quinta-feira, abril 12, 2007

work worries




















Mais um post para falar de trabalho. Agora que o blogue se tornou privado, sinto que posso desabafar sobre este tipo de assuntos, porque antes havia pessoas daqui que o espreitavam e agora, acabaram-se esses vícios. (o que me permite ter muito mais liberdade para falar sobre uma série de outros assuntos que evito comentar com colegas)
Tenho chegado sempre cedo, tal como a chefe quer. Nos últimos tempos as minhas funções têm crescido. Noto que há da parte dela um interesse em que eu vá ganhando autonomia e as responsabilidades têm vindo a aumentar. Ela acha que qualquer tarefa que me dê para fazer é sempre 'extremamente importante' para o meu conhecimento pessoal e profissional, eu finjo que sim, mas na realidade, para mim é 'chapa cinco'. Para quem, durante dois anos, coordenou uma revista inteira sozinha, desde textos, passando pelas produções de moda e de beleza, escolha de imagens, concepção das páginas, etc., etc., isto é uma verdadeira brincadeira de crianças. Mas, 'whatever', cada trabalho é um trabalho independente do outro e apesar da experiência estamos sempre a aprender e eu gosto de aprender. Não me canso. Mas pronto, estava eu a dizer que as minhas tarefas por aqui têm aumentado e agora, todas as manhãs tenho de enviar uns relatórios para um dos nossos clientes. Ora, o meu computador daqui funciona a carvão, aliás, é pior do que isso. Bloqueia constantemente, apaga-se do nada, não liga... enfim, um verdadeiro teste à paciência humana (e eu tenho pouca). Demoro uma eternidade a abrir cada documento, a lê-lo, a fazer a filtragem e só depois de tudo pronto é que envio para a minha chefe verificar o mail e dar o seu 'aval'. Hoje começou a refilar comigo porque eram dez e meia da manhã e eu ainda não tinha aquilo pronto. Eu expliquei-lhe que estava a tratar do assunto desde as nove e meia - mesmo para ela ver que eu às 9h30 já cá estava - e que o computador também não facilitava. Ela virou-se para mim, com aquele ar petulante e diz-me: 'Pois, mas estes relatórios são para serem recebidos de manhã e o nosso cliente entra às nove'. Bem, fiquei com vontade de lhe apertar o pescoço, juro! Não basta eu ser a primeira da equipa a chegar, ela ainda remata a dizer que o cliente entra às 9h00! Acontece que o nosso horário de entrada é às 9h30 e eu não faço intenções de vir para cá mais cedo para agradar ao cliente, quando quem recebe os louros todos é ela!
Mas há mais! Desde que entrei para esta agência que sou a única account que não tem telemóvel. Não me perguntem porquê, mas nunca ninguém se preocupou muito com o assunto, apesar dos meus comentários e perguntas àcerca do mesmo. Ao início não dizia nada, mas quando comecei a ver que outras pessoas que entraram depois de mim já estavam servidas, comecei a ficar verdadeiramenre lixada! Quer dizer, eu fico calada com medo de perguntar, com medo de ser indelicada e sou tomada por parva. Acontece que não sou. Vejo tudo e muito bem, a maior parte das vezes não estou é para me chatear e adopto a postura 'low profile', mas hoje fiquei estupefacta com a lata. Senão vejamos: ontem voltei à carga com o assunto telefone junto da secretária da direcção. Ela disse-me que neste momento não havia autorização para comprar telemóveis, mas que havia um cartão da empresa. Caso eu arranjasse o aparelho, que o cartão era meu e ficava com uma linha da empresa atribuída. Tudo bem. Fiquei satisfeita. Tenho um telemóvel em casa que recebi numa apresentação à imprensa o ano passado, desbloqueado e o assunto parecia resolvido. Hoje pela manhã disse à secretária de direcção que tinha conseguido arranjar o aparelho, numa de 'passa então para cá o cartão'. Mas a resposta não foi a esperada. 'Ah, é verdade... ninguém sabe onde anda esse cartão e o director financeiro não dá autorização para se comprar mais nenhum cartão de telemóvel. Mas tenho aqui um cartão recarregável que pode ser teu! Tu pagas os carregamentos e depois apresentas nas despesas. Se quiseres, é a única maneira de teres telefone'. Fiquei parva! Não basta eu dar o aparelho, ainda tenho de pagar os carregamentos? Só podem estar a gozar comigo! E meto nas despesas? ahahahaha! Eu respondi: 'Desculpa, mas eu ando sem saldo no meu telemóvel há mais de uma semana e tu estás-me a dizer que além do meu, tenho de carregar outro telemóvel? Assim não há dinheiro que me chegue.' Ela disse que era a única hipótese e eu disse-lhe que ia pensar e que não lhe ia dar já a resposta. Mas já sei qual será. Não aceito. Não basta eu já ter de renda fixa 35 euros mensais para deixar o carro estacionado no parque para poder vir trabalhar sem me preocupar em receber multas, agora ainda teria de arcar com a despesa de recarregar telemóveis da empresa? É que ainda por cima a minha linha é TMN e a da empresa é Optimus... por isso estou mesmo a ver que os carregamentos seriam uma constante e dessa forma, não há ordenado que me valha!
Não dei parte fraca mas fiquei entre o lixada e o triste, porque nesta agência as coisas são assim: uns são filhos, outros enteados e eu faço parte da última categoria. Não recebo quilómetros extra como a maioria dos que aqui trabalham, não tenho direito a pôr o carro dentro do edifício, não tenho telemóvel nem nº de rede atribuído e se o quiser ter, tenho de o pagar!
E agora, digam-me, que resposta dou amanhã? Já pensei em enviar um email à minha chefe a dar conta da situação, porque lá está, se eu nunca me queixar, partem do princípio que estou bem - quando não estou! A directora geral não faz a mínima ideia se tenho ou não telemóvel ou se preciso de um, e a minha chefe, preocupa-se mais com o próprio umbigo ,do que em reivindicar o que quer que seja a meu favor, mais, ela acha que ao dar-me 'tarefas supé importantes' me está a fazer um favor...
Enfim, estou rodeada de gente fútil e muitas vezes, sem o mínimo interesse e hoje senti-me mesmo triste por isso. Tive saudades dos meus tempos de jornalista, em que também tinha muitas chatices com chefes, matérias, reportagens, falta de condições e afins, mas pelo menos via os meus textos e o meu nome publicado, os louros do meu trabalho, gostava daquele prazer silencioso de passar numa esplanada e ver que alguém estava a ler aquilo que eu tinha escrito. Era bom, muito bom. Tenho saudades.

