terça-feira, março 30, 2010

prós e contras

Ora, ao fim de 2 dias de trabalho, vamos lá fazer aqui um apanhado resumidinho das primeiras impressões em jeito de 'prós e contras' e ver para que lado pesa mais a balança.
Contras
  • Levantar às 06h50 custa e muito. Demorar perto de 40 minutos a uma hora de viagens diárias, para lá e para cá, idem. Mas tem de ser e por enquanto, tem corrido bem. Chego cedíssimo (tipo, 8h30) e ainda tenho tempo de tomar o pequeno-almoço calmamente no café do lado, além de ter sempre lugar para o carro. Nunca madruguei tanto na vida para ir trabalhar, nunca! E só espero que a pedalada de sair da cama mal oiço o despertador se mantenha por muito e longo tempo.
  • As pessoas não são de grandes confianças ou simpatias. Ali trabalha-se e o ambiente, por vezes, é tão silencioso que acho, até se ouviria uma mosca. Ontem estranhei imenso, isto porque sou uma pessoa ruidosa por natureza, mas, tal como pensava, o facto de ter sido segunda-feira também tem muito que se lhe diga e hoje já estava tudo mais descontraído - mas sem grandes abusos.
  • O computador onde me encontro a trabalhar é da idade da pedra e, como a empresa não tem serviço de apoio informático no local - por ser uma empresa externa que o faz - o problema tarda em ser resolvido. Assim, e apesar de já me terem dito que uma máquina nova foi pedida para mim, a mesma não deve chegar antes de terça-feira da próxima semana... e se juntarmos a isto o facto de, no computador onde estou, não ter acesso a word, a excel, a powerpoint, nem a email... bom, resta-me muito pouca coisa que possa fazer para adiantar trabalho.
  • A cozinha da agência é mínima, tão mínima que não há mesas para se comer. Apenas um pequeno lava-loiças, um microondas e um frigorífico de tamanho rídiculo e quem quiser, que coma na sua secretária. Acho decadente, confesso, mas já tive de dar a mão à palmatória e hoje, toca de levar a bela da marmita e o atoalhado.
  • As casa de banho são partilhadas por homens e mulheres. Outro ponto, a meu ver, negativo. Odeio, mas que hei-de fazer? Se não podes vencer, junta-te a eles. Até agora ainda ninguém deixou tampas de sanita salpicadas, sujas e/ou para cima, o que já é bom.
  • A zona envolvente aos escritórios também não é das mais bonitas e parece o 'bairro xangai'. De restaurante a lojas chinesas há de tudo. Mas eu já enfeirei umas botas/sandálias para a Primavera/Verão e comi gambas fritas com amêndoas.

Prós

  • Calhou-me um lugar maravilhoso, se não mesmo, o melhor da sala. Estou sentada a um canto, apenas com uma pessoa ao meu lado esquerdo e sem ninguém à minha direita (onde se encontra um painel de vidro fumado) e tenho o computador virado para a parede. Vejo tudo mas ninguém vê o que faço! Ahahahaha adoroooo.
  • O ambiente, apesar de mais selecto, dá-me a parecer que há, ali, respeito pelo próximo e seu respectivo trabalho. Acho, mas não tenho a certeza, ainda é cedo para avaliar. De qualquer forma, gritarias, peixeiradas e mãos na cintura como acontecia no trabalho anterior e que tanto me chocavam, parecem ausentes e sem qualquer sentido. Ufff.
  • Ontem atrofiei um bocadinho com a pressão e responsabilidade de ser a única account a trabalhar a comunicação de certas marcas/produtos e de não saber fazer certas coisas como, por exemplo, relatórios de clipping para envio ao cliente. Isto porque na anterior agência tais tarefas eram-me negadas e eu sinto que fiquei com um pequeno/grande 'handicap', por assim dizer... Durante os anos em que fui jornalista o word era (e continua a ser) o meu programa de trabalho por excelência e dos poucos que domino, logo, tudo o que seja mexer em excel, me atrofia o cérebro. Mas hoje, hoje fiquei a saber que os relatórios não são responsabilidade minha mas sim dos estagiários, que, coitados, fazem esse trabalho de seca e, mesmo que sejam ou tenha eventualmente um dia de os fazer, depois de os ter visto, são tão mais simples e fáceis de perceber, que achei aquilo 'peanuts'.
  • Outra coisa boa é que o trabalho ali é organizado e está dividido de forma bem mais lógica entre os accounts. É tudo tão mais simples! As pessoas trabalham contas em conjunto sem qualquer problema, sem atropelos e em verdadeiro espírito de equipa. E eu só pensava: 'epá, é que é mesmo assim que deve ser!'
  • Logo no primeiro dia entregaram-me para a mão um telemóvel novinho em folha. Posso não ter computador de jeito (por enquanto), mas já posso fazer chamadas! Ahahaha
  • As contas que irei trabalhar são engraçadas e espirituosas. Ando a ler informação sobre as mesmas e estou, verdadeiramente, a gostar. Devem ser bem giras de se trabalhar e festas, eventos e meetings com os jornalistas não irão faltar. Em Abril tenho já um na Bica do Sapato...
  • Para rematar com a cereja em cima do bolo, ontem, primeiro dia, fui logo informada de que, em princípio, serei a account que irá acompanhar 2 jornalistas numa viagem à Escócia já em Maio! Ááááááá flipei! (mas não dei parte fraca!) É que a Escócia sempre foi 'aquela' viagem de sonho e uma grande pancada minha - que sempre achei que 'isto de ter nascido num país latino e cheio de sol deve ter sido erro de percurso'. E, porque as coisas boas vêm aos pares, em Setembro, eventualmente, terei outra! ahahahaha

E pronto, ainda só se passaram dois dias... mas por enquanto e assim que me lembre, é isto.

segunda-feira, março 29, 2010

medricas

É o que eu sou. Sim, sou uma pessoínha acagaçada com medo. Um pedacinho de nada, uma insignificância pequenina.
Comecei a trabalhar e vim de lá borrada de medo.
Medo de não dar conta do recado.
Medo de falhar.
Medo de não conseguir.
Medo de ser incapaz.
Medo de não saber.
Medo de não ser aceite.
Medo de ser incompetente.
Medo de estar há demasiado tempo afastada deste meio que tenha perdido o combóio.
Medo da minha própria sombra e de mim mesma.
Medo até dos meus pensamentos, de que o espírito me atraiçoe.
Medo de ser despedida.
Digam-me que isto é apenas o embate 'normal' de quem esteve cerca de 2 anos afastada do trabalho e, quando começa, leva um enorme estaladão pela frente.
Digam-me que amanhã já passou, que ao fim de uma semana já entrei na 'confort zone', e que daqui a um mês ninguém me segura.
Digam-me, a sério, porque eu ainda não sei se acredito.
Agora vou ver se durmo, porque isto de acordar às 06h50 da manhã e estar mais de 12 horas afastada de casa (e da minha cama), dá cabo de qualquer um.

return

O vestido está passado e colocado de forma impecável nas costas da cadeira. A seu lado, o casaco que lhe irá fazer companhia, o cinto que lhe cercará a cintura e todos esperam, sem excepção, a hora que caminha a passos largos para o seu manifesto.
Na mesa da cozinha repousa um saco de papel. Lá dentro, um pacote de bolachas, duas maçãs, uma garrafa de água, dois cadernos - um deles novinho em folha - um livro e um chapeú de chuva, só para os imprevistos. Tomou-se banho pela noite, para evitar as correrias típicas da manhã, pelo menos enquanto as horas não se tornam companheiras fiáveis do tempo que nos roubam. Secou-se os cabelos e arranjou-se as sobrancelhas, pintaram-se as unhas de vermelho carmim. Perfumou-se o corpo de cremes suaves e procurou-se no rosto sinais de cansaço passível de críticas. Dentro da mala colocam-se, carteiras, escova de cabelo, chaves, agenda, toalhetes perfumados, creme de mãos, ipod... Nada foi deixado ao acaso, tudo foi pensado ao pormenor.
No tempo que resta fazem-se planos, suposições, aspira-se a algo melhor, mas também se tem medo e dúvidas e ansiedade. E rodeamo-nos de coisas e frases que gostamos de acreditar serem feitas de sentido e apropriadas à ocasião, quando, na verdade, não são mais do que clichés utilizados por todos ao longo dos anos e nas mais variadas situações. Não importa. Sabem bem. Confortam a alma e ajudam o espírito a ultrapassar mais esta prova.
O sono tarda e não chega, mas os olhos pesam e reclamam descanso. É tarde e apenas 5 horas me separam do momento em que desta cama me levantarei em rumo a um novo dia, a uma (suposta) vida.
Ao fim de 22 meses em casa, eis que chega o meu momento de partir. O momento de retornar a mim, mesmo que daqui a umas semanas já me queixe do rumo que tanto desejei e que tardava em chegar. É típico, por isso, não estranhem se vier para aqui praguejar que a chefe é estúpida, que os colegas são antipáticos, que tenho sono, que moro longe, que apanho muito trânsito de manhã, que os clientes são umas bestas.
Sei bem como funciona este meu espírito inquieto. Mas, seja como for, já estava na hora de voltar a fazê-lo.
Desejem-me sorte. *

quinta-feira, março 18, 2010

et voilá...

