terça-feira, outubro 16, 2007

reveses

Aqui no trabalho, todos recebemos nesta última semana, telemóveis novos. Após tanto tempo de espera, finalmente, mas mesmo finalmente, decidiram-se a dar novos aparelhos às pessoas. A boa notícia animou as hostes. Toda a gente se entreteve com o novo brinquedo e ficou feliz por finalmente o departamento financeiro ter aberto os cordões à bolsa. É que havia verdadeiros telemóveis ‘pré-históricos’. Eu, por exemplo, que apenas tive direito a cartão na altura, andava com um velho aparelho meu, que vê agora chegar a tão esperada reforma.
O problema relacionado com os novos telemóveis veio depois, ou melhor dizendo, decorre actualmente. Como os toques que vinham de origem eram escassos e quase todos monocórdicos, a malta desatou toda a fazer dowloads do site da operadora e o resultado é que agora existem três ou quatro pessoas com a música da Vanessa da Mata e do Ben Harper (a mesma que tenho no meu blogue) a tocar a cada instante. Confesso que já estou enjoada da música e cada vez que a Vanessa da Mata canta o refrão ‘é demais, é pesado, não há paz’, penso que a letra não podia ser mais apropriada para o martírio auditivo que se vive por aqui. Depois há outros que têm a Rihanna e o seu ‘Umbrella’ (que eu acho simplesmente intragável), ou tão somente, o Jorge Palma com o seu ‘Encosta-te a mim’ (e eu que gostava tanto da música)…
É o que faz estar num espaço fechado com pessoas com gostos musicais idênticos ou tão dispersos. Ter uma música no telemóvel até é giro – eu própria tenho uma – mas o meu telemóvel não toca a cada cinco minutos, perturbando as restantes pessoas e fazendo com que uma música que até se gostava, passe de bestial a besta.
Entretanto ainda não tinha dito aqui, mas devido à minha participação em alguns concursos literários, no próximo Sábado irei até Redondo, no Alentejo. O motivo? Participar na cerimónia de entrega de prémios do concurso literário que a Câmara Municipal do Redondo promoveu há uns meses atrás e ao qual eu concorri. Foi apenas um texto simples de 4 páginas, onde o tema do concurso era ‘O blogue enquanto espaço de escrita e reflexão’. Eu achei que dada a minha experiência no assunto, podia escrever algo que até fizesse sentido e vai daí, meti mãos à obra. Afinal, já não é de agora que escrevo nestes espaços cibernéticos. Não alimento qualquer tipo de esperanças de ganhar nada, mas quero ir apenas pelo prazer de ir e de sentir que participei em algo, que concretizei. O convite chegou a semana passada e foi colocado em cima do aparador da sala para que não me esqueça. Haverá apenas três premiados, sendo que todos os restantes participantes receberão um diploma. É isso que estou mentalizada que irei receber, mas claro que trazer um diploma de participação e um cheque para casa, era muito mais giro…
Hoje sonhei com o Dr. Mário do Porto, provavelmente por ansiedade, motivada pela consulta de amanhã. Já pedi ao C. para me levar bem cedinho com ele quando for para o trabalho e deixar-me à porta do hospital, assim evito levar o carro e ter de estar sempre preocupada com o parquímetro e as multas da Emel na zona. Também já avisei na agência que irei tirar o dia. Apesar de não querer criar muitas expectativas em relação à consulta ou o que daí poderá advir, não consigo deixar de pensar que esta é a última hipótese que me resta nesta minha saga pessoal contra a ictiose. Talvez por isso, tenha sonhado com o Dr. Mário - com quem já não falo há meses. É como se a imagem dele me tivesse aparecido em sonho para me relembrar que esta é mesmo a minha última chance. Se assim for, o mais provável é que nunca mais volte a vê-lo fisicamente e a única forma, seja mesmo só sob a forma de sonho.
Ainda falando em médicos e afins, acabei de chegar a casa e tinha uma carta da Cuf com o resultado da biópsia ao útero que fiz no mês passado. Quando a li, fiquei assustadíssima. Não que perceba muito de linguagem médica, mas aquilo que conseguia discernir, não me augurava nada de bom. Fui instintivamente pesquisar na net as palavras do resultado e tudo o que me aparecia remetia para cenários negros. Comecei a ficar cheia de suores e nervosa com medo de que tivesse algo grave. Liguei para a minha médica ginecologista e, logo por azar, ela hoje nao dáva consulta. Não desisti e liguei para o hospital onde falei da situação a quem me atendeu a chamada, disse que necessitava de falar com um médico, alguém que me dissesse em concreto o que aquelas palavras significavam. Lá me passaram para o departamento de ginecologia. Fui atendida por uma senhora simpática, onde após a leitura do resultado citológico, me disse: 'não é cancro, mas tem de se tratar' e eu lá me acalmei. Confesso que ainda não consigo voltar a mim, respirar de forma calma ou compassada. O meu coração disparou a cem à hora quando comecei a ver que tudo aquilo que ambiciono, poderia esfumar-se assim, sem ter nada a ver com o motivo pelo qual ando a mover montanhas e o mundo há tanto tempo. Senti-me impotente, fraca mesmo. Sei que não irei tranquilizar até conseguir fazer o tratamento que me espera - um laser Co2 do cólo do útero - mesmo já tendo feito duas criocongelações infrutíferas. Só quero que o tratamento seja feito em breve, muito breve.
Sinto que não conseguirei descansar direito enquanto não o fizer.

2 comentários:

Anónimo disse...

Mereces muito que a vida te sorria.
Boa sorte no Alentejo! Arrasa!
Eu vou estar a fazer figas até com os dedos dos pés!
;-)

Mafalda disse...

oh, obrigada! vou sem esperanças, mas só por ir, já me sinto uma vencedora! ;-)
beijo grande***