segunda-feira, abril 24, 2017

all by myself


É como estou, desde sábado, dia em que o marido e os filhos rumaram até ao Algarve para um fim-de-semana prolongado e a mãe desta casa ficou por Lisboa por motivos diversos - o maior de todos, a pintura da casa de banho, no sábado, que durou o dia todo - e o ter de vir trabalhar hoje, segunda-feira véspera de feriado.
Ora, sozinha em casa por 4 dias - um verdadeiro LUXO ao qual já não estou habituada e que não tinha há anos - sem ter de me preocupar com almoços, jantares, banhos, horas para deitar, horas para acordar, levantar 'n' vezes durante a noite por causa da chucha que caiu ou do leite, etc., etc. - eis que dou por mim dividida entre as várias hipóteses de como rentabilizar a e aproveitar o tempo: "E se fosse ao cinema sozinha?", "E se fosse ao Ikea ver do móvel para a casa de banho e comprar acessórios de decoração sem ter importunada por crianças aos berros cinquenta mil vezes?", "E se fosse às compras?", "E se dormisse?", "E se ficasse a vegetar no sofá como se não houvesse amanhã? ", "E se... E se...", até ao "Não consigo dormir", "Já não estou habituada a ter a cama só para mim", " Esta casa parece-me demasiado grande e vazia", "Acho que vou verificar pela centésima vez se a porta da rua está bem trancada e fechada à chave, assim como as janelas", "Vou ver o que há no frigorífico para petiscar porque não me apetece fazer jantar", and so on, and so on...
Bem sei que este verdadeiro 'luxo' que me foi dado a gozar durante 4 dias tem muitas coisas boas, ainda ontem acordei às 11h30 da manhã - algo que não acontecia há anos e anos! Até me senti mal comigo mesma por ter dormido tanto e acho que para compensar, meti-me a limpar a casa como uma descarga de culpa. Arrumei a casa de banho toda - que tinha sido pintada no dia anterior - e só depois disso é que decidi ir aproveitar o resto do meu domingo na companhia de uma amiga. Como estávamos ambas "baby-free" fizemos um autêntico programa de gajas: fomos cortar o cabelo, arranjar as unhas, as sobrancelhas e, claro, terminámos com um banho de lojas (e eu com uma selfie nos provadores para mostrar ao pai se aprovava o meu 'new look').
Nota-se a minha clara falta de jeito nestas coisas, não nota? Boquinhas e olhinhos ao lado é a minha imagem de marca!
Bom, tudo isto para dizer que é maravilhoso sim senhora ter tempo só para mim sem me sentir egoísta ou culpada. Mas a culpa é sempre algo que custa a libertar do corpo. O homem é mesmo um animal de hábitos e eu sou uma pessoa com uma resistência à mudança, qual velho do Restelo.
Mas ao final do dia, o que mais me custa mesmo, mesmo, mesmooooo, é o chegar a casa e senti-la vazia. O deitar-me na cama e não conseguir dormir. Mesmo com a televisão ligada para me fazer companhia. É o acordar várias vezes durante a noite e saber que estou sozinha e, por causa disso, não dormir um sono descansado e tranquilo. É o olhar o quarto de ambos e saber que não estão ali - apesar de saber que estão bem.
É o acordar de manhã - muito mais tarde do que o habitual durante a semana, por saber que não há duas crianças para despachar - mas sentir que esta tranquilidade matinal não é normal.
É o saber que regressam amanhã e contar as horas para estarmos todos juntos de novo.
É isto. É bom sim, mas é agridoce.

Caso para dizer, tal como a canção:
"All by myself, don't want to be, all by myself anymore"

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