:-)








i´m not unemployed anymore.

sexta-feira, março 12, 2010

rir é o melhor remédio


Hoje, enquanto atravessava uma estrada da capital, decidi passar por cima da grelha da conduta de ar. Ora, até aqui nada de mais, não fosse o facto de eu estar de vestido godês esvoaçante e, feita estúpida, não me ter lembrado deste pequeno-GRANDE-pormenor. Em segundos, aquilo levantou tudo até aos ombros, deixando a descoberto e à vista de TODA a gente, as minhas pernas, nádegas e muito principalmente, toda a minha BUMDA, ao mesmo tempo que me ia levando, também, o chapéu que tinha na cabeça...
A cena, digna de ser filmada, deve ter sido hilariante para quem viu, porque eu devia de parecer a deusa Shiva, se tivesse mais braços, tinha-os utilizado todos, mas como só tenho dois, desdobráva-me entre agarrar o chapéu e baixar a saia que insistia em desafiar as leis da gravidade.
Corei de vergonha, mas mantive-me fiel aos meus princípios e desatei a rir sozinha à frente de toda a gente!

Qual Mariyln.

quinta-feira, março 11, 2010

maratona cinematográfica

4 dias sem a miúda e eis-nos sentados nas cadeiras das salas do El Corte Inglés (ai que saudades!!)como se não houvesse amanhã.
Entre muitos outros que ficaram por ver, estes foram alguns dos eleitos.


Alice in Wonderland, by Tim Burton

O tão desejado filme do ano chegou finalmente às salas de cinema e nós corremos que nem maluquinhos para vê-lo. Foi a nossa estreia em 3D (sim, porque o Avatar foi pirateado da net e visto em casa, logo, não houve cá 3D para ninguém). Descobrimos um fantástico mundo novo e ficámos maravilhados. Por mim, todo o cinema passadava a 3D. É fenomenal.
Quanto ao 'Alice', ADOREI. Adorei mesmo tudo, apesar de já tanta gente dizer mal do filme. Eu gostei e pronto! O estilo Tim Burton está lá e está sempre presente. A caracterização está genial, o guarda-roupa é soberbo e a interpretação da Helena Bonham Carter está magnífica. Nota 10.

It´s complicated

Eu, como vocês sabem, AMO a Meryl Streep. Por isso, este, estava destinado. E não desiludiu. Ri-me tanto, mas tanto, com certas cenas que chorei, confesso. Tem momentos verdadeiramente hilariantes. A Meryl continua igual a si mesma, parece que a conhecemos e que é uma amiga de longa data e, o Alec bBaldwin, foi uma agradável surpresa. A única coisa negativa foi ter o cinema cheio de pessoas com idade acima dos 50 anos que iam numa ânsia desesperada de se identificarem com os protagonistas, como se procurassem sinais de que o universo ou o tempo, lhes digam, que ainda vão a tempo de realizar sonhos perdidos ou de encontrar o amor, além de ter, atrás de mim, três solteironas/divorciadas que comentavam cada cena do filme ao pormenor e que me iam deixando à beira de um ataque de nervos: 'ai aquela cozinha é um sonho', 'e a horta dela?', 'é isso mesmo, bola para a frente', 'oh, que querido!' e por aí fora...


Valentines Day

Outro filme 'levezinho', porque nós somos fãs de comédias românticas e gostamos de coisas 'levezinhas', principalmente quando queremos ir ao cinema para descontrair ao fim de tanto tempo ausente. Que me perdoem os adeptos e fãs do King, do extinto Quarteto ou do cinema Londres, eu também gosto de documentários, filmes de produção independente e de baixo orçamento, sem nomes sonantes e com estrelas hollywoodescas à mistura, mas desta vez, desta vez não me apetecia.
Apetecia-me coisas assim, histórias 'levezinhas', engraçadinhas, que nos fazem sorrir e rir, que nos deixam 'levezinhos' e bem-dispostos e cujo o amor é o lema que comanda a vida.
Outro filme cheio de actores que dispensam apresentações e com histórias dentro da história, mesmo como eu gosto. Excelente para um sábado à noite depois de um jantar de sushi, que foi exactamente o que nós fizemos.

