quinta-feira, abril 14, 2016

Repetir as coisas até à exaustão dá resultado?


Hoje de manhã, antes de sairmos de casa, tive uma discussão com a Madalena. Todos os dias, mas mesmo toooodooooosss os dias repito as mesmíssimas coisas até à exaustão: "Madalena despacha-te", "Madalena, o que estás a fazer na casa de banho para demorares tanto?", "Madalena despacha-te a comer", "Madalena, despacha-te a vestir" e é isto, repetidamente, todos os dias. 
A verdade é que apesar de todos os dias entoar o mesmo "mantra", não noto que lhe faça grande efeito. Ela continua a demorar mais de 20 minutos para engolir uma fatia de pão torrado e uma caneca de leite, outros vinte na casa de banho em frente ao espelho para lavar a cara e os dentes e mais outros tantos para se vestir. Pelo meio eu faço mil e uma piscinas, tomo o pequeno almoço, dou papa ao irmão, lavo loiça, preparo marmitas, preparo-lhe o lanche, seco o cabelo, preparo-lhe a roupa, faço camas - e toda uma ginástica matinal para conseguir sair de casa com tudo orientado. Já experimentei acordá-la mais cedo da cama ou deixá-la seguir o ritmo dela sem estar sempre a pressioná-la, mas a verdade é que não dá! Ela dispersa-se, entra noutra 'dimensão' de tempo, de mundo só dela e perde a noção das horas, de que tem de se despachar. 
O mesmo acontece com as coisas dela. Perde tudo. Nunca se lembra onde colocou nada. Arranja sempre desculpas sempre que é confrontada, argumenta, fica amuada e chateada e responde com maus modos. Confesso que quando o faz fico passada. Esta semana esteve mais de meia hora na escola, quando a fui buscar, à procura do gancho que levava na cabeça e que tirou sem se lembrar de onde o tinha posto. Foi preciso vir uma menina, mais nova do que ela, dizer-lhe que ela tinha estado na casa de banho a lavar as mãos e que se calhar o laço/gancho, tinha lá ficado. Ou na semana anterior, onde perdeu um pullover do colégio e me fez andar a chatear meio mundo, incluindo o pai, porque  julgava que o mesmo tinha ficado na casa dele. Afinal estava 'apenas' na escola e ela não se... pois, isso, 'lembrava'.
E é isto, todos os dias, repetidamente. 
Hoje, depois de uma resposta dela mais torta, passei-me. Mas passei-me a sério. Tive de ralhar com ela como ainda não o tinha feito. Chateia-me esta atitude dos miúdos do "estou-me a borrifar para o que estás a dizer", ou o não saberem dar valor a nada e de ainda nos revirarem os olhos. Não gosto de crianças mal educadas e não permito que um filho meu faça o que lhe der na real gana só porque "é pequeno e, como tal, não deve ser contrariado para mais tarde não ficar traumatizado". 
Ela chorou, claro. Assim como chora porque queria comer maçã a seguir ao jantar - quando já comeu maçã duas vezes nesse dia - e nós lhe dizemos para variar a fruta e comer pêra, banana ou laranja. Chora agora, mas sei que amanhã estará a fazer exactamente as mesmas coisas e eu estarei a repetir tudo novamente. 
Hoje utilizei a máxima "hierárquica" com ela, disse-lhe que enquanto ela viver na minha casa terá de ser sobre as minhas regras e confesso que à medida que as palavras me iam saindo da boca me lembrei dos meus pais e de como ouvi aquela expressão tantas vezes. E agora ali estava eu, a dizê-la à minha filha, a demonstrar a minha autoridade materna na sua máxima força. Qual reforço positivo qual quê. Hoje mandei a pedagogia toda ir dar uma curva. 
Por instantes senti-me uma carrasca, mas depois pensei: "estou a ficar igual aos meus pais", é inevitável. Por isso, pode ser que um dia mais tarde a história se repita e ela tenha também uma epifania do género quando a filha dela a tirar do sério. Nessa altura lembrar-se-á de mim e pensará: "Estou a ficar igual à minha mãe". 
Se esse dia chegar é sinal que fiz o trabalho bem feito. 

