terça-feira, janeiro 10, 2012

Gerir saudades



Optámos pela custódia partilhada, uma semana na minha casa, outra na casa dele. Parece-me ser o mais justo para ambos, já que não a podemos ter sempre. Ela adaptou-se bem, sabe perfeitamente quando vai para a casa do pai e para a casa da mãe e fica feliz por isso. Gosta de estar com ambos e, infelizmente, esta será a realidade que ela sempre se lembrará para toda a vida. Duvido que venha a ter memórias do pai e da mãe em vida conjunta e debaixo do mesmo tecto. Para ela, esta é a sua realidade.


Há muita gente que fica chocada - não o dizem, mas eu sinto-o - quando revelo que não tenho a Madalena a tempo inteiro, que tenho uma custódia partilhada. Como se, enquanto mãe, isso me inferiorizasse, como se abdicasse da minha filha. Pergunto: porque motivo hei-de privar uma criança que adora o pai e gosta de estar com ele, da sua companhia? Ou só a deixar estar com o pai um mísero fim de semana de duas em duas semanas? Digam-me, porquê? Quando, ainda por cima, ele sempre foi um pai atento, preocupado e presente. Não seria brutalmente injusto, para ela e para ele, privá-los da companhia um do outro?


Claro que me custa horrores quando vai para o pai. Por mais que ela, por vezes, seja chata birrenta e chorona, é a minha filha, a minha cria, aquela que eu amo mais do que tudo na vida. E, neste momento, a razão da minha existência. (eu sei que soa a piroso e a frase feita o que acabei de dizer, mas é a mais pura das verdades.)


As segundas-feiras são sempre dias lixados e a de ontem custou muito. Custa chegar a casa - depois de a ter entregue ao pai - e ir ao quarto dela, fazer a sua cama, mexer nos seus brinquedos. Custa senti-la ali e não a ver, não a ter. Instala-se um vazio no peito e, por mais que tente resistir e ser forte, as lágrimas invadem-me sempre os olhos.


É triste ver que todo o ideal de família que criámos e que sonhámos, desapareceu. É triste constatar que a vida dá mesmo muitas voltas e que, agora, neste preciso momento, está tão diferente e tão distante de tudo aquilo que alguma vez nos uniu.


Ficou ela como a prova de um amor que existiu, como o resultado desse amor...

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