segunda-feira, novembro 23, 2009

higiene oral, amamentação e uma mãe à beira de um ataque de nervos

Hoje tive reunião de pais na creche da Madalena. O motivo: 'higiene oral'. Aqui há uns dias, veio para casa um aviso dirigido aos pais, de que iria haver 'formação' sobre a higiene oral nas crianças dividida por duas sessões e em dias diferentes. O primeiro foi hoje, o segundo será em Dezembro.
Assinei o meu nome para estar presente até porque tinha curiosidade sobre o tema. A Madalena já tem 3 dentes, (quase 4) e eu, apesar de lhe fazer o 'esfreganço' das gengivas, não lhe lavo os dentes propriamente dito, isto porque uma dentista me alertou de que as pastas existentes no mercado para crianças a partir de 1 ano não são as mais indicadas e devem ser evitadas ao máximo.
Movida pela curiosidade e interesse lá compareci. A hora estava marcada para as 18h30, mas eram 19h00 e continuávamos à espera. Eu confesso que o avançado da hora já me estava a stressar. A Madalena continuava na salinha dela, com as auxiliares, mas eu sei que a esta hora já ela está cravada de sono, cravada de fome e depois não há quem a ature.
Lá entrámos para a sala grande - onde geralmente metem os putos todos das 18h00 às 19h30 - e eis que começou a 'sessão' com todos os pais sentadinhos nas cadeiras. Começou bem, houve temas sobre os quais tinha dúvidas e onde aprendi como proceder.
Por exemplo, não se deve lavar os dentes dos bebés que ainda não tenham molares com escova e pasta dentífrica. Deve-se sim, a partir de cedo, enrolar o nosso dedo indicador numa compressa embebida em água previamente fervida ou soro fisiológico e 'lavar' toda a boca do bebé, esfregar o maxilar superior, inferior e língua. Quanto mais vezes o fizermos, menos o bebé sentirá a transicção quando introduzirmos a escova.
Mais, as dedeiras de silicone nada lavam, assim como uma suposta 'escova' da Nuk - que eu própria uso - que não é uma escova propriamente dita, mas sim uma 'espécie', com umas saliências rugosas que a Madalena adora porque lhe coça a gengiva. A médica dentista disse que esta 'pseudo-escova' da Nuk nada lava, é certo, mas dentro do mal, nem é assim tão má de todo e que o ideal será lavar primeiro com a compressa e depois dar-lhe isto, porque realmente é um 'excelente massajador' de gengivas que os alivia imenso.
Outra coisa que aprendi e partilho, é que a única pasta dentrífica existente no mercado até aos 3 anos de idade que cumpre as regras de flúor indicadas para as crianças é a Imodyum Júnior, que possui até 250 dpp (sendo os 'DPP' a quantidade de flúor existente na pasta). O flúor, em quantidades excessivas é prejudicial para a saúde das crianças, chegando a ser tóxico e grave. Há pastas, para crianças até aos 3 anos, que possuem cerca de 1000 dpp de flúor, o que é um atentado à saúde, podendo causar problemas como gastrites e intoxicações. A pasta da marca Chicco, por exemplo, é um desses casos e deve ser evitada ao máximo.
E tudo estava a correr bem - tirando o avançado da hora - até que a senhora médica dentista resolve, no meio daquela 'formação' sobre higiene oral infantil, falar de amamentação. Ok, achei estranho mas não liguei, porque pensei, quando vi o powerpoint, que ela se estava a referir ao uso do biberão e de como o mesmo pode alterar o alinhamento dos dentes, ou algo assim, mas eis que dou por mim a ouvir isto:
'os bebés são espertos e sabem que beber pelo biberão é mais fácil do que mamar, por isso, nunca se deve dar um biberão a um bebé'. Ok, eu quando ouvi isto ainda pensei que tivesse ouvido mal, que ela não se estivesse a referir a 'todos os bebés', ou 'aos bebés recém-nascidos', ou seja a que tipo de bebé for, de tão incrédula e parva que estava, mas ela continuou:
'se um bebé não quiser mamar de mama, em vez do biberão, devemos de dar um daqueles copos conta-gotas. Como eles geralmente detestam beber pelo copo, porque têm de fazer muito esforço, quando lhes damos a mama novamente eles acham a mama a coisa mais fantástica do mundo e já não a largam. eu se soubesse isso quando amamentei o meu filho tinha-o feito, por isso é que eu vos conto isto, porque resulta mesmo. Mesmo assim consegui amamentar até aos 9 meses em exclusivo'.
