sexta-feira, março 31, 2006

retalhos & viagens


















Tenho pensado que não aproveitei certas oportunidades que tive na vida da melhor maneira. Isto é, das duas vezes que vivi no estrangeiro e até mesmo das viagens que por vezes faço a nível pessoal, nunca crio um caderno onde aponte nomes de ruas, descrições de sítios, lugares por onde passo, locais que visitei. Nada. Rien. Fica-me tudo dentro da mente, retido, como se bastasse uma memória fotográfica através de um piscar de olhos e a guardasse em forma de gaveta arquivada no cérebro. E penso sempre que é o suficiente. Foi assim quando vivi em Sevilha, em que o único registo que possuo são as fotografias que tirei e o mesmo aconteceu em Madrid durante os quatro meses que por lá estive. Não apontei o nome das ruas onde vivi, nem do andar ou da porta do prédio (apesar de me lembrar delas) assim como da zona onde trabalhava, ou o autocarro que apanhava diariamente na Plaza Castilla, ou do enorme parque que ficava em frente à minha casa e que ao Domingo se enchia de crianças e jovens casais de namorados a passear, ou da igreja mexicana que ficava do outro lado da rua, ou o nome do bar com anjos à média luz que adorava frequentar no Bairro da Chueca. Sinto que há imensa coisa que perdi, que a gaveta se abriu e espalhou as memórias pelo chão e que eu ao não as apanhar logo, ando um pouco desorientada a tentar refazer o puzzle com o que delas resta. E esta semana dei comigo a pensar que se calhar era altura de escrever as (poucas) memórias que ainda permanecem desses lugares. Um relato de viagens, ou de pessoas que cruzaram o meu caminho e que apesar de lhes ter perdido o rasto permanecem vivas em mim. Este mês irei regressar a Sevilha e certamente as imagens difusas aparecerão com a claridade nítida de um dia de Sol.

. Outra pregadeira ‘franzina’ e primaveril. Disponível Aqui.

Sem comentários: