terça-feira, abril 27, 2010

sou casada mas não sou ceguinha

Confesso que há um rapazinho nas portagens da auto-estrada que, de duas em duas semanas, aparece para eu regalar a vista. Não está lá sempre, não é habitual, mas volta e meia lá deve fazer aquele turno e eu tenho oportunidade de, no fim de um dia de trabalho e de uma viagem de perto de 50 kms, poder - ainda que por uns breves 5 segundos - babar-me... enquanto tento não dar bandeira e fazer o meu ar dissimulado de 'não, não estou a olhar para ti' .



Ai se fosse solteira ;)

segunda-feira, abril 26, 2010

constatações

Quando estive desempregada ninguém da família me ajudou. Mesmo tendo algumas pessoas bem colocadas, mesmo tendo - supostamente - um ou outro 'bom' contacto. Liguei, falei, enviei CV e tal, mas já sabia, à priori, que mencionar o tema 'desemprego' causa desconforto à maioria dos demais. Sejam eles do mesmo sangue ou não.
As pessoas evitam perguntar para que no seguimento da conversa não nos lembremos de pedir qualquer 'coisinha', quando a vontade de ajudar é pouca ou nenhuma.
Foi assim comigo. Ninguém perguntava. Fazia tudo de conta que não sabia, ou então falavam à socapa, abordavam o assunto quando eu não estava presente, para não dar hipóteses de mais. E quem diz família, diz amigos. É impressionante como todos eles, sem excepção, durante os perto de 2 anos que estive em casa (pré e pós nascimento da Madalena), ninguém foi capaz de dizer algo do género: 'olha, envia-me lá o teu CV, não garanto nada, mas se souber de alguma coisa'.
Népias. O silêncio total. A minha pessoa confinada ao degredo.
Eu já sabia que para arranjar o que quer que fosse não me podia socorrer da boa vontade dos outros. Teria de ser pelos meus próprios meios, mas infelizmente neste país, nem sempre isso é suficiente e as candidaturas espontâneas não são bem vistas ou valorizadas quando comparadas com 'olha, tenho aqui este CV de um amigo meu, faz lá o jeitinho'.
Mesmo assim, contra todas as expectativas, consegui. Não precisei de pedir ajudas a ninguém, cá estou a trabalhar, mesmo quando estava prestes a ficar com a corda ao pescoço. Pode não ser o melhor do mundo, mas por enquanto e até ver, estou activa. (que isto nunca se sabe se daqui a 6 meses não ando a bater às portas novamente...)
Aos poucos a novidade foi correndo e agora é vê-los, os que me renegaram à insignificância durante demasiado tempo, a voltarem a renascer do mundo dos vivos. Como se o facto de eu já estar a trabalhar, fosse por si só, um indicador de que 'já não corro o risco de ela me pedir favores', ou 'não tenho de lhe aturar o lado depressivo e a mesma lenga-lenga da treta'.
Pois é, é triste mas é verdade. E eu assisto a isto tudo na bancada e sentada em primeira fila.
As mensagens que recebi na última semana foram mais que muitas, a maior parte devido a notícias que sairam na imprensa a respeito da minha contratação. Todos os que ainda não sabiam, passaram a saber e eu, por mais caladinha que estivesse, não tinha como contornar isso.
Ora, acontece que não sou rapariga de trato fácil quando me desiludo com os outros e, acima de tudo, estou numa fase da minha vida e numa idade em que não estou para fazer fretes com quem não merece. Por isso, todos os supostos 'amigos' que durante cerca de 2 anos se esqueceram que existo, mas que nas últimas semanas têm tentado a todo o custo tirar nabos da púcara bem podem esperar sentados pela minha resposta. Não virá. Lamento.
Não me esqueço das atitudes e do desprezo a que fui renegada durante demasiado tempo, excluída de todo o tipo de sinais de amizade ou de partilha perante os laços que nos uniam.
Estou sentida, admito-o. Demasiado sentida para perdoar.
O mesmo acontece com a família. No que diz respeito a eles, nada que eu não estivesse já à espera, mas é engraçado como o tempo, ou as circunstâncias, se encarregam de dar chapadas de luva branca a muita gente. Soube, esta semana, que uma prima minha - casada com um primo meu bem colocado e nora dos meus tios que passam a vida a gabar-se do trabalho da filha, do filho e do genro - foi demitida. Não fico feliz por sabê-la desempregada, ainda por cima quando estava no novo emprego há tão pouco tempo, mas confesso que me dá um certo gozo que as pessoas que julgam os outros e se consideram intocáveis, constatem que afinal a 'crise' e o 'desemprego' atinge qualquer um, mesmo os seus mais directos.
E nesse aspecto, pode ser que aprendam a ser mais humildes e se lembrem que se um dia é por mim, no próximo pode ser por eles.

