domingo, maio 11, 2008

rescaldo da semana


















Não tenho vivido um início de gravidez tranquilo e particularmente feliz. Parece quase um contrasenso, uma pessoa desejar tanto engravidar, ter um filho, sentir-se no papel de mãe, para depois, quando se vê efectivamente nessa situação, não conseguir estar a 100%. Eu sinto-me assim. Ando angustiada, nervosa, quase deprimida, confesso que tenho dias em que só me apetece chorar. Tudo em grande parte devido à situação e ao clima que vivo no meu trabalho. Na sexta-feira, decidi pôr um dia de férias para ir até ao centro de saúde tratar do médico de família. Infelizmente, como sou uma das várias centenas de utentes 'sem médico', tive de ir para uma consulta de recurso e ser atendida por um médico que nunca vi nem mais gordo ou mais magro. Se eu já não gostava do serviço nacional de saúde, passei a odiá-lo. Na sexta-feira, estive a maior parte do meu dia enfiada no centro, para ter a simples sorte de conseguir ser a utente 'número dois' e o direito a uma consulta, quando só haviam seis senhas e a sala se encontrava cheia de gente que após horas de espera, se viu assim privada de assistência médica... Após mais umas quantas horas e de o médico em questão ter chegado atrasadíssimo e de nem uma simples bata branca ter vestida, lá entrei para o consultório para lhe dizer que necessitava de passar a ser vista pelas consultas de saúde materna do centro e que, como tal, necessitava que o mesmo me encaminhasse para lá, dando-me igualmente a isenção a que tenho direito. Levei todos os exames, análises e eco que fiz até à data, além da minha caderneta de grávida, para que o 'sô doutor' retirasse informações minhas, mas pelos vistos, o médico que tinha à frente era tão mentecapto, que olhou para tudo aquilo como um burro para um palácio, não sabendo sequer, procurar a informação das consultas de obstetrícia a que já fui, na caderneta da grávida... Com tudo isto, depois de horas de espera, cheia de fome - pois ainda nem tinha almoçado e já eram quatro da tarde - o meu mau feitio hormonal estava ao rubro e a minha paciência nos limites. Aparentemente, fez muita confusão ao dito médico, eu já ter exames feitos - algo normal, quando já se tem quase 14 semanas de gestação, não?! (coisa que aliás, ele nem perguntou!) - e implicou pelo facto de eu ser vista no sector privado, dizendo-me que, 'Ou era vista pelo sector privado ou pelo público, não havia escolha'. Isto deixou-me a meio caminho do enfurecimento, pois toda a grávida pode ser vista pela sua médica do sector privado e ser seguida igualmente pelo público, além de que, num caso de gravidez, necessitarei sempre de ter a parceria do público, pois se quero ter a criança num hospital do estado, são eles que me têm de encaminhar para lá. Mas não, com este médico não havia meio termo. Só para o calar, disse que sim, que iria desistir de ser vista pela minha médica - yeah, right - para que ele me passasse o dito papel e saísse dali quanto antes. Mas a coisa explodiu quando ele me pede a 'análise de gravidez'. Eu, mostrei-lhe as análises que fiz após a primeira consulta de obstetrícia, mas ele continuava a insistir: 'não, não é isto', atirando-me o papel como quem afasta uma doença. Mostrei-lhe então o rastreio de sangue e a reacção foi igual. Ele repetiu: 'a análise de gravidez, a análise que diz que você está grávida'. Nessa altura, explodi. Não tenho, nem nunca tive, uma análise que diga 'estou grávida' e perguntei-lhe se as análises de sangue que tinha, a caderneta da grávida, o rastreio de sangue e a eco não eram suficientes. A única coisa que tinha, comprovativa que estou grávida - para além de uma barriga de 13 semanas - era o teste de urina caseiro que tinha feito em casa, era isso, que ele queria que eu levasse para a consulta? E sabem o que ele disse? 'Escute, eu não estou a duvidar que está grávida (eu ia-me passando com esta resposta), mas que sim, que se calhar, deveria ter trazido o teste de urina!' Confesso que aqui, só tive vontade de me atirar ao pescoço do homem e espancá-lo até à exaustão! (ando muito agressiva, eu sei), mas se isto era resposta para um médico dar, então, até uma criança de cinco anos, se calhar, teria maior discernimento. Lá se conformou com a eco que levava e passou a dita isenção, encaminhando-me para a consulta de saúde materna, que teria de ir marcar a outro centro de saúde (este em frente à minha casa). Saí dali a espumar da boca, farta por ter tirado um dia e não ter conseguido tratar de nada, enervada e esfomeada. Dirigi-me então ao outro centro, para marcar a consulta de saúde materna, mas como já passava das quatro da tarde, já ninguém se encontrava e mandaram-me regressar segunda-feira, às oito da manhã...
Amanhã terei então, de levantar-me quando as galinhas para ir falar com a senhora enfermeira do centro, para que a mesma, decida então (e não médica, esta parte convém frisar) se me aceita (ponto número 1) e se me marca um dia para ir à consulta (ponto número 2). E é com este belo panorama em mente que me deparo, tudo para conseguir ter uma médica do serviço nacional de saúde que me encaminhe para o hospital da estefânea ou para a maternidade alfredo da costa para ir ter a criança, e que me passe uma baixa para conseguir estar em casa e ver se me acalmo com tudo e com todos.
Como se não bastasse, na quinta-feira passada tivemos uma inundação em casa. De manhã quando acordámos, não havia água e fomos os dois trabalhar, sem ter noção de que tínhamos deixado a torneira da cozinha completamente aberta no máximo... a água apareceu no prédio por volta da uma da tarde, altura em que começou a correr com toda a força e nos inundou a cozinha num abrir e fechar de olhos. A água passou ainda para os andares de baixo, chegando à casa da vizinha do primeiro andar e do rés-do-chão. A nossa sorte, foi que um dos nossos vizinhos veio a casa almoçar e mais sorte ainda, é canalizador, tendo fechado imediatamente a torneira de segurança do prédio. Não temos por isso noção de quanto tempo a torneira esteve aberta, se 15 minutos, ou meia hora, mas foi o suficiente para fazer estragos. Nesse dia, eu cheguei a casa à uma da manhã e o C. à meia noite e meia. Foi ele que se deparou com o cenário dantesco da nossa casa. A cozinha e o escritório completamente inundados, água por todo o lado, tudo sujo do barro lamacento que saiu das primeiras golfadas de água que foram expelidas... a tragédia podia ter sido bem maior se não fosse o facto de o nosso vizinho nos ter salvo! Às horas a que chegámos a casa do trabalho nesse dia, certamente nos iríamos deparar com bombeiros e polícia, porta arrombada e estragos incalculáveis... Entretanto tudo voltou à normalidade e já avisámos o seguro, que mandará um perito fazer uma avaliação. Para azar dos nossos azares, agora temos a intragável velha do primeiro esquerdo e atazanar-nos a vida e a vir bater-nos à porta a queixar-se do 'chão', já com a fisgada, de lhe pagarmos as obras. O chão dela não há-de estar em pior estado que o meu, que até ver, está completamente normal! Por isso, se ela me vier novamente chatear o juízo como fez ontem, quem lhe canta a cantiga do bandido sou eu! Isto numa altura em que temos a casa à venda e a queremos despachar rápido, não podia ter escolhido pior timming...
Para a minha semana começar bem, amanhã espera-me uma reunião com a minha 'querida' chefe, que pelo que já percebi, me quer 'despromover' e retirar-me da equipa dela, passando-me para outra... Ora, isto até podia ser bom, o de não ter de ficar mais sob a alçada dela e passar a fazer outro tipo de trabalho, acontece que as contas da outra equipa, não têm nada a ver comigo, não são da área beauty - que é a que eu trabalho e na qual tenho prática e experiência - e sinceramente, ando farta destas jogadas de bastidores, nas quais ela é tão perita e que agora, que estou grávida, são uma óptima forma para me passar um atestado de estupidez ou ineficiência aos olhos da direcção, mas também de me tramar bem tramada. Pode ser que me engane, mas sinceramente, sei que é isso que vai acontecer, pois não só conheço a 'peça' com quem trabalho, como já me venho apercebendo de que tudo caminha nesse sentido há algum tempo. Resta-me esperar pela confirmação da minha, quase sempre certeira, intuição...



