quinta-feira, janeiro 28, 2010

auto-análise

Não tenho actualizado este canto porque ando sem computador e não por falta de vontade. Quer dizer, explicando-me melhor, eu computador continuo a ter, mas está tão marado que não me deixa escrever NADA no que quer que seja. Quero actualizar o meu estado no facebook e o gajo (computador) não deixa. Quero abrir emails e responder às pessoas e o gajo (novamente computador) não deixa. Quero vir actualizar o blogue e o gajo (pois, esse...) não deixa!!
Ai senhores, haja paciência para pc's! Tão cheios de 'não-me-toques-que-fico-cheio-de-vírus' que já estive mais perto de me mudar para desertos desconhecidos (traduzindo; ambientes mac)...
Por isso, não pensem que entrei em depressão total. Nop. Not yet. Ando apenas ocupada e sem máquina para dar voz a tudo o que me tem acontecido e me vai na alma.
E só para finalizar este desabafo sobre computadores e a minha respectiva ausência, é de um 'mac' que vos escrevo - o do gajo, pois claro (sim, desta vez é mesmo o 'gajo') - que por não estar em casa tenho-o só para mim, caso contrário, é para esquecer, que ele é um picuínhas com a sua máquina e detesta que eu me ponha a 'inventar' (citando-o), naquilo que é dele.
Pronto. Introdução concluída.

Monólogo 1
Ando a tirar um curso. O tal que falei no post anterior de que não tinha bem a certeza se deveria de fazer, não por falta de interesse ou vontade, mas por questões de timming - de faltar um mês para o meu subsídio de desemprego terminar, de andar desesperada por arranjar qualquer coisa, por achar que me ia roubar tempo para a procura activa de trabalho, por ir e vir todos os dias da Ericeira para Lisboa levando-me a gastar uma pequena 'fortuna' em gasolina e portagens... Enfim, tudo isso pesava na decisão final de ir fazer um curso que me iria roubar e ocupar o tempo todo - das 9h30 às 18h00 - quase todos os dias da semana.
Após conversa com o gajo, achei que o melhor era mesmo ir. Estava ocupada, conhecia pessoas novas e aprendia coisas que me poderiam vir a ser úteis. E como ele me deu tanto apoio para o fazer - e como eu no fundo, no fundo, também queria - fui.
Faltei no primeiro dia tomada por todas estas dúvidas existenciais que me assolavam a alma, mas no segundo apareci à hora marcada.
Convém igualmente dizer que este curso, não é bem um curso como os que tenho tirado até agora na minha vida profissional. Não é sobre escrita, imprensa, rádio ou televisão, não é de línguas, excel ou powerpoint, não me dá habilitações para vir a dar formação na minha área, ou competências para pintar um quadro, mas é um curso que visa o futuro e, como tal, é orientado para conseguirmos obter na nossa vida profissional as ferramentas e mecanismos para arranjar trabalho, mas também - e principalmente - trabalharmos naquilo que realmente gostamos/gostaríamos de fazer.
E vou ser muito sincera, se ao início quando olhava para os módulos achava apenas aquilo interessante, hoje, acho que tomar, efectivamente, a decisão de ir fazer este curso, foi das melhores decisões que fiz nos últimos tempos.