eu queroooooo

Uma saia destas de tule, lindas de morrer, e que estão na montra de algumas Mango deste país. Ontem, dei um saltinho assim muito, muito, muito de fugida à Mango do CascaisShopping para ir comprar calças de tecido - obrigações laborais - e quando chego à montra, vejo 'isto', saias bem ao estilo 'fru-fru' de bailarina, que não se encontram para venda, mas que são lindas de morrer assim mesmo, conjugadas com t-shirts de tecidos vaporosos e laços de cetim.
Estou quase tentada a pedir à minha mãe que me faça uma.
Não trouxe uma saia fashion e completamente louca, antes pelo contrário, saí de lá com 3 pares de calças de tecido com vinco à frente, em 3 tons - preto, branco e vermelho - que é para me deixar de devaneios de adolescente e meter, de uma vez por todas na cabeça, que agora, os blazers e afins, passam a fazer parte do meu armário obrigando-me a 'crescer'.
ARGH.....

a moda que vem com não sei quanto tempo de atraso...

Sou só eu que já não suporto ouvir falar na moda (atrasada) dos 'Cupcakes' que habita em Portugal, ou há mais algum 'alien' que me faça companhia?
Mas esta gente agora descobriu a pólvora? Há quantos anos existem cupcakes, senhores? Há c'anos! E só agora é que se lembraram que os bolinhos do 'Sexo e a Cidade' são giros, fofinhos, imaculados, coloridos, originais, bombas calóricas e tudo e tudo e tudo, além de serem óptimos para temas 'glam' e 'fashions' q.b. para figurar em tudo o que é escaparate e revistas de moda?
Mas já alguém lhes explicou que aquilo, por baixo da 'maquilhagem' toda, é um simples 'queque'?!

Haja paciênciaaaaaa.

domingo, abril 25, 2010

mas porque nem tudo é mau...

... porque aqui 'a querida' recebeu uma malinha Carolina Herrera que andava a namorar há long, long time ago.


Estou tão apaixonada pela dita, que só não durmo com ela na cama, por vergonha.

1, 2, 3... inspira

As coisas cá por casa não andam fáceis. Nem com o pai, nem com a filha, provocando grande stress em todos os elementos da família. Desde que comecei a trabalhar que a Madalena me rejeita. Por vezes, basta olhar para mim e desata a guinchar, como se visse o demo. Pede o pai sempre que chora, como se a mãe já de nada lhe servisse no alívio do pranto ou do mal que a incomoda. A mãe virou a tirana que a abandonou e o pai o super-herói que a salva. Para ajudar à festa e contribuir para o stress generalizado, temos um pai que não pode ver/ouvir a menina gritar/chorar que a cobre de mimos, mesmo quando ela não tem razão, o que nos leva a ter 'situações' em que discordamos sobre a forma como a devemos tratar e/ou lidar perante a situação.
Grita a filha, discutem os pais. E é quando a minha mãe, que agora passa a vida cá em casa, não decide meter-se ao barulho, abrasando-me a cabeça com todo o tipo de lições sobre ser 'boa filha', boa mãe, 'esposa dedicada' e 'otária em geral'.
Não suporto que a Madalena seja tão birrenta, tão chorona e tão insuportável sempre que saímos de casa. Com as outras pessoas porta-se lindamente, é uma criança que toda a gente tece os maiores elogios, comigo, dá-me cabo da paciência até ao limite e sempre que me queixo, deixo toda a gente meio incrédula, como se estivesse a inventar as maiores barbaridades sobre um ser tão adorável e incapaz da mais pequena maldade...
Não há um único dia em que consiga ir aonde quer que seja com ela em que não me faça uma cena que só me apeteça dar-lhe umas valentes palmadas. Anda com mau génio e mau feitio, faz grandes birras sempre que é contrariada e está, a meu ver, a tornar-se uma pequena ditadora. E como eu não suporto crianças malcriadas, palpita-me que a nossa relação vá ser de difícil conduta.
Juro que tenho dias em que só me apetece mandar tudo e todos para o espaço.
Vou ali fazer exercícios de respiração e já venho.

quinta-feira, abril 22, 2010

todos os dias a mesma coisa...

