada sexta-feira tive de compensar uma aula durante a tarde, por isso fui assistir ao módulo com outra turma que não a minha... e que turma! Odiei-os! Achei-os tão parvos e arrogantes que me apetecia correr toda a gente à estalada. A formadora, que é a nossa, aguentou-se nas alturas mais críticas - em que certas pessoas, propositadamente, a colocavam em cheque - e nunca deu parte fraca, mas até eu já me estava a sentir desconfortável.
No intervalo, enquanto eu fumava um cigarro à entrada da escola, ela veio meter-se comigo: 'Então Guilhermina (para quem não sabe o meu primeiro nome é Guilhermina e é frequente tratarem-me assim em coisas mais 'formais'), o que é que achou?' E eu, meio encolhida e com medo de estar a meter o pé na poça apenas disse: 'Bom..., não tem nada a ver connosco'.
Ela sorriu e acenou com a cabeça: 'Não tem, pois não? É que não tem mesmo nada a ver.'
E ali ficámos, as duas, num silêncio consentido, embrulhadas nos nossos pensamentos. Eu como formanda, ela como formadora, a pensar que para a semana acaba-se esta energia, esta química que se criou entre as pessoas daquele pequeno grupo, que é tão boa e tão rara hoje em dia.

Afinal, não sou só eu que irei ter saudades.

segunda-feira, novembro 16, 2009

peso na consciência


Ontem, numa questão de segundos, enquanto praticava a minha apresentação final de curso - que é já quarta-feira - a Madalena, que andava por aqui a gatinhar alegremente pela sala, tentou pôr-se de pé agarrada à perna da mesa de jantar e foi direitinha com a testa à quina da mesma. Só tive tempo de ouvir uma pancada seca e de saber que dali vinham gritos de dor.
Agarrei nela rapidamente para a acalmar, mas ela desatou aos guinchos, como já seria de esperar. Noutra questão de segundos a testa dela inchou ao ponto de parecer uma bola de golfe e eu senti-me desesperar, até porque estava sozinha em casa e tive medo, pânico mesmo, de que a miúda começasse a vomitar, ficasse prostrada ou qualquer outra coisa má derivada da queda.
Depois de uns minutos de choro intenso, muitos beijos e mimo e de tentar reagir o mais rápido que podia à procura de gelo, de ligar para o Carlos a dizer o que tinha acontecido e para a minha mãe a pedir ajuda, ela lá se acalmou, mas continuava muito sensível e aquela testa dela inchada, muito inchada e negra, com sangue pisado, uma coisa mesmo feia de ver.
Já não é a primeira vez que a minha filha bate com a cabeça e faz galos pavorosos, mas como o de ontem, nunca tinha acontecido. Fiquei em verdadeiro pânico e senti-me impotente e até mesmo, negligente, porque ela estava mesmo ao pé de mim quando o acidente aconteceu e eu, com a descontracção do 'deixa-a andar a gatinhar, a explorar o mundo', não fiz nada que pudesse ter prevenido. Nesta fase, em que eles ainda não andam mas gatinham a uma velocidade louca e já se aventuram a pôr-se de pé sozinhos, sem medir o perigo, temos de ter mil olhos e eu ontem, senti que só tive dois e que não estavam sintonizados na mesma direcção.
Lá consegui dar-lhe o jantar de forma mais ou menos calma e ela acabou por ir para a cama bem disposta e dormiu a noite toda. Hoje de manhã o inchaço tinha desaparecido consideravelmente e agora é apenas mais o negrão que se vê do que outra coisa qualquer, mas continuo a sentir-me má mãe.

É estupidez, eu sei, mas continuo.
(e não consigo ter de maneira nenhuma uma foto gira e 'decente' de nós as duas. Humpf :-<)

domingo, novembro 15, 2009

Estou tão orgulhosa...