Bom... nesta fase eu já estava com vontade de partir a loiça toda, confesso. Para mim, isto foi a maior barbaridade que eu já ouvi recentemente. Dar um copo conta-gotas a um bebé em vez do biberão?!? Mas alguém no seu perfeito juízo faz isto?!? Uma mãe que não consiga amamentar, por ter uma mastite, por exemplo, deverá dar leite num copo conta-gotas a um recém-nascido ou a bebé de pouco tempo? Uma mãe que não tenha leite, deverá dar um copo conta-gotas ao seu filho? Uma mãe que tenha os mamilos em ferida, é preguiçosa por não querer amamentar mais?
Estas e outras questões assolavam-me a mente e estavam prestes a rebentar mas lá me contive. Não quis rodar a baiana em frente aos pais da creche inteira, educadoras e auxiliares, mas vontade não me faltou. Ouvir frases destas, ditas em frente a uma sala cheia de pais como se fossem sentenças de 'verdade absoluta', revoltam-me as entranhas.
Não suporto o fanatismo da amamentação que recentemente prolifera como se fosse 'máxima absoluta'. Não suporto que uma mulher, seja porque razão for, que não queira, não possa, ou opte por não amamentar, se sinta desvalorizada na sua condição de mulher e de mãe. Para mim, uma mãe que não amamente não é menos mãe por isso. Um bebé que não mame em exclusivo leite materno não é menos bebé, inteligente, ou criança. Não fica traumatizado, não é inferior.
Eu amamentei durante 3 meses (em complemento com o biberão a partir das 2 semanas) e confesso, não fiquei fã. Tinha os mamilos esfolados e em ferida. Dar de mamar provocáva-me dores de morrer, mas fi-lo, porque queria passar pela experiência de 'amamentar'.
Mas assim como dei de mamar, estava desejosa de deixar de dar. Para mim, libertar-me da mama em prol do biberão foi isso mesmo, libertador. A minha mama é a minha mama, não é do povo e isso de andar sempre com ela de fora porque a criança tem fome, fazia-me confusão ao sistema nervoso. Não é porque fui mãe que deixo de ter pudor, logo, dar de mamar em pleno shopping, na rua, no café, em frente a desconhecidos, ou até mesmo da família, sempre mexeu comigo.
Se o meu pai antes de eu ser mãe não me via as mamas, porque motivo é que eu, a partir do momento em que pari um filho, tenho de as exibir a familiares e amigos como se fosse a coisa mais natural deste mundo?
Dar de mamar é natural, não me interpretem mal, mas para mim, foi uma experiência sofredora.
Não morri de amores. Para mim, há tanta ligação e carinho no gesto de dar de mamar quanto no dar de biberão. Para mim é completamente anti-natura, exigir que uma mãe de primeira jornada, tenha de acordar de 2 em 2 horas durante a noite - e assim continuar durante o dia - para dar de mamar, num esforço inglório para que a criança coma e não perca peso. Mas quem gosta de amamentar que o faça e MUITO! Mas não me venham é cá dizer que um puto de 15 ou 16 meses, que já tem dentes, que come sólidos, que rói maçãs, mas que continua a querer a mama da mãe, que é bonito de se ver, porque para mim, não é!!
E depois falam da depressão pós-parto e disto e daquilo e esquecem-se que o bem estar da mãe passa por coisas que, tal como o nome indica, a façam sentir BEM e que não é potenciando sentimentos de culpa na pobre coitada, por não ter dado peito e ter optado pelo biberão, que a coisa melhora!
E o que me apeteceu dizer àquela senhora médica dentista, é que se tiver outro filho, assim como levei a chucha na mala para a maternidade e a coloquei na boca da minha filha mesmo quando todas as enfermeiras me criticavam por o estar a fazer, é bem provável que leve logo um biberão esterilizado e leite em pó e lhe prepare um leitinho morninho na hora!





(Desculpem-me o desabafo, mas há coisas que me tiram do sério... e quando me tiram do sério, eu expludo! E muito!!)

1 comentário:

Maffa disse...

eh eh!! ai coitada da dentista se te dava na cabeca de lhe dizer isso tudo :)
Mas o que é que o amamentar tinha a ver com a higiene oral?!? De resto, concordo em muitas coisas contigo. Fanatismos é do pior que há... e isso de fazer a mäe sentir-se mal ou mesno mäe porque näo dá de mamar é horrivel... Mas pior ainda é dizer que tudo o que a mäe come faz mal ao leite (no caso de o filho ter cólicas ou dores de barriga). Aqui na Dinamarca säo um bocado fundamentalistas com a amamentacäo, quase toda a gente amamenta... mas nunca dizem que os problemas da barriga do bebé säo devido ao que a mäe come. Já é um esforco enorme estar ali sempre de mama à disposicao, quanto mais ainda näo poder comer nada.