segunda-feira, julho 28, 2014

verdades duras a uma segunda de manhã

Este fim-de-semana, com tudo o que teve de bom (e de mau) fez-me constatar o seguinte: que há um caminho por onde eu não quero ir, que eu não quero estar e que eu não quero ser. Como tal e porque só eu posso fazer as minhas escolhas, decidi que cabe-me a mim e a mim apenas, mudar o que não quero em mim e deixar inundar-me pelas coisas positivas que tenho na minha vida em vez de me centrar constantemente nas negativas. As que corroem, as que sugam a alegria e me transformam numa pessoa revoltada por tudo aquilo que podia ter sido e não foi, ou por tudo aquilo que podia ter e não tem.
Cabe-me a mim mudar o interruptor e, acima de tudo, fazer um favor a mim mesma de ver a vida de copo meio cheio em vez de meio vazio. Também sei que não é fácil, já que tenho esta característica escorpiana e sombria de me centrar no negativismo das coisas e que, conjugado com toda a situação vivida nos últimos anos, me fez mirrar por dentro. Eu deixei de acreditar em mim. Eu deixei de gostar de mim. É estranho mas é verdade. Sinto-me pouco digna, ou pouco merecedora do que quer que seja.
Às vezes penso naquilo que era e no que me transformei e fico a pensar onde me perdi. Eu não era assim, para onde fui?  Onde e quando é que deixei que a mágoa e a tristeza me invadissem de tal forma o coração e o peito ao ponto de deixar de ter sonhos, deixar de acreditar e viver a vida sem a emoção que lhe devia de ser característica, tornando-me nesta pessoa que pouco confia, que pouco acredita e que pouco sente?
Eu não sou assim e se sou, actualmente, não o quero ser. Mas carrego tanta mágoa cá dentro que sinto que tudo aquilo que chorei ainda não é suficiente. Há mais pronto a sair com a facilidade de quem estala os dedos e enquanto essa fonte não secar e eu sentir que não há mais lágrimas para derramar, não vou conseguir avançar.
Não vai ser fácil, eu sei que não vai ser fácil, eu conheço-me, mas juro que vou tentar fazer um esforço.

3 comentários:

Maria disse...

Estranho como eu, que sou uma otimista nata, me sinto exatamente assim: vazia, vazia, como um balão que deixaram esvaziar. E, contrariamente a ti, confio em excesso, sinto em excesso e a deceção é cada vez mais brutal e contínua.
Não te trago remédios nem fórmulas mágicas, mas também sinto o mesmo que tu.
Beijinho grande!

Mafalda disse...

Eu sempre tive tendência para me centrar mais nas coisas negativas do que nas positivas, também, em parte, influenciada por uma família que me apontava mais os defeitos do que as virtudes... Os últimos anos têm sido muito duros emocionalmente, têm sido uma longa viagem que me tornou mais fechada, menos optimista e mais revoltada com a vida e as pessoas em geral, fruto de desilusões várias. Acontece que eu não quero ser aquela pessoa que se fecha na sua própria concha e que vive contra o mundo, amargurada por todos os coices que a vida lhe deu, mas sinto que é nisso que me estou a tornar e eu não quero ser assim. É quando leio histórias verdadeiramente incrivéis de pessoas que passaram por coisas muito duras e terríveis que eu vejo o quanto me queixo de barriga "cheia" e onde o meu sofrimento comparado com o dos outros é uma gota num oceano. Eu admiro isso, essa capacidade de amar a vida e de aceitar os revezes que ela te traz da melhor forma possível, tirando lições para o futuro e agradecendo sempre, mas, infelizmente, mesmo que eu tenha essa consciência nem sempre consigo dar a volta às situações e fico presa nesta onda de negativismo e tristeza que me invade.
Por outro lado, acho que ter consciência dela já é um bom passo e decidir ultrapassá-la um bom caminho.
Vamos ver onde a vida me levará ainda mais e se sou merecedora das suas alegrias e aprendizagens.

Maffa disse...

Eu sinto-me que também estou mais fechada, desconfiada e reservada. Mas acho que isso é devido à perda da inocência, ao ter vivido bastantes desilusões e por isso ter mais cuidado para não cair nas mesmas esparrelas. Mas acreditar em mim! sim, sempre! acreditar na sorte, também, aproveitar os bons momentos com todas as forças também! Lá por a vida ter mudado, lá pelo peso das responsabilidades e dos deveres nos sufoque um bocado - acreditar sempre e viver o momento porque vamos ter suadades destes tempos, dos nossos filhos pequenos, da vida do corre corre :)