quinta-feira, abril 26, 2007

apontamentos





















O feriado a meio da semana tem sabor de Sábado e o regresso ao trabalho a uma quinta-feira tem sabor de segunda. Mesmo que sejam só dois dias. O melhor do bolo é que há a hipótese real de ficar em casa na segunda-feira, metendo um dia de férias. A chefe já regressou ao trabalho e durante o dia de ontem ocorreu-me esta ideia. Pedir-lhe a segunda e assim, aproveitar o próximo feriado para ficar 4 diazitos longe daqui, arejar a cabeça, ir ao centro de saúde buscar o meu cartão de utente, fazer as análises pendentes, e se possível, passear um bocadinho por Lisboa ao sabor da vontade.
O dia livre de ontem foi muito pouco produtivo. Mais uma vez, quando já estava tudo combinado para um lanche no ‘Pois Café’, eis que comecei a ficar com uma nova enxaqueca ‘daquelas’. Nem me conseguia mexer, parecia que toda a zona acima dos olhos ia explodir. Não percebo de onde vêm estas cefaleias quase crónicas. Tomei dois Ben-u-rons, e enrosquei-me no sofá mas não conseguia estar bem de maneira nenhuma. O encontro estava marcado para as cinco da tarde e eu ainda estava esperançosa que conseguíssemos ir. Não podia estar mais enganada. Tive de ligar a desmarcar e ir enfiar-me na cama, com o quarto completamente às escuras para poder ter algum conforto. A cabeça só encontrou alívio por volta das seis da tarde, altura em que decidi tomar um banho de imersão. Lavadinha e a sentir-me como nova, quis recuperar o tempo perdido de um dia livre desperdiçado. Decidimos sair para jantar no chinês e talvez, ainda conseguir ir ao cinema. Ficámo-nos apenas pelo jantar, porque ao contrário do que é habitual, demoraram a servir-nos e já não dava tempo de ainda ir para o El Corte Inglés, escolher filme, estar na fila e tentar ver alguma coisa decente. Decidimos ir até à Area do Colombo e à Fnac. Eu sei que é horrível enfiar-me num centro comercial num feriado, mas como a hora já era tudo menos a convencional, o centro estava quase vazio e pudemos ver tudo com calma e à vontade. Tinha curiosidade em ver a colecção de Primavera/verão da Area e tem coisas lindas, modernas e maravilhosas… jarras de vidro e pratos decorativos, magníficos, e cor, muita cor, mesmo como eu gosto! E móveis de design e o candeeiro ‘Arco’ da Flos, pelo qual o C. se baba, que nos fazem sonhar com uma casa de sonho…
Mas a minha perdição foi mesmo na Fnac. Não resisti e tive de trazer dois livros. ‘Cemitério de pianos’ do José Luís Peixoto e ‘Os contos da Montanha’ de Miguel Torga. O primeiro cativou-me pelo simples excerto que se encontra disponível na sua página pessoal. Nunca li nada do José Luís Peixoto, apesar de saber que as críticas, de um modo geral, lhe são favoráveis. ‘Cemitério de pianos’ tem uma característica que me agrada, a de ser uma história dentro de histórias. Um conjunto de analepses e prolepses que me prendem e fascinam. A sua escrita é cristalina, com pormenores descritivos das personagens, quase emotivos. Há uma sensibilidade inerte nas suas palavras. Há uma preocupação quase feminina em integrar, descrever, contar, situar. Há toda uma ligação e simbologia familiar que o leitor vai tentando perceber à medida que a história avança e recua no tempo. É uma história familiar e eu gosto disso. E depois o Miguel Torga, com a sua escrita portuguesíssima, onde aprendo sempre alguma palavra nova enquanto leio os seus contos. Além disso, gosto daquela tendência quase popular de descrever as personagens, aquela envolvência rural, aquela ligação à terra. Os seus contos são contos de um Portugal real, de personagens que consigo visualizar mentalmente, porque já ouvi pais ou avós falarem de alguém assim. Há uma pureza de escrita que aprecio e até costumo dizer, em jeitos de brincadeira, que ‘quando for grande quero escrever assim’. Não resisti a começar a ler os dois quando cheguei a casa e antes de dormir, apesar dos protestos resmungões do C. por estar até às tantas com a luz acesa. Só quando o sono me venceu é que desisti. Mas hoje, vieram os dois dentro da mala para adiantar novamente a leitura, à hora do almoço não me escapam!

2 comentários:

Gatinha disse...

Enxaquecas são a minha especialidade, e ben-u-ron para mim é o mesmo que beber um copo de água, não me fazem NADA! A minha médica é a própria a receitar nimesulida e tomar assim que me começa a doer, para não deixar adiantar muito. Já cheguei a ir ao hospital ao fim de alguns dias, porque não aliviava a dor e mal conseguia abrir os olhos. Aconselho-te a que assim que te dói um bocadinho tomares logo alguma coisa e que seja um pouco mais forte que o ben-u-ron, há um específico para as enxaquecas, Lisopan (Paracetamol efervescente). Bjocas

Mafalda disse...

pois, se calhar tenho de mudar de 'táctica de ataque'. eu não gosto de me enfrascar em comprimidos, mas se não aliviar, ou terei de ir ao médico, ou atacar com algo mais forte! obrigado pela dica*
beijocas