3 comentários:

Anónimo disse...

Simplesmente porque não lhe diz que se há hora em estiver pronta para sair, ela não tiver comido todo o pequeno almoço ou não estiver despachada, vai assim mesmo para a Escola.
Não comeu tudo, fica com o fome, o problema é dela.
Não lavou a cara, não lavou os dentes, não se vestiu....vai de pijama para a Escola sem cara lavada e dentes por lavar.
Não se penteou, vai despenteada.

Será alvo de "chacota" na Escola o problema é dela.
Mas, com antecedência avise a Professora do que vai fazer para que a mesma não se sentir chocada com o que possa vir a ver.

Se a sua filha sempre foi assim, foi porque se sentiu sempre como uma filha única com as atenções todas viradas para si. Com a chegada do Irmão continuou só porque sim.

Esquece-se das coisas. Faça saber que, por cada coisa que perde, se esquece na Escola ou em qualquer outro sítio, foi dinheiro que a senhora gastou e que ela vai ter que pagar da sua mesada. Pode perguntar-lhe diretamente se sabe o valor da peça que perdeu/esqueceu. Pois esse valor como castigo fica "x" dias sem ver o que ela + gosta para compensar.
Ou então arranje um frasco de vidro grande.
Cada vez que ela perder/esquecer alguma coisa, atrasar-se em arranjar-se, atrasar-se ao pequeno almoço, coloque 1€ ou 2€ (ou uma quantia um pouco + elevada) e diga-lhe: "Este dinheiro seria para a tua mesada ou, este dinheiro seria para "aquilo" que me pediste para comprar. Como não consegues ser responsável com as tuas coisas nem tão pouco respeituosa, eu tiro esse teu dinheiro e guardo-o aqui. Vou comunicar ao teu Pai que vou proceder assim contigo aqui em casa. Ele, na casa dele, decidirá o que fazer."
Mas não lhe pergunte nada. Simplesmente, sentadas à mesa (junto com o seu atual Marido) comunique o que vai fazer. De uma maneira bem desportiva, sem vozes altas/tensas.....diga-lhe bem simplesmente o que vai acontecer dali para a frente:
- demoras a comer, pois comes metade e vais com fome para a Escola;
- não te vestes rápido nem deixaste nada preparado na véspera? Vais de pijama e pronto.
- não houve tempo para lavar dentes e cara nem pentear, pois vais assim mesmo.
- és tu que vais passar vergonha, não sou eu.

Podem ser opiniões/conselhos um pouco duros mas, às vezes, as crianças precisam de levar uns "abanões" na sua alma, no seu ego e no seu interior.

Atentamente,
Cristina Costa

Mafalda disse...

obrigada pelo seu comentário Cristina! É mesmo isso! Ainda este fim-de-semana falei sobre isto com o meu marido. Ralhar ou chamar-lhe a atenção repetidamente não lhe faz efeito. Ela volta a fazer as mesmíssimas coisas pouco depois. Não lhe fica lá nada. Por isso o próximo passo vai ser mesmo esse, ela tem de começar a sentir que as atitudes dela têm efeitos e tem de começar a senti-los directamente. A pagar com o dinheiro dela as coisas que estraga (mesmo que depois eu lhe volte a colocar o dinheiro no mealheiro sem ela saber, só o simples acto de ela me ver a tirá-lo faz efeito). O mesmo acontece com tudo o resto. Só assim acredito que ela aprenda.
Obrigada pelas suas dicas.
Um beijinho,

Maffa disse...

Um bocadinho igual aqui,
Os 7 anos afinal däo mais trabalho que eu pensava...
Com o martin resulta quando eu vou ter com ele e falo olhos nos olhos, sem me zangar, vá vamos agora, despacha-te por favor concentra-te. Se o chamo do fundo da casa para se despachar finge que näo ouve e continua na dele.