terça-feira, janeiro 28, 2014

O que sente o coração

 
O brunch decorreu. Não foi bom nem mau, não senti aquele calor no coração por ter em casa pessoas que já me conhecem há anos. Senti-me estranha com estranhos. Já não há cumplicidade. Há silêncios por vezes incómodos, quando a conversa circunstancial perde o fluxo e ficamos com aquela sensação: "Então e agora?". Há um vazio e ao mesmo tempo uma tristeza no coração. Já não faz sentido e se há coisa que a vida me ensinou é que o que não faz sentido, elimina-se. Segue-se em frente, novos caminhos, novas pessoas, novas energias, ou então sozinhos, que não é vergonha nenhuma.
Insisto em bater nesta tecla gasta e arrependo-me sempre. Já há muito que me excluíram, que não conto, que não faço parte, então, porque diabo continuo eu a insistir em quem não insiste comigo?
Custa-me quebrar o elo, os momentos vividos, as experiências partilhadas, as confidências que fizeram parte durante tantos anos. Não é que estas pessoas não continuem a ter a sua importância, que a têm. Continuo a alegrar-me por elas, com as vitórias conseguidas ou com a noção de que a vida segue o seu próprio rumo e que cada um decide quem quer ter perto de si. Eu própria faço isso, por isso, nada contra. O que me magoa profundamente é o facto de haver omissões e falta de transparência, como se houvesse a necessidade de não partilhar determinadas coisas porque já não sou "amiga prioritária", sou uma espécie de amiga de segunda. Aquela que faz coisinhas muito boas e que é sempre bom voltar a ver quando nos convida para ir lá a casa. Fora isso, não existo. Não sou a amiga que se lembram de telefonar para combinar alguma coisa ao fim-de-semana, ou aquela a quem recorrem quando estão em baixo. Há um distanciamento latente que é evidente, há omissões e encobrimentos, há superficialidade.  E eu, apesar de saber isso tudo, deixo o tempo passar e volto a dar uma segunda oportunidade... e três e quatro e acabo sempre por ficar com este sabor agridoce, que alterna entre o contentamento de os rever e a tristeza de verificar que o que mudou já não volta atrás.
Principalmente depois da mensagem que recebi hoje.  
 

6 comentários:

Melissa disse...

Como se diz na minha terra, não dês murros em ponta de faca, Mafalda. Também as amizades funcionam por ciclos... Não adianta forçar a barra. Um dia, elas voltam (ou não, se não tiver de ser).

Beijinho!

Melissa disse...

PS - que tal um brunch para os teus novos amigos, aqueles com quem partilhas a vida agora? Eles merecem! :)

Mafalda disse...

agora é que disseste uma grande verdade Melissa! (adorei a expressão "dar murros em ponta de faca".) É mesmo isso. O meu problema é que continuo a chamar de "amigo" a quem já não o é e não dou oportunidade a "novos amigos" por achar que eles não são dignos de serem considerados como tal. Os princípios estão todos errados. Eu estou errada.
Acho que pode bem ser uma resolução para este ano. ;)

Anabela Conceição disse...

Depois de muitas cabeçadas e de alguns jantares como o teu brunch, uma das muito poucas resoluções para este ano foi essa: deixar de bater na pedra. Por muito que custe, acaba por passar.

Maggie disse...

Provavelmente é mesmo hora de deixar de "bater na mesma tecla" e deixar novas pessoas entrar... :) Infelizmente a vida faz-nos chegar a estes desvios... Dói, é uma coisa que a mim tb custa a engolir, mas já me convenci, como tu, que é mesmo assim e não há grande coisa a fazer... Pelo menos tu já deste provas de que querias continuar com as pessoas na tua vida. Se não há o mmo retorno... provavelmente já não vale a pena.

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Mafalda disse...

acho que também vou fazer de tudo isto a resolução do ano. Já tinha começado o ano passado, mas cada vez mais verifico que é mesmo o caminho a seguir.