Monólogo 2
E porque é que o curso é assim tão bom? Ou melhor, porque é que é das decisões mais acertadas que já tive nos últimos tempos? Bom... porque o curso não é só aquele carácter prático e atípico do: vamos lá refazer o vosso CV, como ter noções de empreendedorismo, ou ensinar o que é uma boa rede de contactos e como a utilizar. Para mim, pessoalmente, está a ser muito mais do que isso. Está a ser uma terapia e quando digo terapia não tem apenas a ver com o facto de ter uma rotina, levantar-me todos os dias de manhã e chegar a casa como se estivesse a trabalhar, conhecer pessoas novas, ter conversas enriquecedoras, despertar interesse no outro, ou deixar de ter o pijama como principal indumentária. Claro que tudo isso ajuda na 'terapia', mas o curso está a ter a mais valia preciosa de me fazer olhar para mim própria e saber 'ver-me' com olhos de gente. De deixar de me sentir a desgraçadinha sem controle nos acontecimentos que luta contra o infortúnio e o azar e à qual ninguém dá trabalho, para os saber analisar de forma coerente e racional - que é coisa que eu muitas vezes não sou, porque fico completamente abalrroada pela avalanche de emoções que me atingem - para deixar de estar tão centrada no meu próprio umbigo e perceber que, infelizmente, existem dezenas, centenas de outros 'jovens' igualmente competentes, igualmente qualificados e igualmente talentosos na mesma situação que eu, de saber conhecer e identificar onde erro, como sou perante os outros, como me comporto, o que é que a minha atitude diz de mim e, muito principalmente, de ter o benefício de me ajudar a ser uma pessoa melhor.
Tenho inúmeros defeitos. Tenho tantos, mas tantos, que muitas vezes, quem me conhece, não imagina que os tenho. Mas tenho e admito-os, todos. E o que aconteceu de fantástico nestes últimos 3 dias, foi que consegui identificar mais falhas e defeitos em mim, pontos negativos e coisas a melhorar, do que em dez anos de trabalho.
Tenho noção de que a minha situação actual também se deve em grande parte à minha atitude. Tenho noção de que fervo em pouca água, que sou mandona, respondona e muitas vezes, um bocadinho arrogante. Não o faço de propósito, faço-o porque sou mesmo assim, mas isso não é desculpa, nem deve servir de justificação consentida. Nem para com quem me rodeia na esfera pessoal, nem para quem me contrata no âmbito profissional. E apesar de eu, em parte, já saber interiormente estas coisas todas, estes últimos dias fizeram-me pensar que não posso continuar a ser assim. Mais do que isso: não posso permitir! Porque senão, qualquer dia, corro o risco de ninguém me aturar, de ninguém ter paciência.
O meu marido não tem culpa de estar desempregada, logo, não tenho de descarregar nele as minhas frustrações.
Os meus amigos não têm culpa por terem vida profissional e eu não, logo, não deve ser por isso que eu me devo afastar.
O mercado tem lugar para mim, é só acreditar e fazer para com que as coisas melhorem.
Tenho ainda muito para dar e vou conseguir, basta persistência, determinação, paciência e empenho.
E, acima de tudo, a minha filha será certamente uma criança mais feliz e realizada se a mãe dela também o for.

Por tudo isto, por me fazer pensar, por me fazer ver que ando a ir pelo caminho errado, por me abrir os olhos com um grande estalo de 'acorda para a vida', este curso, esta 'terapia', está a valer por mil consultas no divã do psicólogo.
E como na vida as coisas boas vêm por arrasto, amanhã tenho uma entrevista de emprego marcada.

My fingers are crossed. :)

10 comentários:

Márcia disse...

My also!!!

Good luck!

kisses,
Márcia

Melissa disse...

Gostei! :D

Seni disse...

Einaaaa Viva viva! Até me deu a sensação que estava a ler "outra" Mafalda.
Olha para mim aqui na plateia a aplaudir-te :D
kisses

Maffa disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Maffa disse...

Que espectáculo!! fico mesmo mesmo feliz de ouvir isso!
Também a mim me dava jeito fazer o curso, estou a ver...

Mafalda disse...

Mafalda, estou em 'eterna' dívida contigo! se não fosses tu eu nunca saberia da existência deste curso e tem sido fantástico, mil vezes obrigada! aliás, já conheci um outro amigo teu que também está a tirar o curso comigo! e tu tão longe e em terras tão frias e eu aqui a socializar com quem te conhece ;) este mundo é mesmo um 'bidé' ;) LOL
beijos grandes*

Maffa disse...

Ora essa... qual dívida rapariga.
Só passei palavra.
Ai que giro! è o Zé Maria??
manda-lhe um beijinho meu!!
beijocas

synapse disse...

deu uma reportagem do curso 'história do futuro' e, como tinha lido isto, associei a ti e até me pareceu que eras tu. estou chéché?!

Mafalda disse...

não babe, era mesmo eu! ;) estiveram lá na sexta-feira :)
e não vi a reportagem! ficou fixe?

percebia-se muito que era eu? LOL

Mafalda disse...

Maffa, é o Zé Maria sim senhora :))

amanhã já lhe digo ;)
bijoux*