domingo, maio 20, 2007

Viagens na minha terra


















Já voltámos. As férias passaram depressa, demasiado depressa. Acho que é como diz a canção da Nelly Furtado: 'all good things come to an end' e nada podia aplicar-se melhor do que o refrão desta música sempre que me lembro da semana que passou. Foram dias muito prazenteiros, de muito passeio e muita comida, acompanhada por muito bom vinho, ou não estivéssemos nós na rota do vinho verde. (e eu nem sou apreciadora de vinhos, mas um verde fresquinho, confesso que gosto!) Conhecia pouco e mal o norte minhoto. Não que tenha visto muita coisa, pois o tempo que estivemos efectivamente lá em cima, foram de apenas três dias, mas deu para ter a noção de que as coisas são bem diferentes daquilo a que estamos habituados. O verde era a cor predominante (além de ser a minha favorita) e por onde quer que olhássemos, a extensão de campos prolongava-se muito além da nossa vista, abraçados pelas serras em redor. O tempo esteve sempre bom, com um sol demasiado quente, que ainda nos permitiu estender as toalhas e ganhar alguma cor em apenas um final de tarde e uma manhã. A viagem foi longa, mas fez-se bem, sempre com as janelas do carro abertas e as mãos de fora, a navegarem contra o vento que nem crianças. Os pés descalços a chamarem pela liberdade, a roupa leve e o ânimo alegre, foram ingredientes predominantes durante estes dias de descoberta.
Arcos de Valdevez é uma cidade agradável, toda aprumadinha, com as ruas limpas e o seu rio de águas calmas e transparentes, que convida a viver ali. (por momentos ainda me passou pela cabeça largar tudo e fazer uma loucura e o mais engraçado, é que acho que se o dissesse ao C., ele até pensava duas vezes). A ideia com que se fica é a de que ali, naquela cidade já tão perto da fronteira espanhola, há uma qualidade de vida e uma tranquilidade, que nós, 'lisboetas', passamos o tempo todo a querer encontrar e não conseguimos. Confesso que por momentos cheguei a ter uma certa inveja daquela paz de espírito, da tranquilidade que ali se vivia. Parámos na vila antes de chegar ao destino final, para beber algo fresco e esticar as pernas. Faltavam apenas 3,5 Kms de distância e acabámos mesmo por chegar antes da hora prevista. Eram quatro da tarde e estávamos na esplanada, junto ao rio, em pleno centro, a rever o itinerário e a acalmar a ansiedade do que nos esperava. Não ficámos nem um pouco desiludidos.
A Casa do Rio Vez é um pequeno paraíso transformado em refúgio de turismo rural. Quase que passa despercebida com o seu portão mesmo à saída da ponte, mas uma vez aberto, deparamo-nos com a beleza digna das pequenas pérolas. Ali, a água ouve-se por todos os cantos, ou não fosse esta casa, uma antiga azenha, daí a sua proximidade junto ao rio e a sua localização tão estrategicamente adequada. Valérie, a dona da casa, francesa de nascimento e habituada desde sempre a viver na grande cidade de Paris, cuida do jardim como se obedecesse a uma filosofia de vida, com tempo e prazer. Talvez por isso, este seja tão belo e harmonioso, tão simples e perfeito. Há vasos de flores por todo o lado, dezenas de borboletas esvoaçantes (não me lembro de ver tanta borboleta desde a viagem ao México, já lá vão dois anos) e canteiros que recolhem a água que desce das encostas e a ajudam a levar novamente ao seu destino: o rio.
É o rio que comanda a vida nesta casa, as acções dos por aqui passam. Ficamos imediatamente fascinados pela clareza das suas águas, pelo barulhinho que corre lentamente e que quase nos embala. O rio está presente em todos os quartos, através das suas janelas que nos permitem acordar e adormecer com ele mesmo nos braços. É o rio que nos chama mal chegamos, que nos convida a molhar os pés, ou a desejar colocar o biquini e correr para as suas águas limpídas, é o rio que nos prende o olhar e nos fascina, que nos envolve e nos atraí, como se todo o tempo parasse só para o podermos observar. É o rio, sempre o rio que nos move naquele lugar, quase mágico, quase intimista, que queremos reclamar como nosso.


















Se a chegada e o exterior da casa é uma agradável surpresa, o interior e a sua decoração moderna de linhas simples e despojadas, também não lhe fica atrás. Aliás, esta 'conjugação de estilos', tão ao nosso gosto, foi o que nos fascinou acima de tudo, quando encontrámos o link. Os proprietários souberam aproveitar e respeitar as mais valias da antiga azenha, transformando-a num espaço agradável e depurado, de gostos simples, mas refinados. Prova disso eram as sonoridades 'bossa nova' que se ouviam durante o pequeno-almoço, na grande sala de estar, ou a presença de, por exemplo, uma cadeira que tinha sida utilizada no filme 'Tudo sobre a minha mãe', de Pedro Almodovar. (nem de propósito...) Além disso, Aníbal e Valerie, eram e são, uns excelentes comunicadores e óptimos anfitriões - sempre prontos a dar sugestões das iguarias da região, ou locais de interesse a visitar - além de amantes incondicionais de todos os animais, mas com um carinho muito especial por felinos domésticos. Prova disso, são os três gatos que possuem - Manel, Maria e Fifi - que andavam pela propriedade com o vagar e o tempo de quem sabe, que toda aquela beleza, não desvanece de um dia para o outro e que as caras desconhecidas que lhes entram pela porta adentro todos os dias, vão e vêm, mas que eles, permanecem. No fundo são os verdadeiros donos daquele sítio. Tudo lhes pertence, todos os recantos daquela magnífica casa são seus, nós limitamo-nos a invejá-los e a desejar um dia, também termos a sorte, ou o privilégio, de viver num sítio assim. Nem que seja numa outra vida, sob a forma de gato.
Mais fotos, aqui.

4 comentários:

Gatinha disse...

Adorei a tua descrição! Ainda bem que foi tudo bom! Bjocas

Mafalda disse...

:) foi óptimo!***

Doces Minhoquices disse...

Que inveja!! Adoro esses sitios mágicos, recuperados no tempo..
Fiquei mesmo com vontade de fazer o saco e meter-me a caminho!

Mafalda disse...

e olha que não te arrependerias ;) **
beijoca grande