terça-feira, junho 01, 2010

quando a arte imita a vida

O meu recente patrão, director geral daquela empresa, é um bicha do piorio. Mas daqueles bichas irados, mesquinhos e cheios de fel para cuspir. E eu podia logo ser acusada de homofóbica só por usar o termo 'bicha' para o designar, mas não sou. Sei sim, reconhecer um bicha do piorio quando tenho um à frente, logo, não me posso referir ao senhor sem utilizar semelhante termo. Porque é mesmo isso que ele é, bicha.
Como todo o bicha que se preze adora a vida do social, os vips e as fofocas, as intrigas e o diz-que-disse. Dá-lhe uma satisfação acrescida dizer mal de tudo aquilo que mexa e que respire, de tratar os outros com desdém e arrogância só porque sim, de mudar de disposição como o vento de direcção e, mais do que tudo o resto, odeia gordos.
Ora, importa também dizer que, o senhor "bicha-meu-patrão-que-odeia-gordos", já foi em tempos, ele próprio, um gordo. Um gordo a roçar o obeso, que um dia acordou e decidiu agrafar o estômago para reduzi-lo de tamanho e assim ser aquilo que ele sempre sonhara: magro.
E foi assim que o "senhor-meu-patrão-bicha-que-já-foi-gordo-e-agora-é-magro-mas-que-odeia-gordos" foi operado, reduziu o estômago para o tamanho de uma ervilha, andou meses a líquidos e a vomitar tudo o que engolia - que até os alimentos se recusavam a entrar naquele esófago - e perdeu peso. Muito peso. E hoje é, um bicha magro, muito magro e seco, muito, muito seco e com muito mau aspecto.
A semana passada, num jantar de beneficiência em que comparecemos, estive sentada bem de frente para o senhor e, quanto mais o olhava, mais eu sentia que aquela cara me era familiar. Mas não digo familiar como quem olha para outro alguém e diz: "Ah, você faz-me lembrar a minha 'tia-avó' adorável que me fazia umas panquecas quentinhas que eram uma delícia." Não. Eu olhava para ele e só me vinham à ideia desenhos animados, extraterrestres, seres híbridos e coisas estranhíssimas, mas sem qualquer ponto de referência. Até que se fez luz e eu consegui, finalmente, identificar o personagem que o "senhor-meu-patrão-bicha-que-já-foi-gordo-e-agora-é-magro-mas-que-odeia-gordos" me faz lembrar.

Ei-lo:


É ele. Sem tirar nem pôr. O meu patrão é o Mr. Burns! Em tudo! A magreza extrema e raquítica, o ar maquiavélico, o sorriso matreiro, aquela expressão de que nada de bom pode vir dali e até a careca (por Deus!), os olhos mesquinhos... Tudo, TUDO é igual.

Por isso, sendo a personalidade do senhor igualmente idêntica à deste personagem, bom... não é de estranhar que odeie, não é? Aposto que quando era gordo era uma pessoa bem mais agradável, que se ria com vontade, com sentido de humor e mais tolerante com o próximo. Agora, sempre que vê um gordo despreza-o, pois claro, porque vê-lo é ter noção de que ele próprio, num passado distante, já foi assim e, tal coisa, dá-lhe asco.

Prefere ser esta amostra de gente, encarquilhada e a destilar veneno por todos os pôros, que dá beijos de língua nos seus cães a pilhas chiwuaua porque, provavelmente, eles são os únicos seres que ainda lhe dão algum tipo de amor e/ou afeição.

Chega a ser cómico, não fosse a tristeza da realidade, ser a mais pura das verdades.

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