segunda-feira, abril 26, 2010

constatações

Quando estive desempregada ninguém da família me ajudou. Mesmo tendo algumas pessoas bem colocadas, mesmo tendo - supostamente - um ou outro 'bom' contacto. Liguei, falei, enviei CV e tal, mas já sabia, à priori, que mencionar o tema 'desemprego' causa desconforto à maioria dos demais. Sejam eles do mesmo sangue ou não.
As pessoas evitam perguntar para que no seguimento da conversa não nos lembremos de pedir qualquer 'coisinha', quando a vontade de ajudar é pouca ou nenhuma.
Foi assim comigo. Ninguém perguntava. Fazia tudo de conta que não sabia, ou então falavam à socapa, abordavam o assunto quando eu não estava presente, para não dar hipóteses de mais. E quem diz família, diz amigos. É impressionante como todos eles, sem excepção, durante os perto de 2 anos que estive em casa (pré e pós nascimento da Madalena), ninguém foi capaz de dizer algo do género: 'olha, envia-me lá o teu CV, não garanto nada, mas se souber de alguma coisa'.
Népias. O silêncio total. A minha pessoa confinada ao degredo.
Eu já sabia que para arranjar o que quer que fosse não me podia socorrer da boa vontade dos outros. Teria de ser pelos meus próprios meios, mas infelizmente neste país, nem sempre isso é suficiente e as candidaturas espontâneas não são bem vistas ou valorizadas quando comparadas com 'olha, tenho aqui este CV de um amigo meu, faz lá o jeitinho'.
Mesmo assim, contra todas as expectativas, consegui. Não precisei de pedir ajudas a ninguém, cá estou a trabalhar, mesmo quando estava prestes a ficar com a corda ao pescoço. Pode não ser o melhor do mundo, mas por enquanto e até ver, estou activa. (que isto nunca se sabe se daqui a 6 meses não ando a bater às portas novamente...)
Aos poucos a novidade foi correndo e agora é vê-los, os que me renegaram à insignificância durante demasiado tempo, a voltarem a renascer do mundo dos vivos. Como se o facto de eu já estar a trabalhar, fosse por si só, um indicador de que 'já não corro o risco de ela me pedir favores', ou 'não tenho de lhe aturar o lado depressivo e a mesma lenga-lenga da treta'.
Pois é, é triste mas é verdade. E eu assisto a isto tudo na bancada e sentada em primeira fila.
As mensagens que recebi na última semana foram mais que muitas, a maior parte devido a notícias que sairam na imprensa a respeito da minha contratação. Todos os que ainda não sabiam, passaram a saber e eu, por mais caladinha que estivesse, não tinha como contornar isso.
Ora, acontece que não sou rapariga de trato fácil quando me desiludo com os outros e, acima de tudo, estou numa fase da minha vida e numa idade em que não estou para fazer fretes com quem não merece. Por isso, todos os supostos 'amigos' que durante cerca de 2 anos se esqueceram que existo, mas que nas últimas semanas têm tentado a todo o custo tirar nabos da púcara bem podem esperar sentados pela minha resposta. Não virá. Lamento.
Não me esqueço das atitudes e do desprezo a que fui renegada durante demasiado tempo, excluída de todo o tipo de sinais de amizade ou de partilha perante os laços que nos uniam.
Estou sentida, admito-o. Demasiado sentida para perdoar.
O mesmo acontece com a família. No que diz respeito a eles, nada que eu não estivesse já à espera, mas é engraçado como o tempo, ou as circunstâncias, se encarregam de dar chapadas de luva branca a muita gente. Soube, esta semana, que uma prima minha - casada com um primo meu bem colocado e nora dos meus tios que passam a vida a gabar-se do trabalho da filha, do filho e do genro - foi demitida. Não fico feliz por sabê-la desempregada, ainda por cima quando estava no novo emprego há tão pouco tempo, mas confesso que me dá um certo gozo que as pessoas que julgam os outros e se consideram intocáveis, constatem que afinal a 'crise' e o 'desemprego' atinge qualquer um, mesmo os seus mais directos.
E nesse aspecto, pode ser que aprendam a ser mais humildes e se lembrem que se um dia é por mim, no próximo pode ser por eles.

5 comentários:

Catarina disse...

LINDOOOOOOOOOOOOOOO!!!

Tu és superior a isso!!!! (Mas acredito que custe e não é pouco)

Então a minha amiga apareceu nas revistas e eu não sei de nada!! (Nem que seja para me gabar a tds que conheço alguém importante - LOLOLOLL)

Bjs enormes

Catarina

Maffa disse...

tb estou cheia de curiosidade de saber do que é q veio nas revistas :)!!
Bem mereces os parabéns!! É assim mesmo!! Se mais pessoas actuassem assim se calhar näo havia tanta gente a ignorar dessa maneira os problemas dos amigos ou família.

Maggie disse...

Percebo-te perfeitamente. Há aquela frase do perdoar e tal (q também compreendo, e concordo em muitas situações), mas qd me desiludo MUITO com as pessoas fico como tu. Por isso estou solidária com essa tua atitude do silêncio e de q n tens de fazer fretes.

a. disse...

gostei mt deste texto. nc passei por nada do género felizmente, mas esse "alheamento" por parte de "amigos" é triste!!!

espero que continues em grande no teu emprego novo e que corra td mt bem!! :))

***

a. disse...

e lá te descobri nas "notícias" :D

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clap clap :D ***