domingo, outubro 20, 2013

decisões

Ando indecisa se hei-de vender o meu anel de noivado ou não. Por um lado o dinheiro dáva-me jeito, por outro sinto que se o fizer, perderei para sempre uma parte de mim e uma parte da minha história, mesmo que essa história não tenho dado certo.
Ando com a caixinha com o anel dentro da mala há semanas, mas ainda nunca tive coragem de entrar dentro uma ourivesaria e mandar avaliá-lo. Não faço ideia de quanto será o seu valor, se é que tem algum. Sempre ouvi o meu ex marido gabar-se de que tinha gasto uma fortuna no anel, mas eu olho para ele e acho-o demasiado simples e discreto, comedido, a antítese de tudo aquilo que eu me considero e penso que, muito provavelmente, aquele anel e o valor elevado que quem mo ofereceu gostava de apregoar à boca cheia, deve ser mais uma das suas ínfimas mentiras para engrandecer o seu pobre ego.
Sempre achei que aquele anel não tinha nada a ver comigo e sempre achei a escolha infeliz. Se por um lado significava o amor de um homem por mim, o único homem que na vida se ajoelhou a meu pés e me pediu em casamento, por outro, sempre achei que esse homem não me conhecia o suficiente para saber que aquele anel não era eu.
Penso se farei bem em guardá-lo, se vale assim tanto a pena vendê-lo, imagino-o um dia mais tarde a dá-lo à minha filha como a passagem de uma jóia de família, o fruto do amor que houve um dia entre as duas pessoas que a geraram. Dou por mim a olhar montras de ourivesarias e a ver aneis que podiam, perfeitamente, ser de noivado. Ontem parei em frente a uma, cheia de anéis belísssimos - que fazem inveja ao meu - a preços que não chegavam aos 50 euros. Decidi que, muito provavelmente, o melhor é deixar o anel dentro da sua caixa, guardado e esquecido, mesmo que nunca tenha gostado assim tanto dele.
Afinal, foi o único que me deram na vida.

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