The Blind Side

Ainda não estreou nas salas de cinema nacionais, mas nós já o vimos. (em casa, pois claro!)
É comevedor, tocante e não deixa ninguém indiferente. A Sandra Bullock surpreendeu-me, está realmente muito bem, até no sotaque e, por isso, levou o óscar para casa. Mereceu-o, reconheço, até eu que estava a torcer pela Meryl - a eterna nomeada - fiquei contente por ela.
Uma história verídica sobre a vida, o amor ao próximo e a fé. A não perder.


Did you hear about the Morgans?

Outro filme 'levezinho', mas este tem a agravante de ser 'parvinho'. Não gostei, graças a Deus que o vi em casa e não paguei um tostão, que os bilhetes estão caros para caraças. A parelha romântica Sarah Jessica Parker/ Hugh Grant não convence. Sinceramente, nunca achei grande piada ao ar songa-monga do Hugh Grant, nem as suas interpretações dignas de grande registo, mas quando vi o trailer com a cena do urso, ri-me tanto que pensei que tinha mais para dar. Enganei-me.
Adormeci ao fim de 10 minutos - é o que dá ver 'cinema' refastelada na cama - e acordei a 10 minutos do fim. Não perdi nada portanto.


Em 'carteira' e à espera para ver, já prontinhos no disco externo cá de casa, estão: Precious, An Education e Up, altamente.
Ainda tentámos ir ver 'A Single Man', o primeiro filme de Tom Ford nas artes cinematográficas, com Colin Farrell e Julianne Moore (linda de morrer esta mulher!), mas já não conseguimos lugares. Fiquei desiludida, tinha imensa curiosidade e habilito-me a que não o consigamos sacar da net tão cedo, mas nada que não se resolva.

E pronto, como tudo o que é bom acaba, a nossa maratona cinematográfica chegou ao fim. 4 dias 'Madalena-free' e muitos filmes depois, voltámos a ter a nossa pequena fera em casa, porque as saudades já apertavam. Agora anda com 'mãezite aguda' e quer o meu colo para tudo, nem o pai quase tem ordem de lhe pegar. Não, ela quer é a mãe e só a mãe.

(mas eu confesso que até gosto!)

domingo, março 07, 2010

desire

Estou completamente apaixonada pela colecção da Burberry Prorsum e eu nem gosto da Burberry, mas a 'Prorsum' tem a ousadia e a audácia que sempre achei que faltava ao classicismo inglês da marca. A reinvenção e modernidade dos trench-coats fazem-me, literalmente, babar diante das imagens, quer seja nas revistas, quer seja na net e aquelas sandálias com meias - o 'crime' de moda mais apontado aos turistas que nos assolam o Verão todos os anos - são, simplesmente, divinais.
Se tivesse dinheiro, desgraçáva-me toda. Ainda bem que sou pobre.
Esta tarde entretive-me a renovar a minha maquilhagem, isto porque não sou de comprar maquilhagem, até porque nesse aspecto sou bastante forreta, mas tive, em tempos, a sorte de receber todas as colecções de maquilhagem de graça, o que fez com que ainda hoje tenha gloss, lipsticks e pós novinhos em folha e prontos a estrear.
E hoje, lembrei-me deles, muito provavelmente, porque estive a tarde toda a receber imagens beauty pelos olhos dentro e, vai daí, decidi ir à procura dos depojos dos tempos de glória e dar-lhes uso, substituir a bolsa suja e vergonhosa com que ando por outra, mais bonita e polida, assim como as sombras, pós e rímeis que habitam no seu interior.
Sou um pouco como aquelas velhinhas que têm peças de roupa boa mas que não usam porque 'se podem estragar'. Eu sou assim com a maquilhagem. Quem me espreita para a bolsa com que ando sempre na mala, não diz que em casa tenho algumas das marcas mais caras do mercado à espera de verem a luz do dia. Já não tenho muitas, também é verdade, porque na altura dei quase tudo, à mãe, à sogra, às amigas (ou pseudo amigas), como presentes de Natal, de aniversário e aí por diante. À redacção chegavam carradas de produtos diários e, depois de feitas as partilhas, só ficava com aquelas que, para mim, eram as 'intocáveis', as mais bonitas, aquelas com que era capaz de ficar horas a contemplar sem sequer me atrever a metê-las em contacto com a minha pele. Eram os meus artigos de 'puro luxo' e assim os mantive, intocáveis, até hoje.
Hoje pintei os lábios de vermelho Chanel e gostei. Com pincel, coisa que nunca tinha feito. E gostei. Também apliquei um líquido cor groselha nas bochechas, da Biotherm, que lhes deu, imediatamente, um ar rosado natural e uma luminosidade ao rosto inesperada.
Ultimamente tenho deixado de lado o eyeliner e a sombra escura com que contorno os olhos assim como o lápis preto. Acho que me pesam e, com o passar dos anos, a ideia é tornar o rosto o mais natural possível, de preferência com uma tez imaculada.
Pele imaculada não tenho, nunca tive, mas, ultimamente, tenho cada vez mais cuidado com ela, com os cremes que lhe aplico, com as máscaras que lhe faço e esforço-me, diariamente, para que a porcaria das borbulhas - que aos 31 anos de idade ainda me atingem -, sejam invisíveis, mesmo que às vezes tal tarefa seja impossível.
Gostei tanto que me dei ao trabalho de fotografar os meus 'novos', it products. É incrível como tanto tempo depois, só agora é que descubro o prazer de os usar. Talvez seja uma coisa de idade. Aprende-se a valorizar de outra forma e se gostamos, então, porquê guardar?