2 comentários:

Anónimo disse...

Mafalda,
infelizmente o tipo de situação, que relatas aqui, é transversal e bastante recorrente nos ambientes de trabalho.
Eu bem sei o que é ser enteada: trabalhei numa publicação, entretanto extinta, na qual a directora tinha um ego do tamanho do Mundo; as pessoas que o alimentavam conseguiam tudo o que queriam, as que incomodavam por serem frontais e não se calarem em relação a certas situações estavam totalmente queimadas, era o meu caso. Como eu não tenho, nunca tive e nunca terei feitio para bajular ninguém, era simplesmente tratada abaixo de cão.
O meu maior gozo foi entretanto ter recebido um convite para transitar para um título de renome (precisavas de ver o melão com que a senhora ficou quando a informei!) e posteriormente ter assistido de camarote ao barco a afundar, em grande parte pela incompetência e mediocridade de quem o comandava.
Isto tudo para te dizer que o teu dia ainda vai chegar! Aguarda! Com paciência, se conseguires...
Beijinho

rita disse...

Infelizmente acho que isso é o pão nosso de cada dia nas "grandes empresas"... É por essas e por outras que eu espero um dia conseguir cumprir o meu objectivo de ter o meu próprio negócio. Até lá devo ter, com certeza, muitos sapos para engolir mas vou tentando mentalizar-me que o que n me mata me torna mais forte.
Pensa assim também, um dia serás tu a estar lá em cima e nessa altura gentinha idiota desse tipo será só uma ténue recordação