domingo, julho 16, 2006

The break up













Eu pensei que ia ver mais uma comédia romântica bem ao gosto do 'american style'. Eu pensei que era o filme ideal para comer pipoca e descontrair numa noite de sexta-feira. Eu pensava que ia ter um final feliz, daqueles já previsíveis que os trailers deixam antever, mas o último filme do Vince Vaugh (o que eu gosto dele) e da Jennifer Aniston, 'Separados de fresco' - que tinha tudo para ser descontraído, divertido e leve - e é-o de facto, fez-me pensar mais na vida e nas relações (na minha neste caso), do que qualquer outra coisa ultimamente.
Claro que é exagerado, floreado, dramatizado, mas houve tantas situações com as quais me identifiquei, que no fim fui assolada pelo medo - e se algo do género acontece comigo, ou melhor, connosco?
Eu também peço para ele trazer 12 limões para o centro da mesa e ele traz-me 3, eu também me mato na cozinha a fazer o jantar enquanto ele joga playstation no sofá e vibra com o Soccer Team como se fosse uma criança de quatro, ele também tem o sonho de querer uma mesa de bilhar cá em casa (graças a Deus que não há espaço), ou então uma jukebox, e eu também sinto que muitas das vezes, as minhas palavras ou sucessivos pedidos de ajuda se tornam mais num discurso esbatido e esfumado que lhe entra por um ouvido e sai pelo outro imediatamente a seguir, do que propriamente um apelo a 'sério'. Por isso pensei, serão todos os homens rapazinhos que pedem que tomem conta deles? Estará a minha relação destinada ao fracasso? Ou serão todas as relações ao fim de dois, três anos de vivência, assim? E a resposta é que penso que sim. Que não há relações perfeitas - mesmo para aqueles que ainda vivem iludidos com o assunto. Há o desgaste, a rotina, as coisas irritantes e picuínhas do dia-a-dia; a roupa deixada no chão que nos deixa loucas, os sapatos no meio da sala, a tampa da sanita para cima, o futebol como programa de televisão favorito... and so on. Há o assumir diferentes papéis - mãe (dele e dos nossos filhos, se os houver), de esposa, de mulher, sem perder uma identidade que se quer própria - como a que tínhamos quando eramos solteiras, ou antes de o termos na nossa vida, e gostávamos de ouvir música em altos berros sem nos importamos com o que os vizinhos de baixo pensavam... Acho que uma relação só resulta se houver um esforço de ambos em aceitar as queixas do outro, em não dar por garantido, em trabalhar o assunto, em continuarmos a sermos nós próprias, em ser honestas, connosco e com o outro, porque se não o fizermos, então o mais provável é que todas estas pequenas coisas nos minem e nos levem a querer mais do que aquilo que faz o nosso mundo no presente. Ao longo destes anos de namoro e casamento com o C. aprendi a ser mais tolerante e talvez não tão intransigente. Sei que ainda tenho de mudar muitos dos meus comportamentos, mas a verdade é que sei o que é estar tipo balão prestes a rebentar, e ter cá dentro uma 'Mafaldinha' prestes a querer soltar o grito do Ipiranga, mas a saber calá-la e aprender a relativizar, a respirar fundo e a contar até dez.
Ninguém é de ferro, é certo, mas sem ele, perdia parte de mim. É isso que a minha realidade tem de diferente da do filme.*

6 comentários:

Anónimo disse...

Também vi o filme. Gostei e por acaso também pensava que o final fosse previsivel ('e viveram felizes para sempre'). Sei que o facto de não vivermos juntos faz muita (toda, se calhar) a diferença, mas numa relação de mais de 6 anos, mesmo vivendo cada um na sua casa, essas pequenas coisas já fazem diferença. Ele também quer uma mesa de snooker, passa a vida a jogar no pc, consegue ser muito chato quando quer uma coisa (tipo miúdos mimados)... Estamos ambos mal habituados porque as nossas mães sempre nos fizeram tudo, mas no nosso caso, e até agora, tem sido sempre ele a querer fazer planos para o futuro a dois. É ele que dá sempre o primeiro passo: o carro foi comprado a pensar no futuro, as simulações nos bancos para os créditos à habitação, 'temos que pensar numa casa que fique relativamente perto do teu trabalho porque se não tens carta não vais andar de transportes para chegares a casa á tantas; ou será perto ou então teremos que nos conjugar para te ir buscar' diz-me ele (e eu ainda nem terminei o curso). No entanto, vejo muitas relações longas a terminarem de um momento para o outro e isso assusta-me. Porque neste caso (do filme e do teu post) não é o facto de poder haver outra pessoa; é a falta de comunicação, de identificação, quando conseguimos pensar, nem que seja por um bocadinho, que poderiamos ser mais felizes se a outra pessoa não estivesse connosco. Quando as pequenas coisinhas se acumulam e se sobrepõem a tudo o resto, quando só reparamos no que não gostamos, no que nos irrita (e não estou a falar de um dia-não, mas sim se dias, semanas, meses até).. aí sim deve haver um problemaque poderá ou não ser solucionado. Terá sempre que haver cedências de ambas as partes e haverá sempre alturas em que vamos pensar que só nós é que nos estamos a esforçar para que resulte. Mas há sempre momentos em que conseguimos esquecer tudo isso e sorrimos pelo simples facto de nos darem a mão, de estarema dormir como bebés ao nosso lado ou apenas por fazerem parte da nossa vida. Um beijinho grande e desculpa o tamanho disto :) *

Estrelinha do Mar disse...

Que fazemos quando as 11 primeiras linhas do 3.º parágrafo do post da Mafalda e o excerto que vai desde "Quando as pequenas coisinhas" até "... a esforçar para que resulte." da Cristiana, parecem ter sido escritos de propósito para caracterizar o meu estado de espírito? Isto é assustador. Afinal, todas as dúvidas, anseios e dilemas com que me deparo diariamente são também a dura(?) realidade de tantas outras pessoas... Mau com eles, pior sem eles?! Ou o cansaço natural de quatro anos de namoro?...

Anónimo disse...

de vez em quando passo por aqui a ler-te, e woah, gostei muito deste texto, para além de que me parece extremamente sensato :)

Mafalda disse...

Cristiana, minha querida, não te preocupes com o tamanhp dp texto! Eu gostei do teu desabafo! e eu, que nem costumo ter comentários no meu blogue, hoje quando aqui cheguei tinha logo 3! isto é inédito! ehehehe :)
e sim, compreendo o que queres dizer com tudo e acho que fazes a pergunta fundamental, 'será que vou ser mais feliz sem ele na minha vida'. Se souberes responder a isso honestamente, tens a resposta *

estrelinha, a tua realidade é a minha e a de tantas outras pessoas, acredita. Nem sempre falamos das coisas e às vezes julgamos que há relações perfeitas, ou ficamos desoladas quando alguem acaba, mas todos passamos pelo mesmo e todos, pensamos em alguma altura, como seria 'se'. se achas que estás no período cansaço '4 anos de namoro' tenta inverter a situação e faz a pergunta. :) **

anónimo... eu até gosto dos teus comentários de vez em quando, mas não estará na altura de fazer as apresentações?

Clementine Tangerina disse...

Eu tb achei que muitas situações de lá são reais.

Cláudia Florença disse...

Olha que ela também dizia que não havia espaço para a mesa de bilhar!!! Eheheh! ;)
Adorei este teu espacinho... tens textos simplesmente fabulosos! saudades mafaldinha... :) jitos!