Não vejo a hora de voltar a pintar os lábios de vermelho e sair para a rua.






(é incrível como o meu nariz fica GIGANTE quando fotografado ao perto)

sunday delicatassen

Voltei à minha zona de conforto. Passei a tarde a recortar imagens e a ver revistas femininas internacionais. Tive ideias, tive desejos e tive sonhos. Trabalhei e sonhei que trabalhava. Senti-me convicta e forte, senti-me activa e preparada. Senti-me poderosa.
Tentei, ainda que de forma incompleta, voltar a fazer um painél de visualização, como fiz antes de engravidar, movida, na altura, pelo desejo de ter um filho. Hoje, o meu desejo é outro.
Há um velho ditado ou provérbio, oriundo não sei muito bem de onde, que diz que «sonhar e acreditar é meio caminho andado». E eu, como tive uma experiência positiva com o anterior, vou voltar a colocar neste todas aquelas coisas que quero alcançar e atrair para a minha vida.
Aquela viagem, aquela mala, aquele livro, aquele emprego. Pequenos nadas, mas pequenos nadas que são meus e que para mim, de momento, são tudo aquilo que quero. Mesmo que não tenham sentido aos olhos dos outros, mesmo que até a mim mesma me façam duvidar, mas são meus e eu quero-os, a todos.
Manter-me assim, com a cabeça a fervilhar e a dar seguimento aos meus pensamentos e loucuras, é bom. É sinal que ando a encarrilhar outra vez, que estou no bom caminho.
Há umas semanas nada me servia de inspiração e hoje, hoje, até a minha cama desalinhada e a manta que a cobria me serve como pano de beleza.
É incrível como num dia em que se recebe a notícia da morte de alguém próximo, ela nos encha de vida...
Também pintei os lábios de vermelho, mas isso, é outra história.


