quinta-feira, junho 21, 2012

a minha vida dava um filme indiano - parte 1

Sinais de como ando com a moleirinha toda torrada, ou a precisar de fazer reset:
Sair do trabalho mais cedo, ir buscar a miúda à escola, tudo a correr, para tentar chegar a horas à consulta no médico que estava marcada para as 18h15. Como ontem foi dia de visita de estudo da escola dela, vinha estafada, rabugenta (não tinha feito a sesta) e quando olho pelo espelho retrovisor vejo que tinha adormecido na cadeirinha durante o percurso até ao consultório. Chego, ela ferrada a dormir, estaciono no parque que há ali perto e constato que todos os carros que estavam em cima do passeio e arredores se encontravam bloqueados e embrulhados em fita da EMEL. Com medo de ser a próxima vítima e de ficar apeada, decido-me a ir pôr moedas no parquímetro, não fosse o diabo tecê-las, mesmo o relógio já estando perto das 19h00, hora limite de cobrança. Abro a carteira e nem um tostão, apenas uma nota de 5 euros. Olho para o carro do lado, estacionado em cima do passeio e bloqueado e vejo que uma das janelas está aberta e que há uma pessoa lá dentro. Ainda com a miúda a dormir no banco traseiro, saio e vou perguntar àquela alma se tem trocos para uma nota de 5€. Aproximo-me e quando digo: "Olhe, desculpe, tem trocos para uma nota de 5 euros, para eu colocar moedas no parquímetro?", quem é que está lá dentro, calmamente sentado a ler o jornal e a comer um papo-seco? O Manel João Vieira (vocalista dos Ena Pá 2000 e dos Irmãos Catita, assim como ex-candidato à Presidência da República Portuguesa). Disfarço para não me rir ou denunciar que o conheço. Ele responde: "Epá, não sei se tenho, deixa ver", na sua descontracção característica enquanto remexe na carteira para me ajudar. Finalmente diz, "Só tenho 4,40€", ao qual respondo muito prontamente, "Serve, obrigado!" e ainda ficou a ganhar com 60 cêntimos, sempre dá para mais uns pãezinhos caso a fome aperte.  Assunto resolvido, lá vou a correr até ao parquímetro, meto 1,20€ em moedas, tiro a miúda do carro que, por estar a dormir pesadamente, está ainda mais rabugenta, a choramingar e a pedir colo e apresso-me a atravessar a passadeira, para chegar à consulta. Sempre a tentar acalmá-la e a dizer que vai com a mamã à "sô doutora", que ela é uma crescida, que vai fazer companhia à mãe, que isto que aquilo, para ver se a birra não extravasa...
Chego ao primeiro andar e a recepção está estranhamente vazia - a minha médica tem sempre longas filas de espera - e penso: "boa, isto vai ser rápido, vou ser já atendida e vamos rapidamente para casa". Aproximo-me do balcão, "Boa tarde, vinha para a consulta com a Dra. Isaura" e o funcionário desata a rir. "Com a Dra. Isaura? Tem a certeza?" E eu, com a minha 'cara 33', a achar que devia de ter entrado numa outra dimensão em que me estão a gozar e eu a ver, ainda reforço, "Sim, sim, com a Dra. Isaura, às 18h15". Do outro lado o balde de água fria, "a Dra. Isaura só dá consultas à 3ª e à 5ª, a sua consulta é amanhã".
E é mesmo.
Portanto, hoje, espera-me novamente a mesma saga: sair mais cedo, ir buscar a miúda à escola, levá-la comigo, tentar arranjar lugar próximo do consultório (que é outro filme) e rezar para que o mesmo não esteja a abarrotar pelas costuras e fique horas à espera de ser atendida com uma criança de 3 anos ao meu lado. A única diferença é que hoje já tenho trocos na carteira, mas por outro lado, também joga Portugal e eu duvido que às 19h45 esteja em casa.

Ah, pequeno (grande) pormenor, a Dra. Isaura é ginecologista...



1 comentário:

Maffa disse...

bahhhh dia para esquecer!!
excepto o joao manuel :D