... eu penso: "Hoje é que vai ser. Hoje vou para a cama às 22h30, às 23h00 já estou a dormir. É hoje que me vou disciplinar! É hoje."
Mas nunca é. Não consigo.
Por mais cansada que esteja, podre de sono, disléxica e a trocar cada frase, a não conseguir articular palavra, a ter o cérebro a latejar e os olhos a arder por dormir, em média, umas 5 horas por noite, a verdade é que eu não me consigo disciplinar na hora de ir para a cama.
Depois? Bom, depois acordo todos os dias às 6h50 para estar em Lisboa antes das 9 da matina com uns olhos inchados semelhantes a um besugo e chego à 5ª feira com uma cara de 'desenterrada' e umas olheiras onde mais pareço o Panda!
Como se isso não fosse suficiente e por si só, motivo de angústia, os nervos e stress a que tenho estado sujeita, despoletaram uma reacção de borbulhas em cadeia no meu queixo que não há meio de passar, o que me leva a ter verdadeiros ataques de pânico sempre que me vejo ao espelho e a sentir uma vergonha atroz quando tenho reuniões e me encontro com clientes.
E depois ainda dizem que trabalhar faz bem à saúde ;) LOL

segunda-feira, abril 19, 2010

agora aguenta coração

A minha filha passou, em 3 semanas, do estado de 'mãezite aguda, para o estado 'paizite in extremis'.
Os fins-de-semana deixaram de ser pacatos e tranquilos, harmoniosos e risonhos. Em vez disso, ela olha para mim e guincha. Só quer o pai. O pai que lhe dê banho, o pai que lhe dê de comer, o pai que a adormeça, o pai que brinque com ela.
Deixou de me dar beijos lambuzados e abracinhos apertados, de querer a minha presença, de ter manifestações de carinho da parte da mãe.
Renega-me, como que a dizer: 'traidora, mal te boto a vista em cima, agora aguenta'.
Eu?
Eu fico de coração despedaçado e roídinha de ciúmes.

por acaso

Diz a autora do blogue 'Sushi Leblon' que não acredita em acasos, mas que os adora.
Eu sinto um bocadinho a mesma coisa. Quer dizer, eu até acredito em acasos e adoro acasos, mas depois, quando me vejo numa situação de protagonista de um 'acaso', fico muito confusa e jogo as culpas todas no acaso do destino.
Como a que vivo actualmente.
Confusos?
Pois, eu também.

domingo, abril 18, 2010

dúvidas

eu sei que vou parecer uma ingrata ao dizer isto, mas a verdade é que ao fim de 3 semanas a trabalhar, já vi que dali não pode vir coisa boa. Parece que ando a ter flasbacks do meu anterior emprego e, já constatei, que ali, não aqueço lugar. Para começar, já me enganaram em relação ao valor acordado de ordenado - uma longa história que nem vou aqui contar porque nem merece a pena - fora o ambiente, as coisas que me apercebo e as que vou ouvindo. Eu sempre soube que aquela casa era uma casa de doidos e, mesmo assim, fui lá parar. Se isto não é karma, sinceramente, não sei o que é.
Até dia 29 estou à experiência e, ambas as partes, podem rescindir contrato sem qualquer penalização. Acreditem, estou quase tentada a vir para casa, se não o fizer é mesmo por vergonha de dar parte fraca, é admitir que já não me enquadro, é passar a mim mesma uma atestado de derrotada.
Vamos ver o que esta semana me reserva.

segunda-feira, abril 12, 2010

porque é que...

... com tanta sogra querida, simpática, boa onda e bem disposta neste mundo, eu tinha de calhar com a que me saiu na rifa? Porquê, pergunto eu?!
Hoje, em conversa ao telefone, enquanto lhe dizia que tinha levado a miúda à praia e que ela tinha adorado - além de ter comido 'toneladas' de areia - a senhora minha sogra decide comparar a minha filha a um borrego... :-\
Porquê?!




...










Se isto não é karma de uma vida passada, não sei o que é.

