A Páscoa adquiriu recentemente o estatuto de sinónimo de 'mini-férias' e não é para menos, eu por exemplo, desde quinta-feira que estou em casa e aproveitei grande parte do meu tempo a fazer uma coisa: dormir. Sempre fui dada a uma boa sesta, nesse aspecto, acho que os tempos que passei em Sevilha permaneceram para sempre e nada me sabe melhor do que meter o sono em dia. Nestes 4 dias, vinguei-me, mas mesmo assim fiz muita coisa. Senão vejamos:
. Fomos sexta-feira santa para cima, que é como quem diz até casa dos meus pais, nas Caldas. Chegámos perto da hora do jantar, pelo caminho ainda passámos em Torres Vedras e levámos as amêndoas à minha afilhada (que está enorme!!!). Às vezes acho que já não faz muito sentido dar ovos de chocolate a uma menina de dez anos, mas fico sempre baralhada nestas coisas, porque apesar de ela estar altíssima, para mim ainda continua a ser 'a minha pequenina'. Depois de uma curta visita de médico seguimos viagem. Pelo caminho recebo uma chamada desafiadora: 'uma saída só de gajas, queres, queres?' - dizia-me a voz do outro lado - e eu alinhei. O C. foi o primeiro a dar-me o 'aval da liberdade'. Eu sabia que ele estava cansado e que não fazia parte dos seus planos enfiar-se numa discoteca até às quatro da manhã, por isso, ele ficou sogadito no sofá e eu agarrei no meu antigo Clio estacionado à porta dos meus pais - porque quem o herdou foi a minha mãe - e voltei a sentir-me uma jovem solteira numa saída de sábado à noite. O meu pai não gostou muito da ideia: 'onde é que já se viu', dizia entre dentes, mas não me chateou a cabeça. (eu agradeço.) Foi assim que na sexta-feira dita 'santa', eu e mais três amigas, todas casadas e algumas mães de filhos, rumámos até à Foz do Arelho para uma saída nocturna na mítica discoteca 'Green Hill', a qual já não ia... ora, deixa-me cá ver... desde o Verão passado!
Ora, depois de tantos anos a sair sempre acompanhada, é um pouco estranho estar novamente sozinha com as amigas, numa espécie de 'girls just wonna have fun' em ambiente que me é familiar. A música estava horrível, não víamos nenhuma cara conhecida ou pelo menos, da nossa idade - ou era tudo mais novo, ou tudo mais velho - e como era mesmo noite de 'ladies night' lá do sítio, o mulherio bebia à borla e os homens aproveitávam para tentar a sua sorte, numa espécie de dança do acasalamento para a qual eu simplesmente já não tenho a mínima pachorra. No final da noite a música melhorou um pouco, rimos muito - disso não há dúvida - e viemos para casa o relógio apontava as cinco da manhã. Tal como uma adolescente, cheguei a casa a tentar fazer o mínimo barulho possível, mas o meu pai deu por mim... no outro dia não me livrei da boca: 'tu ontem chegaste tarde' - quando se tira a barriga de misérias é sempre assim! ;)
. Sábado o dia nasceu solarengo. Acordei cedo (para quem se deitou tão tarde) e depois do almoço decidimos ir ver o novo apartamento dos meus pais. (Tive imensa pena de não ter tirado fotos.) O nosso quarto está em tons de púrpura suave e apesar de toda a gente dizer que é o quarto que ficou mais bonito, (porque a minha mãe decidiu fazer 'cromoterapia' na casa e pintar cada divisão de uma cor!) eu ainda não consigo dizer se realmente gosto. Mas gostei da luz da casa, do espaço, da cozinha - que é linda - do hall de entrada do prédio, enfim, fiquei satisfeita por ver que os meus pais, aos 50 anos, têm finalmente uma casa nova. Em seguida rumámos até à Foz, mas desta vez para tomar café na esplanada do 7ª Vaga. A praia está mudada e o areal, outrora tão extenso, tem vindo a perder terreno para o mar. Todos os anos a praia muda de configuração, devido às correntes e devido à areia que vai desaparecendo. O ano passado fizeram um molhe, mas mesmo assim as coisas não têm melhorado. Depois de algum tempo na esplanada decidimos ir passear à beira mar. O sol estava agradável e convidava ao passeio. Rumo ao carro e eis-nos novamente a caminho das Caldas, passando pela estrada que percorre a lagoa de Óbidos rumo ao Nadadouro - que é simplesmente a minha favorita. Ainda pensei em ir visitar as minhas tias e avó assim que chegasse às Caldas, mas sentia-me tão cansada que quando cheguei a casa, enrolei-me no sofá a ver televisão e adormeci, só acordei com a minha mãe a chamar-me para eu ir para a mesa (pequenos luxos de quando se está em casa dos pais e não se tem de preocupar com o 'fazer jantar')
