domingo, novembro 19, 2006

afinal, não há mesmo coincidências...






















O plano para o nosso Domingo soava a apelativo: acordar cedo e ir até aos Pastéis de Belém tomar o pequeno-almoço (eu claro, com os devidos cuidados, uma vez que pastéis de nata neste momento estão interditos ao meu estômago 'de andorinha'... um regime forçado, mas adiante.) Levámos o Expresso, sentámo-nos numa das salas interiores onde o ruído de fundo não se fazia sentir com tanta intensidade, eu levei os meus livros na mala, fomos rapidamente atendidos, enfim..., tudo parecia perfeito nesta manhã fria e enovoada. Enquanto bebía um chá de cidreira, tirava fotos, registava visualmente famílias, turistas e toda uma rotina domingueira que faz parte de tantos lisboetas. Tenho esta mania de escrutinar os outros com o olhar, de registrar emoções, relações, mas não o faço por mal, nem com aquela vontade de saber da vida alheia, faço-o porque me alimento disso e me serve de enorme tesouro pessoal.
Os pasteís estavam cheios, aos poucos, a enorme sala que escolhemos para o nosso pacato pequeno-almoço foi-se tornando pequena para a quantidade de pessoas, que tal como nós, tiveram a mesma ideia. Decidimos que devíamos de ir dar um passeio por toda a zona de Belém. Aproveitámos a feira de rua e de antiguidades que decorria espalhada pelos corredores dos jardins para desanuviar, vimos máquinas fotográficas antigas que gostaríamos de ter na nossa sala de estar, bibelôts que me lembro de ver em casa dos meus pais quando era pequena e que entretanto lhes perdi o rasto, tirámos mais outras tantas fotos e quando demos por nós, estávamos à porta do CCB, onde eu fiz uma 'birra' tremenda porque queria entrar e ver uma mostra de fotografia que estava em exposição, mas como o C. não estava muito para aí virado, eu acabei por dar a mão à palmatória. Má hora. Sim, porque apenas uns metros mais à frente tivemos um encontro imediato que preferíamos ter evitado: O 'casal emplastro' !
Para aqueles que não sabem, o casal emplastro atormentou a nossa lua-de-mel fez recentemente um ano. Conhecêmo-los no Aeroporto de Lisboa, quando embarcávamos para Cancún e rapidamente eles aperceberam-se que tínhamos todos o mesmo destino... mais do que isso, o mesmo hotel! Ao princípio pareceram-nos bastante simpáticos, comunicativos, eram bem dispostos e ela parecia muito expansiva. Dizia-se enfermeira, ele também. Para azar dos azares, eramos os únicos casais portugueses em todo o Gran Palladium Resort Hotel & Spa e os nossos quartos eram precisamente um ao lado do outro. Nós em lua-de-mel, eles casados há 9 anos e a fazerem férias pela primeira vez sozinhos, porque antes já o tinham feito com os pais, os sogros e todos os membros da família de que há memória. Rapidamente decidiram que eramos a companhia ideal para 15 divertidos dias no México e se, ao início, nós fomos tolerantes e até afáveis, ao fim de três dias já andávamos desesperados e a arquitectar estratégias de fuga que nos permitissem ter o descanso merecido sem um casal de melgas atrás. Afinal, tínhamos passado o Verão todo a trabalhar e a preparar um casamento, estávamos estafádos desde a unha do pé até à ponta do cabelo e o que mais queríamos era praias paradisíacas e águas quentes em tardes solarengas de papo para o ar e a verdade é que até o conseguimos, mas sempre e sempre, a quatro e não a dois!! A situação agravou-se quando começaram a combinar a hora do pequeno-almoço a quatro, o almoço a quatro, a praia, a piscina, as excursões, o jantar... áááááááááá!!!!!!! Ao fim de cinco dias eu andáva a dar em doida e já não havia simpatia que me valesse. As supostas conversas que deveríam de dar a entender que 'nós queremos estar sozinhos' da nossa parte, não deviam de ter um canal de percepção de mensagem igual ao nosso, porque os nossos destinatários se as percebiam, simplesmente faziam orelhas moucas e continuavam a fazer marcação cerrada. Chegaram ao ponto de só irem à água quando nós íamos, de andarmos a nadar a quatro, de se sentarem ao nosso lado no autocarro, enfim.. um pesadelo. No nosso último dia, decidimos que tínhamos de deixar a diplomacia de lado e dizer frontalmente que queríamos estar sozinhos. Só assim, e quase à força é que eles perceberam e digo-vos, foi o nosso melhor dia. Pudemos estar na praia de papo para o ar sem ter a preocupação de fazer conversa de circunstância, namorámos, passeámos, aproveitámos a dois os jacuzzis da piscina, enfim... tudo aquilo que era suposto termos feito nos restantes sete dias que duraram as nossas férias. No final, achámos que para fugir aos emplastros para o resto das nossas vidas, o melhor era não lhes darmos os nossos números de telemóveis e assim foi. Pensámos desta forma sair vitoriosos da emboscada. Eles perceberam (acho eu) e deixaram-nos um papel debaixo da porta do quarto com os contactos deles, contactos esses que nós nunca fizemos questão de registrar na memória dos nossos telefones... até quando? Pois bem, até hoje, altura em que passeávamos por Belém e uma mulher de voz estridente abanava a mão efusivamente de alegria por nos voltar a reencontrar. Se ao princípio pensámos: 'mas quem é aquela?', logo as nossas dúvidas se dissiparam e o horror ficou estampado nas nossas caras. Eram eles!!! Os emplastros regressavam em força e desta vez traziam o seu novo membro, um emplastro Junior!!
Por isso, meus amigos, não percam os próximos capítulos desta história, que nós, também não...

7 comentários:

Anónimo disse...

Ah ah ah ah ah! Felizmente nunca me aconteceu nada semelhante. Gosto muito de estar na minha; férias implica não ter horários, compromissos, obrigações. Se eu tivesse de passar férias com duas carracitas dessas à perna, cortava os pulsinhos. LOL
Beijinhos

Mafalda disse...

nós não foi por pouco que não o fizemos... acredita! e agora encontrá-los outra vez é demaisado azar de uma vez só!

bjs***

bisgóia disse...

Ai C., C. para a próxima não recuses a ida à mostra de fotografia! LOL LOL LOL Que maneira tão agradável de começar o Domingo!

Doces Minhoquices disse...

Lua de mel com emplastros à perna.. coitados! Ainda por cima no México... tão bom para namorar.. que saudades!
Mas agora "alto e paira o baile"... Xôôô gente! e se não se resultar nada melhor do que meter o nosso "ar nº 13".. aquele que toda a gente percebe... Mesmo os lerdos!!
bjs**

Mafalda disse...

só a nós! qualquer dias reuno estas peripécias todas em livro e escrevo um best seller!
bjs***

bisgóia disse...

Acho que fazes muito bem, se até a MRP escreve livros! Tu, de certeza, escreves melhor que ela, aliás, qq pessoa escreve melhor que ela, até o meu primo que tem 7 anos!

bjs

Mafalda disse...

acredita que vontade não me falta. eu nem digo que a MRP escreve mal, é pena é ser tão tontinha... mas enfim, não se pode ter tudo! ;) **

mas o livro é um objectivo! :))