segunda-feira, outubro 29, 2007

entranhado

Hoje foi dia de biópsia no Hospital Curry Cabral. Apesar de não estar nervosa, estava ansiosa e não consegui dormir correctamente durante a noite. Acordei às quatro e pouco da manhã, depois às cinco, novamente às seis, até que saltei da cama eram sete horas, não valia a pena insistir no sono que não existia. Tomei um banho rápido, vesti-me, tomei o pequeno-almoço e fui andando para o hospital. Já sei que apanho sempre trânsito de manhã no túnel das Olaias e na Avenida de Berna, por isso, mais valia pôr-me a caminho quanto antes. Hoje correu tudo muito bem. Fui simpaticamente atendida pela mesma rapariga que há duas semanas atrás não quis ajudar um colega e se recusou a pegar no meu processo. Mais, fiquei a saber que faz anos na mesma semana que eu e que somos da mesma idade. Meteu conversa comigo sobre isso. Sorri-lhe educadamente. Esperei uma eternidade na sala de espera, pelo menos assim pareceu. Fui chamada por um intercomunicador onde mal se percebia o meu nome. Subi ao primeiro andar e entrei no consultório marcado, o 18. Reconheci a cara da médica que há duas semanas atrás quase se recusou a atender-me. Hoje quis conversar comigo, perguntar-me coisas sobre a minha infância, qual o aspecto que a pele tinha quando era pequena, quais as zonas mais problemáticas, etc.. Respondi-lhe sempre com a sensação de que ela não percebia nada daquilo que me perguntava, coisa que me irrita solenemente. Mandaram-me despir, queriam ver-me novamente. Assim fiz. Entretanto chegou a médica que iria analisar a biópsia. Decidiram escolher a zona da dobra do joelho para fazerem a extracção. Ao saber isso fiquei apreensiva. É uma zona de difícil acesso, sensível e delicada para levar pontos e cicatrizar, além de me prender os movimentos motores. Lá me levaram para uma outra sala onde me pediram para vestir uma bata e me deixaram descalça. Pedi umas pantufas de plástico, algo para meter nos pés. (odeio hospitais públicos, odeio, odeio, odeio…) A estagiária que seguia a médica para todo o lado lá tirou umas quantas pantufas de plástico que estavam enroladas sobre si mesmas na prateleira de um velho armário e deu-me um par para as mãos. Sempre me senti mais protegida, mesmo no plástico os meus pés reconheceram um conforto que não identificavam nas lajes de pedra geladas. A sala onde me deitei tinha uma maca antiga e uma enfermeira carrancuda com cara de poucos amigos que me olhava de soslaio. Decidiram que seria mesmo na dobra do joelho que me iriam fazer a biópsia, deram-me anestesia para aliviar a dor mas não foi suficiente… sentia a agulha a entrar-me na pele e as mãos das médicas e das enfermeiras a fazerem pressão na perna enquanto a mesma dáva esticões. Reforçaram a dose e finalmente lá me picaram, deixando-me um buraco com cerca de 5 mm na curvatura da perna. Coseu-me, mas teve dificuldade em dar-me os pontos devido à zona em que me furou. Ataram-me a perna com ligaduras e disseram-me que hoje não poderia estar de pé nem fazer grandes esforços, queriam mesmo mandar-me para casa, eu é que não deixei e disse que tinha de ir trabalhar. Saí do hospital com a data de 3 de Dezembro como o dia em que saberei afinal, que tipo de ictiose é a minha e a partir daí, voltar à minha luta, desta vez mais forte e confiante de que desta vez é que é.
E eu acredito que será.

2 comentários:

Gatinha disse...

Vais ver que vai correr tudo bem! Pensamento positivo. Bjocas

cassiopeia disse...

hoje é dia 30. um grande grande beijinho de parabéns. espero que, apesar da ligadura na perna e do aperto no peito, tenhas um dia, um ano, sorridente. beijinhos, mafalda *