sexta-feira, janeiro 17, 2014

a propósito da aprovação do referendo sobre a coadoção

Só tenho uma coisa a dizer: nojo!
Sim, nojo por terem aprovado um referendo sobre um assunto que não deve ser referenciado. Nojo por nos estarmos a tornar num país onde os direitos não são respeitados. Nojo por ter um bando de mentecaptos que cresceram apoiados pelo partido, que não têm noção da realidade, que nunca trabalharam a sério na vida e que se lembram de ter estas ideias "visionárias", decidindo assuntos tão importantes que não lhes dizem respeito. A propósito do quê? Da sociedade, da moral e dos bons costumes? Dos valores da "família"?
Sinto-me profundamente revoltada.
Ainda ontem vi o caso de uma mãe, lésbica assumida, que tinha adoptado duas crianças - uma com nove e outra com onze - que sempre viveram essa realidade e que não têm qualquer preconceito em relação à situação. Para elas, a sua família é aquela pessoa, aliás, aquela pessoa e a sua parceira. Os seus "pais", as suas "mães", que sempre as amaram e cuidaram delas, que as retiraram de instituições ou orfanatos e lhes deram todas as condições para terem uma vida melhor. A situação agráva-se porque, a "mãe" que as adoptou, neste momento, sofre de uma doença oncológica e não sabe se irá sobreviver. Como a lei não permite que um casal homossexual adopte em conjunto uma criança, apenas uma delas o pôde fazer, precisamente a que neste momento se encontra gravemente doente e sem saber se irá sobreviver. O que deixa no ar a questão de, caso morra, o que irá ser daquelas crianças já que a parceira com quem vivem, a sua outra "mãe", não tem poder legal sobre as mesmas? Voltam para uma instituiçao? São privadas de terem a família que sempre conheceram e que as criou como filhos? (Que o são!) Sao atiradas para um sítio, privadas de todas as referências com que cresceram, abandonadas novamente à sua sorte, como se não importassem?
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Nojo. Nojo e vergonha, é só o que me ocorre dizer.

(A história da família a que me refiro, aqui.)

1 comentário:

Maria disse...

É um nojo, mesmo. E o que me enoja é o facto de, em nome de um preconceito absurdo, continuarem a existir tantos casos como o que apontas. É uma tristeza tão grande a mente pequenina de certa gentinha que por aí anda!
:(
Bjs