quarta-feira, agosto 30, 2006

simplesmente Miró



Amo de paixão este pintor. Não sei explicar. Até vir para Lisboa estudar, nos meus idos 17 anos, confesso que pouco ou nada sabia sobre a sua arte. As cores quentes dos seus quadros, os seus devaneios quase infantis de riscos e rabiscos, de gotas de tinta e lampejos cor de sangue ainda não faziam parte do meu universo. 'E como é que eu pude viver em tamanha ignorância?', penso hoje quando olho para trás! Foi na loja da Arte Periférica, que existe dentro do CCB, que tomei contacto com os postais de bolso que reproduziam com exactidão as suas obras. Lembro-me que comprei uns quantos, assim quase de impulso e quando cheguei a casa apressei-me a colá-los na parede do meu singelo quarto de estudante com fita-cola. Tê-los ali, bem perto, todas as manhãs quando acordáva, ou simplesmente quando fechava os olhos, trazia sentido aos meus dias. Era quase como entrar para um mundo imaginário, de azuis fortes, pretos carregados, amarelos cintilantes e vermelhos cheios de dramatismo. Era a magia da pintura a funcionar, a inspiração a entrar-me nas células do corpo, quase como o ar que se respira.
Durou até hoje e tal como um grande amor, não morre, nem esmorece...
Cresce e torna-se E-TER-NO!

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