sábado, março 06, 2010

all that you can leave behind

Ontem, depois de uma tarde de maratona cinematográfica - mesmo no cinema!! - decidimos aproveitar o facto de ter deixado a Madalena com os meus pais até Domingo, para, em seguida, jantarmos pelo Bairro e comer um bife 'à bicha'.
Ontem também foi o dia em que uma amiga minha de longa data fez anos. E eu, que tenho andado arredia e magoada com todos eles, decidi pôr o meu orgulho de lado e ligar-lhe. Não falávamos desde Novembro embora eu vá sabendo uma ou outra coisa por terceiras pessoas ou por aquilo que consigo perceber pelo facebook onde a tenho adicionada.
Quando liguei a surpresa do outro lado foi sentida e imediatamente a resposta dada foi:
'Mafalda, nem acredito que me estás a ligar'.
Fui de poucas palavras porque estava emocionada. Faço-me sempre de durona mas depois sofro imenso e com coisa pouca ou nenhuma, os outros, conseguem desarmar-me sempre.
Lá acabámos por revelar que estávamos em Lisboa, que iríamos jantar ao Bairro e que, em seguida, íamos para os copos. Foi então que nos disse para aparecermos na Bica, onde iriam estar todos juntos a partir da meia-noite. Mais uma vez fiquei sentida. Se não fosse o facto de eu ligar, ninguém me diria nada. Combinam-se copos da Bica com quem é de Almada, mas Ericeira já são muitos quilómetros a mais da ponte sobre o Tejo.
O jantar entre nós dois correu bem. Bebemos martinis e vinho tinto, voltei a fumar uns cigarritos depois de uma longa semana de abstinência, como se quisesse descontrair da ansiedade que me dominava e, estava feliz, mas curiosa por ir revê-los a todos.
Chegámos à Bica antes de toda a gente e a mesma estava vazia. Decidimos ir até ao miradouro do Adamastor ver o Cristo-Rei, a ponte 25 de Abril e Santos ao fundo, entre ruelas e luzes foscas. O Noo-Bai já estava fechado e nós, depois de uns 20 minutos, voltámos a fazer o caminho inverso até ao sítio combinado. Quando chegámos demos de caras com todos, tinham igualmente, acabado de chegar. Não houve nenhum tipo de surpresa nem reacção na cara dos amigos que outrora considerei amigos. Cumprimentaram-me como se fosse uma estranha ou uma pessoa acabada de conhecer. Aliás, atrevo-me a dizer, que se fosse uma estranha acabada de conhecer, tinham sido mais simpáticos. Não falaram comigo uma única vez, não perguntaram pela Madalena em nenhum momento. Eu e o C. ficámos meio estupefactos e sem saber muito bem o que estávamos ali a fazer. As pessoas que estiveram no meu casamento, no baptizado da minha filha, que conhecem a minha família e eu conheço as suas, com quem passei férias e vivi no estrangeiro, com as quais estudei durante 4 anos, que conheço há perto de 15 anos, agiram como se fôssemos invisíveis. Ignoraram-nos e deixaram-nos meio de lado, enquanto conversavam em círculos de 3 e 4 deixando-nos automaticamente de fora.
Senti-me mal. Sentimo-nos mal, os dois.
A única que ainda se esforçava por nos 'encaixar' por assim dizer, e fazer algum tipo de conversa connosco, era a própria da aniversariante, mas até ela estava confusa e já sem assunto.
Foi tão triste de assistir quanto lamentável. Ao fim de 20 minutos, mais ou menos, decidimos que não estávamos para aturar aquilo e viemos embora. Dei um beijo nela e nem me despedi de mais ninguém. Acho, sinceramente, que ninguém se importou por irmos embora tão cedo ou lamentasse a nossa falta. Ontem, percebi, preto no branco, que os meus amigos já não são os meus amigos, que a minha vida já não se cruza com a deles, que eles não sentem a minha falta como eu, por vezes, sinto a deles, logo, não tenho de ficar magoada com as atitudes deles porque as atitudes deles são fiéis àquilo que eles se tornaram e que ontem pude observar.
Ñão vou negar que eu própria não tenha culpa na situação, mas ontem, aquilo que vi, a indiferença com que nos trataram, a forma como nos fizeram sentir, foi a gota de água. Foi como uma cena de um filme, nítida e em câmara lenta, quando a protagonista descobre que afinal estava errada e que acabou de perder o amor da sua vida.
Não sei quem está certo ou errado e, sinceramente, não quero perder tempo a tentar perceber. Desde que a minha filha nasceu e que saí de Lisboa que fui completamente excluída da maior parte dos jantares, das comemorações, das saídas, até de um simples telefonema. Posso-os ter a todos como friends no messenger, no gmail chat ou no FB, mas nem uma única vez aquelas almas se dignam a dizer-me um 'olá' ou a perguntar 'como estão'.
O C. ficou furioso apesar de não o manifestar verbalmente. Apenas deixou sair um 'serviu para abrir os olhos' e veio calado o resto do caminho. Eu, mesmo tendo vontade de chorar por dentro, não derramei uma única lágrima enquanto a rádio passava 'All that you can leave behind' dos U2.
As peças encaixavam-se todas. Era a vida a sorrir-me.
Preciso de levar estes coices duros para voltar a reagir.

escape

Não fomos para o Porto e não nos cobraram a estadia desmarcada. Respirámos de alívio e agradecemos a 'sorte' que nos sorriu desta vez. Partimos de viagem para casa dos pais do C. com o carro carregado demais para apenas 3 dias. Não sabíamos muito bem quanto tempo ficávamos nem quanto tempo depois voltaríamos.
Ao contrário de todas as minhas queixas e lamúrias, confesso que até gostei. Não houve dramas nem comentários desagradáveis por parte da minha sogra. Ficaram tão felizes com a visita que eu fiquei feliz por vê-los assim, rejuvenescidos e agradecidos pela presença da neta.

