domingo, janeiro 21, 2007

O bicho das sete cabeças



















O Gaspar está connosco há 3 meses. Chegou-me dentro de uma caixa de papelão como antecipação de uma prenda de anos e entre nós houve química imediata. Pareceu-me meigo, 'pachacholas' - como lhe chamávamos ao início - mas depressa revelou a sua verdadeira personalidade felina assim que se habituou à casa e aos seus novos familiares. Nem a Magali, a dona e senhora da 'mansão' à até à data, o intimidava! O Gaspar tem comportamentos que por vezes chegam a roçar o agressivo, ou não fosse ele um felino. Mas eu confesso que este tipo de comportamento da parte de um gato doméstico, me soa a estranho, pois sempre tive gatos meigos e calmos. O Gaspar é o furacão sob a forma de gato! Nada pára quieto cá em casa e tudo o que mexa, tenha fios, ou dê para morder, é motivo de brincadeira desenfreada. Come sofregamente, como se não houvesse amanhã, o que me faz suspeitar que até vir para nossa casa, deve ter sido abandonado pela mãe e passado muita fominha... é capaz de comer um prato de comida sem nunca parar e quase sem nunca respirar - enquanto nós ficamos a ver a barriga dele aumentar tal como se fosse uma vaca! Às vezes chego a ficar com medo que ele de tanto comer, se sinta mal e morra de congestão, mas é capaz de logo em seguida, comer o que quer que estejamos a trincar, ou fazer uma miadeira desenfreada à hora do jantar ou quando estou a cozinhar, como se não comesse há mais de um mês. Tem pavor de dedos. Quando se porta mal e lhe aceno com um dedo, fica com um ar agressivo e com as orelhas todas puxadas para trás, chega mesmo a fazer investidas à mão, ou a morder à traição quando me apanha distraída - coisa que me irrita solenemente - e que quase sempre acaba numas palmadas naquele rado atrevido! Mas o Gaspar é um verdadeiro sem vergonha. Aprendeu com a Magali a esperar-me à porta quando chego a casa, mas ao contrário da 'irmã' que fica pacientemente no mesmo lugar assim que me vê, sem nunca tentar esquivar-se entre as minhas pernas para as escadas do prédio, o Gaspar quando se dá por ele, já vai a meio do caminho. Gosta de estar sempre enrolado nos nossos pés, tanto que chega a ser desesperante. Quer esteja sentada no sofá, de pé da cozinha ou a descer as escadas, o Gaspar está sempre no meio das nossas pernas, numa tentativa de brincadeira inesgotável que nos leva a estar sempre de olhos atentos. À custa disso, já lhe pisámos a ponta da cauda por uma série de vezes, mas nem mesmo assim ele parece ter aprendido a lição. Adora água. Tanto, que todas as manhãs encho as tijelas aos dois e quando chego à noite, ambas estão vazias. Isto porque o menino Gaspar gosta de chapinhar na água das tijelas e molhar tudo em seu redor. Também tem uma senhora 'tara' com banheiras e terra dentro de vasos. O pobre cacto que se encontra na sala junto à janela é uma das suas vítimas preferidas e não há dia que não se lembre de ir escavar mais um pouco a areia do vaso, como se estivesse a construir um túnel de escape imaginável. Como qualquer criança que se preze, gosta de brincar com bonecos e o seu preferido é um pai natal que tinha no escritório e do qual ele se apropriou. Tem a sua própria cama, ao contrário da Magali que sempre dormiu no nosso quarto e já aprendeu que ali é o seu cantinho assim que apagamos a luz.
Adora mamar na própria cauda, como se fosse uma chucha e fazendo uma chiadeira à la 'baby Simpson', enquanto solta um ron-ron muito alto - que mais parece um tractor - e mexe as patas para a frente e para trás, como se estivesse a mamar do leite materno. Dá beijos, muitos beijos! Beija-nos as mãos todas, com uma língua muito áspera e seca, que nos chega a fazer uma confusão infernal, mas que ao mesmo tempo nos sabe bem receber semelhante prova de amor. Beija a irmã à socapa, não vá ela estar mal humorada e dar-lhe uma valente chapada como já tantas vezes aconteceu. Ela vai amoleçendo aos poucos à presença desta 'minúscula fera' que trouxemos cá para casa. De vez em quando olha-o com um ar muito pachorrento enquanto ele parece estar ligado à corrente com uma energia electrizante, outras, perde a cabeça e dá-lhe uns quantos 'sopapos' a ver se o acalma. A Magali é a nossa balança do juízo, quando estamos prestes a perdê-lo, ela repõe-o. Brincam os dois, em correrias loucas em que ela fica fula e o agride. Ele acalma nesses momentos, encolhe-se todo, para logo de seguida e assim que a apanha distraída, saltar-lhe em cima, como se fosse a sua terrível vingança. A casa nunca mais foi a mesma desde a chegada do Gaspar. Nada fica no sítio e eu desespero por conseguir ter as coisas todas arrumadas. Mas depois, basta vê-los os dois e à forma como a Magali já não se sente tão sozinha, para achar que apesar de tudo, as coisas assim têm muito mais piada...
(mas também dão muito mais trabalho!)

5 comentários:

Gatinha disse...

O Gaspar deve ser mesmo giro. O meu Pipoca é um gato calmo, mas às vezes também anda em correrias loucas lá em casa, e quando o gato da minha mãe vem cá é a loucura total os dois juntos, mas também são muito meiguinhos, lavam-se, beijam-se :) E o gato da minha mãe é mais brincalhão e também anda por cima de tudo. São uns maluquinhos como lhes chamo. Mas também são uns bons companheiros. O Pipoca dorme sempre connosco, às vezes só se vai deitar na nossa cama a meio da noite que nem damos conta. Bjocas

Mafalda disse...

ele é giro, mas muito intenso! lol mas é engraçado ver a diferença de duas personalidades felinas debaixo do mesmo tecto! A Magali, por ser mais velha é mais calma, mas não me lembro de ela ser assim tão irrequieta quando era pequenina, apesar de também ter os seus momentos de loucura! ;)
O gaspar é muito carente e quer sempre receber atenção. No início era mais bravo e arredio, mas agora está muito mais meigo, dá turrinhas e muitos beijos. Mas espero que ele quando crescer, fique mais calmo! é energia a mais lá em casa! lol ;) ***

Doces Minhoquices disse...

Que bom, noticias do Gaspar!!
Tão tão crescido! E lindo...
Adorei este post. Está delicioso...
Faz-me lembrar a minha Maria que também era sim traquinas e tinha uma especial predilecção por tudo o que era vaso.. conseguiu esvaziar vários LOL.
As saudades que eu tenho de ela trepar pelas calças de ganga acima quando era pequenota.
Beijocas.
Sónia

Mafalda disse...

O gaspar também fazia isso (agora menos felizmente!) mas cravava as unhas nas nossas pernas e tentava trepar por elas acima! à custa disso ganhei uns belos arranhões e soltei uns quantos gritos de dor! mas felizmente já perdeu um pouco essa mania! Giro, giro é vê-los aos dois juntos, alternando os beijos e os carinhos, mas ainda são raras as vezes em que isso acontece! ;)
bjs**

Anita disse...

Mafalda, quando puderes dá uma espreitadela no meu renovado cantinho...já está pronto (iupi!!!!)
Beijinhos
Andreia