segunda-feira, agosto 13, 2007

family questions




















O regresso ao trabalho foi difícil. Aliás, está a ser difícil. Ontem só de pensar que faltavam apenas umas míseras horas para o regresso, o meu estômago embrulháva-se e começava a sentir suores frios. É que ao contrário daquilo que tem acontecido, este regresso após duas semanas de ausência foi custoso, difícil e doloroso. É que quando uma pessoa se está a acostumar a esquecer tudo o que se relacione com trabalho e a não sentir qualquer espécie de saudades deste ambiente conspurcado e das pessoas com as quais temos de conviver/trabalhar e passar a maior parte do nosso dia, eis que elas regressam de novo para nos atormentar. E estas, até à data, são as melhores a fazê-lo.
Como já seria de esperar, todo o trabalho que deixei pendente, assim ficou. Pouco ou nada foi dado seguimento, apesar do meu extenso memo, mails, recados e notas que deixei feitos. Até aqui, nada de novo. Apesar de achar injusto e de saber que este tipo de situação, de espírito de equipa tem pouco ou nada, já não estranho. Sei bem com quem trabalho e por isso mesmo, e também porque sou uma gaja organizada, tudo o que deixei pronto está em perfeito estado de continuar do ponto onde ficou, ainda tendo margem de manobra para preparar as acções que tenho planeadas.
Confesso que este meu regresso fez-me ver, mais do que nunca, que não quero continuar aqui, rodeada destas pessoas, continuar a ser um terceiro elemento e não parte de uma unidade. Que o facto de ter o meu messenger sempre a falhar o dia inteiro, de não ter internet, ou o mail constantemente a bloquear, são outros pequenos grandes pormenores que me fazem começar a ficar cada vez mais farta de tudo isto.
À parte destes desabafos laborais que voltam novamente a fazer parte da minha vida, para mal dos meus pecados, eis que este fds o convívio com os meus pais e sogros deixou-me tudo menos calma. Além de não conseguir, nos últimos tempos ter uma conversa adulta e razoável com a minha mãe, nunca os nossos feitios entraram tanto em conflito. O comportamento dela chega a roçar o infantil, tudo por causa da crise emocional em que anda mergulhada e por culpa da menopausa.
Este turbilhão hormonal faz com que tenha birras, amue, ou pura e simplesmente se comporte como se eu e ela fossemos da mesma idade, ou pior, como se eu tivesse que lhe dar satisfações de tudo na minha vida, ou ainda mais gravoso, como se ela ainda mandasse em mim e controlasse as coisas. Este tipo de desavenças já nos fez ficar chateadas mais de um mês, em que nem ela ligava para mim, nem eu para ela. Quando finalmente as coisas pareciam acalmar, eis que me faz uma cena de todo o tamanho na Ericeira, apenas porque quando chegou lá a casa, eu ainda não tinha a mesa do almoço posta! Ando fartinha deste tipo de responsabilidade com que as pessoas nos atiram frequentemente à cara do, 'És mulher, tens de pensar nestas coisas', como se o facto de ser mulher e casada, tivesse automaticamente incluído o carimbo de 'responsabilidade conjugal e trabalho acrescido' com que as pessoas gostam de nos atirar à cara, principalmente as outras mulheres e que todas as tarefas como ser cozinheira, dona de casa, ama, criada, e todo o tipo de acções serviçais a que as mulheres do século passado estavam predestinadamente incutidas, continuassem a figurar como parte do 'pacote'...
Causa-me bastante estranheza saber que, apesar de ter uma mãe relativamente nova (49 anos), a mesma tenha um comportamento e mentalidade tão pequena e provinciana. E que em vez de lhe notar algum tipo de evolução, abertura ou tolerância, ela regrida e esteja cada vez pior. E eu viro uma autêntica fera quando isso acontece em frente aos meus sogros, porque aí a minha responsabilidade enquanto mulher parece aumentar, como se eu tivesse a necessidade de provar ou de demonstrar perante terceiros, que o filho deles fez uma boa escolha ao casar-se comigo. Como se tivesse de estar constantemente a dar provas de que sou uma rapariga 'prendada', 'simpática', 'que sabe coser', 'bordar', 'cozinhar', passar a ferro', and so on. Como se tivesse constatentemente de demonstrar que faço tudo e tenho todas as qualidades do Mundo, que é no meu marido que encontro a razão do meu ser, que é para ele que eu vivo...
Ora, se há coisa que eu detesto é sentir-me presa, condicionada e ter terceiros a darem-me ordens, principalmente quando estão na minha casa - mesmo sendo os meus pais - e quando eu já não sou propriamente uma criança de cinco anos. E depois além da mãe, é ter uma sogra à perna, que só encontra qualidades no filho e que vê a nora como uma espécie de bruxa má cheia de defeitos, onde as palavras cuspidas vêm carregadas de veneno...
Nunca me senti tão saturada de tudo e de todos como me ando a sentir actualmente. E ter este tipo de pressão vinda directamente da minha mãe e da minha família, é meio caminho andado para me afastar, não ter vontade de estar com eles e não ter paciência sequer, para este tipo de comentários e comportamentos. Talvez esteja a ser muito egoísta e não esteja a saber dar à minha mãe, por exemplo, o acompanhamento devido nesta altura delicada da vida dela, mas considero que ela também não está a ser boa mãe e não está a saber dar-me a força necessária nesta altura igualmente frágil da minha.
E se há coisa que me faz muita confusão, mas muita mesmo, é ver os pais - e neste caso os meus - a quererem projectar nos filhos as ilusões que eles próprios criaram, aquilo que eles querem à força toda que eles sejam e não aquilo que nós, enquanto filhos, verdadeiramente somos. Eu não posso ser a filha idealizada da minha mãe, eu sou eu, com os meus muitos defeitos, mau feitio e resmunguices. Mas ela parece continuar a só ver as partes más e a querer atirá-las à cara frequentemente. Não bastava esse papel já caber à minha sogra, agora ainda tenho de ter o azar a dobrar...

3 comentários:

Gatinha disse...

Vais ver que é só uma fase menos boa e que vai passar! Força e pensamento positivo para que corra tudo bem. Bjocas

a. disse...

esperemos que seja só uma fase e que passe rápido :)

'it's just a phase... it will be over soon'

bjinhos! ***

bisgóia disse...

Amiga , amiga, as mães têm muito essa mania, mas não desesperes isso passa-lhe. Don't stress. Tenta relaxar pensar nas coisas boas da vida, eu sei que não é fácil, mas nós somos fortes e conseguimos dar a volta por cima.

beijinhos grandes