...da minha pequena, que hoje, ouviu a música 'Celebration' da Madonna na televisão, colocou os bracinhos no ar e abanou o corpinho, seguido de palminhas!
Opáááááááa!!! A minha garota gira sai mesmo à sua mãezinha!! :)

Uma questão de carolice


À muito tempo que tenho o 'sonho' de editar um livro. Mas, numa altura em que se editam livros aos pontapés, da forma mais ridícula e descartável, sempre me senti medíocre na escrita para o fazer. Escrever, eu escrevo, mas aquilo que escrevo (a maior parte em blogues que vou deixando aqui e ali ao abandono, com farrapos de ideias e pensamentos meus), não considero suficientemente 'bom' para ser sequer enviado para editoras, quanto mais, editado.
Antes de engravidar e durante as horas mortas no trabalho fui escrevendo histórias infantis. Fazia-o com descrição - já que o meu trabalho na agência passava essencialmente pela escrita -, logo, muitas vezes despachava o que tinha pendente e ficava com uma horinha ou duas, em que 'supostamente' ainda estava a a trabalhar, mas que na realidade andava absorta e entretida no mundo da fantasia.
Com este esquema em prática e durante algum tempo, escrevi duas histórias 'granditas' e distintas, mas com uma base mais ou menos comum: os valores da amizade. Depois de concluídas (e numa altura em que nem sequer pensava que ia engravidar nos próximos tempos), fiquei com elas na gaveta. Mas não muito, porque logo decidi concorrer a prémios e concursos literários na esperança vã de alguma delas ser alvo de interesse.
Não foram.
Concorri ao prémio Matilde Rosa Araújo da Câmara Municipal de Almada em 2007 e claro, não ganhei, nem me disseram nem 'ai' nem 'ui', mas não desisti, e toca de andar sempre à coca do que poderia fazer para editar as ditas histórias. Numa altura em que o 'boom' de figuras públicas que editam livros infantil atingiu o seu expoente máximo, eu sentia-me a 'pseudo-escritora-desconhecida' mais azarada do mundo.
Foi então que decidi começar a enviá-las para editoras, por email e esperar que alguma se dignasse a responder-me.
Passado uns meses respondeu-me uma editora: a Papiro (até conhecida, apesar de 'pequenina') e eu fiquei felicíssima da vida. Lembro-me que quando vi o email na minha caixa de correio até se me soltaram umas lágrimazitas de alegria estúpida e pensava cá para comigo, de que afinal, toda a treta do livro 'O Segredo', da 'visualização daquilo que queremos que aconteça na nossa vida' era mesmo verdade.
Wroonnnggggg. (mais uma vez!)
A verdade é que tive uma proposta editorial sim senhora, mas não foi assim de mão beijada e como eu queria, tipo: 'adorámos as suas histórias, vamos editá-las e pronto, não se preocupe com mais nada'. Nop. Neste momento não é assim que o mercado funciona e claro, eles gostaram das histórias e queriam editá-las, mas como eu sou uma perfeita desconhecida no meio literário e livreiro, a única maneira de 'pegarem' em mim e editarem a minha obra, seria 'obrigando-me' a comprar/adquirir cerca de 200 exemplares da minha própria edição e vendê-los pelos meus próprios meios. Ora, feitas as contas, o valor era e continua a ser, insuportável para avançar.
Fiquei varrida de frustração. Mesmo. É a tal coisa, uma pessoa pensa que o sonho está perto de ser concretizável e vai-se a ver, não há bela sem senão.
Apesar de ter tentado negociar e ver se me editavam os exemplares todos sem eu gastar um tostão a editora não cedeu e eu acabei por desistir.
Voltei à carga e toca de enviar as obras para milhentas outras editoras.
Obtive várias respostas. Ao todo, acho que já tive umas 5 propostas editoriais... Mas todas, mesmo todas, 'pedem' (qual pedem, exigem!!) que eu compre parte da totalidade dos exemplares que pretendem editar, o que significa gastar uma verba ainda bastante considerável e que, neste momento, me é impossível de fazer - mais não seja pela minha condição de 'desocupada'. Justificam-se com afirmações do género; 'neste momento é assim que o mercado livreiro funciona, caso contrário as editoras não conseguem lançar novos autores' e eu, por mais que tentasse negociar, dizer que abdicava da comissão nas vendas, que apenas queria era editar a obra, a resposta era sempre negativa e incontornável da parte delas.
Confesso que sempre que dizia às editoras que me era impossível suportar parte da minha própria edição sentia-me a morrer na praia. É como estar quase a agarrar algo que se deseja muito, mas faltar a pontinha de um dedo para o conseguir fazer (neste caso, notinhas na carteira!). De todas as vezes que isso acontecia, sentia que andava a desperdiçar oportunidades pela janela e que podia ser a última vez que alguém reparava naquilo que escrevia e mostrava interesse.
Ora, há uns meses atrás, não muitos, obtive outra proposta. Desta feita de uma pequena editora desconhecida que me apresentava valores bem mais acessíveis de serem suportados. Fiz as contas e achei que se é por carolice que quero mesmo editar um livro - já que em termos de lucro, ao contrário do que muitos possam pensar, isso é nulo - então, bora lá, vamos apostar nisso e tendo em conta o número de exemplares que me pediam para suportar/comprar e o valor dos mesmos, eu conseguia 'aguentar' essa despesa.
Depois de uma acessa troca de emails fiquei a aguardar a chegada do contrato editorial a minha casa. Segundo os responsáveis da editora, o livro seria colocado à venda antes do Natal e por isso, havia urgência no assunto. Achei excelente. A altura para editar um livro infantil era perfeita e permitir-me-ia vender os exemplares que terei de adquirir com alguma 'relativa' facilidade...
Pois, mas nem tudo é como esperamos e afinal, a pressa demonstrada pela editora rapidamente desacelerou... O contrato editorial nunca mais chegava a casa e todo o santo dia eu abrir a caixa do correio em vão.
Finalmente, sexta-feira passada e depois de eu ter enviado 'não-sei-quantos-emails' e telefonemas, eis que chegou. Li-o de uma ponta à outra e agora estou aqui com o dilema de se hei-de mesmo ir para a frente com toda esta história. Isto porque eles editam a obra sim senhora e os preços até são acessíveis e eu consigo suportá-los, mas... o número de exemplares que irão ser editados é baixa, baixinha (apenas 300), eu lucrarei apenas 1,20€ por cada obra vendida - sendo que a mesma irá ter, à partida, um preço de venda ao público de 16€ (algo que considero caríssimo para um livro infantil) - terei de ser eu a organizar a sessão de lançamento (coisa nunca antes vista, ou seja, essas despesas sairão todas do meu bolso), além de que não vejo em lado nenhum livros da dita editora à venda, não terei uma palavra activa na escolha do tipo de ilustração/grafismo que a obra irá ter, ou saberei, sequer, como pretendem divulgar a obra.
Ou seja, basicamente, eu fui a cabeça que idealizou a história, a base de tudo, mas é a editora que fica com todos os eventuais lucros. O autor, (por ser desconhecido, pobrezinho, pequenino, e todos os diminuitivos possíveis de serem aqui referidos), é remetido à sua insignificância...
Mais, se de futuro quiser rescindir contrato com a editora, ainda terei de a indemnizar por todos os livros colocados à venda no mercado... logo, acho que desta história não tiro proveito nenhum, apenas e só a 'carolice', o de saber que editei um livro, que alguém, remotamente, poderá vir a comprar ou a ler ao seu filho, sobrinho, afilhado, etc..
E sinceramente, não sei a tenho carolice para tanto.
Só sei é que esta história, este 'sonho', me deixa um forte sabor agridoce na boca.