A Madalena andou demais, queria ver tudo, correr tudo, explorar tudo. Mexeu em plantas e tocou em bichos, viu ovelhas e cabrinhas recém-nascidas e sujou-se a brincar, como todas as crianças se devem sujar quando são crianças, e eu vi e deixei e não me importei. Se não for agora que ela descobre momentos de pura felicidade em coisas tão simples, quando é que descobrirá?

Andou sempre muito carente de mãe e queria o meu colo até para adormecer. E lá a tomava eu nos braços, completamente rendida aqueles olhos e mãos que se esticam na minha direcção, porque ela está tão grande que não sei quanto mais tempo conseguirei tê-la ao meu colo, embalá-la nos meus braços, mexer-lhe nos caracóis e cheirá-la como se estivesse colada à minha cara. Tirámos muitas fotografias e fizemos passeios a três. Comemos demais a maior parte do tempo. Dormimos sestas e nunca consegui captar sinal de rede apesar de ter levado o computador, mas verdade seja dita, nem me importei assim tanto. Habituamo-nos a tanta coisa acessória na nossa vida que depois parece que já nem sabemos viver sem ela.

Não fomos a Paris, nem a Roma, nem ao Porto, mas estivemos juntos e com quem realmente nos ama, e isso sim, é o mais importante.