sexta-feira, abril 09, 2010

a vida como ela é

Penso em mil e uma coisas para escrever aqui durante o dia e depois falta-me sempre o tempo, a vontade, a disponibilidade, esqueço-me, enfim...
Quando abro esta página parece que a minha mente fica proporcional ao ecrã e, como tal, reflectora do mesmo, ou seja, branca!
Nada se me ocorre, nada de revelo, de interessante. Fico uma amorfa, uma pata-choca, uma banal.
O trabalho corre bem, mas é tanto, que nem tempo tenho para me coçar. A viagem à Escócia também já era. É o que dá cantar de galo em capoeira nova. Numa semana fiz mais propostas de comunicação do que em toda a minha vida de trabalho de agência até à data. Eu gosto, porque me dá calejo e aprendo uma série de coisas novas que antes me causavam muitos medos e inseguranças. Ainda causam, mas já começo a tratá-las por 'tu'.
Sou, oficialmente, account sénior e até já tenho uns cartõezinhos todos 'pipis' com o nome e contactos para dar aos clientes. Confesso, na minha mais pura vaidade profissional, que gosto do estatuto mas tenho medo, muito medo de falhar em tamanha responsabilidade. Sinto-me sempre pequenina e inexperiente, logo, acho sempre que tenho mais a aprender do que a fazer valer. Não devia de pensar assim, eu sei, principalmente quando já trabalho desde os 20 e vou a caminho dos 32, mas é-me inevitável. Se eu própria não me dou a devida consideração e crédito, quem o dará? Os outros? Já devia de saber por experiência própria que isso, não acontece. Principalmente se não tivermos os contactos certos. Podes ser uma besta, só fazer merda e ser uma nódoa, mas com os contactos certos, vais a todo o lado. O contrário é que já é mais difícil.
Volto a achar que, mais uma vez, falo mais do que aquilo que devo, isto apesar de a minha mãe me dizer para eu estar calada, para eu saber ouvir mais do que falar.
Não consigo. Sou uma parva.
Com a minha vontade em ser simpática e socialmente aceite num ambiente novo, abro a matraca demais e pumbas, sou um livro aberto, não escondo nada a ninguém - o que só reflecte cromice da minha parte. Isto, constato, não é ser boa pessoa, é ser burra!
Por aqui há grandes stresses - como em todas as agências - e as pessoas não são lá muito simpáticas, mas não há - até ver - faltas de respeito entre colegas, gritarias e afins. E isso, para mim, já é o paraíso.
A conjugação trabalho-família é complicada mas tem corrido bem. Todos os dias saio daqui a rondar as 7 da tarde, demoro 45 minutos a 1 hora a chegar a casa (por causa da porcaria do trânsito) e chego sempre às 20h00, ou depois disso. A Madalena fica histérica sempre que me vê e grita muito alto: 'Maaaaaamã, maaaaaaaaaamã', dá-me muitos beijos e abraços - é a melhor parte do meu dia - e a partir daqui é a contra-relógio, tudo é feito sob pressão e numa correria desenfreada; o banho dela, vestir-lhe o pijama, fazer o jantar, dar-lhe comer, escolher a roupa dela para o dia seguinte, deitá-la, tentar eu jantar, preparar a marmita para o dia seguinte, tomar banho (de manhã não tenho tempo), preparar a minha roupa (porque se de manhã me dá as indecisões nunca mais saio de casa), preparar a mochila dela para a creche, ver se há sopa dela suficiente para o dia seguinte, porque caso não haja, toca de a fazer - o mesmo acontece com o jantar do dia seguinte - enfim.... é o que eu digo, se não ficar magra que nem uma cadela, é porque não dá mesmo, porque passo horas e horas sem comer e a dar no duro!
Chego à cama estafada, mas deito-me sempre tarde porque o sono, esse, nunca vem antes da 1 da manhã e depois... bom, depois chego ao final da semana com uma cara de desenterrada e umas olheiras do tamanho de círculos lunares porque durmo, em média, 4 a 5 horas por noite. Desta forma faço-me velha depressa.
Mas tem tudo corrido bem e a minha mãe, às 5ªs e 6ªs, dá-me uma ajuda preciosa, vai buscar e pôr a Madalena à escola, limpa-me a casa, passa-me roupa a ferro, faz-me o jantar... tadinha, tem sido de uma preciosidade sem limites! O Carlos também tem se adaptado bem ao seu novo papel de 'pai mais activo' e todos os dias é ele que acorda a Madalena, a veste e a vai pôr à creche, o que dá origem a que a miúda, depois de um estado de 'mãezite aguda', agora tenha situações em que só quer o pai, colocando-me a mim de parte e deixando-me roída de ciúmes, mas pronto, que remédio tenho senão conformar-me. Claro que com tanta azáfama, o tempo para nós dois/três é cada vez menor, estamos todos em fase de adaptação a esta nova louca e esquizofrénica rotina, mas tem de ser. O tempo que passamos com ela depois do trabalho é mínimo e, entre nós dois, depois de a deitarmos, idem.
Claro que já sei que daqui a uns meses e a continuar a este ritmo - de acordar às 6h50 da manhã e a chegar a casa depois das 20h00, deitar-me às 24h00 e adormecer às 02h00 - irei blasfemar a minha triste sina, dizer que quero voltar a ser 'doméstica' e que não fui feita para isto, mas por enquanto, apesar de saber que afinal não esmoreci em termos de trabalho e que sempre consigo dar conta do recado, por enquanto, vou só aproveitar mais um bocadinho este ligeiro e decrépito estado de graça.
E hoje é sexta, são 15 da tarde e tenho o trabalho todo feito. Vou relaxar um bocadinho.

E aqui ficam algumas fotos da minha babe linda :)

Está tão crescida, tão senhora do seu nariz, tão desenvolta que, tenho dias, em que olho para ela e quase tenho vontade de chorar. São as hormonas e o sacana do SPM, eu sei, mas mesmo assim...

Snifff.