terça-feira, junho 20, 2006
post 'a la Sexo e a Cidade'
Descobri nos últimos tempos que ter uma entrevista de emprego é em tudo idêntico a ter um encontro, senão vejamos:
Na véspera já estamos nervosas e ansiosas e o sono teima em chegar, analisamos mentalmente as perguntas que nos poderão fazer e nas respostas (inteligentes) que devemos dar - a preparação é fundamental e não convém haver falhas, o mínimo detalhe pode pôr em risco toda a 'operação'.
Tomamos banho antes de sair de casa, lavamos bem a cabeça, os dentes, fazemos a depilação, arrancamos os pêlos rebeldes das sobrancelhas que insistem em andar despenteadas e analisamos a cara ao espelho à procura de pontos negros, ou de possível e incipiente buço. Passamos meia hora diante do roupeiro à procura da indumentária, para finalmente colocarmos a nossa melhor roupa e rezar desesperadamente para não parecer nem demasiado oferecida, vulgar, pudica ou excêntrica. Arranjamos as unhas, pintamo-las de cores suaves e arranjamos as cutículas para que nenhuma pele insistente desvie a nossa atenção, ou com os nervos, nos leve compulsivamente a roê-la. Hesitamos no perfume e na quantidade, muito enjoa, pouco nem se dá por ele. Verificamos mil vezes o cabelo e rogamos pragas ao vento e a tudo que nos arruine por completo todo o tempo investido na produção.
Por fim saímos de casa a oscilar entre a confiança e o desespero. E tal como em todos os encontros, ou regressamos profundamente frustradas, ou alegremente esperançosas.
Neste momento, aposto mais no primeiro grupo.
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