segunda-feira, outubro 14, 2013

As crianças Ikea

De manhã, atrasada como sempre – ainda mais a uma segunda-feira, em que fiquei acordada até tarde e de manhã o corpo teimava em não sair da cama – abro a porta do quarto dela e dou-lhe os bons dias.
“Cucu, está na hora de acordar! Bom dia!” – digo, enquanto abro a porta, espreito muito rapidamente e corro para a cozinha para puxar o estore e deixar entrar a luz.
Ela, como sempre, acorda sem birra nem dramas. (Tem muito bom acordar esta minha filha) E depois daquele ar de sono típico de quem sai do quente da cama, senta-se na mesma e, muito séria, com olhos de cachorro Sad Sam, vira-se para mim e pergunta:
“Mãe, quando é que temos um mano ou uma mana?”
Ai minha Nossa Senhora – e logo hoje que é 13 de Outubro – que a criança a perguntar-me isto mal acorda não é normal. Acho graça, sorrio, penso no que lhe hei-de dizer e respondo com muita calma, vendo o ar infeliz e de preocupação da pobre.
Querida, a mamã agora não pode ter bebés. Ainda hás-de ter um mano ou mana, mas a mamã agora não tem condições.”
Ela soltou um triste e desolado um “Ohhhh” com o ar mais infeliz do mundo e muito cabisbaixa começa a choramingar. Tento remediar a situação da forma mais airosa que me lembro e  digo: “Além disso, nem temos espaço cá em casa. Já viste, se tivesses um mano ou uma mana, não cabia aqui no teu quarto. Não tínhamos espaço para colocar a caminha dele. O teu quarto já é tão pequenino que não cabe aqui uma caminha para o mano(a).”
Depois de dizer isto fico, por breves segundos, satisfeita comigo mesma por achar que dei bem a volta à questão e que pondo as coisas desta maneira ela chegaria à conclusão que de facto não há espaço lá em casa para mais uma criança… mas enganei-me.
Ficou a pensar durante uns segundos e depois, muito assertiva, diz-me:
Há sim, há espaço para a caminha de um mano. Colocas a caminha do mano por cima da minha”
E pronto, com esta conclusão de raciocínio, tirou-me qualquer argumento. São assim as crianças “Ikea”… Arranjam soluções de reaproveitamento de espaço onde nós não as vimos.

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