sábado, novembro 14, 2009

eu quero um sítio só para mim!

A minha mais recente demanda doméstica é conseguir ter uma escrivaninha. Pronto, algo tão simples de realizar como 'ir-ao-ikea-e-trazer-de-lá-uma-palete-com-uma-escrivaninha-maravilhosa-em-mil-peças-que-o-gajo-depois-irá-montar' e que me permita ter o meu usado, mas único portátil, num sítio digno para o mesmo. É simples, de facto, mas claro que comigo tem de ser difícil.

Primeiro porque o meu portátil, por ser, tal como o nome indica, um portátil, pode ser levado para todo o lado, logo, não 'precisa' necessariamente de um sítio onde marcar território. É assim comum ver-me a escrever no meu portátil nos mais variados sítios desta casa: no sofá, na cama, na mesa de jantar, na mesa da cozinha enquanto espero que a panela de pressão acabe de guisar a carne de vaca, até no quarto da miúda eu já escrevi posts e consultei a net, mas confesso que esta 'promiscuidade' de locais não me agrada nem um bocadinho.

Eu, apesar de não parecer, tenho coisas em que sou a atirar assim para o 'tradicional' e confesso que gostava MUITO de ter um sítio, um canto, uma mesa, enfim... uma ESCRIVANINHA, onde pudesse concentrar-me como deve ser, sentar-me e dedicar-me à escrita, ter, quem sabe, uma moldura ou outra a embelezar o sítio, uma jarra com crisântemos ou gerberas, algo assim bonito, algo feminino, algo recatado, algo assim:


Pronto, era um sonho, mas neste momento é um bocadinho difícil de realizar, porque não tenho nem espaço onde enfiar uma escrivaninha, nem este tipo de mobília fica bem com a decoração da maison da madamme. Claro que o gajo não tem uma escrivaninha. Escrivaninha não é coisa de 'gajo', é coisa de 'menina', com gavetinhas minúsculas, toda cheia de 'rocócós' e ainda por cima branca. Não, gajo que é gajo tem uma secretária imensa cheia de tralhas que são só dele; filmes sacados da net, toneladas de cd´s, todo o tipo de carregadores (do telemóvel, da plasystaton, disto e daquilo), clips, fita-cola, até o Mr. Invencible lá está, porque ele não tem um portátil nem um PC, não, ele e tal como todo o gajo que é gajo e designer gráfico, tem um Mac, 'fixo', logo, o nosso 'pseudo-escritório' é todo dele. Não há cá jarras com flores bonitas nem molduras com momentos felizes para ninguém. Há bolas da Nike e muita tecnologia.


Sendo assim, resta-me sonhar que um dia, ainda morarei numa casa onde tenha um recanto só meu, cheio de luz, com tecidos e flores de cores vibrantes, como rosas, lilazes e verdes e onde a minha escrivaninha será branca imaculada, com gavetinhas minúsculas mas românticas, cheia de rocócós mas elegante e nela estará, sereno e no seu trono, o meu já velho mas resistente portátil.

sexta-feira, novembro 13, 2009

grey skies over my head

Hoje, não sei se derivado do final do curso se aproximar a passos largos, se da altura do mês (por me estar a aparecer a menstruação à porta), estive o dia todo, mas mesmo tooodddooooo a sentir um vazio no peito e uma tristeza que geralmente se instala sempre por esta altura do ano e com o aproximar do Natal.
Tive de passar o dia todo em Lisboa, de manhã curso, à tarde, mais curso. Tudo porque faltei na terça-feira (por ter a Madalena doente) e hoje tive de compensar, caso contrário, chumbo. Ali é assim, não há cá faltas para ninguém.
Dada a proximidade geográfica da escola ao El Corte Inglés, tive a infeliz ideia de ir para lá passear - e tentar almoçar - entre o final do curso da manhã e o começo do da tarde. Não sou grande fã do El Corte, confesso. Além de caríssimo, acho-o elitista e basta uma pequena incursão por lá para constatarmos isso. Mas hoje, hoje ao passear por ali, só me apetecia chorar. Olhava a secção da cosmética e perfumaria e lembráva-me de quando era editora e ia às apresentações das marcas de beleza e recebia toneladas (sim, toneladas) de presentes diários... à redacção chegavam todo o tipo de coisas: os lançamentos dos últimos perfumes, as maquilhagens da estação, os convites mais inesperados. Para além de adorar o que fazia, tinha ainda esta mais valia, o de ser mimada até à exaustão e hoje, que estou no lado oposto, no fundo, mas no fundo do poço, em que nem uma perspectiva ou hipotética perspectiva de trabalho tenho a acenar-me ao longe... bom, só me apetecia chorar.
Não é um chorar tipo menina mimada: 'Ai eu tinha tantos presentes e agora não tenho'. Não, nada disso. É um 'chorar' porque hoje, olho para trás e lembro-me de como controlava um projecto que era quase todo meu, onde eu me sentia activa e integrada numa empresa onde, apesar de as coisas não serem um mar de rosas, eu até gostava do que fazia. É o sentir saudades de todos os dias ter aquela rotina estúpida de que tantas vezes me queixei. Do ter de me levantar cedo, de sair do quente da cama, de enfrentar o frio e o trânsito se assim tiver de ser, o de ouvir baboseiras e coisas estúpidas de pessoas não menos parvas todo o santo dia.
Sim, até disso tenho saudades.
Porque quando se está há mais de um ano em casa, os primeiros meses são muito bons, mas depois, depois começa a instalar-se um vazio que não nos larga. E eu, apesar de ser um bocadinho para o pessimista, acho que até tenho encarado tudo muito bem, não me tenho ido abaixo, sempre a mentalizar-me de que 'as coisas acontecem quando têm de acontecer' e outras frases feitas que me servem de consolo.
Mas no fundo, no fundo, hoje, senti que nada disso é verdade. Senti-me e sinto-me abandonada. Sem sorte. Azarada.
Assim como o dia. Triste e cinzenta.

quinta-feira, novembro 12, 2009

Está na hora...

... de voltar! :)
(se é que por aqui ainda alguém me lê!)
Mas eu ando com vontade. Vontade de transformar o 'Casinha' e de lhe fazer um 'facelift'.

Me aguardem...