17 semanas

Chegada à 17ª semana , a minha barriga revela-se a cada dia que passa, cada vez mais enorme e saliente! É incrível como agora ela cresce, literalmente, de um dia para o outro. Quando na segunda-feira regressei ao trabalho, algumas pessoas ficaram estupefactas (isto porque só algumas me perguntam como estou, há outras que se remetem a um silêncio quase ensurdecedor), mas a verdade é que numa semana, ela 'impôs-se' ao mundo e agora não há dúvidas quando ando na rua e noto que as pessoas olham para ela: estou mesmo grávida! Claro que isso ainda não me permitiu ter prioridade nas caixas do supermercado, ou sequer, estacionar à porta dos centros comerciais, pela simples razão que me esqueço, de que posso usufruir desses pequenos 'luxos', mas confesso que me dá um gosto tremendo chegar às análises e tirar a senha da 'prioritária' e ser logo atendida. (Uma grávida também tem de ter algumas mordomias, certo? Certo!!)

O fim-de-semana que passou fomos até à terra dos meus sogros e por lá demos pessoalmente a boa nova à restante família. As reacções ficaram um pouco 'aquém' das expectactivas, mas a verdade é que a família do meu marido é bem menos efusiva e expressiva do que a minha, logo, os comentários passavam pela repetida expressão 'tomara que venha sãozinho e escorreito' e pouco mais. De qualquer forma, acho que de um modo geral, ficaram felizes por saber que vem aí mais um bebé e eu confesso que o meu coração fica apertado sempre que oiço a expressão 'desde que venha perfeito é o que interessa'. Eu sei que não há qualquer malícia no comentário, mas não consigo evitar ficar angustiada com a ideia de que a probabilidade de isso não acontecer, ser maior em mim do que nas demais pessoas. Claro que tento evitar ter esses pensamentos em mente, mas de vez em quando eles afligem-me e só penso de como reagirá a família dele caso isso aconteça. Uma coisa é a minha família, que já sabe o que é, como é e nunca, mas nunca, senti qualquer tipo de comentário, expressão ou atitude depreciativa ou negativa a esse respeito. Outra coisa é a família dele, que não sabe, não pergunta, e onde isto acaba por ser um assunto 'tabu'. Logo, uma criança com o mesmo problema que eu, irá causar imenso drama (porque para eles tudo é um drama, até o facto de um bebé nascer duas semanas antes do tempo) quanto mais com algo mais grave...

Bom, pensamentos negativos à parte, a tarde de Domingo foi dedicada aos meus pequenos. A afilhada do C. fazia anos, mas as atenções foram todas canalizadas para o benjamim da família, o irmão B. com cerca de 14 meses. É super simpático e bem disposto e eu lá tentei me 'treinar'no meu papel de futura mãe.

Ontem, enquanto estava numa conferência de imprensa em trabalho, aconteceu-me um dos meus piores pesadelos! Já o trabalho tinha terminado e as pessoas saído quase todas da sala, quando juntamente com mais duas colegas, decidimos comer uns bolinhos e beber um café (excepto eu que abdiquei deste prazer por completo) enquanto falávamos sobre o sucesso da acção. Assim que dei a primeira dentada senti o meu mundo desmoronar-se. A faceta de porcelana que coloquei este ano no dente da frente caiu-me, assim, sem mais nem menos e sem pré-aviso, deixando-me literalmente desdentada à frente de toda a gente. Ainda fui a tempo de dar logo pelo ocorrido e angustiada e envergonhada até à alma, tapei imediatamente a boca e liguei a correr para a clínica dentária. Nem queria acreditar no que me estava a acontecer! Eu sempre tive uns dentes muito beras, mas tenho o máximo cuidado com eles e ainda a semana passada estive no dentista! Aliás, acho que não há mês nenhum que não vá lá, logo, como é que aquilo me aconteceu assim, sem mais nem menos? Saí da conferência disparada que nem um raio, em direcção ao dentista, que me atendeu de imediato e me colocou novamente tudo no 'sítio'. Suspirei de alívio! De qualquer forma, agora, sempre que trinco ou mordo o que quer que seja, o meu coração fica apertadito. A gravidez começou a mostrar os seus primeiros efeitos secundários ao nível dos meus dentes e acho que agora não vou conseguir andar descansada. Sexta-feira regresso ao consultório para me assegurar de que isto está tudo 'bem' e para a minha médica me ver - uma vez que fui atendida por outro médico que estava de serviço -mas agora, a hora da refeição tornou-se uma prova que é diariamente superada.

Esta semana também fiz análises para detectar infecções urinárias. Na semana passada queixei-me à minha médica de dores no baixo ventre e lá veio ela com a história de que podia ser 'uma infecção urinária'. (eu acho que a minha médica é obcecada com infecções urinárias, qualquer dor, pode ser uma infecção...) Por isso, só para ficar descansada, fui fazer análises e claro, deram negativas, tal como esperava! Não tenho nenhuma infecção, pois se a tivesse, eu saberia imediatamente identificar os sintomas - uma vez que tive tantas no passado! Sendo assim, que dores são estas que tenho? O útero a expandir-se como ela referiu? Ou outra coisa qualquer? se sim, será grave? não deveria ter as minhas queixas mais em conta? Mandar fazer exames? Mais uma vez acho que a minha médica deixa muito a desejar no acompanhamento obstéctrico...

Uma notícia boa que tive esta semana, foi que me ligaram da Maternidade Alfredo da Costa. Parece que o fax que o centro de saúde enviou na semana passada em meu nome, chegou e foi visto, tendo sido considerado motivo para eu ser chamada para uma consulta. Por isso, amanhã, 5ª-feira, vou à triagem de 'gravidez de risco' da maternidade e espero que me aceitem e estudem o meu caso, dando-lhe a atenção que ele merece. Eu sei que pouco ou nada podem fazer por mim, estando eu já grávida, mas se houvesse a possibilidade de fazer algum tipo de diagnóstico pré-natal no sentido de detectar se o bebé tem ou não ictiose, eu confesso que seria uma mãe feliz. Pode ser que considerem necessário fazer uma amniocentese... mas amanhã logo saberei o que me dirão. Por um lado não quero criar muitas expectativas, porque isto nunca se sabe o que nos vai sair na rifa e eu já passei por tantos médicos e já vi tanta coisa, que neste momento, até estou bastante apreensiva em relação ao assunto e pouco ou nada esperançosa, mas veremos...

Amanhã logo darei notícias nesse sentido. Até lá, façam figas por mim e pelo meu baby.