. Domingo de Páscoa... ora hoje esperáva-nos a visita dos meus sogros. O almoço era em família e pouco passava do meio dia, quando eles apareceram. Entre os muitos comentários que me deixam sempre meio aborrecida como: 'ai o meu filho está tão magrinho', eu lá ia ripostando com: 'se ele está magro não é por falta de comer em casa' ... mas sinto-me sempre desgastada com esta 'batalha verbal', porque nunca consigo ficar à vontade e estou sempre à defesa. O tema actual agora ronda os tão desejados netos... e eu lá vou tendo a calma de ficar calada enquanto oiço um desbobinar de conselhos e 'opiniões' no que diz respeito à educação, à guarda dos mesmos, às comidas, às brincadeiras... As dissertações são variadas e algumas deixam-me mais furiosa do que outras, mas lá vou tentando geri-las o melhor que posso, apesar de ficar sempre meio assustada, porque um dia que fique grávida sei que comparado com aquilo que oiço agora, isto será uma verdadeira brincadeira de crianças e aí, sim, terei motivos para me passar.
O almoço foi curto. O C. tinha de ir trabalhar às cinco e meia e eram quatro da tarde estávamos a vir para Lisboa. Desabou a chover durante a viagem, mas correu tudo bem apesar de o trânsito intenso já se fazer sentir. Quando chegámos a Lisboa, ele deixou-me em casa e seguiu caminho quase de seguida porque já ia atrasado. Depois de arrumar a quantidade louca de sacos e comida que pais e sogros me enviaram e de arrumar os estragos que o Gaspar insiste em continuar a fazer quando se apanha sozinho (desta vez entreteu-se a partir-me um candelabro e roer-me um individual de borracha), decidi ir refastelar-me a ler no sofá, o resultado? Uma bela siesta que durou até às oito da noite! E pronto, entre muitas horas de sono em dia, passeios e muita comida, intercalados por uma saída nocturna, a minha Páscoa foi assim. Passou rápido. E só de pensar que amanhã, segunda-feira já é dia de regressar ao trabalho fico em estado de ansiedade. E agora, como vou fazer para continuar a ter as minhas belas sestas?
3 comentários:
queria mesmo só dizer que me dá realmente gozo vir até aqui, desde que fechaste a porta a "estranhos". é como se, de repente, passasse mesmo a saber quem é a Mafalda (além de que escreves com mais regularidade, o que também ajuda), aos pouquinhos. e para quem, como eu, adora conhecer pessoas, isto é do melhor ;)
ando meio ausente destas lides porque o tempo escasseia, infelizmente, e quando venho sou mais de ler em silêncio (que é como quem diz, sem comentar), mas desta vez achei por bem dar o ar de minha graça :)
beijinho*
PS - espero que o regresso ao trabalho não tenha custado muito*
(também apanhei a valente chuvada no regresos a lisboa, ontem. até vinha ansiosa a conduzir, pq os malucos não deixam de fazer parvoíces na estrada por mal se ver um palmo à frente do carro...enfim, mas correu tudo bem e cheguei inteira à capital)
sim, ao 'fechar a porta a estranhos' como dizes e bem, passei a revelar mais quem eu sou e mais do meu mundo. Assim sinto-me mais 'aconchegadinha' e descansada, e ao escrever sobre outras coisas que costumavam ficar guardadas, também me sinto mais leve. É bom. :)
eu também costumo ser uma leitora 'passiva' em grande parte dos blogues que espreito, por isso, não estranho se alguém não deixar um comentário! :)
beijinhos***
Parece que tiveste um fim-de-semana em cheio! O pessoal da minha terra também tinha o hábito de ir para a Green Hill, mas eu não conheço. Quanto aos comentários dos netos, já somos duas, eu finjo que não oiço. Bjocas
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