terça-feira, março 02, 2010

bad karma

Ando a definhar por sair daqui e ir para qualquer lugar, há dias, semanas, meses...
Ok, eu sei que estou em casa, o que aos olhos de muita gente pode ser sinónimo de 'férias permanentes', mas só eu sei o quanto estou a rebentar a paciência, a ansiedade e o stress com tamanha situação. Ando saturada destas paredes, farta do mar a perder de vista, da solidão dos meus dias, da gata com o cio e dos seus altos e constantes miados que não abrandam com o passar dos dias, do tempo triste e cinzento, das birras e guinchos da Madalena, de quase nunca ver/ter o meu marido e de encontrar na net, a minha mais triste e sórdida companhia.
Ando tão farta de tudo que me sinto a desaparecer, a eclipsar e com o cérebro a fazer 'tilte'.
Como isso é realmente notório e visível aos olhos de todos aqueles que me rodeiam (o que são poucos, diga-se), o meu marido lá achou por bem - para não dizer, 'foi obrigado' - a tirar uns míseros dias de férias - quando aquela alma tem, em horas extra de trabalho para tirar, o equivalente a 10 meses de férias! Sim, leram bem, 10 meses de férias!! - e lá se compadeceu com os meus insitentes pedidos de 'vamos fazer qualquer coisa, leva-me daqui para fora'.
Claro que teve de ser até à última e, na sexta-feira passada, eu ainda não fazia a mais triste ideia de que ele ficaria em casa esta semana, o que convenhamos, para marcar uma viagenzita, assim em cima do joelho, é para esquecer.
Ando a falar em Paris há uma eternidade, é certo, e nada me daria mais gozo neste momento do que passar uns 3 diazitos por lá, mas as viagens são caras, o tempo não ajuda e, mais uma vez, tudo em cima da hora não dá resultado. A juntar a isto temos a pressão dos meus sogros em quererem que passemos uns dias com eles - não podem saber que o filho tem uns dias de folga que pronto, já sei o que me espera - logo, a semana ficaria 'cortada' por essa deslocação e pernoita, o que ainda dificultava mais a decisão de: 'para onde ir', 'como ir', 'logística' e por fim, os euros dispendidos.
Depois de procuras na net em busca do voo-low-cost-perfeito-a-preço-mínimo, desistimos. Não existe. O Carlos, por aquilo que o conheço, não estava com muita vontade de ir para fora e se ia, era apenas para me fazer a vontade, o que perante o cenário, acabei por desistir.
Gostava muito de viajar sim, mas não vou roubar para o fazer, quando estou na situação em que estou e não me posso dar a esses luxos. Se encontrássemos um destino barato onde pudessemos fazer um turismo de pé de chinelo íamos na boa, mas assim, com pacotes a 400 euros cada, é para esquecer.
Decidimos então passar para Portugal e aí a fasquia aumentou. Já que não íamos para fora, ele achou que podíamos ficar num bom hotel, por umas 2 ou 3 noites, com spa incluído e proporcionar-me alguns momentos de relaxe/prazer, longe de tudo e de todos, só nós dois, sem filha atrás, sem berros e stresses, sem sopas e cócós e namorar como antes.
Depois de uma segunda-feira quase idílica, chegámos a casa resolutos a marcar o hotel e a preparar tudo para os próximos dias. Como era em Portugal, podíamos ir a casa dos meus sogros, passar lá 2 ou 3 dias, deixar depois a Madalena na casa dos meus pais e partir para a aventura sem o compromisso e as limitações de levarmos uma criança atrás.
Marcámos no Sheraton do Porto. Sim, é um verdadeiro luxo, foi uma maluqueira que nos deu e que quisemos fazer e eu já estava toda doidinha só de imaginar-me a dormir naquela cama king size que se vê nas imagens do site. Fizemos a reserva online, pagámos logo com o cartão e saímos de casa tranquilos e descansados em direcção à creche da Madalena para ir buscá-la.
Seriam 3 dias a partir de 5ª-feira só nossos e até lá estaríamos em família, dando oportunidade aos avós de ambas as partes, de usufruirem da sua companhia.
Só que eu devo ter mesmo um karma qualquer ou um olho gordo em cima daqueles bem poderosos, porque esta sensação de felicidade durou menos de duas horas. Quando chegámos novamente a casa eu lembrei-me de ir ao correio e de lá tirar uma série de contas. O Carlos começou a abrir uma a uma, entre elas a da Edp e de repente oiço o homem na cozinha a arfar e a praguejar. Chegou-nos a casa uma conta de 370€ da Edp! Ficámos mortificados.
370€?!?
Pois. 370€!
Resultado de acertos de Novembro, Dezembro, Janeiro e Fevereiro, depois de termos colocado os termoacumuladores por toda a casa (para quem não sabe, os termoacumuladores de calor, são uma espécie de aquecimento central, um serviço que a Edp agora disponibiliza e que em vez de serem a gás, funcionam por electricidade. Uma roubalheira, portanto...).
Ligámos logo para a companhia na esperança de que houvesse algum engano, mas não. É esta a contagem real. Lembrei-me, em seguida, na tentativa de amenizar a solução de nos estarem a ir à carteira e nós a vermos, de ligarmos para o Sheraton do Porto a desmarcar a reserva que tínhamos feito nem há duas horas. Não podemos estar a ir fazer vida de ricos quando não o somos, agravando a isso as gasolinas, as portagens, os jantares e almoços fora, os lanches e pequenos-almoços, mais uma ou outra extravagância que se comete sempre nestas alturas, quando temos uma conta de 370 euros para pagar até à próxima semana... como se não bastasse, hoje, pagámos os dois os seguros dos nossos carros... o que também foi outra bela quantia, assim como a creche da Madalena. Por isso, este belo mês de Março que agora começa e que conta com 31 dias, será para esquecer.
Mas a história não acaba aqui... é que ligámos para o Sheraton a avisar que não íamos e do outro lado disseram-nos: 'Sim senhora, será desmarcado, mas reaver o dinheiro é que não'.
O QUÊ?!
Disseram-nos que por termos feito a reserva online que o débito é automático e que será cobrado na sua totalidade, mas que amanhã nos dariam uma resposta definitiva.
Quer dizer, que nos cobrassem um terço do valor ou até mesmo metade por termos desmarcado eu ainda esperava, mas a totalidade?!? FODA-SE! Vão roubar para a estrada!
Escusado será dizer que estamos os dois na merda, literalmente.
Já não há férias, nem viagem a dois, nem idas da Madalena para casa dos meus pais, nem idas ao Porto. Nada.
A minha semana de férias, aquela pela qual eu ando há tanto tempo a desejar e que, muito provavelmente, serão os únicos dias passados a 2 ou a 3 antes de eu começar a trabalhar no que quer que seja e até que ele se decida/possa tirar férias novamente, será passada na bela companhia dos meus ricos sogros, enfiada numa aldeia que nem café tem, onde mal apanho sinal de net e cuja companhia corrente se resume a pessoas com idade superior a 60 anos.
Ainda nem começaram as minhas férias e eu já só tenho vontade que acabem.