quinta-feira, março 30, 2006

nostalgias & leituras


















. Tenho andado com ataques de nostalgia. Eu sou assim. Prendo-me às coisas, custa-me deixá-las para trás e nunca deito nada fora. Sou daquelas pessoas que acha que tudo pode ainda vir a fazer falta, que ainda se pode vir a usar, que recordar é viver, que o passado revela sempre muito de nós próprios - mais não seja para constatarmos a nossa própria evolução natural - e que rejubilo de prazer ao ver/encontrar coisas que marcaram a minha existência numa determinada fase da vida. Foi isso que aconteceu esta semana quando precisei de procurar umas fotos num cd que tinha trazido do meu anterior trabalho e dei de caras com fotografias de ex colegas, de ex momentos, de ex vidas. E dá-me sempre aquele aperto no peito em que fico ali, por instantes, presa àqueles momentos a andar para trás no tempo quase em espiral. E esta semana não tenho andado em espiral, tenho andado em catadupa, tais foram as surpresas do passado a serem-me atiradas à cara. Desde reencontrar pessoas que já não via há uma eternidade, achar fotografias perdidas há outro tanto, esbarrar em pleno mundo cibernético com gente que perdi o contacto… enfim, foi uma semana muito intensa a nível de sentimentos. Confesso que por momentos tive vontade de fazer tudo de outra maneira, de ter agido de outra forma, mas depois penso sempre que mais vale deixar assim. Não chafurdar no lodo com um pau de forma a que as águas fiquem ainda mais turvas. Já passou. A vida seguiu outro trilho e eu acredito, piamente, de que mesmo as coisas más acontecem com um sentido muito próprio que mais tarde nos dá a resposta. E acho que na maior parte dos casos, já a tenho.

. Eu bem disse que não me escapava e cá está a prova. Ontem numa ida ao El Corte Inglés para ver o Syriana – excelente filme por sinal – não resisti e dei um saltinho à parte de revistas e livraria, para minha grande desgraça. E vai daí comprei não o desejado Kafka à Beira Mar, como também os 100 Anos de Solidão do grande Gabriel Garcia Márquez, que, espante-se quem quiser, nunca li! E assim cheguei a casa depois da meia-noite e apesar de muito ensonada, ainda consegui ler algumas páginas que me prenderam de imediato a atenção. E assim inspirada na leitura, vou construindo outras paragens diárias.

1 comentário:

Anónimo disse...

Engraçado que hoje tive essa sensação, de querer ter feito certas coisas de outra maneira, mas depois dei uma batida na cabeça e pensei "já está, já está" tal como tu não pude continuar a pensar naquilo pois só me iria fazer sentir mal.

Gosto tanto das tuas partilhas e das coisas que escreves!
Que as nostalgias passem e que a leitura te preencha os tempos vazios.

Um beijo*