4 comentários:

Helena disse...

Por acaso nunca pensei como seriam as consultas de saúde materna dos utentes sem médico. Não tem lógica nenhuma uma grávida ser vista por médicos diferentes cada vez que vai à consulta, tal como acontece no Recurso. A minha mãe trabalha num centro de saúde e sei que vigia as grávidas da lista dela, só quando são situações mais fora do comum ou quando há protocolos encaminha para a maternidade ou hospital. É triste estas burocracias serem tão complicadas. Uma gravidez devia ser vivida com tranquilidade e poucas preocupações. E logo tu que a desejaste tanto :)
Quanto ao assunto do emprego, é triste ver como são tratadas as mulheres grávidas no nosso país. Tanto precisamos de aumentar a natalidade e são estes os incentivos que nos dão...
Mas tenho a certeza que as coisas vão melhorar e o teu rebento tem imensa sorte :) ********
(Ainda bem que gostaste do vídeo, estou ansiosa que chegue dia 23 para lho mostrar ehehe)

Helena disse...

Ui que o comentário ficou enorme LoL

Sónia disse...

Bem que novela gaja..
Devo-te dizer que os médicos dos centros de saúde devem, TODOS ELES, tirar uma especialização qualquer em má educação e depois uma pós-graduação em falta de sensibilidade... eu passei pelo mesmo e na mesma altura que tu.. é muito mau mesmo!! E ter que passar por isso tudo mesmo pq não tens hipotese é ainda mais revoltante!
São uns grandes fdp's!
Mas força camarada, amiga, palhaça!! Tudo se resolve...
Beijos

Helena disse...

Hmmm fiquei triste a ler o comentário de cima. Isso do "TODOS ELES" não é verdade, é perigoso generalizar. Posso garantir que a minha mãe não é mal educada nem tem falta de sensibilidade :P Muitas vezes (e tenho a certeza no entanto que não é o teu caso nem de muitas mamãs que vou encontrando aqui na blogosfera) os doentes (em geral, não as grávidas) tb não são "bons" doentes e fazem muitos pedidos eticamente incorrectos do género "passe-me um atestado pf k fui n sei onde e tive de faltar a uma reunião importante" a que o médico não pode reagir bem... há médicos maus e há doentes maus... :| Infelizmente. ****