sexta-feira, novembro 11, 2016

Birras


Quando a Madalena era pequena, por volta dos 2/3 anos, começaram as birras 'à séria' e um verdadeiro teste à nossa espinha dorsal. Já sabia que é nesta fase que eles começam a testar-nos e a ver até onde podem ir, mas uma coisa é lermos sobre isso e sentir que estamos mais ou menos preparados (ou não) e outra é presenciar, às vezes nos locais e situações mais inusitados, o 'tremor de terra' a acontecer.
E meus amigos, não é fácil. Nada, nada fácil. 
Principalmente aquele tipo de birras que nos envergonham. Aquele tipo de birras que sempre bradámos - quando ainda não éramos pais, pois claro - "filho meu nunca fará isso!". Ahahaha, hoje, quando me lembro desses tempos só tenho vontade de rir, santa inocência! Por mais que pensemos que temos tudo controlado, eles conseguem surpreender-nos nos momentos mais inesperados e envergonhar-nos redondamente. Lembro-me de uma cena que ela fez no supermercado, já na caixa, onde levava uma embalagem de 4 gelatinas nas mãos e se recusava a dá-la para passar no código de barras. Não sucumbiu a nenhuma das nossas investidas nem supostos 'subornos', "Filha, dá cá à mamã, olha ali o balão, não é tão giro? Olha ali o carrinho com o Noddy, não queres ir andar? É só um bocadinho e a mamã já te dá as gelatinas outra vez, está bem? Sim, sim?". Não, nada feito. Nada a fazia vacilar e cada vez agarrava as gelatinas com mais força e de forma mais convicta. Entretanto a fila aumentava atrás de nós, a senhora da caixa desesperava e não tive outro remédio a não ser tirá-las da mão à força. Ui, ui, o que fui fazer! Foi a desgraça total. Berrou, esperneou e por fim atirou-se para o chão em verdadeiros espasmos de dor e gritos lancinantes. Esta é daquelas que me ficou na memória até hoje - por ter sido a mais feia de todas - mas foram vários os episódios 'birrentos' ao longo dos anos -  até porque sempre teve tendência para o drama. Claro que a coisa aliviou por volta dos 5 anos, mas não é fácil de gerir. Pelo menos para mim não é, já que a minha natureza é tudo menos calma. 
O Afonso, apesar de ainda não ter um ano, já começou a dar mostras do que aí vem. Agora, quando a coisa não lhe corre de feição ou é contrariado, além de ficar com ataques de mau-feitio, atira-se para o chão e chora, chora (ou finge que chora). Faz isso com alguma constância e o truque que optámos por fazer é o de não ligar. Ele está no chão, em grande drama e nós ignoramos. Não olhamos, não ligamos, até lhe passar o achaque. Custa-me muito, confesso. Porque os gritos, os guinchos, o choro, tudo me faz confusão e só me apetece pôr-lhe um fim, mas resisto o melhor que posso. 
E quando posso, também registo o momento. Como este, em que na festa de aniversário da irmã e perante a minha negação em não o deixar ir para as escadas, se deitou no chão em grande pranto. 

É oficial. Os meus filhos têm todos queda para o drama.

E o que chamo a isto? Um "drama king"?


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